Eu estava saindo de casa para a Perrone no dia seguinte quando Salma apareceu na sala:
- Babi... Eu não me sinto bem. – Falou, pálida.
- O que está sentindo? – fui até ela, que se apoiou em mim.
- Minha cabeça dói muito... Tanto que chego a ficar tonta e ter náusea.
- Ben! – gritei por ele, que levou minutos para vir.
- O que houve? – ele perguntou preocupado ao ver nossa amiga completamente sem ação.
- Precisamos levá-la ao médico. – falei, nervosa.
- Chame Daniel. – Ela pediu e percebi o suor escorrendo na sua testa.
Salma ainda estava de pijama. Peguei o telefone dela e liguei para Daniel enquanto pegava uma roupa para trocá-la.
- Bom dia, Salma. Saudades já? – ouvi a voz dele do outro lado da linha.
Ele pareceu feliz com a ligação dela e foi doce. Talvez eu tenha ju
- Nós vamos cuidar de você. – Daniel pegou-a no colo e ela abraçou-se a ele, rindo.Os dois foram na frente. Olhei para Ben e disse:- Estou preocupada.- E eu, Babi? Como acho que estou?- Como ela vai fazer repouso? Não temos sequer elevador no nosso prédio. Olha o que tem de degraus para subir e descer cada vez que precisa sair.- Isso vai ser complicado.- E se alugássemos um apartamento no térreo? – Sugeri.- No nosso prédio não há apartamentos vagos no térreo, Babi. Pelo que sei só há um disponível no terceiro andar, o que não resolveria muito a situação.- E se mudássemos de prédio?- Acha mesmo que vamos conseguir encontrar outro aluguel tão baixo quanto o nosso e num lugar tão bem localizado?- O aluguel é baixo porque não há ele
- Não. Eu vou viajar.- Viajar? Como assim? Para onde você vai?- Noriah Sul. Vou ficar uns tempos na casa de uma conhecida... Eu, Ben e Salma.- Você não pode fazer isso, Babi.- Eu posso, Sebastian. Você sabe que eu posso.- E... Nós? Acabamos de nos conhecer... Temos ainda tantas coisas para fazer juntos.- Ei, eu só disse que vou viajar. Não disse que vou morrer ou esquecê-lo – Sorri. – Meus amigos precisam de mim.- E Tony e Ben?- Sebastian, me diga uma coisa, sinceramente... Por favor.- O que quer saber?- Você acha que Tony largaria tudo e se assumiria algum dia, por Ben?- Eu não sei, Babi – ele foi sincero. – Imagino o quanto Tony está confuso.- Então não é amor, Sebastian.Ele arqueou a sobrancelha:- Eu fiz tantas porras com Milena... E eu a amava. Ai
- Vou pedir para alguém lhe passar os dados bancários amanhã. Pode passar na North B.?- Não. Eu não vou passar na North B. – Garanti.- O que eu posso fazer para que você me perdoe?- Nada. Tinha que ser assim. Não se preocupe, Heitor.- Eu não posso perder você, porra. Eu faço qualquer coisa... Para que a Perrone não feche as portas. Posso tentar falar com Sebastian.Peguei as mãos dele:- Não.Me aproximei e senti o hálito alcóolico dele:- Você bebeu?- Não.- Não minta para mim.- Sim, bebi. – Desviou o olhar.- Quando vai parar com isso?- Quando estiver com você.- Pra tudo você usa desculpas, não é mesmo? – balancei a cabeça, com raiva. – Vai lembrar que pediu desculpas amanhã?- Tu
Então a porta se abriu, vindo na nossa direção, tapando-nos enquanto Ben e Salma entravam.Levantei imediatamente, ficando de costas para Heitor. Ben fechou a porta e deu de cara conosco, enquanto Heitor terminava de puxar a calça.- Desclassificado? – Ben olhou para ele, que estava com a rosto próximo do meu ombro direito.Salma me olhou e deu meia-volta:- Esqueci uma coisa.- Salma... Volte aqui! – Ben chamou.Ela já havia aberto a porta e saído. Ben ficou estático, com várias sacolas nas mãos, nos olhando confuso, sem saber como agir.- Heitor estava de saída. – falei, tentando encontrar palavras que justificassem a presença dele ali.- Percebi... Saída pela tangente, você quer dizer – ele riu. – Bem-vindo de volta, Thorzinho.Heitor me afastou alguns centímetros e disse, com a cabe&cc
Ben sentou ao meu lado. Deitei a cabeça no ombro dele, que abraçou-me, apoiando a cabeça sobre a minha.- Ele me chamou de covarde.- E eu concordo com ele.- O que eu faço?- Vai atrás dele.- Não... Não consigo. Eu tenho medo... E o que ele fez com a Perrone ainda ecoa na minha cabeça.- Talvez realmente não esteja preparada para dar este passo com ele.- Eu o amo.- Não adianta dizer para mim, nem para si mesma. Precisa contar a ele.- Talvez eu nunca consiga... Como se isso fosse sinal da minha fraqueza.- Vai perdê-lo.- Quando vamos partir?- Estou com tudo organizado para no máximo quatro dias.- Já avisou o síndico?- Sim. Ele disse que o aluguel está pago até o final do mês. Mas parece que já teve alguém interessado pelo nosso apartamento. A possibi
Um dia antes de nossa partida para Noriah Sul, peguei o anel em formato de flor, caríssimo, tanto que ironicamente quase valia minha vida, já que este foi o intuito quando minha mãe o recebeu, e o coloquei na bolsa.Já passava das dezenove horas quando pedi que Daniel me deixasse no cemitério onde o corpo de minha mãe estava enterrado.- Quer que eu espere por você? – ele perguntou, assim que estacionou o carro na entrada principal.- Não. Eu vou andando depois.- Mas está tarde, Babi. Logo vai anoitecer.- Eu vou andando. Sei que é um pouco longe, mas preciso caminhar um pouco e aproveitar meus últimos momentos em Noriah Norte – sorri. – Caso fique cansada ao longo do caminho, ligo para você. – Garanti.- Ok, vou ficar atento ao telefone. Só não demore muito porque logo vou para a Babilônia.- Tudo bem, Daniel. Vá tranquilo. – Sorri e lhe dei um beijo no rosto.- O que mudou entre nós? – ele perguntou.Eu fiquei em silêncio, olhando-o, pensando no que dizer.- Porque estava tudo bem
- Ei, desclassificado, trouxe colherinha? – ela perguntou, com a voz embargada.Olhei-a, completamente bêbada, como da primeira vez que a vi.- Bom saber que ainda precisa de colher para mim.- Não diga isso, desclassificado Mor. Eu sempre vou precisar para você.Não sabia exatamente se aquilo era bom como eu imaginava que fosse. A levantei com dificuldade, pegando-a no colo. Ela passou as mãos sobre meus ombros, enlaçando-as no pescoço. Sua pele estava gelada e imediatamente me arrepiei ao toque dela.- Vai me levar embora? – perguntou.- Para onde quer ir? Para casa?- Me leve com você... Para o paraíso. Eu vou chupar você, Heitor...Caralho, ela estava mais bêbada do que imaginei. Olhei para Anon e ordenei:- Pegue a bolsa dela e vamos. – Antes que ela revelasse mais intimidades para meu segurança.Anon pegou a bolsa dela e fechou o zíper. Eu comecei a andar em direção à saída e ele perguntou:- O que faço com as taças, a garrafa vazia e o anel, senhor?- Como vou saber? Nunca vi a
- Ela tem dessas... Como posso agora tentar convencê-lo de que ela é uma pessoa normal? – ouvi uma leve risada do outro lado.- Bárbara pode ser tudo, menos “normal”.- Ela está bem?- Sim. Dormindo. Depois vou dar um banho nela e preparar alguns analgésicos, pois a dor de cabeça vai ser grande...- Com certeza.- Quando ela vai embora? – me ouvi perguntando.- A ideia é partirmos amanhã.- Você vai junto? Então ela não vai sozinha?- Não... Viagem entre amigos. Cada um com um objetivo diferente... E o dela é tentar esquecer você.- Não entendo porque Bárbara foge desta porra de sentimentos... Confesso que sinto que ela tem sentimentos profundos por mim... Tanto quanto eu por ela.Um breve silêncio novamente antes de ele retomar a palavra:- Sentimentos profundos? – riu. – Não acredito que você parafraseia Bárbara e suas teorias malucas sobre amor. Porque é isso que ela usa para não dizer a palavra “amor”.- E onde Sebastian entra nesta história? – toquei no assunto que eu tanto queri