- Bárbara, você precisa dormir.
- Ok.
Me joguei na cama de Ben, olhando para o teto, minha cabeça começando a doer de forma intensa. Eu estava fodida.
Mas mal sabia eu que poderia ficar fodida ao quadrado.
Se eu tinha que dormir? Claro que sim. Se eu queria? Claro que não.
Despertei com o choro de Maria Lua. Olhei no relógio e era seis da manhã. Os primeiros raios de sol começavam a nascer.
Acabei pegando no sono, sem querer. Meu corpo não resistiu ao cansaço.
Preparei o leite no automático. Meu corpo doía e a cabeça estava pesada. Troquei a fralda dela enquanto tomava um analgésico e dei a mamadeira logo em seguida.
O telefone tocou. O número era desconhecido e não tinha prefixo de celular.
- Alô?
- Oi, Babi.
Eu não reconheci a voz:
- Quem est&
- Vocês estão loucas... Só pode. – Sebastian começou a andar nervosamente.- Preciso de uma certidão falsa. Tenho que ter como viajar com a minha filha se algo der errado. E... Se você disser que ela não é minha filha, eu mato você... Eu juro. – Falei entredentes.Ele me olhou, não se atrevendo a dizer nada. Esperou alguns minutos e disse:- Eu... Não sei como fazer isso. Temos uma certidão em que a menina é minha filha... Com Salma. Uma mentira... Agora quer que eu invente outra? Qual seu plano, afinal? Mentir a vida inteira? Tem noção no que você está se metendo?- Se eu for julgada, condenada, presa ou seja lá o que for e Heitor estiver com Maria Lua, ficarei bem. Eu só quero que ela esteja segura. Nada mais me importa. E a segurança dela só existe se Anya e Breno estiverem longe... Muito longe.- Se Heitor não acreditar que a filha é dele com Bárbara, não aceitará a menina. Eu... Tenho certeza disto. – Milena afirmou.- Um escroto, miserável e desprezível, como o pai. – Sebastian
Fiquei tão espantada que demorei a assimilar a presença dele e dizer:- O que está fazendo aqui?Ele continuou ali, com os braços cruzados atrás da cabeça, confortavelmente, os sapatos no chão, ao lado da cama.- Vocês demoraram, meninas.- Saia agora da minha cama. Como entrou aqui?- Pela porta.- Você... Não tem este direito. Este apartamento é meu. Isso é invasão de domicílio.- Me denuncie – ele deu de ombros – Quer que a leve de carro para fazer um boletim de ocorrência? Posso lhe cobrar um valor mais baixo, juro.- Seu... Canalha. Saia da minha cama ou vou gritar por socorro.Ele levantou vagarosamente, um meio sorriso nos lábios, parecendo pouco se importar com as minhas ameaças:- Quando você vai contar para Heitor a verdade?- Você... Você leu os diários. Eu sabia. Onde estão? Quero de volta, agora. Não pode pegar algo que não lhe pertence. Você não tem este direito. – Fui na direção dele, prestes a agredi-lo, me contendo por conta de Maria Lua, que estava ainda no meu colo.
As lágrimas pareciam me acalmar de alguma forma, mesmo que passageira.Sim, eu pensei em mentir para Heitor. Mas agora, ouvindo da boca de Daniel aquele plano para enganá-lo, foi como um choque de realidade. A mentira já tinha durado tempo demais. Era hora da verdade, independente do que acontecesse depois. Se ele não aceitasse Maria Lua, eu fugiria com ela.- Eu não quero fazê-la chorar, Babi. Quero que seja feliz. No início eu queria você. Hoje já não me importo. Vou ficar ao seu lado, de um jeito ou de outro. E organizar minha vida, graças a esta bebê, que Salma planejou com tanto carinho e interesse e que no fim das contas, vai aliviar a vida de muita gente.- Quanto tempo acha que isso vai durar? Acha mesmo que vai conseguir mentir para Heitor a vida toda?- Você mentiu... Salma mentiu... Todo mundo mentiu para ele. E quando Casanova souber da verdade, eu já
Quando acabei, só ouvia a respiração dele do outro lado da linha, desejando imensamente que ele estivesse ao meu lado, amparando-me, com os braços ao meu redor, dizendo que tudo ia ficar bem.- Você me ouviu, Ben?- Cada palavra, Babi.- E... Não tem nada a dizer?- Tony vai casar.Fiquei um tempo apreensiva. O que dizer para ele? Ben, querido, eu sinto muito. Agora, por favor: VOLTA PARA CASA, PORRA! Eu e nossa filha precisamos de você.- Sinto muito. – Respirei repetidas vezes, tentando ficar calma e dar o amparo que ele também precisava naquele momento.- Eu vim até esta porra de país... Deixei você sozinha com nossa filha e ele vai casar com a vagabunda.- Chegou a falar com ele, não é mesmo?- Sim. Tony é um covarde... Um miserável. Nenhum home
Não tinha o que fazer a não ser enfrentar Heitor Casanova. Não havia como provar a história de Salma sem os diários. Ele acharia com certeza que eu estava envolvida em todo o plano dela..Tomei um banho de gato, enquanto olhava Maria Lua no carrinho. Saudades dos meus banhos demorados, daqueles que eu ficava sem pressa debaixo do chuveiro, enquanto o vapor tomava conta de todo banheiro e era até possível escrever recadinhos para Ben no vidro do box suado.Atualmente não dava tempo de criar vapor pela água quente. O banho era rápido demais. No entanto, justo naquele dia, Maria precisaria ter um pouco mais de paciência, pois eu precisava pelo menos botar a depilação em dia.Enquanto fazia isso, comecei a rir:- Quem disse que você vai ficar nua hoje, Bárbara Novaes? Heitor sequer chegará a olhar o que há por baixo do seu vestido. Talvez voc&e
- Se eu precisar ir embora, você poderia, por favor, me levar?- Claro, senhora Bongiove.- Então... Poderia não ir embora? Porque eu não me importaria em sair e esperar um carro de aplicativo durante a noite. Mas não com ela. E no caso, não tenho a quem recorrer.- Estarei esperando, senhora Bongiove. Não se preocupe. Ficarei aqui até que me libere.- Heitor o dispensou, por acaso?- Sim, disse que depois que a buscasse, poderia ir embora.Eu sorri, confusa:- Quem sou eu para pedir que fique, não é mesmo? Pode ir, Anon. Eu dou um jeito depois.- Vou ficar, senhora Bongiove.Ele estacionou, na vaga ao lado do Maserati. Abriu a porta para mim, ajudando-me a descer com Maria Lua e depois abrindo o carrinho para eu poder colocá-la dentro.- Eu amo quando você me chama de senhora Bongiove. Mas pode me chamar de Babi se quiser. Ou melhor
Abri os olhos, ainda um pouco zonza. Estava tensa e levantei imediatamente, lembrando exatamente de tudo que havia acontecido.Eu estava no quarto de Heitor.- Acalme-se, Bárbara. Não pode levantar assim. – Heitor veio até mim, deitando-me novamente na cama.- Desclassificado, se você tem uma algema à mão, me prenda agora. Ou eu vou fugir. – Implorei, enquanto ele sorria com o canto dos lábios, lindamente.Ele segurou meus ombros e encarou-me:- Não vai fugir, Bárbara. Eu não vou deixar. Você está presa a mim, para sempre.- Preciso levantar. Onde está Maria Lua?- O bebê? Está com Nic. – Ele disse.Retirei as mãos dele dos meus ombros e levantei, colocando as sandálias.- Bárbara, o que você tem?- Medo... – Confessei.- Me desculpe. Não queria assu
Nicolete parou na minha frente e disse, abrindo os braços:- Me dê a criança. Resolva tudo e eu cuido dela.- Ela... Vai chorar. – Aleguei, amedrontada.- Eu prometo que não. Me mostre onde está a mamadeira... Resolva o que precisa e quando acabar, estarei aqui, com ela, eu juro. Ela não precisa ouvir tudo isso... O soninho dela é leve.- Sim... – Eu sorri, tentando me acalmar, enquanto entregava-a no colo de Nicolete, praticamente implorando com meus olhos que ela me devolvesse depois.- Vou devolver... Eu juro. – Ela pareceu ler meus pensamentos.Acompanhei com meus olhos Nicolete desaparecer com a minha filha nos braços, carregando a bolsa de bebê no ombro. Talvez fosse realmente o melhor a fazer naquele momento.Encarei Heitor, que já havia retirado a gravata, com os cabelos completamente bagunçados, de tantas vezes que passou os dedos por