ELENA NARRANDOAcordei na manhã seguinte e Dimitri já não estava no quarto. Me levantei e coloquei uma roupa, e enquanto me trocava, me lembrei das doces cenas de ontem a noite. A forma como Dimitri me tocava, os beijos, sua pele na minha... Tudo aquilo me causou sensações que nunca senti. Acho que estou me apaixonando por ele de um jeito que nunca me apaixonei por outro homem. Isso me preocupa.E se de repente ele desiste disso? E se ele voltar a acreditar na Elle e tudo mais? Eu não sei o que dizer.Quando saí do quarto, fiquei surpresa ao ver que a empregada da mansão estava limpando tudo no apartamento. Havia um lindo café da manhã posto à mesa e Dimitri estava sentado, comendo.— Você tinha dito que estávamos sozinhos... — Eu falei, meio assustada. Pensei que talvez a empregada pudesse ter ouvido tudo que fizemos durante a noite.Pensar nisso me fez sentir muita vergonha. Ele negou com a cabeça e puxou uma cadeira ao lado dele.— Vem cá, senta aqui. A funcionária só chegou hoje d
ELENA NARRANDODimitri estava usando o telefone para trabalhar. Parecia extremamente preocupado, mas não parecia querer dividir suas preocupações comigo, infelizmente. Eu queria que ele fosse mais aberto, mas tudo bem, uma coisa de cada vez. Nem consigo acreditar que as coisas estão tão bem... E que ele gosta de mim do jeito que demonstra.— Alô? — Ele atendeu o telefone e começou a conversar. — Sim, isso mesmo. O quê? Você recebeu uma informação do XX? Eu não acredito. — Eu olhei pra ele meio sem entender, mas então, ele me olhou contente. Aquilo parecia importante para ele.— Vai lá ver o que é. Eu vou ficar bem. — Sussurrei e ele concordou com a cabeça.— Certo, eu estou indo pra empresa. — Ele desligou o telefone e se aproximou de mim. — Obrigado por compreender.— Imagina. Eu estou bem e a funcionária está aqui, qualquer coisa eu peço a ela alguma ajuda. — Falei.— Não hesite em me ligar se precisar de algo, tá? — Ele disse e levou as duas mãos até meu rosto, beijou minha testa d
ELENA NARRANDOVocê já se apaixonou verdadeiramente por alguém? Quando nos apaixonamos, parece que tudo muda. É como se a base da nossa sobrevivência fosse o amor. Conversando com meu avô um pouco depois do acidente, ele me contou que quando eu era pequena, me apaixonei por um garoto no jardim da infância. Eu sempre dizia que me casaria com ele... O nome dele era Zyon, ele tinha os olhos da cor do céu. Eu não me lembro da sensação de ser apaixonada por Zyon, mas sei que ele foi meu primeiro amor. De acordo com meu avô, passei toda a primeira série apaixonada por ele... Até que um dia, ele decidiu sentar do meu lado no ônibus escolar e dar a mão pra mim. Eu cheguei falando que iríamos nos casar, que ele estava apaixonado por mim e todas essas coisas que crianças falam. O grande problema foi que no dia seguinte, ele estava de mãos dadas com outra menina da minha sala... E eu tive meu primeiro coração partido. Eu era só uma criança, com seu primeiro amor infantil, que sofria as consequên
ELENA NARRANDO— Ah! Senhora Elena! — Ela me chamou quando eu caminhava para fora da cozinha e eu acabei voltando. Ela me olhou nos olhos e sorriu.— Eu não sei se essa informação te interessa, mas eu acabei de me lembrar que além da roupa com sangue, tinha também um vestido ensanguentado...Depois de conversar com a empregada, eu fui até meu quarto e peguei meu celular. Procurei uma foto com o vestido que usei no dia do acidente e assim que achei, fui até ela. Mostrei e ela confirmou com a cabeça.— Era esse vestido mesmo. — Falou.— O que vocês fizeram com esse vestido? — Perguntei e ela parecia tentar se lembrar.— Sabe que eu não tô lembrando? Acho que jogamos fora. Eu fiquei preocupada, mas ele me explicou que havia socorrido alguém e que o sangue não era dele, era dela, mas que ela estava no hospital e iria ficar bem. Eu nunca perguntei mais nada porque o senhor Dimitri sempre foi uma pessoa de confiança, jamais faria mal a alguém. — Eu concordei com a cabeça.— Entendi. E deixa
ELENA NARRANDOEstou com os olhos arregalados, de costas para Dimitri, que me abraça por trás na cama. Ele está adormecido com o rosto enfiado em minha nuca, estamos quase despidos pelo que fizemos ontem a noite e eu estou impressionada com a capacidade que eu tive de gemer igual uma puta pra ele. Deus, ele deve achar que eu sou uma sem vergonha agora. Eu não devia ter me soltado daquele jeito... Ou devia? Eu não sei como agir quando o lance é sexo, já que Dimitri é o primeiro homem com quem fui pra cama. Mas foi tão gostoso, meu Deus... A forma como ele roçava o corpo no meu, o jeito que beijava meu pescoço...Eu me aninhei a Dimitri, me ajeitando em seus braços fortes. Ele respirou de forma profunda e eu fechei meus olhos, tentando dormir. Não sei quanto tempo passou, só sei que eu ouvi quando o despertador dele tocou e eu fingi estar adormecida ainda. É, eu fingi, porque eu estava um pouco envergonhada... Pensar em olhar pra ele, nos olhos dele para ser específica, depois de ter re
ELENA NARRANDODepois de muito refletir, eu já havia decidido ir embora, mas não antes de falar algumas coisas para o avô de Dimitri.— O senhor fez isso. — Eu afirmei. — O senhor armou essa confusão toda... O vestido, a ligação anônima para que eu aparecesse no dia. O senhor me fez passar por mais humilhações do que eu sequer imaginei que passaria.O avô de Dimtiri olhou para baixo por alguns instantes. Parecia profundamente chateado com a acusação, mas ao mesmo tempo, parecia querer contar que eu estava certa.— Querida... — Ele suspirou. — Eu fiz. Eu confesso que fiz. Você sempre foi uma excelente moça, conheci seu avô há muitos anos, mas eu só queria dizer que a culpa não foi completamente minha.— Então me explica... — Eu pedi, com lágrimas nos olhos. — Me explica o motivo de eu ter passado essa quantidade de humilhação na família Russo.— Foi por causa da Elle. — Ele falou, negando com a cabeça. — Eu descobri que meu neto a pediria em casamento, mas eu não iria fazer coisa algum
ELENA NARRANDOEntrei no escritório de Marcos e ele sorriu ao me ver.— Minha doce Elena! — Ele disse, sorrindo. — Como você está? — Perguntou. Eu mordi o lábio inferior e olhei pra baixo.— Queria te contar uma coisa. Eu não sei se... — Eu respirei fundo, me sentando na cadeira em frente à mesa dele. — Eu não sei se eu devia. Mas eu preciso desabafar com alguém.— Pode falar comigo, prima. Sabe disso. — Ele disse. — Quando falei ao seu avô que eu cuidaria de você... Era verdade. Você é meu bebê, Elena, é como se fosse uma irmãzinha mais nova. Eu estou aqui por você.— Obrigada... — Falei, sorrindo. — Bom, talvez... Talvez eu goste do Dimitri mais do que eu devia. — Confessei.Marcos deu risada da minha cara.— Está apaixonada? — Perguntou.— Eu não sei dizer o que sinto, só sei que eu sinto e... — Eu olhei pra baixo. — Meu Deus, eu não sei como vou falar isso pra você, mas eu não confio em mais ninguém... Eu fui pra cama com ele.Marcos arregalou os olhos em surpresa. Ele me olhava i
DIMITRI NARRANDODepois de horas procurando Elena, recebi uma ligação da empregada dizendo que ela havia retornado para casa. Elena é meio esquecida, então, não a culpei por não ter checado o telefone.Quando cheguei em casa, vi o envelope em cima da mesa e o abri. Era a anulação do nosso casamento. Aquilo me deu uma dor no peito profunda, de tanta tristeza que senti. Sim, eu havia conseguido o que eu queria, mas agora, eu não queria ter conseguido.— Onde Elena está? — Perguntei, quando a funcionária apareceu.— Senhor Dimitri, a senhora Elena foi para o quarto... Ela não estava se sentindo muito bem, disse estar triste. — Eu concordei com a cabeça e coloquei o envelope na mesa. Acho que eu entendo o motivo da tristeza.Estou triste também. Ver a anulação do casamento me fez muito mal. Quando entrei no quarto, eu vi minha menina abraçada no meu travesseiro, dormindo. Ela estava encolhida e aquilo partiu ainda mais meu coração. Eu me arrependi amargamente de cada decisão tomada antes