POV MIRANDA
"Você pensa que alguém te ama, e que pela primeira vez você foi importante. Depois descobre que isso nunca aconteceu de verdade." (Miranda)
— Onde você está indo, Miranda – Matahun grita, enquanto corre desesperado atrás de mim. — O que aconteceu lá?
Saí descontrolada pelo portão principal daquela casa de show, esbarrando em qualquer um que estivesse na minha frente. Eu já tinha percorrido toda a avenida principal, a mesma que, na ida, tinha me incomodado pela quantidade de imagens que mostravam Dylan feliz. Não, não era apenas marketing. Ele realmente estava feliz lá, estava em casa e, claro, eu não cabia mais no mundo dele! Não faço a menor ideia de onde estou indo, mas a raiva, o ódio e principalmente, a decepção que tive estão me guiando. Não sei pra
POV DYLANO barulho das águas do mar contra as pedras me fazia ter mais vontade de ficar dormindo ali, sem me importar em estar completamente encharcado. Aquele ritmo perfeito do som das ondas quebrando na areia só poderia ter sido criado em sincronia com toda a dor que meu coração sentia naquele momento. Eu não queria abrir meus olhos, porque sabia que teria que encarar a realidade. A cruel e implacável realidade da minha vida agora, sem Miranda.Optei por continuar naquela posição mais um pouco, revivendo os momentos mais felizes que passei na minha vida. Ainda de olhos fechados, lembrei daquela festa, na qual nem eu estava interessado, mas Benjamin estourou tanto com meus neurônios enchendo o saco que tive que ir. Não sei por que ele tem, ou tinha né, essa “coisa” de que todos nós estivéssemos juntos quando ele encontrasse Miranda.<
POV MIRANDAMinha cabeça girava pela confusão de sons estranhos que permeavam o ambiente. Era uma sinfonia de notas nunca antes ouvidas. Não conseguia abrir meus olhos, pois uma gama de tons inéditos me entorpecia e senti que ia cair novamente. Já era a terceira vez que tentava me levantar, mas toda vez que tentava, o fazia rápido demais. Matahun até quis me ajudar, mas eu o acertava, instintivamente, sempre com força suficiente para derrubá-lo. Ao olhar para ele, conseguia ver sua alma, assim como quando estava na festa de máscaras e encarei os meninos pela primeira vez. O que será que isso significava?Minha cabeça e minhas costas doem. Parece que eu estou novamente trabalhando em pé o dia todo, como em Scottsdale. Estou deitada, abraçando minhas próprias pernas há mais de meia hora e não tenho a menor ideia de como fazer para tudo isso
POV DYLANBenjamin cortou meu pescoço, mas não suficiente para que eu ficasse desacordado. Ao invés disso, retirou uma pena de minha asa, justamente o que eu queria evitar a todo custo.Dito e feito, ele me largou sangrando e passou o sangue contido na pena em sua marca, em seu punho, a marca que todos os anjos têm. Esse tipo de condição apenas funcionava para anjos irmãos. Com essa pena, ele poderia acessar minhas memórias, sem que eu tivesse nenhum controle disso. Logo aquele desenho começou a brilhar e Benjamin entrou em transe. Caído no chão, minha jaqueta cobriu a câmera que havia sido colocada em mim para me espionar, mas ela continuava gravando o áudio.Ele foi caminhando de costas rumo à muralha. E em seu rosto podia notar que ele estava vendo tudo: desde meu primeiro beijo com Miranda até os últimos acontecimentos. As
POV MIRANDAJá faz mais de quatro dias que eu e Matahun estamos caminhando nessa floresta maluca. Minha barriga começa a pesar, encontro-me no quarto mês de gravidez, mas parece que já estou com mais de seis. A gravidez de nefilins é acelerada e cada vez fica mais difícil caminhar por aqui. Tentava convencer Matahun a abrir um portal qualquer, mas ele era irredutível. Esses dias caminhando foram até interessantes, uma vez que ele havia me ensinado alguns golpes de uma arte marcial estranha. Além disso, percebi que utilizar aquelas espadas e adagas não era assim tão difícil. Ainda assim, preferia as técnicas de fuga e esquiva do inimigo, antevendo seus atos.Eu era particularmente melhor com elas.Em alguns momentos, quando eu estava realmente muito cansada, tínhamos aulas sobre a origem das coisas. Quero dizer, sobre a criaçã
POV DYLAN— Só quero que vocês se comportem. Caramba, acho que não é pedir muito?! – Celine disse, tentando convencer Yago a não levar alguma das meninas da Little Naughty pra cama, pelo menos no primeiro dia.O festival em Pequim havia sido um sucesso. Os jornais da semana seguinte não cansavam de repetir sobre o pós-show que eu havia produzido, e ficavam especulando se tudo aquilo faria parte do show ou se eu era o filho da puta perfeito que realmente fez aquilo com a namorada grávida.Ninguém tinha certeza de nada, mas as fãs, assim como Celine previu, acamparam na frente do hotel, esperando pela minha aparição na sacada. Elas fizeram isso por longas duas semanas seguidas.Foi foda.Em face a toda a repercussão, nossa produtora resolveu utilizar a fama que tínhamos para ajudar a alava
POV MIRANDAMe preparei como pude para o ataque, antevendo onde o ser voador me atingiria. Com o galho grosso em minhas mãos, o acertei tão forte que, ao cair no chão, uma nuvem de poeira e folhas secas se levantou no ar. Foi aí que vi que não era uma ave assassina. Era Benjamin.— Benjamin, me perdoe, eu…. – falei, largando o galho no chão e indo ao encontro dele.— Você tá muito forte, o que andou fazendo? – ele dizia, se virando e levantando com cuidado e abrindo as asas.Assim que previu o ataque, ele tentou parar, se envolvendo nas asas no intuito, saberia eu depois, de proteger alguém que ele trazia consigo.— POLIANA, você está bem? – falei, assim que vi minha amiga saindo dos braços de Ben.— Ai – ela dizia, enquanto tentava se levantar. – Parece que caí de u
Santos, Brasil, 25 de Dezembro de 1943─ Vem, Dylan, vamos logo antes que aqui encha de gente! – Celine correu, puxando-o pelas mãos.Eles não estavam lá a passeio, e sabiam. Benjamin tinha esperança de encontrar a amada naquela vila, e como sempre, convocava todos os membros da equipe celestial a estarem presentes. Dessa vez, Dylan resolveu não vir sozinho. Apesar de estar passeando pela região norte do planeta, decidiu, mais uma vez, comparecer à reunião do outro.A praia era linda, quase intocável ainda, alguns moradores já povoaram a região. Aquele país já havia sido descoberto há algumas centenas de anos, mas era como se ainda não fosse totalmente povoado. Isso era excitante para os dois.─ Duvido. Todos estão dormindo após comemorarem o que eles chamam de Natal. – Dylan disse, abraçando
POV DYLANEra muito bom ficar sozinho pela primeira vez desde que cheguei em Pequim. Diariamente tinha que escutar lamentos de falta de atenção de Celine, acompanhados pelas tentativas frustradas de me fazer cair em tentação. Beirava o patético, mas agora sabia que ela estava bem longe.As minhas últimas descobertas, ou, pelo menos, assim pensava, uma vez que poderia ser tudo fruto da minha imaginação, não tinham me levado a lugar algum. Eu tinha plena convicção de que não poderia sair daqui para procurar Leviatã. E mesmo que o encontrasse, o que eu falaria?Olá, bom dia senhor Príncipe do Inferno, então, sabe a Celine, aquela maluca tem um boneco de vudu da minha namorada, mas era você que queria o boneco, não é?Não, isso seria ridículo.Mas pensar nisso me fez relembrar que