Estratégias Ocultas

Capítulo 4

Isabela

O dia amanheceu claro, mas eu já estava acordada há horas. A insônia me acompanhava desde a última grande negociação. Dormir era impossível quando você tem uma empresa para liderar e um concorrente a altura para vigiar. Carlos Albuquerque. O nome dele soava como uma nota dissonante em minha mente.

Levantei-me e me preparei para mais um dia de batalha. Olhei meu reflexo no espelho: cabelo castanho cacheado solto, olhos ligeiramente cansados, mas ainda com aquele brilho que não deixava dúvidas de quem eu era. Eu sabia que o jogo estava em andamento, e cada movimento agora precisava ser calculado. Carlos era esperto, talvez mais do que eu estava disposta a admitir. E a atração que crescia entre nós era um empecilho no que deveria ser uma disputa profissional.

Peguei meu telefone e mandei uma mensagem para Pedro:

“Preciso que você me atualize sobre os contratos que mencionei ontem. Quanto antes soubermos o que está acontecendo, melhor.”

Meu dedo hesitou por um momento. O pensamento de Carlos, como sempre, ocupava espaço demais na minha cabeça. Respirei fundo, tentando afastar as memórias da época da faculdade, quando éramos apenas dois jovens ambiciosos que se cruzaram algumas vezes nos corredores. Nunca imaginei que um dia estaríamos frente a frente em uma guerra de poder, mas, ao mesmo tempo, sentia que isso estava destinado a acontecer.

Abri a porta do meu closet e escolhi um conjunto elegante para a reunião daquela manhã. Meu guarda-roupa era uma extensão de mim, de minha personalidade autoritária e bem-sucedida. Vestia-me para impressionar, sim, mas também para reforçar a imagem de que eu era uma mulher no controle, tanto dos negócios quanto de mim mesma. Uma parte de mim se perguntava se Carlos notava isso. Não que eu me importasse… ao menos, não deveria.

Ao chegar na sede da minha empresa, o ambiente era familiar, mas carregava a tensão que qualquer corporação de alto nível tem. As pessoas me cumprimentavam com respeito e admiração. Eles me viam como alguém inacessível, quase inalcançável. Mal sabiam das noites em claro e dos fantasmas que me assombravam.

Entrei na sala de reuniões, e lá estava Pedro, já com um olhar preocupado. Ele me estendeu uma pasta assim que me sentei.

— Isabela, você precisa ver isso — ele disse, e só pela gravidade em sua voz, eu sabia que não era bom.

Peguei a pasta e, ao folhear os documentos, percebi que parte da minha intuição estava certa. Um dos meus principais fornecedores havia sido comprado recentemente. Pior ainda, a aquisição tinha sido feita por uma empresa com ligações diretas com Carlos. Ele estava tentando me cercar, mover as peças ao seu favor sem que eu notasse até que fosse tarde demais.

Eu sorri para Pedro, mas era um sorriso frio. Não havia pânico em meu semblante, apenas a certeza de que aquilo era uma provocação. Carlos queria jogar, e eu estava disposta a participar.

— Prepare uma reunião com nossa equipe jurídica — disse, colocando a pasta sobre a mesa. — Vamos ver como podemos contornar isso.

Pedro assentiu, mas o que ele não sabia é que eu já tinha uma carta na manga. Não havia mencionado a ele meus planos de fusão com uma empresa estrangeira, e era hora de acelerar isso. Se Carlos achava que ia me pegar desprevenida, ele estava subestimando quem eu sou. Essa batalha estava apenas começando.

Carlos

A notícia de que Isabela já havia descoberto minha aquisição chegou rápido. Era assim que as coisas funcionavam no nosso mundo. Nada ficava em segredo por muito tempo, mas o que ela faria a seguir ainda me intrigava. Ela era imprevisível, e isso me deixava ansioso, excitado até.

Enquanto eu observava a cidade através da janela do meu escritório, a porta se abriu e Mariana entrou sem ser anunciada. Seus saltos ecoaram pelo chão de mármore e, quando me virei para encará-la, ela já estava sorrindo.

— Então? O que acha da minha informação? — ela perguntou, seus olhos brilhando com malícia.

Eu a encarei por um momento. Mariana era esperta, ambiciosa, mas seu interesse em mim muitas vezes beirava o obsessivo. Não era a primeira vez que ela se envolvia mais do que deveria nos meus assuntos pessoais.

— Agradeço pela informação — disse, de forma cortante, enquanto voltava a olhar para a cidade. — Mas isso é só o começo. Isabela não é o tipo de pessoa que se deixa derrubar tão facilmente.

Mariana se aproximou, pousando a mão sobre meu ombro de maneira insinuante. Eu podia sentir sua respiração próxima ao meu ouvido

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