- O que houve?- Nada sério, mas preciso que venha.- Não me preocupa, porra.- Estou bem, juro. Só preciso de você.- Em quinze minutos chego.- Ok.Estava saindo na porta quando lembrei do casaco, pegando qualquer um que estava na frente e jogando sobre meus ombros.Eu precisava resolver de uma vez por todas a situação entre Sebastian e Milena. Me doía ver os dois sofrendo sendo que se amavam e tinham sido afastados por suas famílias egoístas e mesquinhas.Se não se acertassem, tudo bem. Mas pelo menos se veriam e decidiriam se perdoar ou colocar um fim a tudo aquilo e seguirem suas vidas.Sentei de volta no sofá, já desistindo da minha comida que estava na mesa e certamente tinha esfriado.- Qual sua relação com Cindy? – perguntei. – Para ela ir lhe falar essas mentiras?- Não somos amigas... Também não inimigas.- Mas você sabia que ela tinha um caso com Heitor?- Sim, eu sabia. – Ela abaixou a cabeça.- E aceitava?- Julgamentos? – Ben ironizou.- Não, não estou julgando. Só tent
Despertei imediatamente e virei, percebendo que era Ben:- Para você estar aqui... Algo não deu certo.- Não mesmo. E quando isso acontece, eu preciso de você comigo.- Que horas são?- Duas da madrugada.- O que houve?Eu não via Ben porque as luzes estavam apagadas, mas a claridade que vinha da rua iluminava um pouco o rosto dele. Acariciei sua bochecha macia, com a pele lisa e bem cuidada.- Ele não vai assumir o que sente. – falou, carregado de sentimentos.- Não vai assumir para ele mesmo ou para os outros?- Ele já conseguiu assumir para si mesmo. Mas não vai fazer isso com relação à família.- A megera ameaçou ele?- Sim.- Eu achei que Tony estava preparado para assumir o que vocês sentiam um pelo outro.- Ele me ama e não tenho dúvidas disso. Inclusive hoje ele repetiu várias vezes para mim. Ainda assim... – A voz dele falhou.- Amor é amor. Eu não consigo entender este preconceito. A escolha dele é viver uma vida de mentiras... Para sempre?- Infelizmente sim. E como eu já h
Eu estava saindo de casa para a Perrone no dia seguinte quando Salma apareceu na sala:- Babi... Eu não me sinto bem. – Falou, pálida.- O que está sentindo? – fui até ela, que se apoiou em mim.- Minha cabeça dói muito... Tanto que chego a ficar tonta e ter náusea.- Ben! – gritei por ele, que levou minutos para vir.- O que houve? – ele perguntou preocupado ao ver nossa amiga completamente sem ação.- Precisamos levá-la ao médico. – falei, nervosa.- Chame Daniel. – Ela pediu e percebi o suor escorrendo na sua testa.Salma ainda estava de pijama. Peguei o telefone dela e liguei para Daniel enquanto pegava uma roupa para trocá-la.- Bom dia, Salma. Saudades já? – ouvi a voz dele do outro lado da linha.Ele pareceu feliz com a ligação dela e foi doce. Talvez eu tenha ju
- Nós vamos cuidar de você. – Daniel pegou-a no colo e ela abraçou-se a ele, rindo.Os dois foram na frente. Olhei para Ben e disse:- Estou preocupada.- E eu, Babi? Como acho que estou?- Como ela vai fazer repouso? Não temos sequer elevador no nosso prédio. Olha o que tem de degraus para subir e descer cada vez que precisa sair.- Isso vai ser complicado.- E se alugássemos um apartamento no térreo? – Sugeri.- No nosso prédio não há apartamentos vagos no térreo, Babi. Pelo que sei só há um disponível no terceiro andar, o que não resolveria muito a situação.- E se mudássemos de prédio?- Acha mesmo que vamos conseguir encontrar outro aluguel tão baixo quanto o nosso e num lugar tão bem localizado?- O aluguel é baixo porque não há ele
- Não. Eu vou viajar.- Viajar? Como assim? Para onde você vai?- Noriah Sul. Vou ficar uns tempos na casa de uma conhecida... Eu, Ben e Salma.- Você não pode fazer isso, Babi.- Eu posso, Sebastian. Você sabe que eu posso.- E... Nós? Acabamos de nos conhecer... Temos ainda tantas coisas para fazer juntos.- Ei, eu só disse que vou viajar. Não disse que vou morrer ou esquecê-lo – Sorri. – Meus amigos precisam de mim.- E Tony e Ben?- Sebastian, me diga uma coisa, sinceramente... Por favor.- O que quer saber?- Você acha que Tony largaria tudo e se assumiria algum dia, por Ben?- Eu não sei, Babi – ele foi sincero. – Imagino o quanto Tony está confuso.- Então não é amor, Sebastian.Ele arqueou a sobrancelha:- Eu fiz tantas porras com Milena... E eu a amava. Ai
- Vou pedir para alguém lhe passar os dados bancários amanhã. Pode passar na North B.?- Não. Eu não vou passar na North B. – Garanti.- O que eu posso fazer para que você me perdoe?- Nada. Tinha que ser assim. Não se preocupe, Heitor.- Eu não posso perder você, porra. Eu faço qualquer coisa... Para que a Perrone não feche as portas. Posso tentar falar com Sebastian.Peguei as mãos dele:- Não.Me aproximei e senti o hálito alcóolico dele:- Você bebeu?- Não.- Não minta para mim.- Sim, bebi. – Desviou o olhar.- Quando vai parar com isso?- Quando estiver com você.- Pra tudo você usa desculpas, não é mesmo? – balancei a cabeça, com raiva. – Vai lembrar que pediu desculpas amanhã?- Tu
Então a porta se abriu, vindo na nossa direção, tapando-nos enquanto Ben e Salma entravam.Levantei imediatamente, ficando de costas para Heitor. Ben fechou a porta e deu de cara conosco, enquanto Heitor terminava de puxar a calça.- Desclassificado? – Ben olhou para ele, que estava com a rosto próximo do meu ombro direito.Salma me olhou e deu meia-volta:- Esqueci uma coisa.- Salma... Volte aqui! – Ben chamou.Ela já havia aberto a porta e saído. Ben ficou estático, com várias sacolas nas mãos, nos olhando confuso, sem saber como agir.- Heitor estava de saída. – falei, tentando encontrar palavras que justificassem a presença dele ali.- Percebi... Saída pela tangente, você quer dizer – ele riu. – Bem-vindo de volta, Thorzinho.Heitor me afastou alguns centímetros e disse, com a cabe&cc
Ben sentou ao meu lado. Deitei a cabeça no ombro dele, que abraçou-me, apoiando a cabeça sobre a minha.- Ele me chamou de covarde.- E eu concordo com ele.- O que eu faço?- Vai atrás dele.- Não... Não consigo. Eu tenho medo... E o que ele fez com a Perrone ainda ecoa na minha cabeça.- Talvez realmente não esteja preparada para dar este passo com ele.- Eu o amo.- Não adianta dizer para mim, nem para si mesma. Precisa contar a ele.- Talvez eu nunca consiga... Como se isso fosse sinal da minha fraqueza.- Vai perdê-lo.- Quando vamos partir?- Estou com tudo organizado para no máximo quatro dias.- Já avisou o síndico?- Sim. Ele disse que o aluguel está pago até o final do mês. Mas parece que já teve alguém interessado pelo nosso apartamento. A possibi