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Capítulo 3 Caminhada da Vergonha
Eden acordou assustada, zonza e desorientada.

Sentou-se na cama e na mesma hora desejou não ter feito aquilo, quando uma dor pungente lhe acometeu as têmporas.

Uma centelha de desejo surgiu quando ela se virou e viu Liam nu esparramado ao lado dela. Mesmo adormecido, ele ainda era impressionante, e apesar de saber que não deveria, ela ainda o queria, ainda precisava dele, ansiava por ele.

Só de pensar na noite anterior e em todas as coisas que eles fizeram, já sentia-se sem fôlego.

Ela se espreguiçou e bocejou em silêncio, maravilhada com como cada centímetro de seu corpo doía com o mais leve dos movimentos. Mesmo as partes que ela achava que não deveriam, estavam incrivelmente vivas. Mas apesar de extasiada, precisava sair logo dali, antes que Liam acordasse. A última coisa que Eden queria era uma conversa estranha sobre seu lapso temporário de julgamento com o homem que aparentava conhecer seu corpo melhor que ela própria, um homem que casaria em breve.

Ela agradeceu a Deus em mente quando viu o celular e os óculos em uma mesinha. Encaixou-os no rosto e pulou da cama, lutando contra o balançar do quarto quando seus pés tocaram o piso de madeira fosca.

Fechou os olhos e contou até dez de trás para frente. Ao abri-los, o chão parara de se mexer e ela não se sentia mais tão zonza.

Eden examinou o enorme cômodo, suspirando de frustração enquanto tentava localizar suas roupas, mas seu vestido havia desaparecido. O desaparecimento de sua calcinha foi outro quebra-cabeça que ela não teve tempo de resolver.

Apanhou a camisa jeans de Liam, que estava jogada no chão, e a vestiu. Decerto que ele não sentiria falta, pensou enquanto pegava o celular e saía correndo do quarto com os sapatos nas mãos.

Seu casaco estava todo amontoado ao pé da escada. Engraçado, ela não se lembrava de Liam tê-lo tirado. Mas era provável que ele tivesse feito isso, assim como tirara o resto de suas roupas. Eden estremeceu com a memória de cada pequena coisa que ele fizera com ela, cada beijo, cada toque, cada penetração.

"Foco!", balançou a cabeça enquanto vestia o casaco e calçava os sapatos. A noite anterior havia sido um delírio emocionante, mas estava tudo acabado, e ela precisava deixar Liam para trás.

Já na porta da frente, Eden correu na direção do mordomo e do grupo de governantas que começava a trabalhar. Por uma fração de segundos, ocorreu-lhe um pânico de ter que conversar com estranhos. Isso sempre foi desafiador, mas naquele dia parecia além da conta. O drama de ter que fazer uma saída digna fora a única razão pela qual ela mantivera sua calcinha no lugar por vinte e quatro anos e ficara longe desses encontros casuais.

"Steven vai te levar para casa, senhorita...?", Dave iniciou a conversa de maneira agradável.

"Não precisa, vou chamar um táxi", Eden ignorou a tentativa educada de uma apresentação, recusando a oferta com um aceno rápido de sua cabeça.

"Táxis não podem entrar aqui", explicou uma das governantas.

"Claro que não", Eden murmurou. Aquilo era uma propriedade privada e, ao menos que os residentes autorizassem, ninguém poderia apenas entrar ali. Não era como se estivesse em um lugar qualquer.

"Por favor, não se preocupe. Nós sempre levamos os convidados do Sr. Anderson para casa".

Se Dave pretendia tranquilizá-la, suas palavras tiveram o efeito oposto.

Confrontada com a dura realidade do que havia acontecido, Eden ficou furiosa consigo mesma por ter deixado que o álcool lhe subisse à cabeça. O único consolo era o pouco de bom senso que tiveram na noite anterior. Usaram camisinha. Ela se lembrava de ter visto as embalagens de papel alumínio brilhante no chão quando deixou aquele quarto primoroso de Liam, com aquela cama de espuma ridiculamente confortável e os lençóis de mil fios. A última coisa que precisava agora era de uma DST.

"Senhorita..."

Eden voltou de seus pensamentos constrangedores e fez uma careta para o mordomo; ela perdera metade do que ele havia dito.

"Desculpa, você pode repetir?", perguntou, surpresa com sua educação e calma depois do que fora, sem dúvida, o pior erro de sua vida.

"Você gostaria de tomar café da manhã antes de ir?"

Pasma com a pergunta, Eden só conseguiu ficar boquiaberta. Aquilo também fazia parte da Experiência Liam, oferecendo café da manhã antes da caminhada da vergonha de volta para casa, para diminuir o constrangimento de uma transa casual?

Perguntava-se quantas convidadas como ela Liam tinha. Estava ficando cada vez mais evidente que ele fazia isso o tempo todo; trazer mulheres aleatórias para casa e as deixar por conta do mordomo quando se cansava delas.

"Não, obrigada", disse ela, com o rosto tenso de raiva. Ela só queria sair dali e correr para a segurança de seu apartamento minúsculo, onde poderia chorar até cansar.

"Muito bem, então", Dave segurou a porta da frente e mostrou-lhe o imponente Lexus que a esperava na enorme garagem.

Eden pulou na parte de trás do carro e deslizou para baixo, desejando que pudesse derreter nos assentos de couro macio e evaporar no chão do carro.

"Para onde, senhorita?", perguntou Steven, o motorista, mirando-a pelo espelho retrovisor.

Ela queria gritar em qualquer lugar, menos aqui.

Apesar disso, não era culpa do motorista. Também não era de Liam. Eden pulou de boa vontade na cama dele, mesmo com os avisos de suas amigas, mesmo depois dele dizer que se casaria em breve, mesmo quando ela sabia que se arrependeria pela manhã.

"Senhorita?". As sobrancelhas grossas de Steven se fundiram em uma expressão tensa.

"Para o ponto de ônibus mais próximo está bom", respondeu com calma. Ela pegaria um Uber lá. Quanto menos ela tivesse a ver com Liam, melhor. Não podia permitir que seu motorista soubesse onde morava, caso ele quisesse tornar aquele encontro isolado uma ocorrência frequente.

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