— NÃO!!! – Dylan gritou, correndo até Miranda que jazia em cima de uma mesa de aço, coberta com um grande pano branco que chegava até o chão. Embaixo da mesa, uma poça com mais sangue e água.
Ela estava imóvel e ele não conseguia definir se ela estava respirando ou não. Sua pele pálida e seus lábios arroxeados indicavam o pior. Seu cabelo já não tinha mais aquele brilho, apesar de ainda ser longo, jogado para fora daquela mesa. Suas mãos cruzadas sobre o pano como se ela fosse um cadáver exposto demonstravam muitos dias de fome. Os dedos estavam secos e as unhas quebradas.
— O que fizeram com ela? – Rachel se aproximou, seguida por Benjamin, Anabele e Helena. Matahun não entrou, ficou na porta daquele quarto pressentindo algo horrível iminente a acontecer. Ele engatilhou sua arma novamente, mirando par
Cidade Celestial, subprovíncia da Criação Angelical. 4520 A. C.– E Deus criou o homem, e de sua costela ele fez a mulher: Eva, para ser sua companheira e o servir. – disse Gabriel aos jovens criados. Os mais velhos apenas observavam, entoando hinos de louvor e adoração.Lúcifer ouviu tudo aquilo e pensou, mais uma vez em quanta coisa havia ocorrido entre a criação do mundo e a criação de Eva. Inclusive pensando na antiga mulher de Adão, que fora excluída dos livros da criação. Apesar de ser o braço direito de Deus, não aceitava muitas coisas, e, sinceramente, já estava se sentindo sufocado por toda adoração sem fim.Pensou em tentar algum diálogo, mas se lembrou de que isso nunca acontecia na verdade. Conforme o tempo passava e a indignação aumentava, traçou um plano em sua men
Yalong, China. Território Luciferiano. Dias atuais.Aquele portal do Inferno é realmente nauseante, mas confesso que cair por cima do mar de Yalong, na China, foi muito bom. Fazia muito tempo que eu não vinha aqui, muito tempo mesmo! Essa sempre foi uma das minhas praias favoritas, muito antes de saber que lá funcionaria a terceira rota para o Inferno na Terra. No mundo todo, devem existir uns seis portais como esse, na costa dos principais países, interligando-se os continentes. Quando cheguei, como sempre, o tempo havia mudado muito. Não no sentido geológico, mas cronológico mesmo.Cada minuto naquele portal correspondia a aproximadamente uma hora aqui fora, então deduzi que as meninas já deviam ter se espalhado. Apenas pude ver Helena sentada em uma cadeira de praia, na orla de um Resort próximo. Os humanos ali vivendo normalmente, com seus sorrisos largos e seus
─ Ok. Vamos pensar um pouco. Eu tenho certeza de que o caminho não é esse. – Rachel disse, irritada por passar pela quarta vez no mesmo conjunto de pedras em forma de prancha na praia. ─ Não sei onde eu estava com a cabeça pra confiar em vocês duas para nos levar pra ver a piscina natural!─ Eu não sei de nada. Apenas segui a Anabele – Poliana se defendeu.─ Claro! A culpa é minha, como sempre! Rachel, dá uma olhada ali, não é o Dylan e a Miranda? – Anabele apontou com a mão para um lugar ao longe, no meio do mar ─ Mas o que eles estão fazendo lá?Rachel se aproximou e viu aquela cena erótica se desenrolando e se irritou, não sabia ao certo o porquê, mas certamente as duas horas de caminhada pela orla sem ter tomado café da manhã tiveram muito a ver com esse humor.Ela procurou algo que pudesse chamar a aten&c
Ele saiu do quarto de Rachel um pouco confuso. Não tinha entendido direito o que ela quis dizer com “Eu não tenho agido muito bem com ela”, mas também enxergou muita dor em seus olhos.Eram quase sete horas da noite, o jantar já estava sendo servido. Dylan entrou no quarto, esperando encontrar Miranda dormindo, mas o que ele viu o deixou desesperado.Miranda estava sentada no chão da sacada do quarto dele, olhando o mar. Ela abraçava as pernas e soluçava com seu celular ao lado dela, também no chão. Ele se aproximou com cuidado para não a assustar, sentando-se a seu lado, sem nada dizer. A abraçou e ela apoiou a cabeça em seus ombros, derramando-se em lágrimas.─ Está tudo bem – ele dizia baixinho, enquanto a abraçava mais forte ainda. ─ Eu estou aqui.Ela continuou chorando por quase dez minutos, nessa mesma posiçã
Ela bateu com a porta na cara dele sem nem se preocupar, mas ele, rapidamente, segurou-a impedindo que Miranda se trancasse, invadindo o quarto dela com o carrinho de refeições.─ Seu maluco! O que você está fazendo aqui? – Miranda dizia gritando baixo, se é que isso era possível, tentando em vão esconder o corpo embaixo do robe preto de renda que vestia. Inutilmente, já que os seios fartos presos sensualmente sob o sutiã meia taça de renda semitransparente e a calcinha fio dental estavam mais do que a mostra para o anjo.─ Eu…. – ele não sabia o que falar, já que a visão o transportou para um transe por uns segundos.─ Vá embora – ela tentou fechar a porta novamente.─ Precisamos conversar, Miranda…─ Shii, cala a boca, Ben. Dylan está tomando banho. Se ele te vir aqui eu não quero nem imaginar o que ele po
Miranda acordou com um raio de luz invadindo o quarto direto na testa dela. Ela havia dormido ainda com a roupa que vestia no dia anterior, que agora estava toda amarrotada. Já haviam-se passado quinze dias desde que Helena e Poliana partiram, rumo a algum lugar que ela mesma não fazia ideia de onde seria, e ela já estava morrendo de saudades da amiga.Ela também mal tinha conseguido falar com Poliana. Apenas curtos acenos de cabeça e cumprimentos corriqueiros tinham sido as conversas entre as duas nessas duas semanas. Nem pareciam as melhores amigas que um dia foram.Havia alguém.Alguém com quem Poliana conversava sempre, pelo celular ou pessoalmente, mas Miranda nunca conseguia saber quem era. Porém sabia que a estava afastando. Isso a entristecia um pouco, mas a rotina que Dylan a obrigou a fazer todos os dias a deixava ocupada demais para se aborrecer.Ao acordar, tomava seu café bem refo
Ela bateu a porta com tanta força que sentiu tremer a parede, se apoiando contra ela assim que entrou. Ela segurou o quanto pôde, mas não conseguiu impedir que a primeira lágrima rolasse, seguida por dezenas de outras lágrimas. Logo ela estava soluçando e nem percebeu de onde aquele abraço tinha saído, mas naquele momento era só isso que ela queria.─ Eu quero…. Eu quero…. – ela tentava dizer, sem êxito.─ Shiiu, eu estou aqui, vai ficar tudo bem… – Dylan dizia, abraçando-a fortemente. ─ Era a guarda Luciferiana, não era?─ Sim, era… Eles… – ela gaguejou ─ eles disseram que meu pai é…─ Eu sei, eu sei. Me perdoe por não ter te dito antes… eu jamais te levaria naquela loja se soubesse que ela era dele…─ Não tem problema, eu… – era muito difícil para ela c
─ Senhor Abaddon? – Amduscias pediu permissão para entrar no escritório. – Estou com o senhor Wooth.─ Entrem – ele ordenou.Amduscias, seguido de Dylan, adentrou lentamente. Toda descontração da sala anterior havia cedido espaço a uma tensão implícita no ar. Afinal, era com Abaddon que eles tratariam, e qualquer um teria, no mínimo, prudência.─ Então o senhor é o famoso Dylan Wooth? Conhecido por todos os Portais do Inferno, e além, pelas suas performances musicais extraordinárias, superadas apenas pela lista de donzelas em sua cama, claro, todas com o devido consentimento? Conte-me: qual o seu segredo, jovem anjo? ─ Abaddon dizia, franzindo o cenho em sinal de um certo incômodo.─ Acredito que o passado fale por si só. Sou eu mesmo. Mas do que se trata tudo isso? – Dylan falou, enquanto se sentava na poltron