Ben sentou ao meu lado. Deitei a cabeça no ombro dele, que abraçou-me, apoiando a cabeça sobre a minha.
- Ele me chamou de covarde.
- E eu concordo com ele.
- O que eu faço?
- Vai atrás dele.
- Não... Não consigo. Eu tenho medo... E o que ele fez com a Perrone ainda ecoa na minha cabeça.
- Talvez realmente não esteja preparada para dar este passo com ele.
- Eu o amo.
- Não adianta dizer para mim, nem para si mesma. Precisa contar a ele.
- Talvez eu nunca consiga... Como se isso fosse sinal da minha fraqueza.
- Vai perdê-lo.
- Quando vamos partir?
- Estou com tudo organizado para no máximo quatro dias.
- Já avisou o síndico?
- Sim. Ele disse que o aluguel está pago até o final do mês. Mas parece que já teve alguém interessado pelo nosso apartamento. A possibi
Um dia antes de nossa partida para Noriah Sul, peguei o anel em formato de flor, caríssimo, tanto que ironicamente quase valia minha vida, já que este foi o intuito quando minha mãe o recebeu, e o coloquei na bolsa.Já passava das dezenove horas quando pedi que Daniel me deixasse no cemitério onde o corpo de minha mãe estava enterrado.- Quer que eu espere por você? – ele perguntou, assim que estacionou o carro na entrada principal.- Não. Eu vou andando depois.- Mas está tarde, Babi. Logo vai anoitecer.- Eu vou andando. Sei que é um pouco longe, mas preciso caminhar um pouco e aproveitar meus últimos momentos em Noriah Norte – sorri. – Caso fique cansada ao longo do caminho, ligo para você. – Garanti.- Ok, vou ficar atento ao telefone. Só não demore muito porque logo vou para a Babilônia.- Tudo bem, Daniel. Vá tranquilo. – Sorri e lhe dei um beijo no rosto.- O que mudou entre nós? – ele perguntou.Eu fiquei em silêncio, olhando-o, pensando no que dizer.- Porque estava tudo bem
- Ei, desclassificado, trouxe colherinha? – ela perguntou, com a voz embargada.Olhei-a, completamente bêbada, como da primeira vez que a vi.- Bom saber que ainda precisa de colher para mim.- Não diga isso, desclassificado Mor. Eu sempre vou precisar para você.Não sabia exatamente se aquilo era bom como eu imaginava que fosse. A levantei com dificuldade, pegando-a no colo. Ela passou as mãos sobre meus ombros, enlaçando-as no pescoço. Sua pele estava gelada e imediatamente me arrepiei ao toque dela.- Vai me levar embora? – perguntou.- Para onde quer ir? Para casa?- Me leve com você... Para o paraíso. Eu vou chupar você, Heitor...Caralho, ela estava mais bêbada do que imaginei. Olhei para Anon e ordenei:- Pegue a bolsa dela e vamos. – Antes que ela revelasse mais intimidades para meu segurança.Anon pegou a bolsa dela e fechou o zíper. Eu comecei a andar em direção à saída e ele perguntou:- O que faço com as taças, a garrafa vazia e o anel, senhor?- Como vou saber? Nunca vi a
- Ela tem dessas... Como posso agora tentar convencê-lo de que ela é uma pessoa normal? – ouvi uma leve risada do outro lado.- Bárbara pode ser tudo, menos “normal”.- Ela está bem?- Sim. Dormindo. Depois vou dar um banho nela e preparar alguns analgésicos, pois a dor de cabeça vai ser grande...- Com certeza.- Quando ela vai embora? – me ouvi perguntando.- A ideia é partirmos amanhã.- Você vai junto? Então ela não vai sozinha?- Não... Viagem entre amigos. Cada um com um objetivo diferente... E o dela é tentar esquecer você.- Não entendo porque Bárbara foge desta porra de sentimentos... Confesso que sinto que ela tem sentimentos profundos por mim... Tanto quanto eu por ela.Um breve silêncio novamente antes de ele retomar a palavra:- Sentimentos profundos? – riu. – Não acredito que você parafraseia Bárbara e suas teorias malucas sobre amor. Porque é isso que ela usa para não dizer a palavra “amor”.- E onde Sebastian entra nesta história? – toquei no assunto que eu tanto queri
- Isso não é um sonho, Bárbara. É real. E amanhã você vai estar sóbria e infelizmente talvez não lembre de nada do que houve aqui.Tirei as mãos dela da minha gravata e afastei-me com dificuldade.- Está com fome? – perguntei.- Só de você.Caralho! Eu teria que ser muito forte para não tirar a roupa dela e beijar cada centímetro da sua pele antes de fodê-la com toda a minha força.Virei de costas e respirei fundo. Nunca usei da bebedeira de uma mulher para me aproveitar, embora muito já tenha sido abusado por elas pela minha condição ao beber demais.Ela se remexeu na cama e voltei, retirando seus sapatos, a fim de deixá-la mais confortável.- Dorme, Bárbara.- Só se for com você. Deita do meu lado.Suspirei e retirei meu sapato, deitando ao lado dela,
Não lembro de tê-la visto tão suscetível a mim desde que nos conhecemos. Bárbara tentava sempre se manter forte e firme, mas ela também tinha suas fraquezas. E a bebida talvez fosse uma delas.- Eu nunca mais vou beber vinho... Nunca, a vida inteira. Minha cabeça dói... E tudo está rodando... Muito rápido.Levei-a ao box e abri o chuveiro, deixando a água gelada. Ela gritou e tentou se afastar assim que sentiu a água.Retirei sua roupa, tentando não ficar duro. Mas foi impossível.- Vamos fazer amor agora? – ela arqueou a sobrancelha debochadamente.- Depois. – Me ouvi dizendo.Caralho, quem é você, Heitor? Quando na sua vida recusou uma mulher nua querendo você?A questão é que ela não era qualquer mulher. Ela era a mulher da minha vida, a única que eu amava e não sei se se
Assim que saí na recepção, uma atendente veio imediatamente até mim:- Bom dia!- Bom dia. – Retribui a cordialidade e o sorriso sincero dela.- A senhora quer que leve o café da manhã à sua suíte? Não precisava vir até aqui. Poderia pedir pele telefone. – Sorriu novamente.- Não... Eu... vou embora.- Mas... O café daqui é fabuloso. Não vai se arrepender.- Eu tenho um compromisso. – Menti.- Sem problemas. Mas o senhor Casanova orientou que assim que acordasse, lhe enviasse o que houvesse de melhor na nossa cozinha. E junto... Bem, tem certeza de que não vai provar o café?- Tenho. – Enruguei a testa, confusa.- Aguarde um minuto, por favor.Fiquei ali, sozinha, esperando no hall. Um casal saiu pela porta interna e me afastei um pouco, indo para o lado da pequena sala de estar.<
Eu queria poder conversar mais com Anon, mas minha cabeça nunca esteve tão confusa na vida. Era um misto entre querer ir e ao mesmo tempo ficar que eu não conseguia explicar. Sentimentos fortes que chegavam a doer dentro de mim ao mesmo tempo que o medo me assombrava de uma forma que nunca vi antes.Se Heitor continuasse a ser aquele homem debochado e sem caráter que eu vi há poucos meses atrás seria fácil dizer adeus. Mas o novo Heitor que eu começava a conhecer era tão doce e gentil que me fazia querer jogar-me aos seus pés, fazendo exatamente tudo que ele quisesse.Por que a vida havia sido tão cruel comigo? Por qual motivo Jardel surgiu, há tantos anos atrás? Qual intuito dele na minha vida? Mostrar o quanto um homem poderia ser horrível e destruir a parte boa que ainda existia em mim?Muitas vezes pensei que ele havia vindo para me fazer crescer. Mas agora j&aa
A cirurgia foi feita via videolaparoscopia, sendo retirado todo o tecido endometrial, evitando assim a retirada dos órgãos afetados. Embora a intenção deste tipo de procedimento era manter a fertilidade, o médico disse que a possibilidade de engravidar diminuía, embora não fosse impossível.Eu sofri com aquilo, ao mesmo tempo que via nossa Maria Lua crescer dentro da barriga da minha melhor amiga. Durante a noite, eu e Ben contávamos histórias para a pequena, dentro da barriga da mamãe, que cantava canções de ninar ao fim da noite, fazendo todos nós dormirmos com sua voz doce. “You are my Sunshine, my only sunshineYou make me happy when skies are grayYou’ll never know, dear, how much I love youPlease, don’t take my Sunshine awayNosso raio de sol, Maria Lua, era a razão de nossas vidas. Eu certamente não poderia gerar um filho, mas já amava aquele bebê como se fosse o que existia de mais importante na minha vida. Quando falávamos com ela, víamos a barriga de Salma contrair-se, c