RICARDO— E por que isso é exatamente um problema? — Minha pequena chata, a dor de cabeça mais idiota que eu já conheci, zombou de mim de forma mal-humorada.Eu suspirei, passando os dedos pelo meu cabelo.Se eu acusasse a melhor amiga dela, aquela pela qual ela poderia até estar disposta a morrer se necessário, então nosso relacionamento desmoronando seria destruído em um mero momento.Eu não tinha nenhuma evidência. Apenas uma conclusão neste momento. Seria um movimento estúpido revelar a verdade a ela.— Eu não deveria me incomodar em fazer perguntas, certo? Você não vai responder. Como sempre. — Ela bufou quando eu permaneci em silêncio por um tempo.Depois de sair do meu estado de torpor, eu a encarei. Como ela se sentiria ao descobrir o que sua amiga estava fazendo com ela todo esse tempo?Eu podia perceber que ela pensava que aquelas duas mulheres inúteis eram seu sistema de apoio, dois pilares que a mantinham de pé quando todos estavam prontos para se livrar dela ou forç
RICARDOOs olhos dela se arregalaram. Ela tropeçou para trás, com o queixo caindo. Eu estendi a mão e peguei a dela novamente.Ela queria saber.— E enquanto eu fiz isso, você deveria ficar ao meu lado. Isso significou ser meu parceiro. Para você. Certo? — Saiu como um sibilo, vicioso e cruel.— O que você estava dizendo? — Ela soltou, com os olhos se enchendo de lágrimas.— Você sabia que eu estava em guerra com seu grupo. Foi porque eles tinham uma conexão com o ataque ao meu grupo. — Eu revelei.A boca dela se fechou antes que ela a abrisse novamente, tentando dizer algo, mas sem conseguir.Uma lágrima escorreu pela bochecha dela e a dor de cabeça piorou para mim. Era toda dor, não minha, mas de Natália.— Eu queria te deixar ter uma pequena festa de ignorantes com seus amigos, mas você queria saber tanto. Você estava satisfeita agora? — Eu dei um passo para trás, esfregando meu rosto.— Eu não ia perdoar ninguém. Mesmo por você. — Minha voz diminuiu algumas oitavas.O ros
RICARDOEu respirei fundo, fundo, até que meus pulmões se enchessem de oxigênio até a borda.Eu precisava acalmar meus ânimos.— Ela sabe? — Eu exalei e voltei para meu lugar, afundando na cadeira.O gênero da história da minha vida estava mudando de Ação para Melodrama. Ótimo! Fantástico!— Ela... não sabe. — Zero assentiu para si mesmo.— Que reviravolta nos eventos. A amiga sexy da Luna está dando a ela um supressor de lobo. E essa amiga é a parceira de Zero. E Zero faz parte do nosso pequeno grupo ciente de todos os segredos. — Bernardo bateu palmas, rindo.Eu lhe lancei um olhar de lado. Ele tossiu e se sentou ereto na cadeira.— Estamos ferrados. — Ele fez uma careta.— Quão importante é essa parceira para você? — Eu encarei Zero, questionando.Ele piscou para mim de forma robótica. Um silêncio constrangedor pairou no ar enquanto eu esperava por uma resposta. Minhas sobrancelhas se ergueram em curiosidade quando ele não me respondeu por um longo tempo.— Eu não percebi
NATÁLIA~Um pouco antes...Ricardo saiu de mim novamente, sem me levar a sério e sem prestar atenção ao que eu estava dizendo a ele. Ou mais como ameaçando-o.Parece que, mesmo para mim, a rejeção continuou a ser a única alavanca que eu tinha contra ele quando ele agia como um idiota comigo na maioria das vezes.Como ele podia me pedir para escolher?Sinceramente, eu não nutria grande amor pela minha família ou por qualquer pessoa daquele grupo, mas eu desprezava a guerra. Eu desprezava imaginar a mim mesma vendo todos eles mortos. Sangue, agonia e ver Ricardo como um monstro infligindo dor… isso era outra coisa que eu não queria testemunhar — não quando ele estava contra as pessoas de quem eu um dia me importei e queria voltar até recentemente.Mas quando eu realmente não os amava, por que eu continuava pensando em como Emília poderia estar se sentindo após perder seu parceiro? Como meus pais estavam lidando com a filha deles, de coração partido, empurrada para a porta da insani
NATÁLIA~Um pouco antes...— Não é nada do que você pensa. Eu não estou com minhas roupas. É por isso que estou vestindo isso. — É constrangedor interrompê-la para dizer algo tão estúpido.Minhas bochechas começaram a queimar assim que terminei de me explicar. Meu coração batia desajeitadamente nos meus ouvidos.O sorriso brilhante dela caiu, seus lábios se firmaram em uma linha fina.— Meu irmão não se deu ao trabalho de te levar para fazer compras? Ou de pedir a alguém para pegar roupas para você? — Ela perguntou, deslizando mais perto de mim.Incomodada, eu me afastei um pouco mais. O sol iria cegar meus olhos se eu ficasse muito perto, minha mente gritava.— Ele—uh... — Eu não me sentia à vontade para dizer algo contra ele para sua irmã.— Ele está ocupado. — Eu assenti, aceitando a desculpa mais usada por todas as mulheres.— Mas eu não estou ocupada. — Ela disse, seu sorriso retornando aos lábios pintados de vermelho.— O que —Antes que eu conseguisse dizer mais uma p
NATÁLIAPara mim, fugir nunca poderia ser uma opção quando as pessoas que amo estão em perigo.Portanto, em vez de ouvir Rhianna e fugir assim que vi os homens se aproximando de nós, fiquei ali.Eu não era de grande ajuda. Eu podia perceber pela maneira como Rhianna, Diana e Ana imediatamente se deslocaram e ficaram à minha frente, tentando me proteger dos inimigos.Quantos eram? Eu não conseguia dizer. Estava muito fora de mim. Mal consegui sair do carro e mal conseguia distinguir o que estava acontecendo ao meu redor.As feridas delas tinham cicatrizado instantaneamente, mas as minhas estavam longe de se fechar sozinhas. Minha cabeça estava sangrando, meu braço estava sangrando, meu pescoço estava sangrando. Vários estilhaços de vidro estavam cravados profundamente na minha carne.Ainda assim, tentei sacudir a tontura e a náusea e fazer algo — qualquer coisa.E qualquer coisa significava tentar me concentrar, piscar para afastar a onda de inconsciência que ameaçava me derrubar
NATÁLIAA bomba foi lançada. Alfa João permaneceu em choque por um tempo, encarando o telefone enquanto Ricardo já tinha desligado há muito tempo.Eu realmente senti a urgência de explicar por que seu filho foi morto, mas quando recordei como Ana e Diana foram atacadas e arrastadas sem piedade, a urgência morreu por conta própria.Eu queria vê-las. Mais do que minha família maldita, eu me importava com elas. Eu não conseguiria viver se algo tivesse acontecido a qualquer uma delas por minha causa.— Alfa… — Eu tentei chamá-lo, para tirá-lo do transe.Ele levou mais alguns momentos para processar tudo e, quando a realidade se instalou, seus olhos mudaram de cor e me prenderam.— Isso é verdade? Ricardo matou — matou Henrique? Nunca me fizeram uma pergunta tão difícil na vida.O olhar de dor em seus olhos e a raiva lentamente tomando conta de suas feições me deixaram sem palavras. Eu abri a boca e a fechei quando percebi o que ele ia fazer, independentemente de eu responder ou nã
NATÁLIA— O que o Alfa vai fazer conosco? — Diana murmurou, lágrimas rolando por suas bochechas.— O que ele deveria ter feito há muito tempo, para que você nunca tivesse a chance de fugir e trazer vergonha para o bando. — Meu pai resmungou atrás de mim, seus dedos se enterrando em meu ombro para me manter de joelhos.Eu cerrei os dentes, meu coração se endurecendo em relação a ele. Ele se sentia envergonhado — isso era tudo o que ele tinha a dizer, isso era tudo o que ele sempre havia dito para mim.— Se essa lista de coisas para se envergonhar era tão longa… você deveria adicionar uma coisa nela. Tenha vergonha de ser um pai tão horrível para mim. — Eu sussurrei entre meus lábios.— É tudo sua culpa. Se você não fosse uma criança lobo fraca, tudo teria ficado bem com nossa família! — Minha mãe gritou de algum lugar atrás de mim.Meu chamado coração endurecido afundou no fundo do meu estômago. Eu olhei para minhas mãos. O brilho sob minha pele pulsava firmemente.— Olhe para ci