- Sejam bem-vindos. Somos os cuidadores da casa. O senhor Sebastian nos avisou da chegada de vocês. Que bom que não se atrasaram. Esperamos que goste muito daqui, senhora Perrone.
- Casanova! – Heitor corrigiu.
- Perrone Casanova – confirmei – Obrigada por nos receberem.
- Como bem sabe, a casa é da senhora – falou o homem, curvando-se educadamente – Deixe-me levar as bagagens de vocês, por favor.
Anon a abriu o porta-malas do carro e foi retirando a bagagem enquanto o homem foi pegando as malas. A governanta nos conduziu para dentro da casa:
- Vamos entrar, pois está muito frio na rua. A previsão é de neve ainda hoje. – Ela avisou.
- Jura? – fiquei empolgada – Seria muita sorte.
- Certamente pegarão dias de frio e neve. Está bem na época. – Ela sorriu.
Adentramos no imóvel. O interior não tinh
Despertei na manhã seguinte completamente nua, de conchinha com meu marido, sob uma coberta grossa, apesar da calefação, que deixava o ambiente com temperatura agradável.Alisei o braço dele, que envolvia meu corpo, com a ponta dos dedos, percebendo a pele arrepiar-se levemente, mesmo com ele adormecido. Sorri, resvalando cuidadosamente para o lado da cama, sem fazer barulho.Enrolei-me no lençol e fui até a janela, abrindo o vidro para em seguida empurrar a veneziana pesada, em madeira. Meu coração bateu forte ao ver o chão começando a ficar branquinho e a neve caindo timidamente.Corri até Heitor, balançando-o, ansiosa.- O que houve? – Ele abriu um pouco os olhos, cobrindo-se até a cabeça.Puxei a coberta, encontrando um homem nu e perfeito na cama, magro, com poucos pelos no corpo e um abdômen perfeito.- Porra, que frio!
- Gosto... – confessei, me jogando de bruços na cama, sem forças para levantar – Acho que morri e estou chegando no céu... Bom dia, Deus, sou eu... – Fechei meus olhos, a cabeça sobre o colchão que nem tinha mais lençóis.- Depois disso você não chegou no céu, não, desclassificada – ele riu – Bem-vinda ao inferno – parou na minha frente, estendendo a mão na minha direção – Prazer, diabo, a seu dispor.- Poderia fazer tudo de novo, senhor? – Levantei a cabeça, ainda incapaz de fazer o mesmo com o corpo.Ele sorriu de forma safada, com o canto dos lábios. Ouvimos uma batida forte na porta.- Não lembro de ter pedido serviço de quarto. – Ele arqueou a sobrancelha.- Não pediu mesmo... Não estamos num hotel, desclassificado. – Levantei rapidamente, puxando
- Como assim sumiu? Não tem como ela sumir. Se você a deixou na sala, ela deve estar em algum lugar... Ela gosta de brincar de esconder.Levantei e desci correndo as escadas íngremes de madeira. A sala estava vazia.Fui até a porta de vidro que dava para a rua e estava fechada, mas não trancada.- Não tem como alguém ter entrado aqui... E levado ela. – Falei, incerta.- Ela não está na cozinha – falou a governanta – Nem nos cômodos no caminho para lá.Heitor desceu correndo, enfiando um casaco nos braços:- Precisamos procurar em todos os lugares.- Como soube? – Olhei para ele.- Ben... Ouviu tudo no telefone. E me contou.Começamos a procurar pela casa. O homem responsável pelo local também ajudou, mas na parte externa. Depois de um tempo, eu já sabia que minha filha não estava na
O abracei, com força. Acabei esquecendo o quanto ele era ligado a Maria Lua e que deveria estar sofrendo tanto quanto eu, mesmo tentando parecer forte.- Se bem conheço nossa pequena, aposto que esta hora está chamando todos de “bobos”...- Ela tem uma personalidade forte... Tomara que haja como se eles fossem gatos. – Ele me apertou ainda mais.- Vai à Polícia? – Perguntei.- Sebastian tem um amigo na Polícia. Pediu que eu não fizesse nada até ele chegar.- Não sabemos sequer onde procurar... Por onde começar... – Falei, confusa.A governanta veio com o telefone sem fio na mão, me entregando:- É para senhora. Acredito que seja sobre a sua filha.Senti meu coração quase saltar pela boca, incerta de quem estava do outro lado da linha.- Alô!- Buongiorno, fiore del gior
- Eu concordo – Allan falou – Temos muitos homens armados e treinados aqui. Se não fizermos algo agora, nunca mais será feito.Todos olharam para Heitor. Ele me encarou. Senti que algo o incomodava, embora eu concordasse com Allan e meu irmão.- Fale, Heitor... – fui até ele, pegando sua mão, sem tirar meus olhos dos seus. – O que você acha disso tudo?- Eu tenho medo por Maria Lua. E se Daniel também estiver armado? E se não estiver sozinho? E se uma bala perdida acerta nossa menina? – Percebi certo pânico na voz dele.Eu não tinha pensado naquilo. E ele tinha razão. Claro que a vontade era acabar com Daniel e todos que estivessem com ele. Mas minha filha era uma das pessoas que estavam sob seu domínio.- Podemos tentar conversar – Ben sugeriu – Odeio violência, gente! Não que eu ache que tenhamos que ceder &agra
- Depois de Malu e Anon, não é mesmo? – ironizei – Fiquei chateada quando confessou que sou a terceira na sua lista de amor verdadeiro.Anon olhou para Ben, arqueando a sobrancelha:- Você me ama, Ben?Ah, porra, eu não acredito que Ben não havia dito a Anon ainda!- Amor? Eu disse amor? Não, eu quis dizer “sentimentos profundos”. – Tentei disfarçar.- Ben, abra o console no painel, na sua frente, por favor. – Heitor pediu.- Agora? Sim... – Ben concordou, abrindo – O que precisa, Thorzinho? Não tem nada aqui.- Achei que pudesse ter uma colherinha. Creio que nosso amigo Anon está precisando. – Heitor começou a rir debochadamente.- Colherinha? Por que eu precisaria de colher, senhor? – Anon perguntou, confuso.- Sabe o que eu mais gosto neste bando de doidos? – Ben tocou o braço d
- Mama? – Maria me estendeu os braços.Senti meu coração partir em mil pedaços e fui na direção dela, sendo puxado para dentro da casa. A porta fechou e Daniel passou a chave.- O que você faz aqui? – Ele perguntou.Maria Lua seguiu com os braços na minha direção e Daniel me impediu de chegar perto dela. Foi o suficiente para ela começar a chorar veementemente.Celine veio na minha direção e me entregou a menina:- Detesto este choro dela. É uma mimada e manhosa.Fechei meus olhos, sentindo o cheiro dos cabelos dela entrando pelas minhas narinas. Ela estava com a pele quentinha, o sangue circulando no corpo, as bochechas rosadas.Deitou a cabeça no meu ombro e parou de chorar imediatamente.- Mamãe está aqui, meu amor.- Papai? – Ela olhou nos meus olhos.- Papai também! – afirmei, vendo um sorriso no rosto dela, daqueles que fazia eu perder o juízo e doar um rim sem pensar duas vezes.Limpei as lágrimas que ainda estavam no rostinho dela e perguntei:- Está com fome?Ela fez sinal af
- Não... Não planejamos juntos. Você planejou, Celine. Por mim, ficávamos juntos e você sabe disso. Eu só queria você.- Caralho... Vocês têm um caso? – Heitor perguntou.- Não é um mero caso... Faz anos que estamos juntos... Muitos anos. – Ele respondeu.- Você foi a mentora disso tudo, sograsta? – Perguntei, aturdida.- Me dê a menina, Celine. – Heitor pediu novamente.- Que porra, entregue a menina! – Daniel gritou. – Não aguento o choro dela.Celine entregou Malu a Heitor. Senti meu coração se aquietar por hora.Ouvimos um estouro na porta dos fundos e da frente, ao mesmo tempo. Daniel não teve tempo de empunhar a arma. Ficou tão nervoso que ela caiu no chão. Antes que ele conseguisse pegar, Anon 1 a resgatou.- Celine? – Allan olhou para a ex mulher dentro da casa.- O que você faz aqui? – Ela perguntou, surpresa.As armas de todos estavam apontadas na direção de Celine e Daniel. Corri até Heitor e Maria Lua e os abracei, temendo que algo ainda pudesse acontecer ali. Não queria q