Capítulo 3
Carlos Enquanto o uísque descia quente pela minha garganta, eu observava Isabela se misturar com os investidores e diretores ao redor da mesa. Ela tinha aquele jeito de controlar o ambiente sem precisar falar alto, apenas com sua presença. Seu vestido preto ressaltava suas curvas perfeitamente esculpidas pela academia, e sua postura confiante a tornava o centro de atenção em qualquer lugar que estivesse. Mas eu não estava interessado apenas na beleza de Isabela. O que me atraía mais era o seu cérebro afiado, a mente que estava sempre um passo à frente… Ou pelo menos ela pensava assim. A verdade é que eu já tinha colocado a primeira peça do meu jogo em movimento. E agora era só uma questão de tempo até ela perceber que estava na mira. Isabela não sabia, mas eu havia adquirido parte de uma empresa fornecedora estratégica para os projetos dela. Era uma jogada arriscada, mas uma que poderia me dar vantagem. Sabia que ela odiaria descobrir que sua operação dependia, em parte, de algo que eu controlava. Não se tratava apenas de querer derrotá-la; queria ver como ela reagiria ao perceber que, dessa vez, o poder não estava completamente em suas mãos. Enquanto terminava minha bebida, senti meu telefone vibrar no bolso. Era uma mensagem de Mariana. Claro, tinha que ser ela. Mariana sempre aparecia nos momentos mais inoportunos. Eu deslizei o dedo sobre a tela para ler a mensagem: “Estou no evento. Precisamos conversar sobre a reunião de amanhã. Estou te esperando no terraço.” Suspirei. Mariana era talentosa, mas também incrivelmente insistente. Ela era uma das diretoras da minha empresa, além de nutrir uma paixão evidente por mim. No entanto, eu não estava interessado. Nunca estive, na verdade. Mariana era linda e ambiciosa, mas seu interesse por mim ia muito além do que eu considerava profissional. Eu sabia que, em algum momento, isso se tornaria um problema. Antes de ir ao terraço, olhei novamente para Isabela. Ela estava rindo com um grupo de investidores, e, por um segundo, algo dentro de mim se incomodou. Havia algo mais entre nós, algo que sempre ficou no ar. Mas eu não podia permitir que isso me distraísse agora. Com um último olhar, me afastei e segui para o terraço. Isabela Eu senti a ausência de Carlos no momento em que ele saiu do salão. A energia mudou, como se um peso invisível tivesse sido tirado do ambiente. Claro que, mesmo longe, ele continuava me afetando, como uma sombra que eu não conseguia sacudir. Enquanto conversava com os investidores, meu sorriso era ensaiado, mas meu cérebro estava a mil por hora. Algo estava errado. Eu tinha notado o brilho nos olhos de Carlos, aquele que sempre surgia quando ele estava prestes a fazer uma jogada. E o que mais me preocupava era o fato de eu não saber o que ele tinha preparado. Ainda. Disfarcei meu nervosismo e me aproximei de Pedro, meu diretor financeiro. Ele era um dos poucos que eu realmente confiava dentro da empresa. Alto, de cabelos grisalhos e com uma presença calma e ponderada, Pedro era meu braço direito em quase todas as negociações. — Pedro, quero que fique de olho nos últimos contratos com os fornecedores, especialmente no projeto da expansão internacional — sussurrei enquanto passávamos perto da mesa de buffet. Pedro assentiu, pegando uma taça de vinho e me encarando com aquela expressão que sempre parecia entender mais do que eu dizia. — Tem alguma coisa em mente, Isabela? Eu suspirei, sentindo a pressão de ter que estar sempre no controle de tudo. — Carlos Albuquerque — falei, mantendo meu tom neutro. — Algo nele não está me cheirando bem. Tenho certeza de que ele está tramando alguma coisa. Pedro franziu a testa, dando um gole em seu vinho antes de me responder. — Vou verificar os contratos amanhã pela manhã. Se houver algo fora do normal, você será a primeira a saber. Assenti, sentindo uma leve sensação de alívio. Pelo menos eu tinha alguém confiável ao meu lado. Enquanto a noite avançava, uma parte de mim queria seguir Carlos. Queria descobrir o que ele estava fazendo, o que ele estava planejando. Mas outra parte, talvez a mais racional, sabia que eu precisava manter minha cabeça no lugar. Eu já tinha meus próprios planos, e não iria deixar que a distração chamada Carlos Albuquerque me tirasse do foco. Carlos No terraço, o ar era fresco, uma brisa leve soprando pelo topo do prédio. Mariana estava de pé, perto da mureta, olhando para as luzes da cidade abaixo. Ela parecia tensa, o que não era comum. Mariana sempre gostava de exibir controle e confiança, mas, dessa vez, algo parecia perturbá-la. — O que foi tão urgente que não podia esperar até amanhã? — perguntei, me aproximando dela. Ela se virou lentamente, seus olhos claros me analisando com uma intensidade que eu não esperava. — Carlos, eu ouvi algo que você precisa saber — sua voz era baixa, quase um sussurro. Eu franzi o cenho, intrigado. — Sobre Isabela. Meu corpo ficou tenso instantaneamente. Claro que se tratava dela. Mariana parecia estar sempre atenta a tudo relacionado a Isabela, talvez porque visse nela uma ameaça, ou simplesmente porque sabia que havia algo entre nós, mesmo que eu nunca tivesse admitido. — O que você ouviu? — perguntei, tentando manter o tom despreocupado. Mariana deu um passo para mais perto, seus olhos brilhando com algo entre ciúme e determinação. — Ela está preparando uma fusão com uma empresa rival. Se isso acontecer, a sua empresa vai perder uma fatia significativa do mercado. Meus olhos se estreitaram. Eu sabia que Isabela era inteligente, mas não esperava uma jogada tão ousada. Se ela estava mesmo planejando isso, eu teria que agir rápido. — Quem te disse isso? — perguntei, tentando processar a informação. — Eu tenho minhas fontes — Mariana sorriu, como se soubesse algo que eu não sabia. — Só achei que você gostaria de saber com antecedência. Afinal, não podemos deixar que ela ganhe essa, certo? Eu a encarei por alguns segundos, sentindo o jogo ficar cada vez mais perigoso. Se o que Mariana disse era verdade, Isabela estava prestes a fazer uma jogada que poderia mudar tudo. E, pela primeira vez em muito tempo, eu não sabia se estava preparado para o próximo movimento.Capítulo 4 IsabelaO dia amanheceu claro, mas eu já estava acordada há horas. A insônia me acompanhava desde a última grande negociação. Dormir era impossível quando você tem uma empresa para liderar e um concorrente a altura para vigiar. Carlos Albuquerque. O nome dele soava como uma nota dissonante em minha mente.Levantei-me e me preparei para mais um dia de batalha. Olhei meu reflexo no espelho: cabelo castanho cacheado solto, olhos ligeiramente cansados, mas ainda com aquele brilho que não deixava dúvidas de quem eu era. Eu sabia que o jogo estava em andamento, e cada movimento agora precisava ser calculado. Carlos era esperto, talvez mais do que eu estava disposta a admitir. E a atração que crescia entre nós era um empecilho no que deveria ser uma disputa profissional.Peguei meu telefone e mandei uma mensagem para Pedro:“Preciso que você me atualize sobre os contratos que mencionei ontem. Quanto antes soubermos o que está acontecendo, melhor.”Meu dedo hesitou por um momento.
Capítulo 5 IsabelaEu sempre soube que o poder era uma faca de dois gumes. Quanto mais você tem, mais inimigos aparecem. Mas o que me deixava intrigada era o quanto Carlos se dispunha a me desafiar diretamente. O homem era ousado, e isso me deixava alerta… e curiosa.Depois da reunião com a equipe jurídica, eu sabia que precisava agir rápido. Meu plano de fusão ainda estava em desenvolvimento, mas agora eu teria que acelerar o processo. Não poderia perder tempo enquanto Carlos jogava sujo. Eu teria que ser ainda mais estratégica e inteligente para não deixar que ele tomasse o controle.O escritório estava tranquilo quando recebi a ligação. Era Pedro, como de costume, sempre atento aos detalhes que eu pedia para monitorar.— Isabela, acabei de descobrir algo importante. — Sua voz parecia ainda mais grave do que o normal.— O que foi? — perguntei, girando minha cadeira para olhar pela janela, a cidade abaixo iluminada pelas luzes de fim de tarde.— Carlos está comprando ações de uma da
Capítulo 6 IsabelaA noite estava fria quando pisei no terraço do prédio. As luzes da cidade brilhavam ao fundo, criando um cenário quase cinematográfico. Carlos sabia como escolher o ambiente certo para seus encontros – dramático e repleto de significado. Era típico dele, sempre gostando de criar tensão no ar, como se cada gesto fosse cuidadosamente ensaiado para me desestabilizar.Vesti meu casaco mais elegante, sem perder a oportunidade de causar uma impressão. Se ele queria uma dança, eu estava mais do que preparada para o desafio.Ele já estava lá, de pé perto da borda do terraço, observando as luzes lá embaixo. A brisa noturna bagunçava levemente seu cabelo castanho e ele estava impecavelmente vestido, como sempre. Quando me aproximei, Carlos se virou lentamente, um sorriso provocador nos lábios.— Pensei que talvez não viesse — ele disse, a voz baixa e carregada de intenção.Eu sorri de volta, mas mantive a distância. Não deixaria que ele visse qualquer sinal de fraqueza.— Ac
CarlosEu sabia que ela estaria preparada para resistir, mas cada palavra dela me fazia ter mais certeza de que Isabela era uma adversária à altura. O que eu não esperava era que essa resistência fosse exatamente o que tornaria a atração entre nós tão inevitável. Ela não cedia, não se dobrava, e, no fundo, eu sabia que esse jogo de poder que jogávamos não era apenas sobre negócios ou liderança. Era algo mais profundo, algo que nos desafiava e ao mesmo tempo nos aproximava.Saí do terraço, ainda sentindo o vento frio bater em meu rosto. Minhas mãos estavam nos bolsos do casaco enquanto eu descia as escadas em direção ao elevador, mas minha mente estava a mil. Isabela era diferente de qualquer outra mulher que eu já havia conhecido, e isso mexia comigo de uma maneira que eu não podia controlar.As palavras dela ainda ecoavam em minha mente: “Você não vai conseguir.” Aquilo era um desafio, claro. E eu adorava desafios. Ela poderia se esconder atrás da sua fachada de mulher inabalável, ma
O Jogo de Poder ContinuaIsabelaA noite foi longa e cheia de pensamentos que não me deixavam dormir em paz. Eu sabia que o dia seguinte seria decisivo, e, por mais que tentasse me convencer de que estava no controle, algo dentro de mim não parava de girar. Me revirei na cama por horas, repassando cada palavra, cada gesto trocado com Carlos. Mas agora era manhã, e eu precisava estar pronta para o próximo movimento.Vesti-me com cuidado, escolhendo um conjunto que transmitisse autoridade e confiança. Meu blazer preto ajustado, com uma calça de alfaiataria e os sapatos de salto alto, me deixavam com uma postura firme, como se cada passo meu fosse uma declaração de que estava pronta para o que viesse.— Hoje não é dia de ceder — murmurei para mim mesma, ajustando o batom vermelho no espelho. — O jogo só está começando.Saí do meu apartamento com a mente focada, ignorando as borboletas que insistiam em voar no meu estômago sempre que pensava em Carlos. O ar da manhã estava fresco, e o sol
A Próxima JogadaCarlosO fim daquela reunião deveria ter me deixado satisfeito, mas, em vez disso, saí sentindo um desconforto que não estava acostumado a experimentar. Isabela havia conduzido tudo com uma maestria que eu não tinha antecipado. Claro, eu sabia que ela era brilhante, mas ver seu domínio, sua calma sob pressão, me fez admirá-la ainda mais. E, ao mesmo tempo, me fez querer ganhar dela com mais fervor.Ela pensava que o jogo estava apenas começando. Mas eu já estava três passos à frente.Observei Isabela se afastar após o nosso último confronto de olhares, com o seu salto alto ecoando pelo corredor. Ela estava confiante, e com razão. Havia segurado bem as rédeas daquela negociação. Só que o jogo de poder entre nós não estava limitado a uma reunião de negócios. Ele transcendia isso. Era pessoal. Muito pessoal.Peguei meu telefone, discando para um número que raramente usava. Uma voz familiar atendeu após o segundo toque.— O que temos sobre a expansão dela? — perguntei, di
À Beira da ExplosãoCarlosO relógio na parede indicava que o dia já estava chegando ao fim, mas a energia no escritório parecia cada vez mais carregada. Eu tinha passado as últimas horas pensando em Isabela, nas entrelinhas de cada troca de olhar que tivemos durante a reunião. Eu sabia que estava andando numa linha tênue. Ela também sabia. O que restava era descobrir quem cederia primeiro.— Preciso de ar. — Me levantei abruptamente, atraindo os olhares curiosos dos meus advogados. Fiz um gesto vago. — Vou para a sacada.Saí da sala, o calor abafado do dia sendo substituído por uma brisa agradável que passava pelo meu rosto assim que abri as portas para o terraço. Eu precisava esfriar a cabeça, mas cada vez que pensava nela, meu corpo se tornava mais quente. O jeito que Isabela manejava cada situação com frieza e precisão só fazia aumentar minha vontade de vê-la desarmada. Vulnerável.Ou talvez... seduzida.A noite já caía, tingindo o céu de tons alaranjados. Peguei meu celular e abr
Capítulo 11 — Jogando Com Fogo**Isabela**Eu fechei a porta do meu escritório com força, como se isso fosse capaz de abafar o turbilhão de emoções que Carlos despertou em mim. Meu coração ainda estava acelerado, e a imagem dele tão perto, com aquela provocação descarada, ainda queimava na minha mente.Respirei fundo, tentando recobrar o controle. Por mais que ele quisesse me fazer perder o foco, não iria funcionar. Não podia funcionar. O que estava em jogo era maior do que um desejo reprimido ou um momento de fraqueza. Eu trabalhei duro para chegar onde estou, para ser respeitada nesse mundo que, por vezes, ainda insiste em menosprezar a força e a inteligência de uma mulher no controle de um império.Eu sabia que, no fundo, Carlos me via como uma rival à altura, e talvez fosse isso que o atraía tanto. Essa constante luta pelo poder, o desejo de dominar a situação e, ao mesmo tempo, a admiração mútua pelas nossas capacidades. Era uma dança perigosa, mas que eu estava determinada a gan