NATÁLIAEu odiava isso.Ricardo continuava desaparecendo. Ele disse que viria me levar para a alcateia dele, mas não estava aqui. Em vez disso, enviou alguns dos guerreiros da alcateia dele para me escoltar, como se eu fosse uma boneca de pano que ele podia jogar para todo lado.Eles até trouxeram roupas femininas e disseram:— O Alfa pediu que preparássemos isso para você, Luna. Se precisar de algo mais, é só nos avisar que nós traremos.— Se precisar de algo, avise-nos, Luna. — O homem à minha frente disse pela terceira vez.Primeiro, todos continuavam me chamando de Luna, o que era tão estranho de ouvir e ainda mais difícil de me acostumar.Segundo, eu não precisava de nada além de ficar de mau humor em paz.— Estou bem. Obrigada. — Eu sorri e respondi educadamente.Não importava quão irritada eu estivesse, não deveria descontar isso neles. Eu sabia disso.Suspirei e cruzei os braços sobre o peito. As portas do elevador se abriram com um som de "ding" e os dois homens saíra
NATÁLIAEu não consegui abrir os olhos novamente imediatamente, mas senti Henrique me pegando nos braços e depois me carregando para algum lugar.As vozes altas foram sintonizando e desconectando eventualmente. Fui jogada em um assento macio antes que suas mãos desaparecessem do meu corpo.O carro começou a se mover. Minha mente permaneceu nublada e meu julgamento distorcido devido à dor excruciante.Meus olhos abriram e fecharam eventualmente enquanto eu tentava sair dessa confusão.Eu não podia desistir. Não assim.— E... Henrique... — Eu gaguejei.— Eu vou te tratar assim que chegarmos à alcateia. — Ele falou gentilmente desta vez, agindo como um maldito lunático.— Henrique... Eu... Vou...Eu vou te matar. Seu idiota! Isso é o que eu queria dizer, mas estava sem palavras.— Não fale. Descanse. — Ele deu um tapinha na lateral da minha cabeça, que doía como se eu tivesse batido em um caminhão no caminho para casa.— O Alfa vai... Me matar... — Eu finalmente consegui gaguej
NATÁLIAHenrique levantou a mão para socá-lo, mas Ricardo agarrou sua mão e a torceu tão rapidamente que eu precisei piscar através da dor para acreditar no que estava vendo pela segunda vez.Antes que eu pudesse realmente compreender o que estava acontecendo, Ricardo torceu o braço de Henrique e o chutou com tanta força que seu corpo voou em direção à árvore atrás de mim.O barulho alto do impacto me fez estremecer. Meus olhos horrorizados permaneceram fixos em Ricardo, que agora segurava o braço cortado de Henrique em sua mão.Ouvi os gritos agonizantes e os uivos de dor de Henrique logo em seguida. Arrepios subiram pela minha pele.Ricardo largou o braço de Henrique e avançou. O medo picava minha pele como milhares de pequenas agulhas invisíveis.Ele se agachou ao meu lado, e uma expressão de descontentamento se desenhou em sua testa. A raiva que irradiava de seu corpo me dizia o que ele estava planejando fazer.Ricardo empurrou a mão para frente e tocou minha bochecha inchad
NATÁLIADesesperada para escapar da voz da minha irmã, me debati e me libertei do pesadelo.A luz brilhante no quarto desconhecido machucou meus olhos. Tive que piscar algumas vezes para ajustar minha visão.O primeiro rosto que vi foi o de Ana. Consegui ver sua boca se movendo, formando palavras, mas não consegui ouvir nada.Havia um zumbido constante nos meus ouvidos, que aumentava de volume quanto mais eu tentava ouvir o que ela estava me dizendo.Senti uma leve dor no corpo, mas a pulsação sufocante no meu lado e na minha cabeça havia desaparecido.— O... Ouvir... — As palavras de Ana ficaram um pouco mais claras.O próximo rosto que vi foi o de Diana. Ela correu até o meu lado e empurrou Ana para que pudesse falar em seu lugar.Confusa, meu olhar alternava entre as duas.Diana se agachou e segurou meus ombros antes de balançar meu corpo. Acordei da confusão. Minha audição voltou com toda a força.— Você está bem? — A voz estridente de Diana penetrava meus ouvidos.Ofegu
NATÁLIA— Eu ia deixá-lo viver por um tempo. Você sabe... Torturá-lo e obter informações, mas então você me pediu para poupá-lo, e a chave virou na minha cabeça. — Ele respirou, os olhos se estreitando sobre mim.— Você o matou... Porque eu... — As lágrimas correram pelas minhas bochechas novamente, embaçando minha visão.— Sim. Lá estava ele tentando te foder contra a sua vontade e, em vez de me pedir para matá-lo... Como você deveria ter feito... — Ele se aproximou, deixando seus lábios tocarem os meus em um toque suave. — Você me pediu para deixá-lo ir.Minha respiração ficou presa na garganta. Ele realmente havia interpretado mal a situação, como Ana suspeitou?Henrique e Emília saíram da minha mente instantaneamente, e o pensamento de ele ter mal interpretado essa situação me fez agarrar sua jaqueta com os punhos.— Ele era o companheiro da minha irmã. — Tentei argumentar.Os lábios de Ricardo se contorceram quando meus olhos se baixaram para eles. Eu engoli em seco e olhei
NATÁLIARicardo me puxou para fora do quarto. Uma mulher de cerca de quarenta anos nos cumprimentou instantaneamente.— Olá, Alfa, Luna. — Ela me lançou um sorriso educado.Como uma formalidade, eu retornei o gesto, embora, na verdade, me sentisse tão deslocada.— Acho que será melhor se a Luna descansar por um tempo, Alfa. — Ela se virou para Ricardo.— Volte ao trabalho, Luciana. — Ricardo a dispensou friamente.A mulher saiu do nosso caminho, deixando Ricardo me arrastar para fora da enorme enfermaria. Eu olhei para ela por cima do meu ombro, sabendo que ela deveria ser a médica da alcateia.— Por que você precisa ser tão rude? — Eu murmurei entre os dentes.Ricardo não respondeu. Em vez disso, ele soltou meu pulso e entrelaçou nossos dedos.Eu olhei para nossas mãos e soltei um suspiro, sabendo que ele sabia como me calar sem dizer uma palavra.— Para onde você está me levando? — Eu perguntei, caminhando ao seu lado.Não pude deixar de notar a maneira como ele andava, sem
NATÁLIA— Traga elas aqui. — Ele esticou o pescoço e ordenou a Bernardo.— Sim, Alfa. — Bernardo desapareceu ao meu lado e virou à direita na extremidade da sala de estar.Ricardo se deixou cair no sofá branco, descansando os braços sobre o encosto e se esticando novamente.Ele estava tentando me provocar de maneira inútil? Eu me movi de um pé para o outro, sentindo-me desconfortável.— Venha aqui. — Sua voz soou cansada e sobrecarregada.Agora que finalmente consegui pensar racionalmente, não pude deixar de notar certas coisas. A expressão no rosto de Ricardo e a maneira como ele estava agindo... Era quase como se ele estivesse hesitando ou se sentindo culpado.Sobre o que? Não consegui dizer.Eu me aproximei dele com passos pequenos. Ele agarrou minha mão e me fez sentar em seu colo como uma criança.Eu ofeguei, mas não lutei para sair de seu abraço quando ele envolveu minha cintura com o braço e repousou a cabeça em meu ombro. Ele trouxe o braço direito para frente e coloco
NATÁLIAEu suspirei, deixando meus ombros caírem.— Leve-as para fora. — Eu sussurrei. — Bernardo.— Natália! — Ana sussurrou como um aviso.— Tenho certeza de que o Alfa Ricardo... — Meus olhos se desviaram para o rosto cruel de Ricardo enquanto eu falava. — Pensou em dar a elas um lugar para ficar. Leve minhas duas amigas para lá.— Você não entende. — Ana bufou, cruzando os braços sobre o peito.— Eu entendo. — Olhei para ela. — Mas agora é entre mim e meu companheiro.Estou salvando você da ira dele, idiota! Não acho que ela consiga ver o olhar descontrolado nos olhos de Ricardo agora. É quase como se ele estivesse prestes a perder o controle e quebrar o pescoço de Ana.Eu não quero isso. E se as coisas escalarem... Não tenho mais certeza se Ricardo vai me ouvir e poupar a vida dela.— Vamos lá, meninas. Vamos deixá-los sozinhos. — Bernardo se levantou, falando como se uma bomba não tivesse sido jogada na sala de estar alguns momentos atrás.Com meus olhos ardentes, tente