Ruslana Morozova
Mama conseguiu anular o acordo, eu ainda tinha dificuldade em olhar em seu rosto, saber sobre a minha verdadeira paternidade me deixou horrorizada, eu tento entender seu lado, mas não é sempre que eu consigo. Não foi justo com ninguém. Ainda me lembro do momento em que ela me disse:—Ruslana, eu preciso confessar uma coisa.Nós estávamos na mesa de almoço, eu nunca tive problemas em aceitar Mikhail, ele era sempre gentil comigo, mas tem uns dois ou três dias que ele me olha diferente, como agora, ele me olha como se eu fosse um pequeno filhote de cachorro.Coloquei os talheres na mesa e acenei para que ela continuasse falando.—Filha, eu conheci Mikhail antes de conhecer o seu pai, nós namoramos por um tempo, mas depois nos separamos, ele conheceu a sua falecida esposa e eu casei com seu pai, mas a verdade é que eu casei grávida. E... era você, mas o bebê não era de Higor, eu tive que esconder de vocês, Higor não te aceitaria se soubesse que você era filha de outro homem...Mikhail me olhava com bastante atenção, esperando qualquer reação minha, mas eu não tinha, eu não tinha nada a dizer, de repente toda a comida do almoço subiu e eu vomitei ali mesmo, no chão da sala de jantar.Demorei alguns dias para absorver todas as informações, Mikhail tentava me incluir em suas conversas, tentava se aproximar, mas isso ainda era um pouco difícil pra mim, eu simplesmente fui almoçar e descobri que sou filha de outro homem. Simples assim.Com o passar dos dias, a situação foi ficando mais calma, minha mente já não focava tanto naquela situação, volta e meia eu me pegava lembrando dele. Querendo vê-lo outras vezes, querendo sentir aquela curiosidade que vinha acompanhada de medo e mais alguma coisa que eu não sabia o que era.A última vez que vi Ilya, foi no dia da minha formatura, nos EUA ainda, eu voltei para casa mas ele nunca me procurou novamente. Eu tinha tanta curiosidade sobre ele, aqueles olhos gelados e cheios de raiva, Ilya me atraía e me repelia ao mesmo tempo.Eu estava tão ansiosa ultimamente, as vezes eu saía, sempre rodeada de guardas que Mikhail insistiu em colocar na minha cola. Foi o que decidi fazer, dar um passeio no shopping.—Mama, vou ao shopping, apenas passear, voltarei dentro de duas horas. –eu avisei a ela, mama não me prendia como meu pai Morozov fazia, mas ela não autorizava em ir sozinha.—Ok, leve seus seguranças. –exatamente como ela fala em todas as vezes que eu saio.Trinta minutos depois eu estava dentro do carro com os guardas indo ao shopping. De repente eu tive a sensação de estar sendo observada ou seguida, mas estávamos no carro, o trânsito estava normal e não parecia haver carro nenhum seguindo a gente.Quando eu já estava no shopping, fui a praça de alimentação, em casa temos cozinheiros mas eu gosto de comer fast food as vezes, na verdade eu gosto muito de sanduíche de fast food, principalmente com muito queijo.Fiz o meu pedido e fiquei sentada na mesa, sozinha, já que os seguranças estavam todos sentados em mesas ao meu redor, parecendo civis, o que não tinha a menor chance, já que todos vestiam terno preto.Meu pedido foi entregue em minha mesa e eu estranhei porque eu tinha uma senha, quando a moça colocou a bandeija na mesa, entregou um papel por cima do embrulho no sanduiche. Ela saiu sem dizer nada, eu tentei falar algo com ela, mas ela sumiu rápido.Com curiosidade, peguei o papel e abri devagar, era uma mensagem. Uma mensagem de Ilya, ele sabe que estou aqui.“Você está linda, minha Kotehok. Sentiu minha falta?”Fiquei olhando para os lados, tentando encontra-lo, um homem, bem no canto da praça de alimentação, sentado perto de um vaso de planta, levantou o boné e arrumou os cabelos, olhou pra mim e sorriu. Ele. Ilya está ali no shopping.Nós ficamos nos olhando por alguns segundos, eu atordoada e ele com aquele sorriso que fazia meu coração acelerar. Em algum momento ele levantou e eu tive certeza que ia infartar, ele veio na minha direção, eu olhei para os guardas, mas eles não estavam prestando atenção em mim, Ilya chegou perto e parou ao meu lado, olhando para a frente, eu continuava com os olhos nos guardas.—Voltei, Kotehok, vamos retomar de onde paramos. –ele apenas disse isso e foi embora. Eu fiquei desnorteada, sem saber o que dizer ou o que agir, peguei meu sanduíche e coloquei na bolsa, no momento a minha fome foi toda embora.Pedi aos guardas que me levassem pra casa e foi isso o que eles fizeram. Quando entrei no quarto, peguei o notebook e fiz uma chamada de vídeo para minhas amigas, mesmo com a diferença de horário, elas atenderam. Já era noite em Boston.—Hey, Lana.—Oi amiga, como você está?Elas me saudaram como sempre, animadas. Eu sentia muito a falta delas, pois eram minhas duas únicas amigas. Eu sorri e olhei para minha porta, voltei a olhar a tela e falei:—Meninas, tenho uma pergunta. É que tem um homem... – elas soltaram gritinhos e aplausos, como se isso fosse um grande evento.—Um homem... hum... – Jenna riu, eu balancei a cabeça e continuei:—Eu me sinto curiosa sobre ele, mas ele é uma pessoa perigosa e eu não sei como agir, ele me encontrou no shopping hoje, apenas disse que eu estava bonita, mas meu coração quase saiu pela boca.—Perigoso quanto? – Marta questionou.—Perigoso do tipo bad boy ou perigoso tipo um fora da lei? –Jenna perguntou, juntando as duas coisas, acho que Ilya se encaixa nos dois.—Bem... não sei dizer, os dois, talvez... –eu murmurei. Elas pararam de sorrir e ficaram pensando por algum tempo.—Ele é bonito? – Jenna perguntou curiosa.—E gostoso? – Marta completou.Sinceramente? Ilya é os dois, eu tenho sensações que nunca tive, ele desperta o pior e o melhor que há em mim.—Os dois... – eu sussurrei, elas gritaram novamente, animadas.—Amiga, aproveita, não precisa casar com ele, só aproveita a sua fase, você não tinha nenhum crush na escola, está na hora. – Marta falou como se isso fosse a coisa mais fácil da vida.—Concordo, você tem que experimentar as coisas, gata. – Jenna completou o raciocínio e eu até concordo em partes.Elas não sabem quem Ilya realmente é e não sabem o que ele faz, não sabem que ele foi na escola, não sabem de todas as coisas verdadeiras que ele me causa.—Ok, talvez eu ouça os conselhos de vocês... –eu sorri, mas a verdade é que eu não poderia nunca seguir essas coisas, não com Ilya, além de perigoso, ele provavelmente matou meu pai.Mesmo que eu tenha ficado enojada com toda a história de Higor, eu não podia aceitar que Ilya o matou e agora se dizia interessado em mim, isso parece tão imoral.No dia seguinte, eu estava descendo a escada, quando ouvi vozes, de mama e Mikhail, o nome Surkov foi mencionado e eu parei no degrau, para ouvir melhor.-“Ele tem um dossiê, acabei de descobrir, mas não sei o que pretendem com isso, Mikhail, você não pode deixar que eles vazem essa informação...” – Mama parecia muito preocupada.-“Acredito que tenha um informante dentro do governo ou talvez até mesmo aqui dentro de casa, vamos...”A conversa parecia bastante intensa, bati o pé com força nos degraus e fingi não estar sabendo de nada, quando pisei no chão, mama veio sorrindo, tentando disfarçar a preocupação.—Bom dia, filha. Como está?- Ela segurou em meus ombros e beijou minha testa.—Bem mama, vou tomar um copo de suco. – fui para a cozinha e ela veio atrás, passos controlados, esperando o momento de fazer a pergunta, eu sabia o que ela ia perguntar.—Ruslana, aquele homem que viu na escola, ele se aproximou outra vez? —mama perguntou.Eu não podia dizer a verdade, não agora, Ilya tem um dossiê, mas de quê? E se for algo que confirme que meu pai realmente matou a irmã dele, e se minha mãe souber de algo?—Não, mama. Eu nunca mais o vi ou ouvi falar dele. Por que? –eu virei de frente para ela, questionando sorrateira.-Nada, querida, apenas para saber como está a sua segurança. –ela sorriu, virou as costas e saiu da cozinha.Eu quis gritar que minha segurança estava péssima, já que Ilya conseguiu saber o local exato de onde eu estava e ainda chegou perto de mim, ele chegou perto demais, bem debaixo do nariz dos guardas.Quando a noite chegou, eu já estava com sono, mas eu odeio dormir sem tomar banho, entrei no banheiro e liguei na água quente, fechei meus olhos e deixei meus pensamentos me levarem até onde eu gostava de estar, presa naquela parede, o corpo de Ilya na minha frente, aqueles olhos famintos e tão intensos.... De repente eu senti uma mão segurar em minha boca, comecei a me debater e tentar gritar, desesperada para me soltar e correr, alguém invadiu meu banheiro e...-Shhh... sou eu. Era ele, Ilya está aqui, dentro do banheiro comigo, uma mão na minha boca ao redor do meu pescoço e outra mão segurando minha cintura.Ilya Surkov Dias atuais Moscow Tudo melhorou depois que aquele homem misterioso nos procurou e nos ajudou, nós tínhamos um dossiê quase perfeito para usar no momento certo. Nosso dia de honra estava próximo de chegar, mas eu estava obcecado por minha Kotehok, o fogo que eu sentia por ela estava me consumindo a ponto de eu querer roubá-la para mim.Meu plano era seguir o acordo de casamento, mas para minha surpresa, minha garotinha não era uma Morozova, liguei para papa avisando do ocorrido e ele disse que não precisávamos disso. Mas eu precisava, eu queria minha gatinha. Mama e Papa estavam aposentados, vivendo nas montanhas, Anton assumiu os negócios e mudou a forma de fazer muitas coisas. O corpo de Andrey nunca foi encontrado, é a nossa busca incessante atualmente. Alguma informação ou qualquer pista.—Está indo atrás da sua garota? -Ivan perguntou, ele estava arrumado também, acho que iria sair.—Sim e você? -Apontei para sua roupa e ele riu. Concordou e disse: —Sabe quem é o
Encarei seus olhos bonitos, Ruslana é tão incrivelmente bonita, isso me deixa irritado. Eu não deveria gostar dela, não deveria nem sequer cogitar a ideia de tê-la, mas há anos que eu espero por uma situação assim, sei que ela está assustada, mas vai começar a gostar. Eu fui até seu corpo e passei a mão devagar, Ruslana fechou os olhos e eu parei onde queria, um pouco abaixo do peito, havia uma cicatriz, uma que não estava antes. —O que foi isso? Vi essa cicatriz e estou curioso, alguém machucou você? —eu questionei. —O que? -Ela perguntou confusa, olhou para meu dedo e balançou a cabeça —Eu... Estava no banheiro e escorreguei, bati a costela na pia e cortou. Mas... Como você viu a cicatriz? -ela falava baixo, curiosa e com medo ao mesmo tempo, aquilo me excitava tanto. —Eu vejo tudo, Kotehok. -respondi, fui até seu closet e peguei o conjunto de pijama que ela mais gosta. —Aqui, vista-se, eu vou embora. Venho visitar você outra hora. —Peguei a chave do bolso e coloquei em sua port
Ruslana Morozov Uma semana depois Ilya ainda me persegue, como um leão atrás de sua presa, ele observa e depois ataca. Como sempre, eu não tenho como fugir de sua mordida forte e segura. Desde o dia do banheiro, uma semana atrás, ele vem todos os dias. Conversa comigo, toca em mim e vai embora, seus beijos são agressivos e rudes, como se ele fizesse com raiva, mas existe algo por trás deles, algo que me faz gostar. —Está ouvindo, Ruslana? -Mikhail perguntou. Sim, ele ainda era Mikhail, conheci aos 16 anos depois que meu pai morreu, eu ainda não o via como meu pai. Quando eles conversaram comigo sobre isso, eu odiei minha mãe, odiei essa mentira como odeio qualquer tipo de mentira. Mas os anos se passaram e eu tentei entender seu lado. Mama era apaixonada por Mikhail e já casou com meu papa grávida de mim, eles dois eram jovens, dezoito anos os dois, mama tinha medo do que meu papa poderia fazer caso descobrisse e manteve a mentira. Mikhail ficou sabendo pouco antes de mim. —Desc
—Isso... Eu percebi que sussurrei essas palavras, a vergonha quase tomou conta, mas hoje o fogo foi maior, ele queimou até não sobrar nada na minha mente. Ilya sorriu e disse: —Eu te conheço, Ruslana, você me quer, você só precisa que eu te lembre disso, não é? Era isso? Se fosse, eu queria assumir? Não, com toda certeza que não, eu não gostaria de assumir isso assim, mas ao mesmo tempo eu me pergunto se eu vou sentir falta disso, se Ilya vai brincar comigo e me deixar sozinha depois, isso também perturba minha mente. Ilya introduziu o dedo indicador entre minhas dobras escorregadias e molhadas e pressionou mais forte meu clitóris, dando voltas, subindo e descendo, eu não quis gemer, mas foi impossível, quando percebi, eu levava meu quadril em direção a mão dele. Ele deu uma risada maligna que me deixou destruída por dentro, por estar ansiando por mais desse jogo lunático.—Vamos lá, Kotehok. Goze. -ele ordenou. E foi como um passe de mágicas, meu corpo ficou ainda mais quente e
Ilya Surkov 2 semanas depois —Sim, papa. Está tudo indo bem, não se preocupe, não deixe a mama ficar preocupada. —Anton falava com nosso pai. Estávamos em uma chamada de vídeo, eu aprendi muita coisa com meus pais, toda a bondade que existe em mim veio da minha mãe e irmã, então uma parte morreu com Zoya. Quando nós desligamos, Anton virou para mim e disse: —Você agora está na lista, eles mandarão soldados treinados para te pegar. Foram espertos, eles sabem que estamos atrás de todo e qualquer responsável pelo ataque de Tomsk. —Anton dizia, eu e meus irmãos estávamos sentados na mesa de jantar. —Por esse motivo, a investigação é interna, eles vão enviar o pessoal mais qualificado para te pegar. Logo logo eu e Ivan também estaremos nessa. —Eu sei, ela me acusou de agredir Ruslana, Mesmo minha gatinha tendo negado tudo. —falei irritado. —Sua gatinha? —Ivan perguntou rindo. Sim, quando eu ia saindo da propriedade dos Morozov um dos guardas me chamou, eu não podia virar de frente,
Eu esperei. A cafeteria enchia e esvaziava repetidas vezes. Já era quase noite quando Ruslana entrou na cafeteria, estava vestida como quem ia correr, ela procurou com os olhos e me encontrou sentado em um canto mais afastado. Caminhou devagar até mim e sentou na minha frente. —O que você quer? Não está sendo procurado? -ela olhava para os lados procurando alguma coisa.—Não está com saudades de mim, Kotehok? -eu perguntei, tentei pegar em sua mão, mas ela se afastou da mesa. —Eu estou aqui para me despedir, estou indo embora por muito tempo. -joguei essa informação pois queria saber sua reação, e como sempre, foi o esperado. Minha Kotehok é tão ingênua. —Pra onde? Não vai voltar? Por que está indo embora? -ela perguntou baixinho, percebi que sua respiração ficou ofegante e ela estava nervosa, eu sabia o que era isso, ela não queria que eu fosse embora, ela gosta de ser perseguida.—Não posso dar essas informações, pois se eu der, você contará a sua mãe. -ela desviou o olhar, como s
Ruslana Morozov Local desconhecido A última coisa que me lembro é que Ilya me pediu desculpas por me agarrar e logo depois eu não enxergava mais nada. Acordei aqui, não sabia onde era exatamente “aqui”. Só sei que é uma cabana e ao redor só tem árvores, um pouco de neve e um rio atrás da cabana. Ilya está no banho e eu na sala, tentando entender os motivos que o levaram a fazer isso. Me sequestrar não foi a melhor opção, eu estou confusa e assustada. Eu já sabia que ele era perigoso, mas isso ultrapassou os limites do que eu esperava dele. —Você já tomou banho? -ouvi sua voz vindo atrás de mim, eu apenas balancei a cabeça em negação e ouvi seus passos se aproximando. — Vamos, Kotehok, precisa se limpar antes de dormir.Senti sua mão segurando na minha e ele me guiou até o banheiro, tirou minha roupa devagar, o frio fez minha pele doer e meus músculos tremerem. Ilya ligou o chuveiro quente e me colocou embaixo dele. Ele disse: — Olha só, tudo isso vai acabar em breve, está bem? -e
—Ilya... –eu deixei a arma cair na cama e caí no chão, tremendo e chorando, não conseguia respirar direito. Vi quando Ilya levantou da cama e veio até mim. —Eu... Eu não quis, isso não – eu murmurava coisas, meus olhos estavam desfocados, eu só conseguia ouvir o barulho da arma. —Eu não quis m-machucar você...Ilya abaixou no chão e colocou o braço ao meu redor, eu sentei em cima das pernas dele e ele me abraçou totalmente, eu tentava conter os tremores do meu corpo, tentava fazer aquela sensação ir embora, sinto que vou enlouquecer a qualquer momento.—Kotehok... -avoz de Ilya era calma e tranquila — Você ouviu a minha ordem, mesmo assustada, você me obedeceu. – ele tinha um sorriso no rosto, como se estivesse feliz com minha atitude.—Eu atirei, meu Deus... Não era pra isso acontecer, você me ordenou e eu não consigo... Não consigo dizer não a suas ordens. -eu sussurrei. Meu corpo pesado e dolorido, como se eu tivesse levado uma surra. —Pare de entrar na minha mente, me deixe ir emb