Dança e Poder

Capítulo 6

Isabela

A noite estava fria quando pisei no terraço do prédio. As luzes da cidade brilhavam ao fundo, criando um cenário quase cinematográfico. Carlos sabia como escolher o ambiente certo para seus encontros – dramático e repleto de significado. Era típico dele, sempre gostando de criar tensão no ar, como se cada gesto fosse cuidadosamente ensaiado para me desestabilizar.

Vesti meu casaco mais elegante, sem perder a oportunidade de causar uma impressão. Se ele queria uma dança, eu estava mais do que preparada para o desafio.

Ele já estava lá, de pé perto da borda do terraço, observando as luzes lá embaixo. A brisa noturna bagunçava levemente seu cabelo castanho e ele estava impecavelmente vestido, como sempre. Quando me aproximei, Carlos se virou lentamente, um sorriso provocador nos lábios.

— Pensei que talvez não viesse — ele disse, a voz baixa e carregada de intenção.

Eu sorri de volta, mas mantive a distância. Não deixaria que ele visse qualquer sinal de fraqueza.

— Achei que seria divertido ver o que você tem em mente desta vez — respondi com a mesma ousadia. Era sempre assim entre nós, uma troca de provocações que nunca parecia ter fim.

Ele deu um passo à frente, seus olhos fixos nos meus, e por um momento, o mundo ao redor pareceu desaparecer. O silêncio entre nós dizia mais do que qualquer palavra. Era como se estivéssemos presos em uma batalha invisível, onde nenhum dos dois estava disposto a recuar.

— Sabe, Isabela — ele começou, finalmente rompendo o silêncio —, sempre achei fascinante como você lida com as coisas. O controle, a precisão… Mas o que me intriga é que, por trás dessa fachada, você tem algo que não pode esconder.

Eu arqueei a sobrancelha, curiosa.

— E o que seria? — perguntei, minha voz soando desafiadora.

Carlos se aproximou ainda mais, até que estávamos a poucos centímetros de distância. A tensão entre nós era palpável.

— Medo — ele disse suavemente, como se a palavra tivesse o poder de me desmontar.

Aquela palavra me atingiu como um soco, mas eu não recuei. Mantive o olhar firme no dele, e um sorriso desafiador surgiu em meus lábios.

— Se tem alguém com medo aqui, é você, Carlos. Medo de perder o controle, medo de encontrar alguém que finalmente o desafie de verdade. Não sou eu quem está com medo.

Por um momento, o sorriso de Carlos vacilou. Ele estava surpreso, talvez, mas rapidamente recuperou a compostura. Ele sabia que a batalha estava longe de acabar.

— Sempre tão perspicaz — ele murmurou, antes de se afastar ligeiramente. — Mas estamos jogando no mesmo campo, Isabela. Ambos sabemos que o que há entre nós vai muito além dos negócios.

Eu sabia exatamente do que ele estava falando. Aquele sentimento crescente, incontrolável, que nos cercava toda vez que estávamos no mesmo lugar. Por mais que tentássemos negar, a atração era evidente. Mas eu não estava pronta para me render a isso. Não sem uma luta.

— Talvez — eu disse, dando de ombros, como se não me importasse. — Mas, no final, o que importa é quem vai vencer.

Carlos sorriu novamente, mas dessa vez havia algo mais sombrio por trás daquele sorriso.

— Isso é o que vamos descobrir, não é? — Ele se virou, olhando novamente para as luzes da cidade. — Você sabe que eu poderia facilitar as coisas para você, Isabela. Poderíamos deixar a competição de lado, unir nossas forças e criar algo maior.

Eu sabia o que ele estava sugerindo. Uma parceria. Algo que tornaria ambos ainda mais poderosos. Mas o preço disso era alto. E eu não estava disposta a abrir mão do meu poder ou da minha independência tão facilmente.

— Não me subestime, Carlos — respondi, fria. — Não sou do tipo que aceita acordos fáceis.

Ele riu, um som profundo e quase cruel.

— Eu não esperava nada menos de você.

O vento soprou com mais força, e por um breve momento, o silêncio entre nós voltou. Havia algo em Carlos que eu não conseguia decifrar completamente. Talvez fosse sua confiança implacável, ou talvez fosse o fato de que, pela primeira vez, eu me sentia desafiada por alguém que jogava tão duro quanto eu.

— Esta dança ainda está longe de acabar — ele murmurou, mais para si mesmo do que para mim.

Olhei para ele, tentando entender o que se passava em sua mente. Mas Carlos era um enigma. Um quebra-cabeça que, mesmo depois de anos de competição, eu ainda não conseguia montar completamente.

— Se você acha que pode me derrotar, Carlos, está mais enganado do que nunca — disse, a voz firme.

Ele se virou para mim novamente, seus olhos escuros brilhando com uma mistura de determinação e algo que eu não conseguia identificar completamente.

— Não se trata de te derrotar, Isabela — ele respondeu, sua voz baixa, quase perigosa. — Trata-se de te conquistar.

As palavras pairaram no ar, carregadas de um peso que eu não esperava. Por um segundo, senti meu coração bater mais forte, mas recusei-me a deixar que ele visse qualquer sinal de hesitação. Respirei fundo e sorri com confiança.

— Você não vai conseguir — disse, minha voz carregada de um desafio calculado.

Carlos inclinou a cabeça, os lábios curvando-se em um sorriso cheio de mistério.

— Vamos ver, Isabela… vamos ver.

Ele deu um último olhar, como se estivesse me desafiando a reagir de alguma forma, e então se afastou, caminhando em direção à saída do terraço. Fiquei parada por alguns instantes, observando-o ir embora. Era impossível negar que, além da rivalidade profissional, algo muito maior estava crescendo entre nós.

Mas eu não me renderia facilmente. Carlos poderia tentar de todas as formas, mas, no final, eu era a única responsável pelo meu destino.

Isabela

A brisa fria continuava a soprar enquanto eu refletia sobre tudo que havia sido dito. A guerra entre nós estava ficando mais pessoal a cada encontro. E eu sabia que essa tensão entre o desejo e o poder só iria crescer com o tempo.

Eu estava disposta a jogar esse jogo… até o fim.

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