- Vou levá-la em casa. Tudo ficará bem.
- Pode... Me deixar na rua? Em frente ao prédio, por favor. Não sei como sair daqui.
- Não posso deixá-la sozinha, senhora Bongiove.
- Por favor... Anon. Só faça o que eu peço. Não deixe as coisas ficarem ainda pior. Muita gente já se prejudicou. Não quero mais que isso aconteça.
- Senhora...
- Anon, se você não me deixar ali, eu vou sozinha daqui...
- Ok, eu vou deixá-la onde quiser, senhora Bongiove.
- Pode dobrar o carrinho para mim, por favor? Eu nem deveria ter trazido esta coisa. Achei que ficaria mais tempo... Mas não.
Ele dobrou o carrinho habilidosamente e colocou no porta-malas. Entrei com Maria Lua na porta de trás e ele me levou até a saída da garagem, no térreo, onde desembarquei.
- Obrigada por tudo, Anon.
- Eu lament
Como eu queria que fosse uma visão, ou mesmo um pesadelo. Mas não. Assim que me viram, os dois levantaram imediatamente.Breno desta vez usava um tênis de marca, original, uns dois números maior que seu pé, calça jeans surrada e uma camisa xadrez de vermelho com preto, as mangas arrancadas, transformadas em curtas com as próprias mãos.Anya usava um vestido xadrez de vermelho e preto, com uma jaqueta de couro preta por cima e botas de cano alto da mesma cor. Só olhando bem de perto para ter certeza de que o tecido da camisa dele e do vestido dela não eram o mesmo. Os cabelos ruivos estavam presos num rabo de cavalo mal feito no alto da cabeça.Deus, como se analisar as roupas deles fosse o mais importante naquele momento! Não, não era... Mas eu tinha esperanças de que quando olhasse nos olhos deles, se evaporassem da minha frente, como num passe de mágica.Claro que não foi isso que aconteceu, afinal, eu não estava em Nárnia e sim Noriah Norte.- O que vocês querem? – Perguntei, tenta
- Babi? – Ela Atendeu de imediato, com a voz preocupada.- Vó, eu preciso de um favor. - Meu Deus, querida. O que houve? Tudo bem com Maria Lua?- Sim... Quer dizer, por enquanto sim. Eu estou bem. Mas será que poderia transferir um dinheiro para minha conta... Agora?- Está sendo chantageada? Foi sequestrada? Por Deus, não me apavore. - Vó, eu estou segura, dentro do meu apartamento, com Maria Lua. Ben ainda não retornou da Itália. Mas... Eu... Eu vou viajar com ela, vó. Deu tudo errado com Heitor e preciso de dinheiro imediatamente. - Como assim vai embora?- Os pais de Salma apareceram. - Eles querem a menina?- Não, eles querem o bem-estar que ela pode lhes proporcionar. Mas vó, eu nem sei quem é o pai dela agora. - Não sabe? Mas... É Heitor, todos sabemos.- Não... Não é. - Claro que é. Ela escreveu.- Sim, ela escreveu que dormiu com Heitor e planejou a gravidez. Mas não contava que ele tinha vasectomia. Então Maria não é filha do CEO da North B. E... Aposto que nem Salma
Do nada, Daniel foi pego pelo pescoço, sendo jogado no chão. Fiquei imóvel ao ver Heitor por cima dele, soqueando-o como se fosse continuar a fazer aquilo até vê-lo morto.Anon me ajudou a levantar. Eu estava tonta, não conseguia mover-me direito, pois a sala girava descontroladamente.Fechei os olhos, ouvindo os estouros das mãos de Heitor na cara de Daniel, tentando voltar ao normal, inutilmente.Quando consegui voltar a mim, Anon levantava Daniel, com o rosto completamente ensanguentado, enquanto Heitor seguia com seus socos descontroladamente, agora na área dos bíceps.Fui até ele, tentando andar sem cair e me pus na frente. Jamais, em toda a minha vida, vi um olhar com tanto ódio como via naquele momento.- Não me diga... Que vai defendê-lo. – Heitor perguntou, cansado, quase sem voz, a camisa aberta até metade do peito, os cabelos completamen
- Estou tão horrível... Que preciso de um banho? – Sorri, confusa.- Sim... Muito – ele me abraçou – E juro que eu queria muito esfregá-la... E tocar cada parte do seu corpo para tirar todo o stress do seu dia, ou noite. Mas... Talvez eu também esteja muito cansado.- Eu estou confusa... Cansada... E com medo.- Eu estou aqui, Bárbara. E vou ficar, mesmo que me mande embora. Foi a última vez que a deixei partir... Isso não vai mais acontecer.- Eu... Vou tentar tomar um banho rápido. E se Maria Lua acordar... Você precisa tirá-la do berço... E...- Não! – ele se afastou – Eu... Nunca peguei um bebê... Nem uma criança. Não sei fazer isso.- Eu também nunca tinha pego. Mas descobri que não quebram – sorri – Só posso ir para o chuveiro se me disser que vai cuidar dela.<
- Mandy, é um prazer conhecê-la. – Heitor apertou a mão dela educadamente.- Não sei se devo dizer o mesmo, Casanova – ela me olhou dos pés à cabeça – Por Deus, o que houve com você?- Vó, é uma longa história.Ela levantou meu rosto, tocando o pescoço:- O que houve, menina? Isso... Está horrível.- Foi Daniel.Ela sentou no sofá, jogando a bolsa para o lado, deitando a cabeça no encosto.- Vó, está tudo bem? Por favor, me diga que sim. – Sentei, preocupada, ao lado dela.- Me diga que está tudo bem com Maria Lua.- Maria Lua está segura, no quarto.- Deus, você fez tudo isso por esta menina? – os lábios dela tremeram – Ninguém vai tirar esta criança de você, meu amor. Eu juro. O que fez do dinheiro?Ab
- Pai, como você consegue? – Heitor ficou admirado.- Não é difícil. Quer tentar? – Ele olhou para Heitor, que deu dois passos para trás, assustado.- Não.- Eu... Preciso entender tudo que está acontecendo. – Allan disse.- Eu vou contar, Allan. – Mandy falou, sentando no sofá.- Eu também preciso saber – disse Heitor – Mas Bárbara definitivamente precisa de um banho e descansar. Você comeu algo?Neguei com a cabeça, não lembrando a última vez que havia comido. Então lembrei que eu estava com fome.- Quem sabe pedimos algo para comer? – Heitor sugeriu – Porque o jantar do pedido de casamento foi todo fora.- Pedido de casamento? – Mandy me olhou.- Você não sabia? – Allan riu, olhando novamente para Maria Lua, que dormia como um anjo no seu colo.<
Enquanto a avó dela trocou a fralda da bebê, obriguei Bárbara a comer um pouco. Mandei que trouxessem comida de verdade. Depois que ela viu que a menina estava bem, achei que não fosse mais parar de comer.Enquanto a observava, alegre e falante, tentava não lembrar do que havia acontecido horas antes. Sinto que eu envelheci um ano naquela noite. Estava esgotado física e psicologicamente.Quando percebi que finalmente ela estava satisfeita, e sinceramente nunca vi alguém comer tanto em tão pouco tempo, me dirigi para perto do meu pai, que parecia querer conversar com Mandy por mais tempo.Sentei no sofá, que não era nada confortável, e perguntei a ele:- Bebês nunca acordam? E quando acordam só choram?- Não – ele sorriu – Mas vou deixar você ver como funciona isso bem de perto.- Não, eu não quero ver isso.- Acho que agora é tarde. Não a convidou para ir com você? A criança vai junto. Ela não vai deixá-la por nada.- Eu sei.- O que o fez voltar atrás? Sequer pensei que fosse deixá-l
- Já que tem orgulho de mim, poderia, por favor, levar a “vovó” e ir embora?- Quer que eu leve a bebê junto? – Me indagou debochadamente.- Não... Bárbara me mataria.Allan gargalhou e se dirigiu com facilidade entre o cômodo pequeno até à mesa, onde os demais seguiam concentrados nas histórias de Bárbara, de como ela havia sido sufocada, quase chegado à morte.Sinceramente, quando ela disse, sorrindo e olhando para o meu guarda-costas, que o que lhe veio à mente quando pensou em morrer foi de que o ex a estaria esperando na porta da eternidade e pensou em voltar, eu achei que ela estava fazendo graça. Afinal, quem, antes de morrer, pensaria na porra do ex-namorado. Mas dela, Bárbara, então não se podia duvidar de nada. Nada, literalmente... Nem de que ela realmente me daria um tiro se tivesse uma arma. Não que eu tivesse medo dela. Ok, um pouquinho, confesso.A menina era o ponto fraco dela. Mas se depois de tudo que houve, com um enorme hematoma no pescoço, estando prestes a morrer