— Pai? — Emerson chamou, incerto.Suas mãos sobre os joelhos se apertaram levemente, e um visível pânico passou por seus olhos. Osvaldo estava de costas para ele, e sua expressão não era visível, mas sua postura vacilou nitidamente.Após um longo silêncio, Emerson ouviu sua voz, agora um tanto envelhecida:— Sim.Não era à toa que ele havia sido chamado de volta para casa naquele dia.Emerson se levantou e, sem hesitar, jogou os documentos na trituradora. O som do papel sendo destruído ecoou pelo escritório enquanto ele observava os fragmentos. Ele desejava queimar aqueles fragmentos até virarem cinzas, para que certos segredos jamais fossem descobertos por ninguém.Ele respirou fundo e, levantando os olhos para a silhueta de Osvaldo, disse:— Pai, hoje eu não vim ao escritório e não vi esses documentos. No futuro, continuaremos sendo uma família.Osvaldo não respondeu, mas sua postura foi uma forma de consentimento.Emerson não hesitou em deixar o escritório.Lá embaixo, Sabrina e P
Sabrina segurava firmemente a mão de Emerson, olhando para Fabiano com um olhar frio e distante, como se ele fosse um estranho insignificante. Para Sabrina, Fabiano realmente havia se tornado um estranho. Ela não tinha a menor intenção de cumprimentá-lo, segurando o braço de Emerson e planejando sair ao lado dele, como se Fabiano não estivesse sequer em seu campo de visão.A indiferença de Sabrina feriu Fabiano, que respirou fundo. Quando ela passou ao seu lado, ele segurou o pulso dela. Era a primeira vez que ele percebia quão delicado era o pulso de Sabrina, seus dedos polegar e indicador podiam facilmente envolvê-lo. Era irônico pensar que, embora estivessem juntos por dois anos, ele nunca havia realmente prestado atenção em Sabrina. Agora que estavam separados, ele achava tudo nela perfeito: seu caráter, sua família, sua aparência.Um amargor se espalhou no coração de Fabiano, e uma sensação de amargura invadiu sua garganta. Ele olhou para Sabrina com olhos quase chorosos e dis
Ele não pretendia deixar Emerson em paz. Ele ia fazer com que ele pagasse o preço que merecia. Ele definitivamente não temia a família Carmo. Quando que os postes de luz se apagaram, Fabiano finalmente se virou e caminhou em direção ao prédio de apartamentos onde morava.Emerson estava na varanda observando sua figura se afastar, e seus olhos se tornaram gradualmente profundos e complexos. Sendo também um homem, ele entendia muito bem o que se passava na mente de Fabiano. Se não estivesse enganado, Fabiano usaria toda sua energia para enfrentá-lo a seguir. "Não importa." Emerson colocou as mãos nos bolsos, abaixou a cabeça para observar a noite e seus lábios finos se fecharam em uma linha reta. Desde que pudesse ficar com Sabrina, ele não temia Fabiano.Quando Sabrina saiu do banho, viu Emerson ainda na varanda. Ela, secando o cabelo, caminhou até lá, de pontou os pés, cobriu os olhos dele com as mãos e, com uma voz intencionalmente grave e brincalhona, disse:— Adivinha quem
Sabrina possuía um par de olhos extremamente belos. Quando sorria, seus olhos se iluminavam com uma luz estelar tênue que elevava o ânimo de quem os observava. Quando não sorria, seus olhos sempre pareciam úmidos, límpidos como duas gemas puras, irresistíveis ao ponto de despertar o desejo de possuí-los exclusivamente. Todas as manhãs, ao despertar, seus olhos estavam sonolentos e semiabertos, como os de um gato, tão encantadores que embriagavam. Emerson realmente adorava todos os seus gestos, e por isso os observava com tamanha atenção. Com essa proximidade, Sabrina quase conseguia contar cada fio uma das distintas pestanas de Emerson. Ela não compreendia como um rapaz pode ter cílios tão perfeitos, longos e belos. Ela, sendo mulher, chegava até a sentir uma ponta de inveja. Percebendo a hesitação de Emerson em agir, Sabrina ficou ansiosa, se inclinou levemente para a frente e seus lábios rosados encontraram os dele com precisão. No momento em que seus lábios se toca
Os funcionários da loja de Sabrina trabalhavam em turnos escalonados, garantindo que todos tivessem bastante tempo para descansar. Após se arrumar e sair do quarto, Sabrina encontrou Emerson esperando por ela à mesa do café da manhã. Ao ouvir a porta do quarto se abrir, Emerson se levantou e caminhou até a cozinha, trazendo consigo a canja que manteve aquecida na panela. Com passos animados, Sabrina caminhou até ele e o abraçou por trás: — Bom dia, Sr. Emerson. Emerson deixou os utensílios de lado, se virou e a abraçou, depositando um beijo em seus lábios: — Bom dia, minha Srta. Sabrina. Após trocarem um sorriso, Sabrina o soltou e, juntos, levaram o café da manhã para a sala. Depois de comerem, Sabrina se preparou para lavar a louça, mas Emerson a interrompeu: — Não agora, deixe na pia que nós lavamos à tarde. — À tarde? Sabrina olhou para ele, confusa. Emerson segurou sua mão e caminhou em direção à porta. — Esta tarde, marquei a instalação da lava-louças. O
Emerson olhou para ela e, ao arrancar o carro lentamente, sorriu discretamente: — Sou muito grato por você pensar tão bem de mim. Eu também penso assim de você. Portanto, sou sortudo. Obrigado por estar ao meu lado e por me transformar no que sou hoje.Sabrina se virou para olhá-lo, permanecendo em silêncio por um longo tempo.De repente, ela percebeu que Emerson nutria sentimentos por ela há muito tempo.Ela não era ingênua, nem inexperiente em relacionamentos, ambos conviveram tanto tempo que a maneira como Emerson a tratava parecia ter sido ensaiada inúmeras vezes antes, certamente não algo surgido de repente.Contudo, Sabrina não questionou em detalhes.Algumas coisas deviam ser descobertas aos poucos, se tudo fosse questionado, podia perder o significado e o valor intrínsecos das questões.Como de costume, Emerson estacionou o carro atrás do restaurante e acompanhou Sabrina até a entrada antes de retornar para o veículo.Os funcionários do restaurante já preparavam os ingrediente
Ele pegou o plano sobre a mesa e cumprimentou Emerson, pretendendo sair quando, de repente, um funcionário empurrou a porta do escritório de Emerson e entrou correndo, com um olhar de pânico:— Presidente Emerson, temos um problema!Emerson franziu a testa, olhando descontente para o funcionário:— Que é o problema?— As pessoas da Vigilância Sanitária vieram e disseram que nosso restaurante tem problemas de higiene e que precisamos passar por uma inspeção.Emerson se levantou e caminhou em direção à porta:— Por que a Vigilância Sanitária viria até aqui? Você sabe o motivo?— Sim, parece que as pessoas que comeram aqui ontem ficaram doentes em diferentes graus. Muitas foram ao hospital à noite para receber soro e lavagem estomacal. Eles acreditam que o problema foi com a comida do nosso restaurante, então ligaram para denunciar.Emerson, com passos largos, caminhou rapidamente até a frente do restaurante, onde os funcionários da Vigilância Sanitária, em uniformes, estavam fazendo anot
Emerson pessoalmente se despediu dos oficiais da Agência de Vigilância Sanitária. Após o carro, com identificação clara, partir, ele viu Sabrina correndo em sua direção. Emerson abriu os braços, e Sabrina mergulhou neles:— Por que os oficiais da agência vieram? O que aconteceu?Emerson acariciou os cabelos de Sabrina, com uma voz suave:— Não é nada, apenas um pequeno problema que já foi resolvido. Preciso ir ao hospital esta tarde.Sabrina sentiu que havia mais na história. Ela puxou Emerson para o restaurante, o pressionando a se sentar:— O que realmente aconteceu? Me conte. Por que você precisa ir ao hospital?Emerson explicou a situação de um consumidor que havia sido hospitalizado. Depois de ouvir, Sabrina franziu a testa, preocupada:— Definitivamente há algo errado aqui, pode ser uma retaliação intencional. Deveríamos chamar a polícia? — Sem evidências concretas, a polícia não saberia por onde começar, então só podemos começar investigando os pacientes do hospital para ve