Voltei para casa antes que a chuva pudesse me alcançar. Fui fazer a combinação de roupas para que eu pudesse ir trabalhar no dia seguinte. Lembrei das roupas do final de semana e do notebook que encontravam-se na mala. Comecei a desfazê-la. Precisava preparar conteúdos para o serviço e assim me opus por um breve momento no escritório. Deixe a cama amontoada de roupas, e desisti de fazer as combinações. Eu estava lendo algo que achei interessante sobre organização, mas eu fazia o tipo de pessoa que vestia o que dava na telha, o que eu sentisse-me confortável, sem hora e nada marcados, isso valeria para roupas também. Essas coisas não são pra mim, pensei. O cotidiano tenta facilitar a vida da gente, mas acabaria eu deixando a roupa sobre o quarto ou outro lugar tomando espaço. Eu bati o olho em uma calça preta na mala, e uma camisa florida no roupeiro. Pronto! Era com isso que eu iria. E era assim a saudosa Daniela que eu já deveria estar acostumada e parar de querer seguir a mídia.
Era domingo, desses do qual não se tem nada para fazer. Rolei alguns canais na televisão e sem sucesso de achar algo legal na televisão, peguei o telefone. Pois não havia nenhum filme que chamara minha atenção, um filme com alguma Julia Roberts ou Richard Gere. O último filme que vi da Julia foi Erin Brockvich - Uma mulher de talento. Onde a atriz trabalhava em um escritório de advocacia, e descobre que a água da cidade está causando uma doença em seus habitantes, ela entra na luta para ganhar a causa, no longa a atriz tem três filhos e se vira nos trinta para criá-los, parecendo fácil. Um bom filme eu diria. Mas eu não estava encontrando nada que prendesse minha a atenção naquele momento.Comecei a ver uns contatos no telefone, aqueles antigos contatos de grupos de cursos e turmas de antigas aulas cotidianas, além de colegas de trabalhos antigos. Aquilo
O cenário era caótico, o bebê chorando, a bacia do banho sobre a cama, roupas pelo chão, eu toda molhada com a água que respingara sobre mim, minha mãe de um lado pro outro tentando esfriar a mamadeira, nada tão perfeito. Vocês têm ideia do que se é ter uma criança? Eles choram, gritam como se ninguém estivesses aí para eles. E eles estão completamente errados, porém não sabem disso. Nossa atenção é só pra eles, fazemos tudo em torno deles, para eles. Eles parecem que querem nos deixar surdos e mal sabem que estamos ao seu lado, e que falar ou gritar alto é antiético. Mas eles não entendem essas coisas. Balanço de um lado e do outro, de uma maneira que pareça confortável. Tento ser a pessoa mais carinhosa, parece que deu certo. – É balda! Falou a minha mãe. – Quer carinho! Retruco.Eu vou aprendendo tudo o quê dá certo com o Andreani. Mesmo que eu precise anotar. Eu estou conhecendo ele e não quero que ele me sinta como uma desajustada. A medida que ele cresce eu estou estopetada de ca
O Andreani foi crescendo. Ganhando novos espaços, era um jovem simpático, modesto. Estava namorando, sei namoro começou cedo, uma menina no Rio – aos dezesseis anos? – isso! Expliquei para a Vânia. Nós mantínhamos um contato mesmo incrível. O Andreani consultava também com ela, nas quartas-feiras, eu estava tranquila. Ela dizia, “ei fica tranquila está tudo bem”, ou “Dani, dá uma conversada com ele”. Então eu sabia, quando algo não ia bem. Acho que todos deveriam conhecer uma Vânia, faz sentindo fazer terapia e conversar com alguém que te entende. A Vânia dissera em seu depoimento, sobre as investigações do Gusmão, que ele estava muito contente, abriu o formulário dele, e ele parecia ótimo. Sonhador, tinha muitos planos, sem nenhuma inconstância. Ele a procurara pois era uma maneira para lidar comigo e entender meu jeito reservado de ser. Mas naquela altura de nossas vidas, na época do acidente, ele entendera o porque, quais os motivos e manteve-se me apoiando em tudo e continuou, c
Minha camisa fumê sobre a penteadeira, meu quarto estava do jeito que deixei ao sair pela manhã. A casa tinha os traços marcantes de um aconchego. O silêncio do lugar foi interrompido pelo barulho da caminhoneta do vizinho. Eu não sei por qual motivo ele gostava de fazer barulho, mas aquilo doía meus tímpanos e ainda quebrava o adorável silêncio. Arrumei algumas e fui para a cozinha ler um pouco. Estava ouvindo rádio, a rádio de meu amigo, ouvindo a voz comunitária, que naquela ocasião falavam de lugares na cidade que precisavam de reparos. Como voz do povo Viamonense, eu gostaria de saber a que nível aquela estação de rádio atingira naquele momento, pois o assunto era interessantíssimo. Os debates me distraiam. E distraiam dos últimos fatos que faziam-me pensante a todo instante. Mandei uma mensagem, pedi uma música. “Minha amiga Daniela, pede uma canção dos anos 80. Como se eu voltasse ao passado e me fizesse flutuar aos caminhos dos quais eu já passei e viesse junto com a m
Eu mantinha um relacionamento com o Vitor, estava estabilizada financeiramente, tinha a minha casa, meu filho estava com planos de daqui alguns anos retornar ao sul. Tentar concursos públicos, após o mestrado. A relação com Lorena estava indo bem então porque eu haveria de interferir nisso, deixar como está. Os dois se davam bem, então não era eu quem iria dar palpites ao meu filho no que ele houvesse de fazer.A vida foi passando, os anos intermitentes, já não tinha nada que pudesse me fazer mudar de ideia, eu queria voltar a sentir a vida e o que ela causava, os bons momentos. A muito tempo eu não sentia a vida com frio na barriga, com alegria e entusiasmo. E emoção era o que eu queria. Como não acreditar nessas coisas, os efeitos que elas nos causam? Os efeitos da paixão. Demorei um pouco sobre o Vitor, mas o que se passava em nosso relacionamento? Era uma espécie de vínculo que mantínhamos com total segurança, respeito e emoções. Ele queria chamar a minha atenção e eu p
Madrugada, temperatura amena! E eu me propus a continuar. Viver a vida e lutar por um espaço no universo que de fato me pertencia. Mas cadê este espaço? Porque estava demorando tanto para chegar até mim? É o que eu vou tentar descobrir e encaixar aos poucos nesse livro.Logo cedo, eu já levanto pra trabalhar. Me arrumo com um pouco de desdém mas com a ideia e convicção de que hoje precisa ser melhor que ontem.Pego uma roupa qualquer, logo penso que não vou ir para um trabalho formal, talvez isso não exija tanto quanto para um formal, mas eu preciso estar adequada, caso entre em contato com algum cliente.Eu faço meu horário, para entregar os portfólios na hora exata. Então as vezes eu estou bem criativa pelas altas horas.O barulho das sirenes pela madrugada contestam a emergência da cidade. De fundo o contraste vazio e a luz dos postes. O enigmático sombrio rosto de quem desafia logo cedo, a vida. Assim é para os enfermeiros e técnicos na ma
Sentamos quase a beira do rio pela tarde na sombra fresca, acompanhando cada ruído e o barulho da natureza ao som dos pássaros. Tínhamos muitos assuntos em comum, o que nos trazia cada vez mais para perto uns dos outros. Arriscamos falar do mar, de botes e segurança. Assunto perfeito para o meu texto no blog, achei interessante quando falávamos de vagalhões, o assunto me fez refletir, como em momentos hostis da vida e era o que eu traria para os leitores como texto de inspiração.Ter uma vida significativa as vezes é bom, porque a gente se empenha muito. Imagina agora você estar em alto mar, e se deparar com a insegurança do mau tempo? Para que lado vamos nos apoiar, onde buscar ajuda? Será que estaria preparado para navegar? A pergunta que tenho feito ultimamente: será que estou preparada para me aventurar em auto mar? Faço essas perguntas com frequência, pois minha terapeuta me ensinou a avaliar a vida, de maneira que eu pudesse entender e buscar sentidos.Um can
- Alô?- Onde andas srta. Machado?- Comprando flores, sr. Gusmão. Dando voltas na cidade, para ser exata!- Deve estar um dia lindo?- Sim está! Fui resolver o problema com a carteira.- Eu te falei para ter tirado aqui.- Eu deveria ter lhe ouvido.- Me conta, o que eles disseram?Bem eles... Sentei-me em um banco próximo a fruteira, e expliquei a situação, o Gusmão me disse tudo o que talvez aconteceria, e me orientou. Eu estava animada, me desejando sorte.- Logo quero estar com você, nos iremos em todas as cafeterias da cidade. Fizemos planos.- Conheci a Lê Café.- Tem goiabadas?- Sim! Muitas!O Gusmão e desses que adora tudo que vai goiaba. Estou aprendendo a fazer pasteis, que fiquem sequinhos para quando ele vier.- Tem uma fruteira de frente para mim, sr. Gusmão com um churros de nutella, você precisa provar.-Claro, srta. Machado, iremos.