Cinco semanas antes.
— Pausa de dez minutos – o diretor gritou.
Vanessa correu, segurando as mãos de Linda até o banheiro mais próximo, e checou cada sanitário para confirmar que estavam sozinhas. Quando teve a certeza, encostou Linda contra a parede e começou a contar.
— Um, Dois, Três: inspira. Um, dois, três: inspira. Consegue falar agora, Linda?
— Ahan – ela diz, ainda um pouco afobada – eu apenas fiquei nervosa com aquilo.
Ela se senta no puff que existia no local e olha a amiga.
— Como assim nervosa? Você está muito estranha, Linda. O imbecil do seu ex conseguiu te controlar mesmo, não é?!
— Claro que não, Vanessa. Não é isso…
— Você não me engana, Linda… Está parecendo você quando conheceu es
— Quem está aí? – Ela pergunta novamente, não acreditando no que estava vendo. — Você…O susto a faz dar dois passos para trás, encostando na grade atrás dela. Ruídos desconexos vindos de todas as celas ecoam, fazendo soprar um vento mórbido, triste e sombrio.— Achou que eu tinha desintegrado como pó, Miranda, por conta da flecha que sua amiga anja disparou em mim? Como é boba… como sempre foi boba!— Sebastian…. O que você está fazendo aqui? – ela perguntou, balançando a cabeça, confusa com aquilo.Ele gargalhou com a pergunta, se aproximando das grades e segurando nelas com ambas as mãos. Seu rosto estava ferido, quase desfigurado. A antiga Miranda sentiria pena, tentaria quebrar aquelas grades para libertá-lo, porque apesar de tudo, era seu irmão. Mas e esta?
POV DYLANDia da apresentação. Istambul. 14 hs.Cinco semanas.Exatamente por cinco semanas tive que aguentar Celine se esfregando em mim, me fazendo de desentendido, de interessado e de submisso. Pelo menos, sei que valeu a pena, já que hoje, o dia da apresentação da banda das meninas, ela está totalmente à vontade. Hoje é a apresentação e o Concílio. O clima está tenso, em qualquer ponto da cidade.— Eu ainda vou te pegar, meu cachorrinho… E vou te prender na coleira. Você vai ver. — ela me disse, se enxugando do banho que tomou. Nesses momentos, apenas a grande concentração que desenvolvi ao longo desses meses me salvava.Me levantei, assim que ela já estava vestida, e me aproximei. Eu queria garantir que ela estaria com o boneco na hora do show, por motivos óbvios.&
No mesmo dia, às 16 hs, em Luciferus. (Narrador)— Vem, Benjamin… é por ali… – Rachel puxou a camisa do anjo, fazendo-o mudar o caminho. – Ali, onde você estava indo é a ala dos herdeiros dos Príncipes, não o quarto dela.— Mas ela não está no quarto! A essa hora, ela já deve ter sido apresentada – ele respondeu, mas mudou seu caminho, conforme ela havia mandado.— Ela deve estar indo comer… Ela tá grávida, come por dois mesmo… – A loira pensou alto, e esgueirando como se estivesse em um filme de espionagem.— Rachel, por que você está andando assim? Não estamos invadindo nada, somos convidados, se lembra? – ele falou alto, fazendo-a se ajeitar em uma postura ereta e formal. – O salão principal fica aqui embaixo. A rota provável &eac
POV MIRANDAPloc...Ploc...Ploc...Ploc...Abro e fecho meus olhos.Não faz diferença. A luz é fraca e muitas vezes nem consigo distinguir nada a minha frente, especialmente quando a portinha desse caixão está fechada. Eu nunca gostei de lugares fechados, nunca me senti confortável dentro de elevadores, mas agora, dentro dessa caixa, eu simplesmente me sinto enterrada viva.Prefiro manter meus olhos fechados e imaginar que é apenas um sonho.Minhas pernas, nem sinto mais. Então não tenho certeza se estou de pé ou deitada, mas acho que é a primeira opção, já que tenho dificuldade em colocar a comida na boca. Comida que nos primeiros dias vomitava, já que o Xeiro da urina e fezes aqui dentro eram quase insuportáveis.Ploc...Eu tinha perdido as contas dos dias em que estava aqu
POV BenjaminPortais reais foram liberados para que a gente conseguisse encontrá-la, mas ainda assim, não era fácil saber pra que lugar seguir. Era algo realmente espantoso ter toda aquela vastidão de terra sob nossos pés. Voamos de Luciferus até Montevidéu, depois para Montreal, para Londres, para o centro do Cairo, para Varsóvia, para Xangai e para Cidade do Cabo, de onde nos encontraríamos com Helena e Anabele. Já havia se passado uma semana desde que saímos de Luciferus. O clima estava ficando tenso entre nós, especialmente entre Matahun e eu. Era confuso, pois no instante em que sentia Miranda, algo deixava turva sua localização. Ela estava sob domínio angelical, com certeza. Poderia inclusive arriscar que eram Arcanjos.— Se continuar assim, logo vai amanhecer. Benjamin, pra onde a gente vai? – Rachel me pergunta. Estávamos sen
— NÃO!!! – Dylan gritou, correndo até Miranda que jazia em cima de uma mesa de aço, coberta com um grande pano branco que chegava até o chão. Embaixo da mesa, uma poça com mais sangue e água.Ela estava imóvel e ele não conseguia definir se ela estava respirando ou não. Sua pele pálida e seus lábios arroxeados indicavam o pior. Seu cabelo já não tinha mais aquele brilho, apesar de ainda ser longo, jogado para fora daquela mesa. Suas mãos cruzadas sobre o pano como se ela fosse um cadáver exposto demonstravam muitos dias de fome. Os dedos estavam secos e as unhas quebradas.— O que fizeram com ela? – Rachel se aproximou, seguida por Benjamin, Anabele e Helena. Matahun não entrou, ficou na porta daquele quarto pressentindo algo horrível iminente a acontecer. Ele engatilhou sua arma novamente, mirando par
Cidade Celestial, subprovíncia da Criação Angelical. 4520 A. C.– E Deus criou o homem, e de sua costela ele fez a mulher: Eva, para ser sua companheira e o servir. – disse Gabriel aos jovens criados. Os mais velhos apenas observavam, entoando hinos de louvor e adoração.Lúcifer ouviu tudo aquilo e pensou, mais uma vez em quanta coisa havia ocorrido entre a criação do mundo e a criação de Eva. Inclusive pensando na antiga mulher de Adão, que fora excluída dos livros da criação. Apesar de ser o braço direito de Deus, não aceitava muitas coisas, e, sinceramente, já estava se sentindo sufocado por toda adoração sem fim.Pensou em tentar algum diálogo, mas se lembrou de que isso nunca acontecia na verdade. Conforme o tempo passava e a indignação aumentava, traçou um plano em sua men
Yalong, China. Território Luciferiano. Dias atuais.Aquele portal do Inferno é realmente nauseante, mas confesso que cair por cima do mar de Yalong, na China, foi muito bom. Fazia muito tempo que eu não vinha aqui, muito tempo mesmo! Essa sempre foi uma das minhas praias favoritas, muito antes de saber que lá funcionaria a terceira rota para o Inferno na Terra. No mundo todo, devem existir uns seis portais como esse, na costa dos principais países, interligando-se os continentes. Quando cheguei, como sempre, o tempo havia mudado muito. Não no sentido geológico, mas cronológico mesmo.Cada minuto naquele portal correspondia a aproximadamente uma hora aqui fora, então deduzi que as meninas já deviam ter se espalhado. Apenas pude ver Helena sentada em uma cadeira de praia, na orla de um Resort próximo. Os humanos ali vivendo normalmente, com seus sorrisos largos e seus