POV DYLAN
Benjamin cortou meu pescoço, mas não suficiente para que eu ficasse desacordado. Ao invés disso, retirou uma pena de minha asa, justamente o que eu queria evitar a todo custo.
Dito e feito, ele me largou sangrando e passou o sangue contido na pena em sua marca, em seu punho, a marca que todos os anjos têm. Esse tipo de condição apenas funcionava para anjos irmãos. Com essa pena, ele poderia acessar minhas memórias, sem que eu tivesse nenhum controle disso. Logo aquele desenho começou a brilhar e Benjamin entrou em transe. Caído no chão, minha jaqueta cobriu a câmera que havia sido colocada em mim para me espionar, mas ela continuava gravando o áudio.
Ele foi caminhando de costas rumo à muralha. E em seu rosto podia notar que ele estava vendo tudo: desde meu primeiro beijo com Miranda até os últimos acontecimentos. As
POV MIRANDAJá faz mais de quatro dias que eu e Matahun estamos caminhando nessa floresta maluca. Minha barriga começa a pesar, encontro-me no quarto mês de gravidez, mas parece que já estou com mais de seis. A gravidez de nefilins é acelerada e cada vez fica mais difícil caminhar por aqui. Tentava convencer Matahun a abrir um portal qualquer, mas ele era irredutível. Esses dias caminhando foram até interessantes, uma vez que ele havia me ensinado alguns golpes de uma arte marcial estranha. Além disso, percebi que utilizar aquelas espadas e adagas não era assim tão difícil. Ainda assim, preferia as técnicas de fuga e esquiva do inimigo, antevendo seus atos.Eu era particularmente melhor com elas.Em alguns momentos, quando eu estava realmente muito cansada, tínhamos aulas sobre a origem das coisas. Quero dizer, sobre a criaçã
POV DYLAN— Só quero que vocês se comportem. Caramba, acho que não é pedir muito?! – Celine disse, tentando convencer Yago a não levar alguma das meninas da Little Naughty pra cama, pelo menos no primeiro dia.O festival em Pequim havia sido um sucesso. Os jornais da semana seguinte não cansavam de repetir sobre o pós-show que eu havia produzido, e ficavam especulando se tudo aquilo faria parte do show ou se eu era o filho da puta perfeito que realmente fez aquilo com a namorada grávida.Ninguém tinha certeza de nada, mas as fãs, assim como Celine previu, acamparam na frente do hotel, esperando pela minha aparição na sacada. Elas fizeram isso por longas duas semanas seguidas.Foi foda.Em face a toda a repercussão, nossa produtora resolveu utilizar a fama que tínhamos para ajudar a alava
POV MIRANDAMe preparei como pude para o ataque, antevendo onde o ser voador me atingiria. Com o galho grosso em minhas mãos, o acertei tão forte que, ao cair no chão, uma nuvem de poeira e folhas secas se levantou no ar. Foi aí que vi que não era uma ave assassina. Era Benjamin.— Benjamin, me perdoe, eu…. – falei, largando o galho no chão e indo ao encontro dele.— Você tá muito forte, o que andou fazendo? – ele dizia, se virando e levantando com cuidado e abrindo as asas.Assim que previu o ataque, ele tentou parar, se envolvendo nas asas no intuito, saberia eu depois, de proteger alguém que ele trazia consigo.— POLIANA, você está bem? – falei, assim que vi minha amiga saindo dos braços de Ben.— Ai – ela dizia, enquanto tentava se levantar. – Parece que caí de u
Santos, Brasil, 25 de Dezembro de 1943─ Vem, Dylan, vamos logo antes que aqui encha de gente! – Celine correu, puxando-o pelas mãos.Eles não estavam lá a passeio, e sabiam. Benjamin tinha esperança de encontrar a amada naquela vila, e como sempre, convocava todos os membros da equipe celestial a estarem presentes. Dessa vez, Dylan resolveu não vir sozinho. Apesar de estar passeando pela região norte do planeta, decidiu, mais uma vez, comparecer à reunião do outro.A praia era linda, quase intocável ainda, alguns moradores já povoaram a região. Aquele país já havia sido descoberto há algumas centenas de anos, mas era como se ainda não fosse totalmente povoado. Isso era excitante para os dois.─ Duvido. Todos estão dormindo após comemorarem o que eles chamam de Natal. – Dylan disse, abraçando
POV DYLANEra muito bom ficar sozinho pela primeira vez desde que cheguei em Pequim. Diariamente tinha que escutar lamentos de falta de atenção de Celine, acompanhados pelas tentativas frustradas de me fazer cair em tentação. Beirava o patético, mas agora sabia que ela estava bem longe.As minhas últimas descobertas, ou, pelo menos, assim pensava, uma vez que poderia ser tudo fruto da minha imaginação, não tinham me levado a lugar algum. Eu tinha plena convicção de que não poderia sair daqui para procurar Leviatã. E mesmo que o encontrasse, o que eu falaria?Olá, bom dia senhor Príncipe do Inferno, então, sabe a Celine, aquela maluca tem um boneco de vudu da minha namorada, mas era você que queria o boneco, não é?Não, isso seria ridículo.Mas pensar nisso me fez relembrar que
POV MIRANDAPiuuuuu!Uma ave gigante rondava nosso grupo de acampamento, em círculos, preparando o bote. Todos dormiam, apenas eu e Matahun estávamos acordados, andando lentamente para não fazer nenhum barulho, visto que essa ave poderia nos ouvir. Ele havia deixado o punhal dele comigo, para defesa e demais necessidades, mas sinceramente, não conseguiria matar uma ave daquelas com ele.Ela nos sobrevoava a cerca de dez metros de altura, dando voos rasantes esporádicos tão próximos que conseguia sentir o vento que ela fazia em meus cabelos.Ela tinha uma grande cabeça de águia e o corpo de algo que parecia uma serpente. Era realmente uma criatura do Inferno. Matahun tentava atacá-la com sua espada, sem sucesso. Tentei criar fogo nela, mas toda vez que atacava, ela conseguia escapar de tão rápida que era. Isso era frustrante.Essa brincade
POV DYLAN— Aqui tá legal, não quero ficar muito exposto – falei, achando uma mesa um pouco mais afastada da entrada.— Garçom, um Jhonny aqui – Leon pediu, se sentando ao meu lado. – cara, não acredito que você veio, de verdade.— Com certeza, hoje é um dia para se comemorar! – Yago completou, se servindo da bebida que o garçom trouxera. – não tinha vindo aqui ainda. Que legal esse lugar!Aquele barzinho era muito acolhedor. Na calçada, mesas e cadeiras para quem quisesse apreciar a vista da cidade, seus prédios e monumentos históricos. Lá dentro, um ambiente mais intimista era perfeito para casais em busca de privacidade suficiente para uns amassos, ou para caras como eu que não queriam ser vistos. Ainda tinha um ambiente, mais ao fundo, com um palco e um karaokê. Enfim, era bem agrad
POV MIRANDAEntrei naquele portal, confesso, imaginando que chegaria na frente de um palácio medieval gigante, coberto por um fosso com crocodilos ferozes.Na minha imaginação também passavam imagens de um possível palácio de cristal ou de mármore negro, Xeio de pontas afiadas e lobos à espreita para me atacar.Nenhuma imaginação me preparou para chegar na ponta de outra praia. A decepção estava clara no meu rosto, não sento maior apenas que a irritação que Rachel estava me causando.— Eu nem vou falar nada – ela dizia, mas continuava – mas você tem certeza que sabe pra onde é a direita e a esquerda, não tem?— Rachel, eu sei. Só não sei porque viemos parar aqui! – falei, tentando realmente entender o que havia acontecido.— Miranda imaginou