O sol italiano já estava alto quando abri os olhos, raios dourados atravessando as cortinas entreabertas. Minha mão instintivamente tateou o outro lado da cama, encontrando apenas o lençol frio. Christian havia saído.No criado-mudo, um pedaço de papel elegantemente dobrado chamou minha atenção. Reconheci imediatamente a caligrafia precisa de Christian:"Tive que resolver alguns assuntos na vinícola. Volto para o almoço. Sinta-se à vontade para explorar a propriedade. Lucia estará à disposição para qualquer coisa que precise. - C."Suspirei, um misto de alívio e decepção. Depois da noite anterior, não sabia exatamente como enfrentar Christian à luz do dia. Nossa quase-intimidade nos vinhedos, seguida pelo constrangimento na cozinha e aquela promessa velada... era muita coisa para processar.Levantei-me e tomei um banho demorado, deixando a água quente relaxar meus músculos tensos. Vesti um vestido leve de algodão – felizmente, havia trazido várias opções de Milão – e desci para a cozi
A voz cortou o ar como uma navalha, destruindo instantaneamente a atmosfera íntima que havia se formado entre nós. Christian se afastou, seu corpo inteiro enrijecendo ao meu lado. Quando me virei, deparei-me com o rosto familiar de Francesca Montero.Ela estava deslumbrante como sempre: cabelos perfeitamente ondulados, pele bronzeada pelo sol toscano, um vestido de verão que parecia simples mas que eu sabia custar uma fortuna. Seu sorriso não alcançava os olhos calculistas que nos avaliavam.— Francesca — cumprimentou Christian, sua voz voltando àquele tom frio e controlado que eu raramente ouvia desde que chegamos à Itália. — Que surpresa te encontrar aqui.Ela riu, um som musical e falsamente encantador.— Surpresa? Você sabe muito bem que minha família sempre passa os verões aqui, Christian. Assim como a sua. — Seu olhar recaiu sobre mim. — Zoey, querida, que bom vê-la novamente. O casamento foi tão... inusitado. Mal tive tempo de conversar com você.— Francesca — respondi com um a
O sol da Toscana começava a se pôr atrás das colinas, tingindo os vinhedos com tons dourados e escarlates. Sentei-me na mureta de pedra antiga que circundava um dos terraços da villa, meus dedos girando distraidamente a taça de vinho. Abaixo, o vale se estendia como um mosaico perfeito de parreiras, oliveiras e ciprestes, uma beleza que parecia zombar do caos que se formava dentro de mim após o encontro com Francesca.– Conheço Christian desde que éramos crianças.As palavras dela continuavam a ecoar em minha mente. Mais uma mentira, mais uma camada de segredos. Eu estava cansada de descobrir que nada era o que parecia quando se tratava de Christian Bellucci.Ouvi passos se aproximando nas pedras do terraço e reconheci seu andar sem precisar olhar. Christian parou ao meu lado, um suspiro escapando de seus lábios antes de se sentar na mureta, mantendo uma distância prudente entre nós.– Desculpe por ter deixado você sozinha com ela – ele começou, sua voz baixa. – Não foi por escolha.T
Eu estava mesmo fazendo isso.Andava de um lado para o outro na antessala do salão de festas do Hotel Milani, um dos lugares mais luxuosos da cidade, tentando convencer a mim mesma de que aquilo era uma boa ideia. Contratar um gigolô para fingir ser meu noivo? Deus me perdoe, mas eu não tinha escolha.Meu ex-noivo estava prestes a se casar. E não com qualquer pessoa, mas com a minha ex-melhor amiga. Sim, eu fui duplamente traída, num pacote "compre um, leve outro" que eu nem sabia que estava assinando. Se existisse um programa de fidelidade para otárias, eu já teria acumulado pontos suficientes para resgatar um tapa na cara e uma passagem só de ida para o fundo do poço.Ignorar o casamento? Era o que eu queria. Mas Elise fez questão de me ligar pessoalmente! Claramente ela estava querendo rir de mim, me humilhar. Mas eu não podia perder aquela briga. Então disse que iria. Mas pior: eu disse que iria acompanhada pelo meu noivo incrivelmente gato e rico!— Rico? — Ela riu, parecendo não
Meu coração congelou, ao ver Elise novamente, olhando diretamente para mim como se estivesse pronta para me desvendar, me desmascarar, me humilhar. Mas para meu alívio, ela logo foi puxada para os preparativos finais. A cerimônia estava prestes a começar.Eu já esperava que assistir à cerimônia fosse um pesadelo, mas, sinceramente? Nada poderia ter me preparado para aquilo. Sentada no banco, segurando firme a mão de Christian, eu tentava manter minha expressão neutra enquanto Elise e Alex trocavam votos de amor eterno. A cada "você é o amor da minha vida", minha vontade era de me levantar e gritar "TRAIDORES".Cada frase me atingia como um tapa. E se eu fechasse os olhos por um segundo, conseguia me lembrar do dia em que Alex me disse exatamente as mesmas palavras.Minha mão apertou a de Christian com tanta força que meus próprios dedos doeram.— Se continuar apertando assim, vou acabar sem circulação, amorzinho — ele sussurrou.— Desculpa. Estou tendo um leve surto interno.— Perceb
Se eu achava que a festa de casamento era luxuosa, então o que dizer do lugar para onde Christian me levou depois?Uma penthouse absurda, no topo do Hotel Milani, com uma vista panorâmica da cidade, piscina privativa e uma decoração que gritava "eu sou rico e não preciso nem olhar os preços no cardápio".E eu… bem, eu estava completamente deslumbrada. Mas também atordoada, como se a noite inteira tivesse sido um filme em que eu não pertencia ao elenco principal.— Céus… — soltei, girando no meio da sala, absorvendo cada detalhe do ambiente. Um minibar gigantesco, um sofá maior do que meu quarto inteiro, um lustre que provavelmente valia mais que meu carro. Bem, eu não tinha um carro. Mas valeria menos que aquele lustre, se eu tivesse.E, claro, uma piscina iluminada de borda infinita que parecia ter saído de um filme.— Isso aqui é insano! Como você pode bancar uma coisa dessas? Se você gasta essa grana toda com cada cliente, tá saindo é no prejuízo, viu?Christian riu, aquele riso gr
Meu coração bateu mais forte.Ele soltou o cinto, abriu a calça e a deixou cair, revelando a cueca preta colada ao corpo. E eu juro que quase esqueci de respirar. Cada músculo, cada linha do corpo dele parecia esculpida para o pecado. Ele sabia disso.Ele nadou até mim com calma, como se tivesse todo o tempo do mundo. Mas seus olhos diziam outra coisa. Ele estava com fome. De mim.Por um instante, hesitei. Um estranho que fingia ser rico durante o dia e que agora me olhava como se eu fosse especial. O que eu estava fazendo? Mas então lembrei de Alex, da forma como ele olhou para mim na festa, do jeito como Elise sorriu com pena, como se eu fosse patética demais para encontrar alguém como Christian por conta própria. Precisava disso. Precisava me sentir desejada novamente, mesmo que fosse por um homem que eu estava pagando.Quando ele chegou perto o suficiente, suas mãos deslizaram pela minha cintura sob a água, os dedos traçando um caminho lento pela minha pele arrepiada.— Você está
Acordei devagar, me espreguiçando como um gato preguiçoso depois de uma noite absurdamente bem aproveitada.O lençol macio acariciava minha pele, e meu corpo inteiro estava deliciosamente dolorido. Uma dor boa. Uma dor que só vem depois de uma noite muito, muito bem aproveitada.Soltei um suspiro satisfeito antes de abrir os olhos.E então virei para o lado, pronta para me enroscar novamente no corpo quente e musculoso que deveria estar ali.Mas o que encontrei?Nada.O outro lado da cama estava vazio. Nenhum sinal de Christian. Nenhuma respiração profunda. Nenhuma mão puxando meu corpo para mais uma rodada matinal de sexo.Ah, maravilhoso. O gigolô me largou.Fechei os olhos por um instante e respirei fundo.Nem um café da manhã? Nem uma despedida fofa? Um bilhete de "adorei a noite, vamos repetir"?Merda de sedutorzinho barato.Aliás, barato não. Muito caro.Eu sabia que seria assim.Então por que aquela sensação de desapontamento irritante estava crescendo no meu peito?Talvez… tal