NATÁLIA— Por quê? — Ricardo murmura e para sobre mim, olhando para mim com interesse brilhando em seus olhos.Meu coração disparou no peito. Eu continuei traçando seu lábio inferior com meu dedo indicador, indo e voltando lentamente.— Eu sei que você disse que eu não deveria agir como uma pirralha com os membros da matilha. — Eu suspirei e puxei minha mão para mim.Ricardo assentiu com a cabeça e se afastou de cima de mim. Eu respirei fundo e o observei.— Vai ficar tudo bem. — Ele era indulgente. Muito, mas muito macio.— Sério? — Eu me sentei no sofá enquanto meus olhos seguiam pelas costas tatuadas dele.Era a primeira vez que eu via suas costas com tanta curiosidade. Havia um lobo tatuado em suas costas. A cabeça começava na parte de trás do ombro e a cauda terminava no início do quadril.— Considere isso a última chance. — Ricardo pegou suas calças do chão e se virou para me encarar.— Eu não estava... me sentindo bem. — Eu soltei, sem pensar.Minhas mãos se estenderam
NATÁLIAMinha cabeça começava a doer novamente. Era como se algo estivesse batendo contra meu cérebro, sacudindo tudo.Meus pensamentos estavam confusos. Um momento eu estava pensando em uma coisa e então essa dor de cabeça surgia e era como se outra entidade tentasse assumir o controle de mim, me deixando com opiniões divididas, pensamentos diferentes.— Não se estresse. Descanse. Vá dormir. Não pense nisso. — Ele sempre dizia as mesmas coisas na mesma merda de respiração.A sensação de queimação retornava aos meus olhos, fazendo-me sentir como se o fogo estivesse prestes a jorrar deles.— Ricardo. Não me diga para descansar. Não me diga para não pensar nisso. — Eu suspirei, meus ombros caindo.— Eu não posso ficar aqui esperando... por... por eu não saber nem o quê! — Minha voz aumentou quando uma onda de dor atingiu minha cabeça.— Confie em mim. Apenas fique onde está. Eu vou descobrir. — Ele me assegurou.Um par de mãos pousou em meus antebraços. A dor diminuiu e um suspir
NATÁLIAQuando Ricardo disse que tinha que estar em algum lugar, eu pensei que ele estava indo em alguma missão secreta.Eu realmente não esperava que ele fosse patrulhar a fronteira sozinho. Que Alfa na comunidade dos lobisomens faz isso?Eu lancei a ele outro olhar fulminante enquanto ele continuava a caminhar ao meu lado, despreocupado. Não sei quanto tempo havia passado, mas minhas pernas estavam me matando. Ele era um lobisomem, então não sentia isso, mas eu sou apenas uma humana agora.— Pare de me olhar assim. Você queria saber o que eu faço. — Ele riu e me lançou um olhar pelo canto do olho.— Por que estamos patrulhando a fronteira quando os guardas de patrulha deveriam fazer isso? — Eu me queixei e bati os pés no chão.Para ser honesta, eu fui tomar banho e chorei como uma merda no banheiro. Ardia e doía como nada mais saber que finalmente tenho meu companheiro, estou marcada, mas meu homem ainda pertence a outra mulher no coração.Mas não há nada que eu possa fazer al
RICARDOInacreditável.Eu disse a ela o que sou e ela achou que eu estava brincando. Sério.O que ela era? Uma garotinha bagunçando minha mente, isso foi tão fodidamente estranho.Como eu acabei contando a ela sobre mim tão facilmente? Eu nunca contei a ninguém antes, nem mesmo para minha própria irmã ou para Britney.O nome ecoou na minha mente e me fez suspirar. Eu deixei a cabeça cair nas mãos e encarei o chão.Natália estava machucada. Quando algo a machucava, meu coração também doía. Não importava o quanto ela tentasse agir indiferente sobre eu não conseguir superar Britney, eu sabia que isso a machucava profundamente.Mas o que eu era suposto fazer?Eu não pensei que teria outra companheira após a morte de Britney, então eu vivi com suas memórias. Ela viveu comigo por anos... Como eu sou suposto me livrar dela de uma hora para outra?Sem dúvida, eu tinha um fodido ponto fraco pela pequena miss irritante. Ela era minha companheira, mas... havia algo que sempre vinha entre
ANA— Spar? — Uma garota correu até mim quando me viu parada perto da árvore perto do campo de treinamento.Eu olhei para trás e balancei a cabeça. Eu havia estado observando os jovens meninos e meninas treinando no campo por um tempo e, pela aparência, ninguém ali era de alto status. Todos eram filhos ou filhas de guardas de patrulha ou guerreiros de baixo escalão.Eu não deveria estar desperdiçando meu tempo com eles.— Nunca te vi por aqui antes. Quem é você, a propósito? — Ela perguntou curiosa em vez de me deixar ali.— Você veio com a nossa nova Luna? — Ela acrescentou, seus olhos cor de mel brilhando de empolgação.Pelo menos, a matilha estava feliz com a chegada da Luna. As notícias viajaram rápido pela matilha, no entanto. Apostei que era coisa do Ricardo ou do Bernardo.— Eu sou amiga da sua Luna. — Eu encolhi os ombros e olhei para trás dela.Uma nova garota entrou no campo de treinamento. Os lutadores amadores deram passagem a ela. Havia relutância na postura de tod
ANA— Nossa matilha não tem coisas tão estranhas... — Ela não conseguiu encontrar as palavras certas enquanto tentava simpatizar comigo.Ela ficou em silêncio e me ajudou a ir para sua casa. Era uma grande vila, perto da casa do Bernardo. Os pais dela não estavam em casa. Ela me contou que eles moravam na cidade e cuidavam dos negócios do Ricardo junto com sua irmã. Eu não sabia que ele tinha uma irmã. Uau.Depois de me sentar em um dos sofás da sala de estar, ela foi até a cozinha buscar um copo de água.Eu aproveitei o tempo para olhar ao redor da sala de estar arrumada. Havia fotos penduradas por toda parte, tão fora de lugar, mas estranhamente combinando com o tema azul e branco.— Aqui. — Ela voltou e me entregou o copo de água.Eu peguei o copo e bebi a água de uma só vez antes de colocá-lo de volta na mesa de centro.— Você está morando sozinha por enquanto? — Eu perguntei.Eu precisava chegar à parte agora.— Sim. — Ela respondeu de forma curta e se jogou no sofá ao meu
NATÁLIAEu estava queimando. Isso era tudo o que eu sentia e percebia.Mas não era o tipo usual de sensação de queimar que eu—estava—quente. Era mais como a sensação de que meu—corpo—estava—mantido—em—um—bloquinho—de—gelo.Eu estava coçando para sair desse bloco ou controlar essa sensação de alguma forma.Perdida no abismo da minha própria consciência lutando, eu vi a silhueta na escuridão. Uma mulher de cabelos negros estava à distância, de costas para mim.Enquanto a observava, o fogo começou a lamparinar seus longos dedos, espalhando-se para suas palmas, engolindo as mangas de seu vestido.Eu ofeguei, mas me vi incapaz de me mover, de falar, de alcançar.O fogo iluminou tudo, a escuridão se escondeu como uma criança assustada. Ela se virou, suas feições suaves entrando em minha visão. Gradualmente, o canto de seus lábios se virou para cima. O gesto me deixou inquieta, ao contrário da expectativa.A queimação gelada se tornava pior. O ambiente se tornava sufocante. Eu respira
NATÁLIA— Q—Quem? — Eu gaguejei.Meus olhos pousaram no meu rosto no espelho. O âmbar nos meus olhos brilhava intensamente.Eu toquei minhas bochechas, traçando meu dedo até meu olho para abri-lo bem. Eu me inclinei para o espelho para ter certeza de que meus olhos realmente estavam brilhando ou não.— Natália! Você está bem aí dentro? — Ana bateu na porta, me assustando.Minha cabeça se virou rapidamente para a porta. O ritmo normal do meu coração se distorceu.Engolindo em seco, eu olhei no espelho. Meus olhos estavam de volta ao normal. O olhar opaco, a cor âmbar inútil.Eu balancei a cabeça e abri a porta do banheiro. Estava tudo na minha cabeça. Quando eu saí, Ana veio até mim.— Você consegue andar? — Ela perguntou, levantando as mãos para me apoiar.— Sim. Sim, eu consigo andar. — Eu respondi em um tom confuso e caminhei de volta para a cama antes de me deixar cair sobre ela.Minhas mãos começaram a doer novamente, a sensação de queimação gelada retornou gradualmente.