Passeei com Mandy pelo centro da capital de Noriah Norte com Maria Lua. Levamos o carrinho, mas minha avó quase não a deixou nele, só querendo dar colo para nosso pequeno raio de sol com nome de lua.Tirando as consultas de rotina no pediatra, foi a primeira vez que saí com Maria Lua de casa. Eu e Ben preferíamos deixá-la em casa, temendo qualquer coisa que pudesse acontecer com ela como também os questionamentos que pudessem vir.Contei a Mandy sobre o dia que revelaríamos a verdade a Heitor e sobre Allan estar no hospital. E também que Heitor não havia acreditado que pudesse ser pai.Quando estávamos entrando novamente em casa, final de tarde, Mandy perguntou:- Você vai conversar com Allan sobre sua mãe?- Eu... Não tenho certeza. Mas acredito que sim. Ele é o único que pode me contar a verdade sobre o que aconteceu. Eu... Gosto dele. M
- Contar a um homem que nunca quis ser pai que ele tem uma filha com uma mulher que nem conhece... Eu estou fodida, vó.- E esqueça o que eu disse. Mentir nunca é a solução, querida. Talvez eu tenha ficado fora de mim um tempo.- Heitor disse que minha loucura é contagiosa – comecei a rir – Eu não vou mentir para ele, não se preocupe.Ela me deu um beijo na testa:- Preciso ir. Qualquer coisa, me ligue. Volto na terça para ver como está nossa pequena. E se Heitor acreditou que era pai – ela pôs a mão na testa. – Deus, isso vai ser complicado!- Eu sei. Talvez uma das coisas que me deixaram mais ansiosa até hoje.- Não vá sem Ben.- Eu sei. Não vou.Ela saiu e eu fui para o quarto e coloquei uma roupa confortável. Apesar de não ter dormido na noite passada, estava elétrica e
- Como vocês já ficaram a par do que realmente aconteceu... – olhei no relógio – Podem se retirar da minha casa, por favor.Os dois me olharam, surpresos enquanto eu me dirigia à porta.- Mas... Viemos de longe. Onde vamos ficar? Não podemos voltar a esta hora. – Breno reclamou.- Isso não é da minha conta. A casa era de Salma, agora não é mais. Como vocês mesmo disseram, ela “bateu as botas”... “Descansou a periquita”. – Repeti as frases ridículas deles.- Que porra, achei que ficaríamos ricos. – Breno falou num tom de voz alterado, batendo o pé no chão.- Com o dinheiro que Salma poderia ter economizado? – eu ri, sarcasticamente – Ela era uma simples dançarina de boate. Ninguém enriquece desta forma.- Mas já li sobre garotas de programa que ficaram ricas, com clientes importantes, como juízes, CEO’s, políticos. – Anya disse.- A questão aqui é que Salma não era garota de programa. E nem tem como vocês saberem, porque não participavam da vida dela – abri a porta – Amanhã eu vou leva
- O que aconteceu?- A mãe de Salma e o padrasto vieram aqui no início da noite.- Eu estou no café da manhã, Babi. Então... Já é madrugada aí.- Sim, e estou com Maria Lua deitada no tapete, rodeada de brinquedos que ela não consegue pegar. Mas isso não importa, porra. Nem o tempo, nem nada.- O que a desclassificada queria? - Eles queriam Maria Lua.- O quê? - Ben, ela sabia sobre a nossa filha e também sobre o dinheiro.- Como?- Como? Por isso estou ligando para você.- Não acha que fui eu que contei, não é mesmo? Eu nem os conheço pessoalmente.- Não perdeu nada, amigo. E não, claro que não acho que foi você. Mas então... Quem foi?- Alguém do hospital? Todos souberam o que aconteceu com Salma.- Sim... E ninguém sabia sobre o dinheiro. Só pode ter sido... - Não vai culpar Daniel de novo, não é mesmo?- Não tem outra pessoa que sabia a verdade a não ser nós três. - Como podemos ter certeza? Salma se relacionava com tantas pessoas.- Não depois de morrer. São informações que n
- Ah, meu amor, você acha que se eu estivesse em Noriah North neste momento, o lugar onde me encontrar não seria a sua cama?- Como assim?- Não estou em Noriah Norte. Infelizmente. Você chamando por mim e eu não conseguindo ir? É um sonho? Ou pesadelo? Devo mandar o jato dar meia volta imediatamente? Aconteceu algo?Respirei fundo, sentindo toda a tristeza tomando conta de mim:- É bem importante.- Fale, meu amor.- Não dá para falar isso por telefone. Quando você volta? Me diga que logo, por favor.- Estarei esperando por você no jantar segunda-feira.- Meu Deus, sinto que falta um mês para segunda-feira. Cada dia parece durar 72 horas.- Eu também me sinto assim quando estou longe de você. Por isso mesmo precisamos acabar de vez com esta distânci
- Bárbara, você precisa dormir. - Ok. Me joguei na cama de Ben, olhando para o teto, minha cabeça começando a doer de forma intensa. Eu estava fodida.Mas mal sabia eu que poderia ficar fodida ao quadrado.Se eu tinha que dormir? Claro que sim. Se eu queria? Claro que não.Despertei com o choro de Maria Lua. Olhei no relógio e era seis da manhã. Os primeiros raios de sol começavam a nascer.Acabei pegando no sono, sem querer. Meu corpo não resistiu ao cansaço.Preparei o leite no automático. Meu corpo doía e a cabeça estava pesada. Troquei a fralda dela enquanto tomava um analgésico e dei a mamadeira logo em seguida.O telefone tocou. O número era desconhecido e não tinha prefixo de celular.- Alô?- Oi, Babi.Eu não reconheci a voz:- Quem est&
- Vocês estão loucas... Só pode. – Sebastian começou a andar nervosamente.- Preciso de uma certidão falsa. Tenho que ter como viajar com a minha filha se algo der errado. E... Se você disser que ela não é minha filha, eu mato você... Eu juro. – Falei entredentes.Ele me olhou, não se atrevendo a dizer nada. Esperou alguns minutos e disse:- Eu... Não sei como fazer isso. Temos uma certidão em que a menina é minha filha... Com Salma. Uma mentira... Agora quer que eu invente outra? Qual seu plano, afinal? Mentir a vida inteira? Tem noção no que você está se metendo?- Se eu for julgada, condenada, presa ou seja lá o que for e Heitor estiver com Maria Lua, ficarei bem. Eu só quero que ela esteja segura. Nada mais me importa. E a segurança dela só existe se Anya e Breno estiverem longe... Muito longe.- Se Heitor não acreditar que a filha é dele com Bárbara, não aceitará a menina. Eu... Tenho certeza disto. – Milena afirmou.- Um escroto, miserável e desprezível, como o pai. – Sebastian
Fiquei tão espantada que demorei a assimilar a presença dele e dizer:- O que está fazendo aqui?Ele continuou ali, com os braços cruzados atrás da cabeça, confortavelmente, os sapatos no chão, ao lado da cama.- Vocês demoraram, meninas.- Saia agora da minha cama. Como entrou aqui?- Pela porta.- Você... Não tem este direito. Este apartamento é meu. Isso é invasão de domicílio.- Me denuncie – ele deu de ombros – Quer que a leve de carro para fazer um boletim de ocorrência? Posso lhe cobrar um valor mais baixo, juro.- Seu... Canalha. Saia da minha cama ou vou gritar por socorro.Ele levantou vagarosamente, um meio sorriso nos lábios, parecendo pouco se importar com as minhas ameaças:- Quando você vai contar para Heitor a verdade?- Você... Você leu os diários. Eu sabia. Onde estão? Quero de volta, agora. Não pode pegar algo que não lhe pertence. Você não tem este direito. – Fui na direção dele, prestes a agredi-lo, me contendo por conta de Maria Lua, que estava ainda no meu colo.