— Foi um acidente na escada rolante do shopping, eu acabei sofrendo um aborto — falei sem olhar para ele. — Um acidente? — Questionou desconfiado, olhei para ele e sorri sarcástica. — É, Scott, foi um acidente — falei, sentindo o resto do ânimo que ainda tinha esvair-se — Você acha mesmo que eu sou uma pessoa tão ruim que sou capaz de matar meu próprio filho? Ele não respondeu. Ele não fala nada! Eu até esperei algo como: oi, Esther, você está bem? Você está sentindo alguma coisa? Mas ele não disse nada. Eu dei uma risada, sou tão idiota, é claro que ele não se importa, a única coisa que ainda o interessava era essa criança, agora tanto faz.Seis meses depois...O tempo passou voando. Eu estou trabalhando na empresa do Julius, trabalho na área de divulgação dos produtos. Eu voltei a dançar com o grupo do Lucas e estou seguindo minha vida da melhor forma que consigo.A minha mãe arrumou um namorado, ele é vizinho do apartamento do Scott, eles se conheceram no elevador, nunca vi minh
DEREK SCOTT As coisas mudaram muito depois que a Esther perdeu o bebê. Ela ficou triste no início, mas após dois meses voltou a trabalhar, agora ela está trabalhando na empresa do Julius, e também voltou a dançar, quase não fica em casa, está sempre ensaiando com o grupo. Mas ela não desistiu de me incomodar, tentou me provocar andando nua pela casa, mas eu a rejeitei todas as vezes. Eu não estou ficando muito em casa, passo quase a semana toda com a Sophia, e, para evitar aborrecimentos, sempre que tenho que ir em casa a levo comigo. — Você tem mesmo que ir lá, Scott? — A Sophia perguntou, quando segui em direção à minha casa. — Eu tenho que pegar uns documentos em meu escritório, você pode vir comigo. — Segurei sua mão e saímos juntos.Quando entramos em casa, vimos um bolo sobre a mesa de jantar e duas garrafas de vodka, e a Esther sentada em frente, ela já estava bêbada. Assim que nos viu, ela veio até nós e nos levou até a mesa, servindo-nos bebidas, ela bebeu algumas doses
ESTHER CHRISTAL Eu acordei e, ao olhar ao redor, vi que que estou em meu quarto, estou nua e com uma baita dor de cabeça, meu corpo também dói, mas é uma dor boa. Olhei no espelho e sorri, lembrando da noite turbulenta e ao mesmo tempo maravilhosa que tive. Eu já havia avisado à empresa que hoje irei trabalhar no horário da tarde, então, depois de me recuperar da ressaca com um comprimido e alguns copos de água, tomei um longo banho e segui para o trabalho. Na próxima semana será o aniversário da cidade, a prefeitura e algumas empresas estão organizando uma grande festa. Eu estou trabalhando na organização desse evento, a empresa do Julius vai servir as bebidas e também fornecer o entretenimento, o nosso grupo de dança vai fazer uma apresentação. — Como estão os preparativos para a festa, Esther? — O Julius perguntou assim que entrou em minha sala. — Está tudo correndo bem, a galera da dança já confirmou, os outros artistas convidados também já confirmaram, incluindo o apresentad
Eu não esperava que, de todas as pessoas, justo o Scott viesse me defender. Ele chegou bem a tempo para me proteger de uma bela bofetada, mas, para a minha decepção, ele me culpou pelo episódio. — Você não pode agir com decência nem mesmo em um momento desse!? — Esbravejou, olhando-me com uma mistura de nojo e raiva. — Por que eu não estou agindo com decência? — Questionei, sentindo-me injustiçada. — Você jura que não sabe? Nossa, você é tão inocente — falou irônico, olhando para as minhas roupas.— Você está me culpando pelo erro de outra pessoa? Scott, eu não fiz nada! — Ele riu com desdém — Ah, quer saber, não me importo se você acredita ou não. Obrigada por me ajudar! — falei, virando-me para sair. — Onde você pensa que vai? — perguntou, segurando o meu braço. — Voltar para junto dos meus amigos — respondi, tentando me soltar do seu aperto, mas ele segurou mais forte. — Você não vai voltar lá assim, vou te levar para casa! — Falou e já foi me arrastando para o estacionament
DEREK SCOTT Quando a Layla chegou no escritório gritando, eu já imaginei que era a Esther aprontando, mas não pensei que ela fosse tão audaciosa. Quando adentramos o banheiro, ela estava sobre a Sophia, desferindo vários golpes no rosto. Eu só a tirei de cima, mas minha vontade foi de estrangulá-la, depois que eu vi o rosto da Sophia sangrando. — Então, você vai me bater também? — Ela perguntou, desafiando-me, depois que ficamos apenas nós dois no banheiro. Eu não respondi, apenas fiquei olhando-a, seu rosto está vermelho e inchado do tapa que o Steven lhe deu, o meu sogro se descontrolou e com razão, mas eu não gostei de ver a cena. — O quê? Você não vai falar nada! Scott, eu sei que você não vai acreditar, mas foram elas que começaram — falou, sua voz soou raivosa e eu dei uma risada. — Então elas começaram a briga, mas só a Sophia saiu machucada. Mais uma vez. — falei entredentes. A Esther também riu, tem uma mistura de decepção, tristeza e até um pouco de medo em seus olhos.
Dois dias já passaram e até agora nada de notícias, parece que a Esther evaporou no ar e levou a mãe dela junto. Eu fui à casa onde ela morava para ver se tem um recado na secretária ou alguma correspondência, mas não achei nada, também já foi pedido o sigilo telefônico dela e nenhuma uma pista ainda, a última vez que ela usou o telefone foi quando ligou para a mãe dela. — Scott, você ainda está preocupado com aquela mulher? Por favor, meu amor, você tem que deixar isso pra lá, ela só quer a sua atenção, isso é só mais um showzinho dela — A Sophia falou ao me ver olhando os vídeos de segurança da cidade. Eu estou empenhado em achá-la, e quando eu achar ela vai ter que se explicar. — Eu sei, meu amor, mas mesmo assim eu preciso encontrá-la para terminar logo com esse acordo. — falei e continuei olhando atentamente a tela do computador. Eu já liguei várias vezes para a Lunna, para a Jess e até para o Lucas, eu perguntei se ela entrou em contato com algum deles e ninguém sabe dela,
— Ela acordou, doutor! — A enfermeira avisou, aproximando-se. — Agora o senhor terá que nos dar licença, precisamos avaliá-la. Pode aguardar no canto, assim que terminar, vamos deixá-lo falar com ela. Sem opção, eu me afastei e fiquei observando-a de longe. Enquanto o médico fazia seu trabalho, ela nem se mexeu, ficou apenas encarando o teto. — Você consegue me ouvir? — o médico perguntou e ela permaneceu calada e imóvel — Você não me entendeu? Você está me ouvindo? Responda se sim ou não — nos segundos que seguiram até ela mover a cabeça, foi como se eu estivesse preso em um lugar fechado, não conseguia respirar. — Você consegue me entender? — ele perguntou novamente, após o primeiro movimento de cabeça dela. Ela balançou a cabeça afirmativamente outra vez. — Você sabe onde está? — Ela negou. Eu senti o coração pesado ao vê-la com o olhar tão perdido. — Então, como ela está? — perguntei, ao vê-lo se afastar da cama. — Como eu já havia explicado, ela não se lembra do que
Após pedir o café da manhã, eu voltei ao quarto para chamar a Esther, porém ela está dormindo. Eu me sentei ao seu lado e fiquei olhando para ela, sua respiração é lenta e profunda enquanto dorme, ela se mexe um pouco também, parece que não está tendo um sono tranquilo, eu toco seu rosto e não sei exatamente o porquê, eu beijo sua testa.Eu fiquei no quarto dela por um longo tempo, olhei as fotografias e alguns troféus de concursos de dança, só agora eu percebi que nunca me interessei por quem ela é de verdade. Em todas as fotografias ela tem um sorriso largo e brilhante no rosto, é um sorriso daqueles que contagia quem está por perto. Caminho até o móvel perto da janela e pego uma foto de nós dois ainda crianças, foi tirada poucos dias antes da minha viagem para Nova Iorque; ela tem fotos de nós dois em mais alguns porta retratos, em todas somos crianças, ela escreveu as datas e mensagens carinhosas em cada uma delas, ela realmente levou a sério a promessa que fizemos naquela época