Assim que abri a porta do meu apartamento, encontrei Daniel e Salma aos amassos no sofá.Fiquei incerta sobre fingir que não vi nada e seguir ou parar e cumprimentar, fingindo que Daniel não era o otário que eu descobri.Afinal, complicado falar para minha melhor amiga que o homem que ela estava interessado, o que era raríssimo de acontecer com ela, era um imbecil e talvez estivesse usando-a para ficar ao meu lado. Por mais que ela me conhecesse, acharia, no mínimo, que eu estava sendo uma convencida e invejando o boy dela.- Oi... – Falei, tentando fingir que estava tudo bem.- Babi? – Salma levantou do sofá, com a boca borrada de batom.- Oi gente.Daniel sentou e imediatamente olhei para sua calça. Lembrei da situação da outra vez. Mas estava tudo no lugar... Nada apontando na minha direção.- Veio... Mais cedo? – Salma perguntou.<
Embora eu quisesse muito acreditar que aquilo era verdade, não conseguia. Estava feliz, mas ao mesmo tempo não via futuro nesta relação. Ele não era irônico, mas não me dizia o que eu queria ouvir: que deixaria todas por mim.- Heitor, eu já passei por um relacionamento conturbado no passado. Sofri e fui traída. Jamais entraria neste barco furado de novo.- Jogamos o barco furado fora. Eu posso comprar um novo, Bárbara... Só para nós dois. - E jogamos quem está sobrando ao mar?- Se você desejar, sim.Não, aquilo era demais para uma mulher que nunca foi amada de verdade... E que talvez nunca tenha conhecido o amor de uma forma que não fosse a dolorida. Meu relacionamento com Jardel me trouxe tantas marcas... E um coração partido. E agora eu tentava juntar os pedacinhos com o CEO que tinha d
Salma sentou na cama:- Me desculpe por ter falado sobre você e Heitor para Daniel.- Tudo bem. Eu só... Não quero que ninguém saiba, além de vocês dois.- Eu vou respeitar seu desejo, assim como você respeitou o meu de não vê-lo na nossa casa aquela noite. – ela tocou meu rosto, carinhosamente.- Onde está Daniel? – Ben perguntou.- Eu o dispensei.- Dispensou? – perguntei.- Mandei ele embora. Porque eu sabia que tinha acontecido alguma coisa com Ben. Ele nunca chega em casa deste jeito... Quieto.Ben sorriu:- Isso é que é estranho, meus amores. Eu era para estar gritando agora. E simplesmente não consigo. Estou completamente travado. Meu coração está estranho, meu corpo não me obedece. Eu posso ter vindo sorrindo desde o Motel até aqui, entendem?- Sim. – nós
- Agora eu entendo seu medo de fazer sexo por fazer. Mas pense, se você não se apaixonar, não fará sexo? Se não fosse nossa insistência e o pagamento do garoto de programa, você sequer saberia o que é sexo oral. – Salma disse.- A questão é: eu não sei se sou o tipo de pessoa que faria sexo por fazer. Talvez o que houve no passado com Jardel tenha me trazido consequências e medo... Mas hoje eu sei que é possível ter um tipo de prazer inimaginável durante o ato e a finalização do sexo. Com Heitor eu senti algo que jamais imaginei e...- Ei, você transou com Heitor? – Salma me olhou, aturdida.Olhei para ela, sem dizer nada.- Meu Deus... – ela levantou. – Por que você não me contou? Qual o problema em eu saber? – olhou para Ben. – Você sabia?Ele assentiu, com a cabeça.
Cheguei da Perrone e abri a porta do prédio, dando de cara com uma motocicleta velha num canto. Nem sabia se era permitido colocar aquilo ali dentro. Nem bicicletas era deixadas ali, próximo da porta, atrapalhando a passagem pela escadaria. Seria uma boa ideia colocar dentro do elevador. Pelo menos ele serviria para alguma coisa, já que agora estava estragado de vez.Subi dois degraus de escada e voltei, olhando a motocicleta novamente. Apesar de maltratada pelo tempo, ela permanecia bonita. Lembro de ter visto aquele modelo em revistas há muitos anos atrás, quando eu mal havia entrado na adolescência. Eu tinha uma certa paixão por motos, mesmo tendo andado poucas vezes em uma.Jardel comprou uma motocicleta uma vez. Andei na carona um tempo e ele me deixou dirigir alguns minutos. Lembro que foi uma das melhores sensações de liberdade que já tive. Pouco tempo depois ele trocou a motocicleta por coca&i
- Olhe a minha cabecinha linda. Sabe quanto custou para eu ter este rostinho e estes cabelos? Acha mesmo que vou deixar você esfolar minha pele de seda no asfalto?- Deixa de ser molenga, Ben. E reclamão. Vamos lá.- Bárbara Novaes, eu estou com medo, linda. E temo pela minha vida.Enquanto eu tentava convencer Ben a andar comigo, um Maserati prata estacionou ao nosso lado. O vidro se abriu e Heitor, retirando os óculos de sol, daquela forma tipo filme, disse:- Quer dar uma volta de Maserati, desclassificada?Sim, eu quero. Oi, estou morrendo de saudades. Onde esteve a minha vida inteira, Heitor Casanova? Eu, no Maserati? Podemos fazer sexo no banco de trás? Oi, gostosão... Já disse que estou apaixonada por você?Incrivelmente nada saiu... E o ar começou a faltar nos meus pulmões.- Embora ela não tenha dito, eu posso apostar que ela quer sim, Tho
Dei a partida e o senti segurar-se com firmeza, parecendo amedrontado.- Jura que nunca subiu numa moto? – perguntei.- Juro... Detesto tudo que só tenha duas rodas.- Curta o passeio e não tenha medo, Heitor. Vou trazer você vivo, juro!Heitor me apertou ainda mais e senti seu queixo no meu ombro. Não sei se ele estava aproveitando o passeio ou só se preocupava em se esfregar em mim, deliberadamente.As mãos de repente foram para dentro da minha jaqueta e ele tocou meus seios, fazendo eu estremecer.Senti o rosto dele se contrair e arrumei o retrovisor, percebendo o sorriso sacana enquanto me encarava no espelho:- Gosta disso, Bárbara? – perguntou no meu ouvido enquanto alisava-me.- Sim... – Confessei, sem me dar conta.O sorriso foi ainda mais lindo agora e nossos olhos se encontravam no espelho.- Senti saudade... Muita saudade. – Ele mordeu o lóbulo da minha orelha.- Heitor, você está me distraindo... – falei enquanto saía das ruas secundárias- Jura? Por que mesmo estando indo
- Para quantas mulheres você diz isso, Heitor?- Eu nunca disse para nenhuma, Bárbara. Você é diferente de todas as mulheres que já passaram pela minha vida.- Eu não sou diferente de nenhuma mulher, Heitor.- Você é linda, fala o que pensa. Você é “vida”, Bárbara Novaes... Vida que me chama, que me desprende de todos os conceitos e preconceitos... Vida que me cega... Vida que me mata.- Você... Falou isso mesmo? – estreitei meus olhos, tentando entender o significado daquilo.- Que porra... Eu... Nem sei o que eu falei. – Passou a mão pelos cabelos, um pouco nervoso.Me aproximei e o abracei:- Obrigada, Heitor.- Pelo que? – Me perguntou.- Por me trazer de volta... Dos mortos. – Apertei-o com força entre meus braços.- Volto a dizer, estamos fodidos, Bárbara.A boca dele foi até meu pescoço e recebi outro chupão.- Não entendo porque faz isso comigo... – toquei a pele onde ele marcou.- Porque eu não resisto ao seu corpo... Não resisto a você... – os lábios encontraram os meus nova