Valentina estava longe de ser o padrão de beleza estabelecido pela sociedade, suas curvas, destoavam das medidas exibidas nas telas da televisão. Desde sua infância travou uma batalha contra a balança, batalha essa que piorou muito em sua adolescência, levando-a se esconder do convívio social. Somente em sua maioridade e após longos anos de acompanhamento psicológico, se descobriu mulher, aceitando as fartas curvas, as coxas grossas, o rosto cheio e a barriga saliente. Nada disso a incomodava mais, sentia-se linda e cheia de vida, cabelos pretos na altura dos ombros, olhos claros e sorriso largo, iluminava qualquer lugar onde chegava. Mas uma vida de reclusão tem suas consequências, Valentina não teve êxito nos poucos relacionamentos amorosos, foram tão poucos que conseguia contar em uma mão e lhe sobravam dois dedos. Pisciana, era uma sonhadora, vivia mil vidas em seus sonhos e mil amores em sua mente, acreditava de forma desesperadora que alguém projetado para ela a esperava em algum lugar do imenso mundo que a rodeava e o melhor, lhe aceitaria, exatamente como era. E acreditando nisso, seguia com sua vida e a rotina de bancária.
A semana estava corrida, o banco onde trabalhava estava passando por uma auditoria interna, com membros da matriz americana trabalhando freneticamente. Todos foram convocados para o auditório da empresa, para uma palestra motivacional. Valentina, sentou-se ao lado da amiga Letícia, conversando animadas sobre o fim de semana.
Dois senhores já de idade avançada e uma carranca que colocaria medo em qualquer criancinha, um ruivo bem humorado que sorria para o nada e lembrava muito um comediante de stand up, mas o que realmente prendeu a atenção de Valentina, foi o homem da ponta esquerda. Estava com os braços para trás do corpo, as pernas levemente separadas, o queixo erguido. Cabelos castanhos, face seria, mas foi o rosto dele que a deixou encantada, a barba cuidada, bem cortada e alinhada, deixavam com o ar sexy demais para a libido dela.
— Meu Deus do céu! – Exclamaram juntas, causando o pavor em Valentina, qualquer disputa com Letícia, já estava perdida.
— Sim, fofinho mesmo... – Encurtou o assunto.
Os olhos de Valentina, teimavam e não obedeciam sua razão, que proibia qualquer olhada em direção ao moreno. Foi em uma dessas escapada que acreditou estar sendo notada da mesma forma, mas bastou voltar sua atenção para o lado e ver sua amiga sorrindo para o moreno e todas suas esperanças se esvaíram. Após mais de uma hora, ele encerrou dizendo que o banco estaria promovendo um happy hour entre os funcionários e a presença de todos se fazia necessário, dando assim, encerrada a reunião.
— Eles nem ao menos perguntam se temos planos para amanhã à noite. – Leticia esbravejava enquanto voltavam para suas baias – Poxa, é sexta feira.
— Calma amiga, dos males o menor. Veja pelo lado bom, comida e bebida de graça. – Deu de ombros, enquanto riam da situação.
— Vamos almoçar?
— Já está tarde, vamos sim. – Já jogava as coisas dentro da bolsa, falando sobre o ombro com a amiga.
As duas caminharam em meio ao riso. Valentina trabalhava no decimo primeiro andar e amava o tempo que passava no elevador da emprese, no ir e vir, imaginava um homem lindo entrando no elevador, quando parasse em qualquer andar e como num passe de mágica, ele a notaria como ninguém jamais notou. Naquele momento, não estava diferente, sua mente trabalhava com afinco, dando detalhes a cada quadro projetado, enquanto a amiga tagarelava sobre o moreno lindo da auditória. Estava tão perdida em seus pensamentos que nem ao menos notou quando o elevador parou e a porta se abriu no andar da diretoria.
— Com licença. – Ouviu a voz grossa e firme, com um sotaque encantador.
Seus olhos ganharam foco e parado a sua frente, de costas para ela, estava um dos auditores americano, o moreno da barba perfeita.
— Toda. – Letícia apressou-se em responder.
— Não entendi. – Ele virou-se para ela a olhando confuso, tentando o seu melhor no português – O que disse?
— Ah... – E lá estava o sorriso que Letícia usava em seus jogos de conquista – Você pediu licença ao entrar e eu disse “toda” é só um modo de falar. – Explicou, tocando o braço dele com a mão, deixando-a lá.
O sinal sonoro anunciou a chegada, a porta abriu revelando o dia quente e o sol forte. Os três saíram juntos e passaram pela porta do grande prédio. Valentina claramente constrangida, enquanto a amiga ainda o segurava como se marcasse o alvo para sua posse. Mergulhada em seu momento de sedução, não percebeu que o moreno estava completamente perdido, tanto na conversa que ela teimava em não cessar, quanto ao lugar que estavam
— Espera por alguém? Podemos te ajudar? - Valentina interrompeu o falatório da amiga, atraindo a atenção dele.
— Eu quero almoçar – Respondeu inseguro – Mas, não sei onde.
Ela sorriu. Aquele sotaque arranhando a arrepiava.
— Tem o shopping que não é longe daqui, mas para ir andando, cansaria demais, ainda mais em um dia quente como hoje. – Explicava enquanto ele a olhava atento, como se saboreasse cada palavra dita por ela – No final da rua, tem um pequeno restaurante, a comida é deliciosa.
— Estamos indo almoçar, vamos juntos? – Letícia deu dois passos, ficando assim entre os dois.
— Ok. Obrigado pelo convite.
— Ok. Vamos. – Novamente levou a mão ao antebraço do rapaz, passando a andar.
Valentina respirou fundo e deu a batalha como perdida, sabia que contra a amiga e toda a sua beleza, não teria como lutar.
O restaurante não era longe, ficava no final da rua. Nos poucos minutos em que caminharam, ouviu ele dizendo que se chamava Dylan, trabalhava para o banco há cinco anos e aquela era a sua primeira vez na filial do Brasil. Chegaram e após alguns segundos, encontraram uma mesa em um canto discreto, fizeram o pedido e o momento arrancou alguns sorrisos discretos de Valentina, que achava engraçado a forma como ele e a amiga conversavam. Ela estava acostumada a exercer o papel de figurante quando Letícia estava querendo impressionar um homem.
— Qual o seu nome? – A voz rouca de Dylan assustou Valentina que estava perdida em seu mundo particular – Desculpe, não quis te assustar. – Trocou com ela um leve sorriso.
— Valentina.
— Lindo nome.
Dylan piscou para ela e voltou a sua conversa confusa com Letícia. Passaram duas horas agradáveis, Ela pouco participou do assunto, sendo interrompida por sua amiga, todas as vezes em que tentou se pronunciar. Ele por sua vez, tocou a mão de Valentina sobre a mesa, sempre que a oportunidade surgia, causando na pisciana, arrepios. Após atender uma ligação, ele desculpou-se, despediu-se e saiu, alegando ter sido chamado às pressas no banco.
— Ai. Meu. Deus! – Letícia exclamou, assim que ele deixou o restaurante. – Ele é um gato e amiga.... Está louco por mim, você notou?
— Não reparei amiga, mas não tenho dúvidas que ele te notou. – Respondeu constrangida.
— Já quero arrasar amanhã! Vamos.
Sexta feira enfim chegou, Valentina estava sobrecarregada no trabalho, nem ao menos viu o dia passar, notou os auditores andando pelos corredores e Dylan sorriu ao cumprimentá-la, mas rapidamente buscou por Letícia, trocaram duas palavras em segredo e então seguiu sem olhar para trás.
— Ele quer conversar comigo! – Confidenciou ao ouvido de Valentina.
— Nossa Lê, fico feliz por você.
Viu a amiga saltitando, voltar para sua baia e desejou que o chão se abrisse e acabasse logo com aquele dia.
O barzinho escolhido para o happy hour era amplo e elegante, várias mesas lotadas de funcionários, conversa alta, bebidas e porções alegravam o começo de noite. As duas olhavam para a grande mesa, onde os membros da diretoria e auditoria, estavam. Dylan, caminhou na direção delas, provocando em Letícia um sorriso largo e uma postura ereta, evidenciando os seios no decote generoso.
— Olá meninas, gostando da festa?
— Está ótima. – Valentina respondeu de pronto.
— Eu acho que ela pode ficar ainda melhor. – Letícia sorriu com malicia o encarando.
— Podemos conversar agora? – Dylan disse com alguma dificuldade.
— Claro. – Virou-se, curvando o corpo sobre Valentina para lhe falar ao ouvido – Não me espere para ir pra casa amiga.
A noite para Valentina, acabou. Viu a amiga sair com Dylan, ficaram um pouco afastados, em alguns momentos, ela acreditou que a conversa não estava fluindo da forma que a amiga havia previsto, pois fazia caras e bocas, gesticulando de forma contrariada.
Não queria presenciar o desfecho daquele momento, parecia algo muito bobo, quando dito em voz alta, mas Valentina estava enciumada e somente aquela vez, desejou ter sido escolhida. Balançou a cabeça, como se para afastar os pensamentos, virou-se e caminhou ao encontro dos amigos. Estava sentada, bebericando e conversando há uns vinte minutos, quando sentiu a mão da amiga em seu ombro, Valentina olhou para o lado, assustando-se.
— O que houve? – Questionou confusa.
— Bem... – Leticia começou a dizer, sentando-se na cadeira ao lado da amiga, sem cuidado com a postura – Ele queria mesmo conversar comigo...
— Sim, notei isso quando chegamos. Mas o que faz aqui?
— Ele queria falar comigo, mas era sobre você. – Respondeu melancólica.
— Que? – Foi a palavra mais inteligente que Valentina encontrou em seu vocabulário naquele momento.
— Porque o espanto?
Leticia fingia desinteresse, mas não conseguia conter a irritação por ter sido rejeitada. Deu de ombros, como se aquilo não fosse nada demais e bufou, falando entre os dentes.
— Não estou entendendo o espanto. – Disse em deboche – Você tem boca e fala muito bem, é só ir lá e falar com ele. Está te esperando.
Como se os olhos de Valentina recebesse o comando da amiga, virou-se em direção de onde eles estavam à minutos atrás e viu Dylan parado, encostado na parede externa. Tentou engolir, mas sua boca estava seca, voltou o corpo em direção à mesa, pegando o copo de bebida, virando-o de um só vez.
— O que ele queria? – Perguntou aflita.
— Saber de você, oras. – Respondeu irritada – Idade, se namora ou é casada, se estava envolvida com alguém... Sei lá, Valentina. Vai logo e descubra você mesma.
— Nossa, porque tanta grosseria?
Reclamou já se levantando, indo ao encontro dele.
Respirou fundo antes de atravessar a porta do bar, parou atrás de Dylan, fazendo um barulho com a garganta, para que ele notasse sua presença. Virou-se para ela e o sorriso em seus lábios fez os pulmões de Valentina, saírem de seu corpo, levando com eles todo o seu ar. Ele era lindo.
— Leticia disse que queria falar comigo? – Sua voz não passava de um sussurro.
— Sim sim. – Parecia tão constrangido quanto ela.
O silencio esmagador tomou o ambiente.
Valentina queria dizer alguma coisa, fazer alguma gracinha, mas não era a amiga, não sabia flertar, ainda mais com alguém que mexia tanto com ela. Era em momento como aquele que ela gostaria de ser mais ousada, sem pudor, atirada mesmo, queria muito ser parecida com Leticia, a amiga com toda a certeza, saberia o que fazer para acabar com aquele silencio odioso.
— Você me desculpa?
Ouviu o homem à sua frente falar.
Valentina não estava prestando atenção, como sempre, estava perdida em seu próprio mundo, divagando em seus medos e inseguranças.
Buscou o ar novamente e sorriu constrangida.
— Deveria te desculpar pelo que?
Dylan sorriu.
— Por ter falado sobre você com Leticia. – Estava visivelmente constrangido e o sotaque estava mais evidenciado, devido ao nervosismo – Eu queria saber sobre você, não queria ser inconveniente, não sabia se estava com alguém.
Dylan falava rápido, dificultando o entendimento de Valentina, mas o pouco que conseguia entender, a fazia sorrir como uma adolescente apaixonada. Desde o primeiro momento em que seus olhos o viram naquele auditório, ela sentiu as borboletas em sua barriga, ganharem vida. No instante em que ele a tocou no restaurante, teve a certeza que o queria.
— Não precisa se desculpar. Acho que entendo.
— Entende?
— Sim. Leticia é mais receptiva as pessoas, encontrou no jeito espontâneo dela, brecha para saber ao meu respeito, sem se comprometer.
— Sim! – Ele gritou entusiasmado, arrancando uma gargalhada de Valentina. – Desculpa. – Disse novamente, envergonhado.
— Não precisa se desculpar, serio. Mas agora, estamos aqui e pode perguntar diretamente para mim.
— Sim, posso.
Ele sorrio, aproximando-se dela um pouco mais. Sua mão parecia ter vida própria, como se não conseguisse mais resistir, tocou o rosto dela em um gesto carinhoso. Ela sorriu ainda mais.
— Valentina. – Disse baixo – Poderíamos ir jantar em outro lugar? Onde as pessoas não fique nos olhando e o barulho não nos impeça de conversar?
Coração de Valentina deu um salto, agora ela tinha certeza, perdeu os pulmões e o coração, seus órgãos estavam abandonando o barco. Não conseguiu responder, somente balançou a cabeça, imediatamente ele entrelaçou seus dedos aos dela, a puxando enquanto andavam em direção ao carro dele.
Notou que ele não iria dirigir, quando abriu a porta de trás para ela e sentou-se ao seu lado. Em inglês, deu a ordem para que o motorista os levassem ao restaurante.
— Como ele sabe? – Ela perguntou.
— Não entendi. – Dylan parecia confuso.
— Como ele sabe para onde nos levar. Já havia dado como certo esse momento?
A luz do entendimento brilhou nos olhos dele.
— Sou um homem esperançoso. Não pode me condenar por acreditar. – Sorriu.
— Não, não posso. – Retribuiu o sorriso.
Dylan ajeitou-se no banco, aproximando-se um pouco mais, ela não se afastou. Com cuidado, ele tomou a mão entre as suas, acariciando os nós de seus dedos levemente. Conversaram sobre o tempo em que Valentina estava na empresa, sobre suas funções e o que fazia quando não estava trabalhando. Ele contou sobre suas viagens e o quanto se aborrecia com todas as idas e vindas, impossibilitando de criar raízes em um lugar. O caminho foi longo o bastante para deixar Valentina preocupada com a situação, não conhecia-o, não sabia nada sobre ele, saiu do bar sem nem ao menos dizer a amiga para onde e com quem estava indo. Se ele fosse um assassino, um sádico, alguém com algum distúrbio psicológico, ela morreria sem ter a chance de ser encontrada.
— Valentina? – Ele a chamou.
— Oi. – Respondeu ainda sob o efeito dos seus medos.
— Você está passando mal? – Levou a mão ao rosto dela, limpando o suor em sua testa.
— Para onde está me levando? – Disse de súbito.
— Para o restaurante. – Respondeu ainda mais confuso.
— Mas onde é que fica esse restaurante? Estamos nesse carro há um tempão. – O desespero tingia a sua voz.
— Não quero te assustar. – Disse baixo, afastando-se um pouco – Mas fiz uma busca para um lugar especial, mas é longe mesmo. Deveria ter procurado por algo mais perto, mas eu não achei que fosse ficar assim.
A vergonha estava estampando o rosto de Dylan, não imaginou que ela reagiria daquela forma. Ele se conhecia, sabia de seu caráter e que jamais teria coragem de fazer mal a outro ser humano, mas ela não o conhecia, não sabia nada ao seu respeito, naturalmente se assustaria com a situação. Ficaram em silencio por um longo tempo, quando ela identificou a estrada, estavam descendo a serra.
— Vamos a praia? – Disse baixinho.
— Sim. Vi um restaurante em uma praia chamada “Jaraguá”
Ela riu o interrompendo.
— Guarujá. – O corrigiu.
— Sim sim – Sorriu – Guarujá. O lugar parecia ser tão lindo e toda a sua frente está voltado para o mar.
Valentina sentiu-se o pior ser humano do mundo. Sabia que sua reação era justificável, mas entender o esforço dele, saber que pensou naquela noite, projetou o momento, fez todas as suas barreiras caírem. Desceram a serra com Valentina brincando de guia turístico, contando a ele detalhes sobre a construção da Imigrantes. Dylan ficou extasiado ao saber que era uma construção de 1976, com mais de cem engenheiros envolvidos e treze mil funcionários, ficou maravilhado ao avistar as luzes da cidade, a noite estava linda e a lua abrilhantava o céu. Assim que chegaram na cidade de Guarujá, o carro afastou-se um pouco do centro, subiu por uma estradinha íngreme e quando enfim estacionou, Valentina deparou-se com um mirante imenso e a vista arrebatadora.
Dylan abriu a porta, ajudando-a a descer, seus olhos não perdiam a vista de foco e o sorriso em seus lábios, parecia lhe machucar as bochechas.
— É linda. – Exclamou encantada.
— Sim, realmente linda.
Seu tom de voz não passava de um leve sussurro o que chamou a atenção dela, assim que o olhou, notou que os olhos de Dylan brilhavam, encantados, mas seu foco, era somente Valentina.
Ela corou.
— Vamos.
Dylan levou a mão a base da cintura dela, conduzindo-a até o restaurante. Pararam alguns segundos, confirmando a reserva e caminharam até uma mesa. O local era afastado do salão principal, voltado para a parede de vidro que ladeava todo o lugar. Estavam sentados de frente para o mar.
— Dylan, estou emocionada. Jamais conheci um lugar tão encantador.
—Acredite, fica muito mais lindo quando olho para você.
Ela sorriu constrangida.
Valentina estava com sua autoestima trabalhada, anos de terapia a fizeram entender quem era e se amar, mas ter um homem como Dylan a desejando, estava tirando todas as emoções dela do eixo.
Dylan foi extremamente gentil durante todo o jantar, fazendo questão de consulta-la a cada escolha, fazendo Valentina provar pedaços de seu filé, alimentando-a como uma criança e ela gostava.
Sorriam e trocavam caricias sobre a mesa, ele se declarava a ela a cada momento, dizendo o que sentiu quando a viu sentada no auditório, surpreendendo-a com essa informação.
— Me notou? – Disse realmente surpresa.
— Claro, como não te notar? – Seus dedos acariciavam os dela – Estava linda, sorria e cochichava com Leticia.
O sorriso nos lábios de Valentina se alargou.
— Tem ideia do quanto é linda? De como a sua presença ilumina?
Não conseguia responder, estava se dissolvendo bem na frente dele, sabia que se Dylan lhe falasse mais um elogio com aquela voz rouca e o sotaque carregado, iriam precisar carrega-la de lá.
— Está bem? – Perguntou preocupado – Exagerei?
— Não! – Ela quase gritou – Por favor, não pare.
Dylan sorriu.
Passaram quase duas horas sentados, conversando, saboreando a presença um do outro e após a sobremesa, Dylan a convidou para conhecer o mirante. Ele não conteve a mão, entrelaçando os dedos ao dela, enquanto caminhavam devagar. Pararam na área ampla ao lado de fora, Valentina encostou na grade e seus olhos apreciavam a vista, Dylan parou atrás dela, inclinando o corpo sobre ela, sem toca-la. Falou em seu ouvido.
— Estou louco para te ter em meus braços.
Ela sorriu.
— Existem coisas que não se pede, somente faz.
Um sorriso torto brincou nos lábios dele, aproximou-se ainda mais, enlaçando ela em seus braços a puxando para perto. Seus olhos estavam focados um no outro, enfeitiçados pela magia do momento. Dylan levou as mãos ao rosto de Valentina, aproximou o nariz ao dela, roçando carinhosamente, ela não conseguia respirar direito, abriu os lábios, desejando recebe-lo. Ele passou a língua no lábio superior dela e muito devagar a beijou, sentindo o gosto da sobremesa.
Ela se entregou.
O beijou como se toda a sua vida dependesse daquele singelo momento, levou os dedos a nuca dele, acariciando, brincando com os fios dele em seus dedos.
— Quero tanto você. – Ele praticamente gemeu as palavras nos lábios dela.
— Não passe vontade. – Respondeu perdida nos lábios dele.
Dylan segurou a mão de Valentina e praticamente correu com ela pelo mirante, indo encontrar o motorista. Entraram no carro e Dylan já estava ao telefone, falando em inglês, fazendo a reserva em um hotel da baixada. Assim que desligou, virou-se para Valentina e a tomou nos braços, beijando-a com ardor. Chegaram ao hotel em tempo recorde, Dylan fez o check-in e subiram para o quarto e para o desespero de Valentina, todos os seus traumas e neuras da adolescência lhe atingiu com força, assim que atravessou a porta. Ele parou de andar, olhando para trás a encontrando plantada no mesmo lugar, sua face era puro constrangimento. Dylan atravessou o quarto a alcançando rapidamente, enlaçando-a em seus braços com carinho.
— O que foi? Fiz algo errado? – Perguntou angustiado.
—Dylan – Ela afastou-se, segurando as mãos dele entre suas mãos – Imagino que esteja acostumado a ter as mulheres mais lindas a sua disposição... Eu... É que eu não sou... – As palavras lhe faltavam – Olhe para mim... – Disse se rendendo.
— Estou olhando, desde o primeiro momento em que te vi. – Estava claro que ele não entendia o que estava acontecendo.
— Olha para meu corpo, não sou como Leticia.
— Valentina, o que te difere das outras mulheres?
— Trinta quilos a mais. – Disse baixinho.
Ele sorriu.
Segurou Valentina pela mão e a levou até o centro do quarto, com cuidado a beijou, seus dedos deslizavam sobre o corpo dele e com carinho a despiu, deixando-a completamente nua. Ela automaticamente, tentou esconder o corpo com os braços, Dylan os segurou, balançando a cabeça levemente em negativa.
— Você é tão linda. – Disse em adoração.
Como se estivesse adornando um altar, os lábios dele deslizavam sobre o corpo de Valentina, beijando cada parte, cada dobrinha, cada centímetro. Ela suspirava a cada toque, sentindo-se pela primeira vez em toda sua vida, desejada de verdade.
— Cada pedacinho do seu corpo é perfeito.
Com o cuidado que uma princesa merece ser tratada, Dylan a amou, durante toda a noite. Ele a reverenciou, saboreou cada detalhe do corpo dela e em momento algum Valentina sentiu-se fora dos padrões. Sentia-se sexy, saciada, mulher.
Aquela noite foi o divisor de aguas em suas vidas.
Ele, entregue a cada dia mais, apaixonando-se mais a cada momento. Declarava o seu amor para quem quisesse ouvir, andava com Valentina como se fosse um precioso troféu.
Ela passou a sorrir bem mais.
Enfim, encontrou o amor. Alguém que a notou, viu sua essência além de seu corpo. Cada dia ao lado de Dylan fazia com que Valentina se aceitasse ainda mais.
Sem nem ao menos ter noção do que conseguiu fazer, ele a curou.
Avenida Paulista estava linda, enfeitada de ponta a ponta, luzes natalinas, bonecos gigantes, até mesmo uma máquina que jogava flocos de gelo nas pessoas que ali passavam, simulando neve. Não havia como negar, o natal era a época mais linda do ano e os olhos de Helena brilhavam todas as vezes em que por ali passava. Seus dias eram corridos, não deixando espaço para relacionamentos duradouros, bem sucedida e sócia em uma empresa de comunicação, sua vida se resumia a ordens, reuniões, telefonemas e viagens de última hora. Mas eram as luzes da Paulista, o encanto das crianças por cada decoração, que acalantava o seu coração e dava a Helena, paz para respirar em meio a suas loucuras.E foi em uma dessas noites magicas que ela decidiu simplesmente parar seu tempo. Saiu da empresa e não correu para o aeroporto, não olhou aflita para o relógio, nem bri
O sol se despedia novamente, seria somente o fim de um dia exaustivo de trabalho na lavoura para os homens, correria e afazeres para as mulheres da pequena e pacata vila, se a noite que se formava diante dos olhos de todos, não fosse a primeiro noite de lua minguante. Assim que a claridade começou a ceder lugar para a brisa fresca do fim de tarde, mães corriam em buscas de suas crianças, amontoando-as em seus braços, enquanto buscavam a segurança enganosa de seus lares frágeis. Pais, voltavam a passos apressados, carregando com esforços seus equipamentos pesados e sem cuidado algum, despejando ao lado da entrada da casa simples, encontrando no cômodo mal iluminado os olhos aflitos daquela que sabia o que estava por vim e implorava em silencio para que algo fosse feito, mesmo sabendo que contra a maldade que os assolariam ao escurecer, não teriam como lutar. Precisavam ser rápidos, o tempo se di
Poderia morrer ali, naquele exato momento e assim, teria o meu melhor fim. Sentia meus pés se afundando na areia fofa e quente, as ondas quebravam ao longe e via a força que o mar fazia para me atingir sem sucesso algum, nem mesmo a umidade tocava meus pés. Sei que para muitos, parece somente drama, mas aqui dentro, dentro da minha cabeça, sei bem o caos que é. Tenho tantos pensamentos, tantas vontades e desejos, nenhum deles se realiza e a frustração toma conta de mim, a ansiedade então, essa nem estou ligando mais, já virou minha mais intima parceira. Morar no litoral tem suas vantagens, sair do colégio e correr para me esconder na praia é uma delas, não sei quanto as outras meninas da minha idade, mas as vezes tudo o que eu queria mesmo era que uma grande onda armasse sobre mim e somente me engolisse, sem nem ao menos deixar rastro, ser engolida pelo mar e levada a um mundo completamente diferente
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Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, com veementes labaredas.Cantares 8:6*********************************************************************Há dias ele vagava pela terra que o sol aquece, seus pés não sabiam o caminho certo a seguir, somente o levava de um lado a outro, sem rumo ou direção. Estava cansado e sua alma angustiada, desejoso em sentir a vida novamente. Andava, respirava, comia e dormia, mas era como um simples vulto, passando século após século e nada mais.Permitia-se sentar nos bancos das praças da grande cidade, contemplava a realização de seus sonhos, através de outras pessoas. As crianças corriam, riam alto e brinc