- Como assim sumiu? Não tem como ela sumir. Se você a deixou na sala, ela deve estar em algum lugar... Ela gosta de brincar de esconder.
Levantei e desci correndo as escadas íngremes de madeira. A sala estava vazia.
Fui até a porta de vidro que dava para a rua e estava fechada, mas não trancada.
- Não tem como alguém ter entrado aqui... E levado ela. – Falei, incerta.
- Ela não está na cozinha – falou a governanta – Nem nos cômodos no caminho para lá.
Heitor desceu correndo, enfiando um casaco nos braços:
- Precisamos procurar em todos os lugares.
- Como soube? – Olhei para ele.
- Ben... Ouviu tudo no telefone. E me contou.
Começamos a procurar pela casa. O homem responsável pelo local também ajudou, mas na parte externa. Depois de um tempo, eu já sabia que minha filha não estava na
O abracei, com força. Acabei esquecendo o quanto ele era ligado a Maria Lua e que deveria estar sofrendo tanto quanto eu, mesmo tentando parecer forte.- Se bem conheço nossa pequena, aposto que esta hora está chamando todos de “bobos”...- Ela tem uma personalidade forte... Tomara que haja como se eles fossem gatos. – Ele me apertou ainda mais.- Vai à Polícia? – Perguntei.- Sebastian tem um amigo na Polícia. Pediu que eu não fizesse nada até ele chegar.- Não sabemos sequer onde procurar... Por onde começar... – Falei, confusa.A governanta veio com o telefone sem fio na mão, me entregando:- É para senhora. Acredito que seja sobre a sua filha.Senti meu coração quase saltar pela boca, incerta de quem estava do outro lado da linha.- Alô!- Buongiorno, fiore del gior
- Eu concordo – Allan falou – Temos muitos homens armados e treinados aqui. Se não fizermos algo agora, nunca mais será feito.Todos olharam para Heitor. Ele me encarou. Senti que algo o incomodava, embora eu concordasse com Allan e meu irmão.- Fale, Heitor... – fui até ele, pegando sua mão, sem tirar meus olhos dos seus. – O que você acha disso tudo?- Eu tenho medo por Maria Lua. E se Daniel também estiver armado? E se não estiver sozinho? E se uma bala perdida acerta nossa menina? – Percebi certo pânico na voz dele.Eu não tinha pensado naquilo. E ele tinha razão. Claro que a vontade era acabar com Daniel e todos que estivessem com ele. Mas minha filha era uma das pessoas que estavam sob seu domínio.- Podemos tentar conversar – Ben sugeriu – Odeio violência, gente! Não que eu ache que tenhamos que ceder &agra
- Depois de Malu e Anon, não é mesmo? – ironizei – Fiquei chateada quando confessou que sou a terceira na sua lista de amor verdadeiro.Anon olhou para Ben, arqueando a sobrancelha:- Você me ama, Ben?Ah, porra, eu não acredito que Ben não havia dito a Anon ainda!- Amor? Eu disse amor? Não, eu quis dizer “sentimentos profundos”. – Tentei disfarçar.- Ben, abra o console no painel, na sua frente, por favor. – Heitor pediu.- Agora? Sim... – Ben concordou, abrindo – O que precisa, Thorzinho? Não tem nada aqui.- Achei que pudesse ter uma colherinha. Creio que nosso amigo Anon está precisando. – Heitor começou a rir debochadamente.- Colherinha? Por que eu precisaria de colher, senhor? – Anon perguntou, confuso.- Sabe o que eu mais gosto neste bando de doidos? – Ben tocou o braço d
- Mama? – Maria me estendeu os braços.Senti meu coração partir em mil pedaços e fui na direção dela, sendo puxado para dentro da casa. A porta fechou e Daniel passou a chave.- O que você faz aqui? – Ele perguntou.Maria Lua seguiu com os braços na minha direção e Daniel me impediu de chegar perto dela. Foi o suficiente para ela começar a chorar veementemente.Celine veio na minha direção e me entregou a menina:- Detesto este choro dela. É uma mimada e manhosa.Fechei meus olhos, sentindo o cheiro dos cabelos dela entrando pelas minhas narinas. Ela estava com a pele quentinha, o sangue circulando no corpo, as bochechas rosadas.Deitou a cabeça no meu ombro e parou de chorar imediatamente.- Mamãe está aqui, meu amor.- Papai? – Ela olhou nos meus olhos.- Papai também! – afirmei, vendo um sorriso no rosto dela, daqueles que fazia eu perder o juízo e doar um rim sem pensar duas vezes.Limpei as lágrimas que ainda estavam no rostinho dela e perguntei:- Está com fome?Ela fez sinal af
- Não... Não planejamos juntos. Você planejou, Celine. Por mim, ficávamos juntos e você sabe disso. Eu só queria você.- Caralho... Vocês têm um caso? – Heitor perguntou.- Não é um mero caso... Faz anos que estamos juntos... Muitos anos. – Ele respondeu.- Você foi a mentora disso tudo, sograsta? – Perguntei, aturdida.- Me dê a menina, Celine. – Heitor pediu novamente.- Que porra, entregue a menina! – Daniel gritou. – Não aguento o choro dela.Celine entregou Malu a Heitor. Senti meu coração se aquietar por hora.Ouvimos um estouro na porta dos fundos e da frente, ao mesmo tempo. Daniel não teve tempo de empunhar a arma. Ficou tão nervoso que ela caiu no chão. Antes que ele conseguisse pegar, Anon 1 a resgatou.- Celine? – Allan olhou para a ex mulher dentro da casa.- O que você faz aqui? – Ela perguntou, surpresa.As armas de todos estavam apontadas na direção de Celine e Daniel. Corri até Heitor e Maria Lua e os abracei, temendo que algo ainda pudesse acontecer ali. Não queria q
Arrumei meu vestido uma última vez antes de entrar na igreja. Maria Lua não parava quieta e temi que a dama de honra não chegasse até o altar, podendo fugir ou sair correndo com as alianças para qualquer lugar, nem que fosse atrás de Be, o gato que estava de gravata, perdido pelo grande salão, repleto de pessoas que eu mal conhecia.Mandy ajeitou meu vestido atrás e disse:- Eu acho que você escolheu um vestido muito justo, querida. Tomara que não rasgue enquanto estiver andando ao som da marcha nupcial.- Vire esta boca para lá, vó... Seria uma vergonha.- Mandy, querida, se isso acontecer eu corto o pescoço da sua neta. – Ben falou, abanando-se com a mão – Estou tão nervoso! Acho que vou ter um ataque, juro!- Olha para mim, Ben – peguei o rosto dele com as duas mãos e encarei seus olhos brilhantes, como duas pedras preciosas na pele limpa e completamente perfeita e bem cuidada – Você merece cada segundo disso... Aproveite o seu dia, amor da minha vida.Ele deu um beijo nos meus láb
- Tarado.- Louca.Ouvimos um estrondo do outro lado da igreja e todos viraram para a parte lateral, onde uma imagem de santo estava no chão, Nicolete com as faces ruborizadas e Maria Lua com seu gato Be finalmente no colo:- Fujão! – A palavra dela ecoou pelo ambiente.- Por Deus! – sai correndo em direção à elas, as pernas abrindo demais para o tecido justo, fazendo a fenda rasgar uns 10 centímetros, fazendo os olhares de crítica para Malu voltarem-se para mim.Parei, a mão tentando tapar a fenda, voltando-me demais para frente enquanto o zíper se abria atrás. Suspirei, devagar, para não ficar sem vestido.Senti o blazer de Heitor sobre mim, cobrindo-me:- Sigam a cerimônia, por favor. Vou tirar minhas mulheres daqui para que o casamento possa ocorrer normalmente. – Ele disse em voz alta, um sorriso sem graça.Fechei o blazer, vendo Nicolete retirar Maria Lua pela porta lateral. Acenei para Allan, que retribuiu o gesto, sorrindo e balançando a cabeça, junto de Anon 2.- Eu cuido del
Assim que descemos os degraus da escada lateral, a cerimônia ainda rolando, fomos para a área externa.Qual não foi minha surpresa ao deparar-me com Anya e Breno conversando com Nic, enquanto Maria Lua estava no colo dela, com Be no colo.Corri até eles, quase caindo com os saltos finos afundando na grama fofa.Parei no meio deles e Nic, impedindo-os de verem minha filha:- O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntei, sentindo a raiva ficar incontida dentro de mim.- Nós... Só viemos ver a menina. – Anya disse.- Vocês não podem vê-la. Ela é nossa filha. – Heitor falou firmemente – Se voltarem a se aproximar, vou pedir uma medida protetiva contra vocês.- Realmente só queríamos ver a menina. Afinal, não queremos ter o mesmo fim que Daniel. – Breno disse.- Não entendi... – Me fiz de desentendida.- Acha mesmo que acreditamos que Daniel sumiu ou foi embora? Ele simplesmente desapareceu do país.- Não sabemos sobre ele – falei – E nem quero saber.- Bem, ao contrário de minha esposa, eu