- Não é um sonho... Bon Jovi vai tocar em Noriah Norte. – comecei a pular no sofá enlouquecidamente.Os dois olharam para a televisão.Anunciava um show do Bon Jovi em Noriah Norte que aconteceria dentro de sete meses. Dizia que as pessoas deveriam se apressar, pois os ingressos poderiam esgotar logo.Os dois me abraçaram, retirando-me do sofá:- Bon Jovi vem e a gente fica sem sofá? Nem pensar. – Salma reclamou, enquanto arrumava o tecido que ficou enrugado.- Ben, me dá seu telefone, agora.Sim, eu decorei o número. Liguei imediatamente e perguntei os preços. Desliguei o aparelho, decepcionada, sentando-me novamente no sofá.- O que houve? Não era verdade? Tivemos uma visão, todos ao mesmo tempo? Bon Jovi morreu de velho? – Ben me provocou.- Não... Não foi sonho coletivo. Mas igual, não vou nem me empolgar.- O que houve, caralho? – Salma perguntou.- O ingresso lá no fundão, de onde só se consegue ver mesmo do telão, porque ele vai estar tão longe que até uma formiga seria maior,
- Você já me ajuda tanto... Sendo Mandy Novaes, minha avó que tanto amo.Ela levantou e me abraçou, mesmo à mesa.- Amo você, Babi.- E não estou falando isso porque você fez macarrão para mim. – Comecei a rir.- Macarrão e pizza... É só isso que você come, menina. Carboidrato em cima de carboidrato. Vai ficar doente.- Vou nada...Ela saiu e voltou com um pacote, me entregando.- O que é?- Abra.- Vó...- Um presente. Não vai rejeitar, não é mesmo? Ficarei extremamente ofendida se fizer isso.Retirei da sacola a caixa, rasguei a embalagem e abri. Era um celular de última geração.Olhei para minha avó, sem saber o que dizer.- Diga só obrigada. – Ela sorriu. – Sei que conseguir um emprego sem ter no mínimo um celular é bem difícil. Além do mais, não quero ter que incomodar Ben ou Salma cada vez que tiver que falar com você.- Obrigada, vó. – falei, levantando da cadeira e abraçando-a.Eu poderia negar, mas viver sem celular era simplesmente a pior coisa do mundo.- Eu sei que Bon Jov
Retirei de dentro do envelope o ingresso para o show do Bon Jovi e gritei desesperadamente. Os dois me abraçaram com força e não consegui resistir às lágrimas.- Vocês são os melhores amigos que alguém pode ter na vida. E agora sei que Deus tirou a minha mãe, mas deixou anjos no lugar dela.- Ah, Babi, de anjo eu não tenho nada. – Salma se soltou de nós.- Eu sou um anjinho... Lindo e maravilhoso. – Ben piscou os olhos repetidas vezes.- Gente... Eu vou no show do Bon Jovi. – gritei e pulei até cansar, com os dois me olhando como se eu não fosse uma pessoa normal.O telefone de Ben tocou e eu fiquei ali, beijando o ingresso repetidas vezes.- Se babar o papel, vai ficar sem ir ao show. – Salma sentou no sofá.- Seguinte, amigas: o Síndico pediu para parar os gritos, ou vamos levar uma multa. – Ben disse
Peguei a mão dela e apertei:- Se precisar de qualquer coisa, avise. Eu estou do seu lado. E quando quiser contar a verdade, vou estar aqui para saber. E... – Alisei a barriga dela, confusa, sentindo tantas emoções dentro de mim que quase não conseguia acreditar. – Eu já amo este bebê. – Senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.Ben a abraçou:- Estamos com você, amiga. E... Se eu não for padrinho, vou ficar muito chateado.Começamos a rir:- Claro que serão padrinhos... E um pouco mamães também. – Ela sorriu. – Sei que posso contar com vocês para me ajudarem com a educação desta criaturinha que está se formando aqui dentro.- Não há colherinha suficiente para me juntar, meninas. – Ben sorriu, apertando Salma com força entre seus braços. – Vou me de
- Sim, aconteceu. Você está bêbada!- Como... Você sabe? – tentei formular a frase corretamente.- Vai tomar um banho gelado e cama. Amanhã tem seleção na North B.- Como assim?- Acabei de saber aqui na Babilônia, pelas minhas colegas. Estão contratando para várias áreas, mas o foco é em Marketing, Publicidade e este ramo. Vão estrear uma nova bebida... E não é cerveja. E é para ser um estouro no mercado.- Eu vou... Tomar o banho... E... Assistir três solteirões e um bebê. Este filme é a nossa cara, Salma.- Vai pro banho, Babi. Precisa estar na North B. amanhã cedo.- Ok. Boa noite. Eu cantei no Karaokê... E eu canto melhor do que o Ben.- Puta que pariu, vai dormir, Babi. Agora.- Eu amo você, Salma.- Eu também te amo, sua louca.- O que houve? – Ben nem conseguiu abrir os olhos.- Salma disse que eu tenho que tomar banho.- Por quê?Tudo girou e eu fiquei confusa, dizendo:- Por causa do cheiro de água sanitária. Acho que causa enjoo nela.- Será que quando ela chegar vai querer
Entrei na recepção do prédio todo em vidro e mármore, com um piso que refletia mais que a imagem do espelho do meu apartamento. Tinha uma pequena fila, no balcão de informações. Fui até lá e percebi que todos estavam ali pela seleção.Quando chegou a minha vez, falei:- Vim pela vaga na área de Marketing.- As vagas, no caso. – A atendente sorriu. – Sétimo andar. – Me deu um crachá. – Lá é a área de Marketing da empresa.Um andar para marketing? “As vagas”? Deus, bem que o Senhor poderia reservar ao menos uma para esta pobre pessoa aqui.Tinha seis elevadores, um ao lado do outro. E sim, todos funcionavam, óbvio.Assim que o elevador chegou no térreo e abriu a porta, lembrei que havia esquecido meus documentos. Claro que não poderia fazer nada sem os documentos.Já tinha iniciado a maré de azar. Fui praticamente correndo até em casa e peguei a carteira com documentos. Ben continuava morto no sofá e Salma já estava no quarto, provavelmente dormindo.Quando desci estava suada, então não
Fiquei parada, sem saber o que dizer ou fazer, enquanto a secretária fechava a porta atrás de mim. Olhei para trás, amedrontada de ficar ali sozinha com ele.Mas lá estava novamente eu e Heitor Casanova, frente a frente.- Sente-se, por favor. – Curvou a boca num meio sorrido, de forma debochada, como de todas as vezes que o encontrei.Demorei um pouco para fazer o que ele pediu. Percebi que ele olhava meu currículo atentamente no computador, sem dizer nada, me deixando ainda mais nervosa.Heitor Casanova em nada me agradava enquanto pessoa e na mesma hora eu já soube que estava fora da vaga. Mas não podia negar o quanto ele era bonito e atraente. Sentia o cheiro de perfume caro de onde eu estava.Ele vestia terno e gravata e os cabelos estavam bem arrumados. Exalava masculinidade pelos poros. E meu coração começou a bater mais forte. Eu o temia e não sabia nem o motivo. As pernas, eu já nem sentia mais. Pareciam gelatina de tão moles. E se não bastasse, meu pé começou a bater no chão
Maserati... Ah, Maserati!Fui andando devagar até o estacionamento do Deus da porra toda, tarado, patife, desclassificado.- Oi... – falei para o segurança que estava próximo dali atento a tudo.- Pois não. Posso ajudá-la?- Pode sim. Tem um tal de... Acho que é Anon o nome dele. Conhece alguém com este nome?- Sim. – Ele me olhou atentamente, ficando ereto quando mencionei o nome do segurança de Casanova.- Ele pediu para avisar que precisa que você suba imediatamente até o 21º andar. Parece que algumas garotas nuas invadiram a sala do senhor Casanova.- Meu Deus! – ele saiu correndo.- Oi, Maserati. Agora somos eu e você. E sei que seu dono pode pouco se importar com qualquer coisa... Menos com você. Deve ser o nenenzinho dele... Assim como seria o meu, caso eu fosse sua dona. Então, me perdoe pelo que vou fazer. Não é nada pessoal, juro.Peguei a chave do apartamento e comecei na porta traseira, riscando com força, tirando a tinta, até chegar no final da porta dianteira. Quando aca