Fiquei tão espantada que demorei a assimilar a presença dele e dizer:- O que está fazendo aqui?Ele continuou ali, com os braços cruzados atrás da cabeça, confortavelmente, os sapatos no chão, ao lado da cama.- Vocês demoraram, meninas.- Saia agora da minha cama. Como entrou aqui?- Pela porta.- Você... Não tem este direito. Este apartamento é meu. Isso é invasão de domicílio.- Me denuncie – ele deu de ombros – Quer que a leve de carro para fazer um boletim de ocorrência? Posso lhe cobrar um valor mais baixo, juro.- Seu... Canalha. Saia da minha cama ou vou gritar por socorro.Ele levantou vagarosamente, um meio sorriso nos lábios, parecendo pouco se importar com as minhas ameaças:- Quando você vai contar para Heitor a verdade?- Você... Você leu os diários. Eu sabia. Onde estão? Quero de volta, agora. Não pode pegar algo que não lhe pertence. Você não tem este direito. – Fui na direção dele, prestes a agredi-lo, me contendo por conta de Maria Lua, que estava ainda no meu colo.
As lágrimas pareciam me acalmar de alguma forma, mesmo que passageira.Sim, eu pensei em mentir para Heitor. Mas agora, ouvindo da boca de Daniel aquele plano para enganá-lo, foi como um choque de realidade. A mentira já tinha durado tempo demais. Era hora da verdade, independente do que acontecesse depois. Se ele não aceitasse Maria Lua, eu fugiria com ela.- Eu não quero fazê-la chorar, Babi. Quero que seja feliz. No início eu queria você. Hoje já não me importo. Vou ficar ao seu lado, de um jeito ou de outro. E organizar minha vida, graças a esta bebê, que Salma planejou com tanto carinho e interesse e que no fim das contas, vai aliviar a vida de muita gente.- Quanto tempo acha que isso vai durar? Acha mesmo que vai conseguir mentir para Heitor a vida toda?- Você mentiu... Salma mentiu... Todo mundo mentiu para ele. E quando Casanova souber da verdade, eu já
Quando acabei, só ouvia a respiração dele do outro lado da linha, desejando imensamente que ele estivesse ao meu lado, amparando-me, com os braços ao meu redor, dizendo que tudo ia ficar bem.- Você me ouviu, Ben?- Cada palavra, Babi.- E... Não tem nada a dizer?- Tony vai casar.Fiquei um tempo apreensiva. O que dizer para ele? Ben, querido, eu sinto muito. Agora, por favor: VOLTA PARA CASA, PORRA! Eu e nossa filha precisamos de você.- Sinto muito. – Respirei repetidas vezes, tentando ficar calma e dar o amparo que ele também precisava naquele momento.- Eu vim até esta porra de país... Deixei você sozinha com nossa filha e ele vai casar com a vagabunda.- Chegou a falar com ele, não é mesmo?- Sim. Tony é um covarde... Um miserável. Nenhum home
Não tinha o que fazer a não ser enfrentar Heitor Casanova. Não havia como provar a história de Salma sem os diários. Ele acharia com certeza que eu estava envolvida em todo o plano dela..Tomei um banho de gato, enquanto olhava Maria Lua no carrinho. Saudades dos meus banhos demorados, daqueles que eu ficava sem pressa debaixo do chuveiro, enquanto o vapor tomava conta de todo banheiro e era até possível escrever recadinhos para Ben no vidro do box suado.Atualmente não dava tempo de criar vapor pela água quente. O banho era rápido demais. No entanto, justo naquele dia, Maria precisaria ter um pouco mais de paciência, pois eu precisava pelo menos botar a depilação em dia.Enquanto fazia isso, comecei a rir:- Quem disse que você vai ficar nua hoje, Bárbara Novaes? Heitor sequer chegará a olhar o que há por baixo do seu vestido. Talvez voc&e
- Se eu precisar ir embora, você poderia, por favor, me levar?- Claro, senhora Bongiove.- Então... Poderia não ir embora? Porque eu não me importaria em sair e esperar um carro de aplicativo durante a noite. Mas não com ela. E no caso, não tenho a quem recorrer.- Estarei esperando, senhora Bongiove. Não se preocupe. Ficarei aqui até que me libere.- Heitor o dispensou, por acaso?- Sim, disse que depois que a buscasse, poderia ir embora.Eu sorri, confusa:- Quem sou eu para pedir que fique, não é mesmo? Pode ir, Anon. Eu dou um jeito depois.- Vou ficar, senhora Bongiove.Ele estacionou, na vaga ao lado do Maserati. Abriu a porta para mim, ajudando-me a descer com Maria Lua e depois abrindo o carrinho para eu poder colocá-la dentro.- Eu amo quando você me chama de senhora Bongiove. Mas pode me chamar de Babi se quiser. Ou melhor
Abri os olhos, ainda um pouco zonza. Estava tensa e levantei imediatamente, lembrando exatamente de tudo que havia acontecido.Eu estava no quarto de Heitor.- Acalme-se, Bárbara. Não pode levantar assim. – Heitor veio até mim, deitando-me novamente na cama.- Desclassificado, se você tem uma algema à mão, me prenda agora. Ou eu vou fugir. – Implorei, enquanto ele sorria com o canto dos lábios, lindamente.Ele segurou meus ombros e encarou-me:- Não vai fugir, Bárbara. Eu não vou deixar. Você está presa a mim, para sempre.- Preciso levantar. Onde está Maria Lua?- O bebê? Está com Nic. – Ele disse.Retirei as mãos dele dos meus ombros e levantei, colocando as sandálias.- Bárbara, o que você tem?- Medo... – Confessei.- Me desculpe. Não queria assu
Nicolete parou na minha frente e disse, abrindo os braços:- Me dê a criança. Resolva tudo e eu cuido dela.- Ela... Vai chorar. – Aleguei, amedrontada.- Eu prometo que não. Me mostre onde está a mamadeira... Resolva o que precisa e quando acabar, estarei aqui, com ela, eu juro. Ela não precisa ouvir tudo isso... O soninho dela é leve.- Sim... – Eu sorri, tentando me acalmar, enquanto entregava-a no colo de Nicolete, praticamente implorando com meus olhos que ela me devolvesse depois.- Vou devolver... Eu juro. – Ela pareceu ler meus pensamentos.Acompanhei com meus olhos Nicolete desaparecer com a minha filha nos braços, carregando a bolsa de bebê no ombro. Talvez fosse realmente o melhor a fazer naquele momento.Encarei Heitor, que já havia retirado a gravata, com os cabelos completamente bagunçados, de tantas vezes que passou os dedos por
- Você está mentindo! É o pai de Maria Lua. Faça a porra de um DNA se preferir e se certificará de que é sua. Pode negar qualquer coisa na vida, Heitor, menos a paternidade dela. – Gritei, sentindo ódio.- Fiz vasectomia após a gravidez de Milena, sua desclassificada. Eu não posso ser pai. Eu nunca quis filhos. Então você bate à minha porta com uma criança que deve ter tido de qualquer homem que arranjou na rua e tenta me dar o golpe? – ele riu, passando as mãos nervosamente pelos cabelos – Muitas já tentaram isso comigo, Bárbara. Se acha esperta? Não, não é. É só mais uma... Como todas as outras.- Não sou como as outras... Eu sou Bárbara.Tudo começou a girar rápido demais. Apoiei-me numa cadeira, sentindo que meu corpo precisava de amparo mais uma vez. Não podia se