Eram seis da manhã quando acordo com meu celular tocando, era Pérola. — Oi, tá tudo bem? Pergunto preocupada. — Me leva até a casa dele? Sua voz é de choro. — Agora? Pergunto olhando a hora. — É, agora! Se não der pra você... Nem deixo ela terminar de falar. — Em meia hora estou aí! Ela suspira e agradece.Vou até o quarto do Leon e ele realmente não voltou pra casa, ligo pra Théo e vejo se ele pode nos levar, ele aceita na hora. No caminho até a casa da Pérola Théo puxa assunto querendo mais detalhes do que está acontecendo e eu conto o que sei, que não é lá grandes coisa, a não ser que tem uma menina grávida de Bêh e que Leon jura de pé junto que não é um fruto de traição. Até ele sabe que essa história vai foder a relação dos dois, mas vou orar para que tudo se resolva da melhor forma possível. Passo no complexo e busco ela, seu rosto está com olheiras fortes, ela está triste e meu coração está apertado Em meio a um abraço apertado que dou nela ela me pergunta mais u
17 anos antes... Estou em uma ronda na comunidade quando meu celular toca. — Alô? [Silêncio] Alô? [Silêncio] Júlia é você? Tiro o celular do ouvido e olho o número que me ligou. Eu acabei atendendo o celular sem olhar a tela, mas tenho certeza que é ela, direciono meu olhar ao visor do telefone e me certifico que realmente era ela. — Cigano... Quando ela pronuncia meu nome meu sangue gela, eu sabia que ela não estava bem, sabia que essa volta dela ia dá merda. — Você está aonde? Eu nesse momento só queria saber onde ela estava e depois que estivesse frente a frente com ela eu perguntaria o que havia acontecido. — Me perdoa... Você tinha razão... Ela chora. — Me diz onde você está primeiro. Insisto. — Eu... Eu tentei ser forte, mas não consegui... Ele esteve aqui, eu não consegui resistir... Um ódio me consome, eu sei exatamente de quem ela está falando, só não sei como ele conseguiu acha-la. Aquele filho da puta fodeu com a cabeça dela mais uma vez e se ele não fosse
Corro para o complexo e entro em casa voado, arrumo minhas coisas e jogo dentro do carro, sigo até a quadra onde Lyon está. — Te liguei o dia todo mano, nem veio me recepcionar. Lyon aperta minha mão. — Tô feliz que você está de volta mano e desculpa aí o mal jeito. — O que tá pegando? Ele conhece os seus, ele era foda, sabia exatamente quando tinha b.o. — Tá sabendo da parada da novinha neh? Ele balança a cabeça afirmativamente. — Achei ela, mas está igual os nóias... Vou precisar me ausentar. — Ok... Entendi! Fael fodeu tudo de novo neh? — Pois é, só não mato o desgraçado por causa de você. Lyon balança a cabeça de novo. — Vai lá, cuida dela e me deixa informado de tudo, o que precisar é só pedir. ... Foram tempos difíceis, o processo de desintoxicação foi doloroso demais pra ela e pra mim. Vê Júlia ficar pior do que estava não foi nada fácil, foi tão difícil que preferi pedir ajuda de um profissional, eu não aguentava presenciar aquilo. Foram seis meses intensos, eu
Dois meses depois dela estar no meu nome, dela ser minha fiel, Lyon entra em contato comigo. Eu tinha uma reunião com ele, reunião com o chefe era sinônimo de b.o e isso me deixava tenso. Estou no escritório da minha casa quando meu notebook apita, era ele! — Como estão as coisas entre vocês? É a primeira coisa que Lyon pergunta. — Estão indo... Ela está 100%, mas confesso que ainda tenho medo! — Não deixa isso te dominar, medo só server pra foder a gente! Ele aconselha. — Não vou deixar! Mas sei que não foi pra isso que você marcou reunião comigo, qual o b.o? Vou direto ao ponto. — Preciso de um favor seu... É um b.o dos brabos! Ele coça a cabeça e eu respiro antes de pedir ele pra prosseguir. — Diz aí! — Tá sabendo que Fael rodou neh? Balanço a cabeça afirmando. — Ela não sabe! Falo mais baixo com medo dela me ouvir. — Ela não sabe nada sobre eles e eu não faço questão de falar. — Tô ligado, mas o b.o é grande mano! Marina armou a prisão dele, o cara está puro ódi
Foram as duas piores semanas da minha vida, Júlia não falava comigo, as crianças sentiam o clima pesado e me questionaram várias vezes. Pra piorar, Lyon enfiou o filho dele dentro da minha casa para eu treina-lo, mais um b.o para eu resolver. Eu simplesmente estava entrando em colapso. Havia uma ameaça de invasão no morro, minha mulher prestes a me deixar, eu sabia que isso podia acontecer a qualquer momento, meu filho acabou de virar adulto e nem imagina a bomba que o espera, vai crescer na marra. Carol apaixonada pelo mané do Leon e com essa porra de perder a virgindade. Meu castelo estava ruindo e eu ia me enterrar debaixo dos escombros. — Pai? Ouço a voz da minha pequena. Eu estou deitado no sofá do meu escritório, aqui ultimamente anda sendo meu quarto, estou amarrotado e com barba pra fazer. — Oi meu amor... Respondo ela me sentando. — O que está acontecendo com você e mamãe? Ela senta ao meu lado e tem seus olhinhos vidrados em mim. — Acho que ela vai me deixar...
Tudo foi agendado, Fael e Marina viriam aqui na maré, eles já estão sabendo de tudo, eu não sei o que vai acontecer daqui pra frente, só sei que meu castelo desabou e eu estou vivo, mas muito ferido, a ponto de parar de respirar, rezando para vir um socorro do além. Eu sou foda, sou o cara, comando essa comunidade com mãos de ferro, mais quando o assunto é Júlia tudo muda, ela é a dona da minha vida e apesar dela ter passado por tudo que passou no passado, o inseguro hoje sou eu. Saber que Fael terá contato com ela cara a cara me deixa louco, eu mantive ela longe dessa porra toda por década mais o passado sempre bate a nossa porta um dia. O medo dela se sentir balançada ao vê-lo me deixa a ponto de vomitar... E se o amor do passado se acender? E se tudo que vivemos nesses 18 anos não foi o suficiente para ela me amar o suficiente? E se ela me deixar? Estou deitado em meu escritório, meu braço direito está cobrindo meus olhos e escondendo a vermelhidão de tanto que já chorei escon
— Você é muito mais gata pessoalmente, sabia? Estou com Brenda no quarto do hotel, ela está sentada no sofá de frente pra mim. — E você não tem cara de tão novinho quanto... Pelo vídeo você parecia mais... ela dá uma pausa pensando em qual palavra usar. — Garotinho, entende? Ela esboça um sorriso. — Isso é bom ou ruim? Eu quero saber o que se passa na cabeça dela, eu sei que não temos nada, mas o fato de eu pegar um vôo do nada só para estar com ela significa alguma coisa neh? — Sei lá... Tipo, eu gosto de caras mais experientes, mas não com tanta bagagem, entende? — Eu entendo, então acho que o que você disse foi um elogio, já que não tenho “bagagem”. Faço aspas com as mãos. Ela fica em silêncio e eu chego meu corpo para mais próximo dela, ela tem seu olhar vidrado no meu, mas quando vou tentar beija-la, ela se afasta. — JP... Ela se levanta e fica de pé me olhando sentado no sofá. — Qual foi... Eu saí do Brasil só para te vê. — E eu amei a surpresa, mais não vamos mist
Ela interrompe minha mãe e falava como se eu fosse um bebê, como se ela pudesse me pegar pelo braço e me levasse embora. — Okay... Entendi... Então é isso, você não vai me perdoar nunca? — Consequências de suas escolhas, agora cadê meu filho? Ela era fria. — JP tem 18 anos Marina, vai com calma com ele. — Ir com calma? Ele é meu filho e temos um laço sanguíneo, eu sei que ele vai me reconhecer... A não ser que você tenha feito a cabeça dele, bem típico de você Júlia, essa carinha de santa que convence a todos. — Agora chega! Digo me levantando, eu não ia deixar ela humilhar minha mãe, não na minha frente. — Que puta! Carol diz se levantando também, já que estávamos sentados no corredor do segundo piso ouvindo tudo. Vou até meu quarto e pego meu rádio, desço as escadas apressado e com Carol atrás de mim. — Dentro da minha casa e no meu morro eu não aceitarei que a senhora fale assim com minha mãe! Desço as escadas falando e as duas me olham assustadas. — JP... Minha mãe t