PeterApós as fotos, Emma se afasta rapidamente, dizendo que quer se sentar um pouco. Acompanho-a para não parecer indiferente. É nesse instante que a vejo trocar olhares frios com a mãe. Helen, de cara fechada, aproxima-se.— Emma, lembre-se de que ainda precisamos da dança final antes de vocês partirem para a lua de mel — diz Helen, sem sequer se dirigir a mim. — Não vai começar a fraquejar agora, certo?Emma reage com um riso nervoso.— Não se preocupe, mãe. Vamos manter as aparências. Eu já entendi a minha função. — Ela lança um olhar furtivo para mim antes de se virar. — Não preciso que me lembre disso a cada segundo.Helen fica em silêncio, avaliando a filha com rigidez. E eu, espectador desse embate, sinto algo pulsar dentro de mim, uma pontada de empatia por Emma. Não sou fã de família controladora, embora a minha também tenha seus métodos de coerção. Ver Emma sendo pressionada assim me desperta uma vontade quase primitiva de rechaçar esse tipo de atitude, mas não encontro as
Emma O quarto é imenso e luxuoso, com uma vista deslumbrante para o mar. Mas só consigo enxergar a cama king size que domina o ambiente. Uma única cama. Meu estômago se revira com a ideia de dormir ao lado de Peter, principalmente depois do que presenciei no casamento.— Bem, parece que vamos ter que dividir — Peter comenta casualmente, jogando o paletó sobre uma poltrona. Seu tom é deliberadamente provocativo, como se a situação o divertisse. — A menos que você prefira o chão, é claro.Lanço-lhe um olhar fulminante. Ele mantém aquele sorriso irritante nos lábios, o mesmo que me faz querer socá-lo toda vez que o vejo. Como ele pode estar tão despreocupado depois do que aconteceu com Jessica?— Você pode ficar com o chão — respondo secamente, caminhando até a janela para admirar a vista e, principalmente, evitar olhar para ele.Peter solta uma risada baixa e rouca. — Não seja tão amarga, Emma. Somos adultos, podemos lidar com isso civilizadamente. — Ele se aproxima, e posso sentir su
PeterEla escolheu o vestido vermelho. Emma desce as escadas do hotel em direção ao restaurante como uma vingança personificada, o tecido vermelho fluindo ao redor de seu corpo, o decote nas costas revelando mais pele do que esperava ver esta noite. Engulo em seco, ajustando a gravata que de repente parece apertada demais.Não deveria me afetar assim. É apenas mais um vestido, apenas mais uma mulher. Mas quando ela passa por mim sem um olhar sequer, seu perfume deixa um rastro que me faz querer agarrá-la ali mesmo, no meio do saguão. Engulo em seco, meu corpo dando sinais de vida, admirando o movimento cadenciado e extremamente erótico da bela bunda dela. — Vamos acabar logo com isso — ela murmura, mantendo um sorriso artificial nos lábios.Saio do transe e limpo a garganta, ajeito a gravata uma vez mais, olhando para os lados, para me certificar de que não fui pego babando pela bunda da minha esposa. O restaurante do Grand Palazzo é um espetáculo à parte, com suas paredes douradas
Emma— Vou dormir no sofá — Peter anuncia depois do jantar, pegando um dos travesseiros da cama king size.Mantenho minha expressão neutra, embora algo em meu estômago afunde com suas palavras.— Ótimo — respondo secamente, pegando meu pijama da mala. — Pelo menos um de nós está sendo sensato.Ele me lança um daqueles olhares indecifráveis antes de se dirigir ao sofá do outro lado do quarto. É um móvel elegante, mas claramente desconfortável para alguém do tamanho dele. Não que eu me importe, repito para mim mesma.No banheiro, troco o vestido vermelho por um conjunto de cetim azul-claro. Ouço Peter se movimentando do lado de fora, provavelmente tentando encontrar uma posição confortável no sofá. Quando saio, ele já está deitado, apenas de calça de pijama, sem camisa. Desvio o olhar rapidamente das costas bronzeadas.— Boa noite — murmuro, deslizando para debaixo dos lençóis frescos.— Boa noite, Emma — sua voz soa rouca na penumbra do quarto, me deixando arrepiada.O silêncio que segu
EmmaO sol mal nasceu quando abro os olhos, sentindo a cabeça latejar. As memórias da noite anterior vêm em flashes confusos, o sonho intenso, o calor de outro corpo, o tapa... Deus, o tapa. Sento na cama de supetão, arrependimento correndo por minhas veias.Olho para o sofá vazio, os lençóis ainda amassados onde Peter deveria estar dormindo. Onde ele passou a noite? A culpa me corrói quando lembro da forma como o acusei, como o expulsei do quarto sem dar chance de explicação.O sonho ainda paira em minha mente, tão vívido que quase posso sentir... Não. Não posso pensar nisso agora. Preciso encontrá-lo, preciso ao menos ouvir sua versão dos fatos.Levanto-me e vou até a janela, observando o mar calmo lá fora. Como tudo ficou tão complicado? Era para ser apenas um acordo comercial, um casamento de conveniência. Então por que meu coração dispara toda vez que ele se aproxima? Por que sonho com seus toques, seus beijos?Uma batida suave na porta me sobressalta.— Emma? — A voz dele soa ro
EmmaO café da manhã no terraço do hotel parece uma tortura elaborada. O sol da manhã reflete na louça fina enquanto minha mãe disseca cada detalhe do nosso comportamento com seus olhos de águia. Ao meu lado, Peter mantém o sorriso educado de sempre, mas posso sentir a tensão em seus ombros depois da nossa conversa no quarto.— Querida, você poderia se inclinar um pouco mais para seu marido — minha mãe sugere, ou melhor, ordena com aquele tom açucarado que me dá náuseas. — Vocês são recém-casados, precisam parecer mais... conectados.Mordo a língua para não responder que estávamos perfeitamente "conectados" até seus passos no corredor interromperem nosso momento. Em vez disso, forço um sorriso e me aproximo alguns centímetros de Peter, que automaticamente coloca a mão em minha cintura.— Margaret, deixe os dois respirarem — meu pai intervém, mas seus olhos calculistas avaliam cada movimento nosso. — Embora eu concorde que vocês poderiam demonstrar mais... entusiasmo com a união.União
PeterA porta do quarto bate com força quando Emma entra, seus olhos faiscando de raiva. Maldição. Eu sabia que ela estaria assim, mas precisava esclarecer as coisas com Jessica.— Emma, me escuta — tento explicar, seguindo-a pelo quarto. — Não é o que você está pensando.— Não é? — ela se vira bruscamente, quase colidindo comigo. — Então você não saiu correndo atrás dela na primeira oportunidade?— Eu fui terminar de vez qualquer coisa que ainda pudesse existir entre nós.Ela ri, um som amargo que me faz cerrar os punhos.— Claro. E precisava ser durante nossa lua de mel? No meio do café com meus pais?— Era necessário. Ela apareceu aqui de propósito, você não vê? — passo a mão pelos cabelos, frustrado. — Precisava deixar claro que...— Que o quê, Peter? Que agora você é um homem casado? — ela se aproxima, cutucando meu peito com o dedo. — Por favor. Você nunca vai mudar. Sempre vai ser o mesmo playboy mulherengo, safado, que...— Não fale do que não sabe — rosno, agarrando seu pulso
EmmaO gelo derrete lentamente no meu terceiro... ou seria quarto copo de whisky? Nem sei mais. O bar do hotel está quase vazio agora, apenas alguns hóspedes solitários como eu, afogando suas próprias mágoas em doses de álcool caro.A cena se repete em minha mente como um filme de terror em loop. Peter saindo da mesa. Eu, idiota como sempre, seguindo-o. E então... então aquilo. Ele e a morena do vestido dourado, em um canto escuro do corredor. As mãos dele em sua cintura, os lábios em seu pescoço, o corpo dela pressionado contra a parede. Então ele a coloca de joelhos, e... Uma ânsia de vômito me toma e tenho de fazer força para não limpar meu estomago aqui mesmo. Fecho os olhos e respiro fundo várias vezes.Tomo mais um gole da bebida, sentindo o líquido queimar minha garganta. Por que ainda dói? Por que ainda me importo? Ele deixou claro desde o início que tipo de homem é.— A senhora deseja mais alguma coisa? — o bartender pergunta, sua voz gentil demais. Deve estar acostumado a ve