- Obrigado pela surpresa. Amamos a recepção. – Agradeci.- Não fui eu que fiz. Só tive a ideia.- E quem fez? – fiquei curiosa.- Esta pessoa aqui. – Mostrou Milena junto dele na tela.- Milena? – senti meu coração bater mais forte. – Vocês... Estão...- Juntos. – Ela mostrou o dedo anelar, que tinha uma aliança.- Meu Deus! Não pode ser.- Obrigada, cupido. – Ela sorriu, de forma sincera.- Vocês não sabem o quanto estou feliz por vocês.- E eu por Sebastian ter uma irmã que mudou as coisas entre os Casanova e Perrone... Ao menos por enquanto. – Revirou os olhos.- E sua mãe? – questionei.- Ela não sabe.- Mas vai saber em breve. – Sebastian justificou.- Mas... Vocês estão em Noriah Norte?- Não. Estamos no meu apartamento, na Itália.- Morando juntos?- Não... Não exatamente. Mas em breve sim. – Milena disse, olhando para ele. – Eu estava até ontem em Noriah Norte. Organizei seu apartamento e depois voei diretamente para cá. E assim estamos.- Amor em ponte aérea, com escalas pelo
- Vem... – Ben me chamou com o dedo indicador, estreitando os olhos sedutoramente – Você precisa treinar.- Treinar?- Sim. Para o meu casamento. – Ele completou.- Seu casamento? – Salma riu.- Todo casamento toca Macarena na festa. Então minhas madrinhas e eu vamos começar a ensaiar com antecedência.Comecei a dançar, fazendo os gestos que eu já sabia de cor e acompanhando-os.- Você vai casar também, Ben? Espero que não seja próximo do casamento de Sebastian e Milena. – Debochei.- Com quem você vai casar? – Salma perguntou, curiosa.- Com Tony – ele disse seriamente – Eu vou para a Itália.Paramos as duas de dançar.- Como assim? – perguntei.- Vou esperar Maria Lua nascer e partirei atrás do meu homem. Foda-se a vagaba da noiva dele. Pegarei o que é meu de volta. Não vivo sem o desclassificado.O abracei com força:- É assim que se fala. Estou orgulhosa de você.- E a nossa viagem serviu para que, afinal? – Salma perguntou, enquanto voltava a dançava divertidamente. – Já que part
Quando cheguei ao hospital, quase uma hora depois da ligação de Ben, encontrei ele e Daniel na recepção. Assim que me viram, os dois vieram ao mesmo tempo na minha direção e me abraçaram com força. Percebi os olhos avermelhado de Ben, que certamente havia chorado e a expressão de tristeza no semblante da Daniel.- Como ela está? Me digam que está tudo bem.- Não está tudo bem. – Daniel comprimiu os lábios, tentando não os fazer tremerem como quando iniciou a frase.- Há notícias? Maria Lua já nasceu?- Só nos mandam esperar, esperar e esperar... – Daniel continuou aflito.Olhei para Ben, que limpou a lágrima teimosa que tentava cair. Fui até ele e o apertei contra meu corpo:- Pode chorar se quiser. Não segure isso para si. Eu vou estar aqui e pode usar meu ombro.- Ela v
Na hora, pareceu um sonho. A voz dela foi fraca, baixa, mas sim, eu entendi o nome do pai de Maria Lua: Heitor.De repente, ela virou a cabeça para o lado e seu corpo começou a tremer em espasmos.Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, duas enfermeiras me pegaram, tentando tirar-me da sala.Recusei-me a sair, gritando para que ela reagisse:- Salma, seja forte! Não pode nos deixar. – Implorei.Outro homem apareceu e me puxou com firmeza, me afastando definitivamente de perto dela.Enquanto me retiravam, contra vontade, vi o corpo dela desaparecendo entre as tantas pessoas que se voltaram à maca. O aparelho que bipava fez um som ensurdecedor para em seguida parar. Então ouvi um choro de bebê.Os médicos e enfermeiros falavam todos ao mesmo tempo e eu não conseguia prestar atenção no que diziam. Percebi as pernas dela ainda tremendo e foi então q
Assim que acabou minha apresentação, desci do palco de vidro e fui para o camarim. Meu coração batia descompassado e eu sabia que não era de cansaço ou adrenalina da noite. Era medo e ansiedade que eu sentia naquele momento.Eu deveria estar retirando a maquiagem e me preparando para ir embora. Mas não naquela noite.Algumas das dançarinas conversavam e eu fiquei ali, me encarando no espelho. Já houve uma época que não gostava de ser ruiva. Hoje eu me aceitava e sabia que justo pelo fato de eu ser ruiva, chamava a atenção de alguns homens. Nem as sardas me incomodavam mais e meu olhos verdes já foram comparados a esmeraldas.Mas eu não queria mais chamar a atenção de todos homens. Eu só queria a atenção de um: Heitor Casanova. A questão é que o canalha jamais olhou na minha direção. Dentro da Babi
Um dia, cansada de tudo aquilo, tive coragem e falei para minha mãe. Nunca esqueci as palavras dela:- Sua idiota! Quer que eu faça o que? Mande-o embora? Quem você acha que põe comida na porra desta mesa?A mãe de Babi morreu semanas depois e ela teve que ir morar com a avó. Não era muito longe, mas não nos víamos com tanta frequência, o que me fez ficar sem rumo por um bom tempo, vivendo mais na rua do que dentro da minha própria casa.Minha mãe engravidou do desgraçado e eu tive a certeza que ela nunca o deixaria. Um dos meus irmãos morreu atropelado e na mesma noite ouvi ela e meu padrasto transando feito loucos, enquanto eu chorava a perda deitada na minha cama. Eu poderia ser a porra de uma vagabunda, uma drogada, uma desequilibrada. Mas minha vontade de mostrar ao mundo que eu venceria e sairia daquela merda de vida era maior.Eu estava com Babi na
- Ela só precisa disso: amor e carinho. E acompanhamento médico. Gostaria de seguir acompanhando o desenvolvimento dela.- Maria Lua é uma guerreira, como a mamãe. – Falei.- Ainda não chamei o pai. Ele não sabe o que aconteceu.- Ele não é o pai – falei. – Era o namorado de Salma.- Entendo... Então... Você é familiar?- Amiga.- Onde estão os familiares dela?- Longe. E eles não tem capacidade financeira nem emocional para cuidar da bebê.- Então eu acho que temos um problema aqui.- Como assim? – arqueei a sobrancelha, confusa.- Se despeça da bebê e vamos conversar um minuto ali fora. – Ela disse.- Tudo bem. – Concordei, ainda tentando entender o que ela queria dizer.A médica saiu e a enfermeira permanecia ali, sentada, fazendo algumas anotações.Olhei a menina perfeita aconchegada a mim e um misto de sentimentos se apossou de todo meu ser. Era a sensação de perda com a euforia de chegada de uma criança. Eu tinha vontade de gritar, chorar e ao mesmo tempo sorrir sozinha.- Eu vo
- Me larga, porra... Agora. – Ele gritou, enquanto eu seguia segurando sua camiseta.As mãos dele retiraram meus braços com força, rasgando a camisa por completo, como se aquele tecido fosse o que eu tinha de mais importante naquele momento.Ben olhou para a roupa rasgada e depois para mim. Os olhos dele escorriam lágrimas. Balançou a cabeça e foi para a parede, dando socos contínuos, ecoando pelo corredor, soltando um grunhido de dor, feito um animal ferido, até o sangue misturar-se à tinta branca que cobria o concreto.Daniel veio até nós, já sabendo o que tinha acontecido, mesmo que ninguém tivesse lhe contado. Tentou tirar Ben dali, enquanto todas as pessoas se voltam a nós. Mas era inútil tentar tocá-lo.Ben ficou forte como uma rocha e seguiu, até não ter mais forças. Dois seguranças chegaram em seguida e o retiraram, sendo seguidos por mim e Daniel, até a porta da rua.- Acalme-se ou chamaremos a Polícia. – Um deles ameaçou.- Precisamos de ajuda... – falei, a voz quase não sai