Eu ri:
- Quer mesmo que eu acredite nisto? Talvez o encontre na próxima semana com ela e será porque já a convenceu a sair da direção da Babilônia, de sair da dança principal e do prédio, mas só está se certificando de que tudo saiu como o esperado? Não me subestime, Heitor. E precisamos sair daqui. É um banheiro feminino. Ah, esqueci: você faz xixi sentado. – Debochei.
- Ninguém vai entrar na porra do banheiro enquanto estivermos aqui e você sabe disto.
- Não acredito que trancou a porta!
- Acha que vim até este restaurante no fim do mundo por que, Bárbara?
Arqueei a sobrancelha, confusa.
- Por você. – Olhou nos meus olhos, novamente se aproximando.
- Está me seguindo, Heitor?
- Um pouco... Só um pouco. Preciso saber se está tudo bem, Bárbara. E que você
Quantas vezes ele ainda pediria perdão pelas besteiras cometidas?- Você precisa amadurecer, Heitor. – Toquei o rosto dele.- Me ajuda... Por favor. Como eu faço isso?- Eu não sei como se faz isso... Eu também estou tentando. Então não podemos fazer juntos.- Seríamos dois imaturos, não é mesmo? – Sorriu, tristemente.- Sim... Eu acho que sim. Mas me diga uma coisa antes de sair, por favor.- Claro... O que você quiser.- Quantas vezes ainda vou encontrá-lo com Cindy quando nos cruzarmos?- Espero que nenhuma. Além de convencê-la a comprar outro apartamento, eu também a chamei para fazer ciúmes para você.- O quê? Você sabe o quanto a odeio e ainda insiste nisso? Heitor, você é a criação da palavra “desclassificado”. – Fiquei furiosa.- Talvez... Vou voltar ao meu mundinho: CEO da North B. de dia e CEO da Babilônia à noite. E um bêbado nos intervalos – riu. – É o que me resta fazer sem você.- Desde que pare de me perseguir, faça o que quiser.- Não sabe o que está dizendo, Bárbara.
Tive que ficar na frente do prostituto para que Heitor e Sebastian parassem. Estavam ofegantes e eu conseguia ver a raiva nos olhos deles como sentissem exatamente o mesmo que eu.- Vamos, peça desculpas. – Heitor ordenou.- Desculpe... Bárbara. – O homem disse, quase sem voz.- Alto... Ela precisa ouvir. – Sebastian falou.- Desculpe, Bárbara. – Ele repetiu, mas acho que a voz não saía mais alto do que aquilo.- Vai devolver o dinheiro dela. – Heitor falou entredentes. – Agora!- Me soltem... E eu devolvo... Não sei o quanto... Mas tenho... Devolvo.- Ele sequer deve lembrar. Quantas mulheres este desclassificado já deve ter roubado?Uma pessoa estava gravando e quando viu que foi observada, começou a andar rapidamente.- Pegue o celular, Anon... Quebre e depois pague pelo estrago. – Heitor ordenou.- Sim, senhor.Anon foi atrás do homem, que saiu correndo com o celular ainda em mãos.- Não precisa isso, Heitor. – falei.- Se eu não fizer exatamente isso, amanhã eu e Sebastian estare
Brigar com Cindy na frente do restaurante até estava nos meus planos. Mas preferi me comportar, já que havia ficado bem claro para ela que eu tinha poder sobre Heitor. Só não via quem não quisesse enxergar. E ela era muito esperta para não entender.Virei as costas para ela e entrei no carro.- O que foi isso? – Comecei a rir, ainda nervosa.- Um homem lutando pela honra da irmã. – Respondeu.- E... Onde Heitor entra nesta briga?- Sinceramente, não quero pensar ainda mais sobre a atitude dele, ou minha cabeça ficará dando ainda mais nós.- Acha que ele pode gostar de mim de verdade?- Mesmo com Cindy à tiracolo? – me olhou de soslaio. – Quer que eu diga a verdade?- Por favor, eu quero.- Que Heitor Casanova é um sem-vergonha todo mundo sabe. Que ele sempre esteve com Cindy no seu encalço, todo mundo sabe. Que ele não se importa com ninguém a não ser ele mesmo, todo mundo sabe. Mas ele fazer um escândalo num restaurante de luxo pela minha irmã... Isso todo mundo viu, mas não sei acre
- Eu até já uso a fila de gestante. – Ela se gabou.- E ninguém contestou sua gestação, não? – Ben perguntou.- Eu ponho a barriga um pouco para frente. – Ela riu. – Me dá uma puta dor na coluna.- Ben, sua comida está maravilhosa. Só não é melhor que a da Salma.- Desclassificada! – ele botou a língua para mim.A campainha tocou. Nos olhamos, surpresos.- Eu não quero dividir a comida. – Salma olhou para as panelas, temendo não sobrar repetição.- É só a gente não oferecer. – Sugeri.- E se for Sebastian? Oferecemos ou não? – Ben ficou em dúvida.- Sim, ele é meu irmão.- Daniel também pode comer um pouquinho. – Salma puxou uma panela, tentando garantir uma parte para ele.- Não acho que seja Mandy, mas ela também tem direito... Pode até sentar na mesa conosco. – Levantei, me prontificando a atender.Abri a porta e dei de cara com Milena. Fiquei imóvel, sem saber o que dizer.- Oi, Bárbara! – ela acenou, timidamente.- Oi... – Não saiu mais nada da minha boca.Ok, eu exigi que Heitor
- O que houve?- Nada sério, mas preciso que venha.- Não me preocupa, porra.- Estou bem, juro. Só preciso de você.- Em quinze minutos chego.- Ok.Estava saindo na porta quando lembrei do casaco, pegando qualquer um que estava na frente e jogando sobre meus ombros.Eu precisava resolver de uma vez por todas a situação entre Sebastian e Milena. Me doía ver os dois sofrendo sendo que se amavam e tinham sido afastados por suas famílias egoístas e mesquinhas.Se não se acertassem, tudo bem. Mas pelo menos se veriam e decidiriam se perdoar ou colocar um fim a tudo aquilo e seguirem suas vidas.Sentei de volta no sofá, já desistindo da minha comida que estava na mesa e certamente tinha esfriado.- Qual sua relação com Cindy? – perguntei. – Para ela ir lhe falar essas mentiras?- Não somos amigas... Também não inimigas.- Mas você sabia que ela tinha um caso com Heitor?- Sim, eu sabia. – Ela abaixou a cabeça.- E aceitava?- Julgamentos? – Ben ironizou.- Não, não estou julgando. Só tent
Despertei imediatamente e virei, percebendo que era Ben:- Para você estar aqui... Algo não deu certo.- Não mesmo. E quando isso acontece, eu preciso de você comigo.- Que horas são?- Duas da madrugada.- O que houve?Eu não via Ben porque as luzes estavam apagadas, mas a claridade que vinha da rua iluminava um pouco o rosto dele. Acariciei sua bochecha macia, com a pele lisa e bem cuidada.- Ele não vai assumir o que sente. – falou, carregado de sentimentos.- Não vai assumir para ele mesmo ou para os outros?- Ele já conseguiu assumir para si mesmo. Mas não vai fazer isso com relação à família.- A megera ameaçou ele?- Sim.- Eu achei que Tony estava preparado para assumir o que vocês sentiam um pelo outro.- Ele me ama e não tenho dúvidas disso. Inclusive hoje ele repetiu várias vezes para mim. Ainda assim... – A voz dele falhou.- Amor é amor. Eu não consigo entender este preconceito. A escolha dele é viver uma vida de mentiras... Para sempre?- Infelizmente sim. E como eu já h
Eu estava saindo de casa para a Perrone no dia seguinte quando Salma apareceu na sala:- Babi... Eu não me sinto bem. – Falou, pálida.- O que está sentindo? – fui até ela, que se apoiou em mim.- Minha cabeça dói muito... Tanto que chego a ficar tonta e ter náusea.- Ben! – gritei por ele, que levou minutos para vir.- O que houve? – ele perguntou preocupado ao ver nossa amiga completamente sem ação.- Precisamos levá-la ao médico. – falei, nervosa.- Chame Daniel. – Ela pediu e percebi o suor escorrendo na sua testa.Salma ainda estava de pijama. Peguei o telefone dela e liguei para Daniel enquanto pegava uma roupa para trocá-la.- Bom dia, Salma. Saudades já? – ouvi a voz dele do outro lado da linha.Ele pareceu feliz com a ligação dela e foi doce. Talvez eu tenha ju
- Nós vamos cuidar de você. – Daniel pegou-a no colo e ela abraçou-se a ele, rindo.Os dois foram na frente. Olhei para Ben e disse:- Estou preocupada.- E eu, Babi? Como acho que estou?- Como ela vai fazer repouso? Não temos sequer elevador no nosso prédio. Olha o que tem de degraus para subir e descer cada vez que precisa sair.- Isso vai ser complicado.- E se alugássemos um apartamento no térreo? – Sugeri.- No nosso prédio não há apartamentos vagos no térreo, Babi. Pelo que sei só há um disponível no terceiro andar, o que não resolveria muito a situação.- E se mudássemos de prédio?- Acha mesmo que vamos conseguir encontrar outro aluguel tão baixo quanto o nosso e num lugar tão bem localizado?- O aluguel é baixo porque não há ele