Ruslana Morozov Local desconhecido A última coisa que me lembro é que Ilya me pediu desculpas por me agarrar e logo depois eu não enxergava mais nada. Acordei aqui, não sabia onde era exatamente “aqui”. Só sei que é uma cabana e ao redor só tem árvores, um pouco de neve e um rio atrás da cabana. Ilya está no banho e eu na sala, tentando entender os motivos que o levaram a fazer isso. Me sequestrar não foi a melhor opção, eu estou confusa e assustada. Eu já sabia que ele era perigoso, mas isso ultrapassou os limites do que eu esperava dele. —Você já tomou banho? -ouvi sua voz vindo atrás de mim, eu apenas balancei a cabeça em negação e ouvi seus passos se aproximando. — Vamos, Kotehok, precisa se limpar antes de dormir.Senti sua mão segurando na minha e ele me guiou até o banheiro, tirou minha roupa devagar, o frio fez minha pele doer e meus músculos tremerem. Ilya ligou o chuveiro quente e me colocou embaixo dele. Ele disse: — Olha só, tudo isso vai acabar em breve, está bem? -e
—Ilya... –eu deixei a arma cair na cama e caí no chão, tremendo e chorando, não conseguia respirar direito. Vi quando Ilya levantou da cama e veio até mim. —Eu... Eu não quis, isso não – eu murmurava coisas, meus olhos estavam desfocados, eu só conseguia ouvir o barulho da arma. —Eu não quis m-machucar você...Ilya abaixou no chão e colocou o braço ao meu redor, eu sentei em cima das pernas dele e ele me abraçou totalmente, eu tentava conter os tremores do meu corpo, tentava fazer aquela sensação ir embora, sinto que vou enlouquecer a qualquer momento.—Kotehok... -avoz de Ilya era calma e tranquila — Você ouviu a minha ordem, mesmo assustada, você me obedeceu. – ele tinha um sorriso no rosto, como se estivesse feliz com minha atitude.—Eu atirei, meu Deus... Não era pra isso acontecer, você me ordenou e eu não consigo... Não consigo dizer não a suas ordens. -eu sussurrei. Meu corpo pesado e dolorido, como se eu tivesse levado uma surra. —Pare de entrar na minha mente, me deixe ir emb
Ilya Surkov Orfanato de Tomsk Eu fui em mais de três orfanatos da região, esse era o último do dia. Quando cheguei ao local, vi algumas crianças correndo, outras brincando, um garotinho solitário no canto de uma árvore me chamou atenção, mas decidi seguir meu caminho. —Bom dia, o senhor veio olhar alguma de nossas crianças? —uma mulher na casa dos quarenta anos veio me receber. —Não, estou procurando por uma criança que chegou aqui há mais ou menos três anos. —tirei uma foto do bolso do paletó e entreguei a ela. — Ele veio depois do ataque em Tomsk, ele perdeu os pais naquele dia. —Deixe-me ver, pobrezinho. -ela pegou a foto e deu uma olhada, pareceu se lembrar de algo e olhou para os lados. —Venha comigo. Acho que sei onde ele está. Ela entrou em uma sala comigo, abriu uma gaveta e pegou vários registros, me mostrou um em particular e lá estava, várias fotos de Andrey com três anos, junto com as outras crianças do orfanato. —Onde ele e
Quando eu cheguei na frente da cabana antes de sair do carro, me lembrei de uma coisa e liguei para Ivan novamente. —Sim? —ele atendeu. —Ivan, tente se aproximar devagar dele, dê algumas instruções para que ele não diga nada na frente de Sergei, e sim, se for preciso, faça com que ele sinta raiva do lugar onde mora, é errado pra caralho, eu sei, mas... —Quem você pensa que eu sou, Ilya? —ele riu. —Já estou fazendo isso, desde quando eu o vi lá, comecei a explicar algumas coisas. Quando você volta? —ele perguntou. —Tenho que sair hoje à noite ou amanhã de manhã, não mais que isso, me aguarde e faremos uma reunião rápida para decidir o que fazer. —Ok, venha rápido. -Ivan desligou o telefone e eu finalmente saí do carro, estava escuro e muito frio. Ruslana estava deitada no sofá e eu não quis acorda-la. Fui direto para o quarto tomar banho, a notícia de que Andrey está vivo me deixou eufórico, meu banho foi rápido, apenas para me limpar, vesti um roupão e sai do banheiro. —Demoro
DesconhecidoAlguns dias antes Eu odeio Alyona Sidorova. Ela tirou de mim aquilo que eu mais amava na vida. Ela tem que pagar por isso, seu marido morreu mas não era o único, o fato dela ter casado de novo me ajudou de forma esplêndida, porque eu tinha acesso a tudo em sua vida. Todas as informações do ataque que ela tenta esconder, sei exatamente todos os passos de todos eles. A chance de encontrar ajuda chegou. Porra, o fato de Ilya Surkov estar perseguindo a menina Ruslana, caiu como uma luva em minhas mãos. A chance perfeita de conseguir todas as informações e juntar com as minhas, para encontrar uma forma de acabar com eles. Eu tinha o número de qualquer pessoa que vivesse na Rússia, não por meios legais, claro, muita coisa estava em jogo, minha profissão, minha imagem dentro do governo, tudo. Mas eu apostaria tudo isso para ter a chance de me vingar deles. Consegui o telefone de Ilya Surkov. Disquei seu número e esperei a ligação completar, eu duvidava que ele atenderia, ma
Ilya Surkov Depois que nosso contato desligou, nós conversamos sobre assuntos pessoais e Ivan estava louco quando começou a falar. —Eu fui até lá, em um horário em que Sergei não estava, óbvio. E imaginem só a minha cara quando vi Andrey brincando na sala com uns carrinhos e robôs. — ele falava andando de um lado a outro da sala. —Eu tive que fazer sinal de silêncio para ele, mas ele disse que lembrava de um homem como eu. Eu expliquei quem eu era e pedi a ele para guardar segredo. —Ivan, precisa adiantar a relação com a garota, temos que conseguir entrar na casa de Sergei e buscar Andrey, de forma fácil ou difícil, isso precisa acontecer. —Anton dizia, nós já debatemos o plano milhares de vezes nessa reunião, seria executado em duas semanas. Pelo menos uma coisa boa está acontecendo agora, eu finalmente vou poder dormir em paz, sabendo que Andrey está bem e que logo voltará para casa, uma parte de Zoya e Arseny está viva. —Ilya, advinha quem está atrás de você? Sua querida sogra
Antes de entrar em meu carro, Mikhail apareceu na porta e disse: —Eu vou te matar, Ilya, vou te matar e trazer minha filha de volta. —finalmente mostrando sua conduta, por ser um general, ele era contido e calado, mas isso tinha um limite e eu acho que ultrapassei ele hoje.—Estarei esperando. -sorri. Dirigi de volta para casa, Ivan tinha ido se encontrar com a garota e Anton estava ao telefone, flertando com a esposa do primeiro ministro, eu não sabia muito bem como era seu disfarce porque ele escondeu até da gente.Segui para meu quarto e finalmente eu tomei um banho e caí na cama, até pensei em ver minha garota pela cabana,as eu estava muito cansado para pensar até nisso. Apaguei sem nem perceber. Acordei já quase no final da tarde, perdi o almoço, pedi uma das cozinheiras da casa que fizesse alguma coisa rápida para mim, eu comi sozinho já que meus irmãos estavam ocupados. Pensei em Slav, ele parece ser um bom menino, eu realmente devo visitá-lo e vou pagar um pouco mais para
Ruslana Morozova — Ainda em local desconhecido. É uma solidão sem fim, que ódio eu sinto de Ilya por me deixar aqui sozinha, por me sequestrar, e apenas por aparecer na minha vida. Minha mente não era confusa antes dele. Agora aqui estou, simpatizando com um homem que me sequestrou e me mantém presa em algum lugar no fim do mundo. Eu já praticamente conheci todos os soldados, eles são calados mas de tanto eu falar uma vez ou outra eles falam também. Eu sei que não deveria tentar nada, mas ficar aqui não é o certo, Ilya não pode me obrigar a ficar com ele. —Vamos, eu preciso ir em uma farmácia. -abri a porta e lá estavam eles, fazendo a vigilância, esse povo não dorme nunca?—Diga o que precisa e eu tratei. -O mais chato disse, eu nunca perguntei o nome dele porque ele nunca deu tempo de eu finalizar uma frase inteira. —Eu estou menstruada e preciso de absorventes, você sabe qual eu preciso? -questionei, ele cerrou os olhos e eu criei coragem para continuar —Eu preciso olhar e ver