O pôr do sol italiano tingiu o céu com tons de laranja e rosa enquanto nosso carro subia por uma estrada sinuosa ladeada por ciprestes. Depois de doze horas num voo com meus sogros e um dia exaustivo em Milão, meu corpo implorava por descanso, mas meus olhos se recusavam a fechar por um segundo sequer – não quando havia tanta beleza ao meu redor.— Estamos quase chegando — disse Christian, apontando para uma curva à frente.Quando o carro finalmente contornou a última curva, perdi completamente o fôlego. À nossa frente, banhada pelo ouro do sol poente, erguia-se uma villa toscana que parecia saída diretamente de um filme. Construída em pedra dourada, com janelas altas emolduradas por persianas verdes, a casa se estendia majestosamente no topo da colina. Videiras perfeitamente alinhadas desciam pelo vale adjacente, criando um padrão hipnótico de verde e terra.— Villa Bellucci — anunciou Christian, um toque de orgulho genuíno em sua voz que raramente demonstrava ao falar da mansão no B
A mesa na varanda principal havia sido preparada com um cuidado que só os italianos dedicam a uma refeição. Velas tremulavam suavemente na brisa noturna, iluminando a louça antiga e os talheres de prata polida que reluziam sob as estrelas. O aroma que vinha da cozinha era uma sinfonia de ervas frescas e molhos lentamente apurados.Lucia apareceu carregando uma travessa de antipasti – azeitonas escuras, queijos locais, presunto curado e tomates pequenos que pareciam joias.— Buon appetito, signori — disse ela com um sorriso caloroso antes de se retirar.— Ela realmente se superou — comentou Christian, puxando a cadeira para mim. — Lucia sempre reserva seus melhores pratos para ocasiões especiais.— Parece que nossa chegada é uma grande ocasião para ela — respondi, observando a atenção aos detalhes.— É a primeira vez que trago uma esposa aqui. — Brincou ele, servindo-se de um pouco de azeite em um pequeno prato. — Isso merece uma celebração adequada.Christian abriu uma garrafa de vinh
Permaneci deitada entre as vinhas, meu corpo ainda pulsando de desejo enquanto Christian se afastava para atender a ligação do avô. O vestido rasgado mal cobria meu corpo, a lingerie preta com detalhes vermelhos brilhando sob o luar. A brisa noturna acariciou minha pele quente, trazendo-me lentamente de volta à realidade.Os minutos se arrastaram enquanto observava as estrelas acima, minha mente uma confusão de pensamentos contraditórios. O que estávamos fazendo? Este casamento tinha prazo de validade – seis meses, não mais. Era apenas um acordo comercial, não era para me envolver. Para Christian era fácil. Sempre seria apenas sobre atração, sexo. Para mim, não era tão simples assim.Christian retornou, guardando o telefone no bolso. Seus passos eram calmos enquanto se aproximava, seu semblante preocupado à luz da lua.— Está pensando demais — observou ele, sentando-se ao meu lado entre as vinhas. — Consigo praticamente ouvir as engrenagens girando na sua cabeça.Ajeitei o vestido ras
O sol italiano já estava alto quando abri os olhos, raios dourados atravessando as cortinas entreabertas. Minha mão instintivamente tateou o outro lado da cama, encontrando apenas o lençol frio. Christian havia saído.No criado-mudo, um pedaço de papel elegantemente dobrado chamou minha atenção. Reconheci imediatamente a caligrafia precisa de Christian:"Tive que resolver alguns assuntos na vinícola. Volto para o almoço. Sinta-se à vontade para explorar a propriedade. Lucia estará à disposição para qualquer coisa que precise. - C."Suspirei, um misto de alívio e decepção. Depois da noite anterior, não sabia exatamente como enfrentar Christian à luz do dia. Nossa quase-intimidade nos vinhedos, seguida pelo constrangimento na cozinha e aquela promessa velada... era muita coisa para processar.Levantei-me e tomei um banho demorado, deixando a água quente relaxar meus músculos tensos. Vesti um vestido leve de algodão – felizmente, havia trazido várias opções de Milão – e desci para a cozi
A voz cortou o ar como uma navalha, destruindo instantaneamente a atmosfera íntima que havia se formado entre nós. Christian se afastou, seu corpo inteiro enrijecendo ao meu lado. Quando me virei, deparei-me com o rosto familiar de Francesca Montero.Ela estava deslumbrante como sempre: cabelos perfeitamente ondulados, pele bronzeada pelo sol toscano, um vestido de verão que parecia simples mas que eu sabia custar uma fortuna. Seu sorriso não alcançava os olhos calculistas que nos avaliavam.— Francesca — cumprimentou Christian, sua voz voltando àquele tom frio e controlado que eu raramente ouvia desde que chegamos à Itália. — Que surpresa te encontrar aqui.Ela riu, um som musical e falsamente encantador.— Surpresa? Você sabe muito bem que minha família sempre passa os verões aqui, Christian. Assim como a sua. — Seu olhar recaiu sobre mim. — Zoey, querida, que bom vê-la novamente. O casamento foi tão... inusitado. Mal tive tempo de conversar com você.— Francesca — respondi com um a
O sol da Toscana começava a se pôr atrás das colinas, tingindo os vinhedos com tons dourados e escarlates. Sentei-me na mureta de pedra antiga que circundava um dos terraços da villa, meus dedos girando distraidamente a taça de vinho. Abaixo, o vale se estendia como um mosaico perfeito de parreiras, oliveiras e ciprestes, uma beleza que parecia zombar do caos que se formava dentro de mim após o encontro com Francesca.– Conheço Christian desde que éramos crianças.As palavras dela continuavam a ecoar em minha mente. Mais uma mentira, mais uma camada de segredos. Eu estava cansada de descobrir que nada era o que parecia quando se tratava de Christian Bellucci.Ouvi passos se aproximando nas pedras do terraço e reconheci seu andar sem precisar olhar. Christian parou ao meu lado, um suspiro escapando de seus lábios antes de se sentar na mureta, mantendo uma distância prudente entre nós.– Desculpe por ter deixado você sozinha com ela – ele começou, sua voz baixa. – Não foi por escolha.T
Eu estava mesmo fazendo isso.Andava de um lado para o outro na antessala do salão de festas do Hotel Milani, um dos lugares mais luxuosos da cidade, tentando convencer a mim mesma de que aquilo era uma boa ideia. Contratar um gigolô para fingir ser meu noivo? Deus me perdoe, mas eu não tinha escolha.Meu ex-noivo estava prestes a se casar. E não com qualquer pessoa, mas com a minha ex-melhor amiga. Sim, eu fui duplamente traída, num pacote "compre um, leve outro" que eu nem sabia que estava assinando. Se existisse um programa de fidelidade para otárias, eu já teria acumulado pontos suficientes para resgatar um tapa na cara e uma passagem só de ida para o fundo do poço.Ignorar o casamento? Era o que eu queria. Mas Elise fez questão de me ligar pessoalmente! Claramente ela estava querendo rir de mim, me humilhar. Mas eu não podia perder aquela briga. Então disse que iria. Mas pior: eu disse que iria acompanhada pelo meu noivo incrivelmente gato e rico!— Rico? — Ela riu, parecendo não
Meu coração congelou, ao ver Elise novamente, olhando diretamente para mim como se estivesse pronta para me desvendar, me desmascarar, me humilhar. Mas para meu alívio, ela logo foi puxada para os preparativos finais. A cerimônia estava prestes a começar.Eu já esperava que assistir à cerimônia fosse um pesadelo, mas, sinceramente? Nada poderia ter me preparado para aquilo. Sentada no banco, segurando firme a mão de Christian, eu tentava manter minha expressão neutra enquanto Elise e Alex trocavam votos de amor eterno. A cada "você é o amor da minha vida", minha vontade era de me levantar e gritar "TRAIDORES".Cada frase me atingia como um tapa. E se eu fechasse os olhos por um segundo, conseguia me lembrar do dia em que Alex me disse exatamente as mesmas palavras.Minha mão apertou a de Christian com tanta força que meus próprios dedos doeram.— Se continuar apertando assim, vou acabar sem circulação, amorzinho — ele sussurrou.— Desculpa. Estou tendo um leve surto interno.— Perceb