Dedé tinha sentidos extremamente apurados. Ele percebeu que havia algo errado com Dalila. — Dalila, no encontro às cegas hoje, aconteceu algo que te deixou chateada? Você nunca agiu assim antes. Dalila levantou a cabeça, com uma expressão um tanto fria: — Não, Dedé. Não tire conclusões sobre coisas que você não sabe. Está tarde, volte para casa. Dedé deu um passo à frente, parando bem na frente dela: — Dalila, por quê? Eu não entendo. Se você pode sair com eles, por que não pode tentar comigo? Não acho que sou pior do que eles em nada. Os olhos de Dalila encontraram os dele, frios e distantes, e sua voz soou impessoal e desinteressada: — Dedé, você está ultrapassando os limites. Eu me lembro de já ter te rejeitado antes, na época da escola. Eu disse que não gosto de você. Por que você é tão teimoso? Eu não gosto de homens mais jovens do que eu, então nós não somos compatíveis. Sempre me faltou uma sensação de segurança desde criança, e tudo o que eu quero é encontrar al
Dalila disse: — Se não fosse você me levar de volta para a família Carmo, eu teria assumido uma empresa tão grande? Quando eu estava sob enorme pressão, por que você não dizia essas coisas? Quando eu estava na mesa de negociações, bebendo com aquelas pessoas e fechando negócios, onde você estava? Não estava ocupada vivendo um romance com seu marido? Certo, você diz que, se eu não me casar, como vou ficar quando envelhecer? — Dalila fez uma pausa e continuou. — Você se casou, mas e nos anos logo após me dar à luz? Que tipo de vida você levava? A tia Virgínia também se casou e teve Emerson, mas e depois?! Agora ela está morta e nem pode descansar em paz! Se o casamento é assim, então eu prefiro nunca me casar! Dalila soltou uma risada sarcástica e continuou: — Mãe, você deveria se sentir grata por ter conhecido o papai primeiro. Também deveria se sentir grata porque ele nunca amou a tia Virgínia, e ainda mais grata porque o vovô nunca permitiu que você entrasse na família como uma
Na manhã seguinte, Dalila, ainda com ressaca, abriu os olhos e, ao ver o sol entrando pela janela, as memórias da noite passada invadiram sua mente. Na verdade, ela não estava bêbada. No máximo, um pouco atordoada. Mas tudo o que disse era algo que já havia pensado muito e que vinha guardando no fundo do coração há muito tempo. Deus sabia o quanto ela se sentia culpada todas as vezes que ficava frente a frente com Emerson naqueles anos. Sempre que o via, parecia carregar o peso de ser uma pecadora que havia roubado tudo o que originalmente pertencia a ele. Ela queria muito compensá-lo, mas, todas as vezes, Emerson olhava para ela com um sorriso leve e dizia gentilmente: "Irmã, você não precisa fazer isso." Porém, quanto melhor ele era com ela, mais culpada ela se sentia. Enquanto escovava os dentes e lavava o rosto, Dalila se olhou no espelho e viu sua bochecha inchada e vermelha. Suspirou resignada. Depois de muito tempo sem se maquiar, ela tirou os cosméticos do a
Sabrina desligou o telefone com um sorriso travesso no rosto, se encostou no sofá e lançou um olhar de desamparo para Emerson, que estava sentado ao seu lado: — Pronto, amor, eu acho que não vamos conseguir colocar eles juntos como planejamos. Pelo meu instinto aguçado, tenho certeza de que algo aconteceu ontem. Caso contrário, meu irmão jamais teria saído para uma viagem de trabalho sem dizer uma palavra. Normalmente, ele sempre me manda uma mensagem no WhatsApp antes de viajar, perguntando se quero algum presente. Desta vez, o comportamento dele foi muito estranho. Além disso, a voz da sua irmã no telefone agora há pouco também parecia esquisita, como se ela tivesse se machucado de alguma forma. Emerson suspirou enquanto afagava os cabelos dela: — Sabi, você anda assistindo muito a séries de investigação criminal. Isso está ficando complicado demais para você. Sabrina lançou a ele um olhar de desprezo. Encostada no sofá, ela pensou por um instante e concluiu que não podia f
— Sabrina, o que você está aprontando aí, toda furtiva? O que é isso que você está segurando? Por que estava no quarto do seu irmão? Bianca estava parada no topo da escada, olhando para Sabrina, que estava no corredor agindo de forma suspeita. Seu olhar estava cheio de cansaço e descrença. Sabrina fez um gesto pedindo silêncio: — Shhh! Mãe! Por que você está falando tão alto? Só vim pegar uma coisa no quarto do meu irmão. Por favor, não conta nada para ele! Bianca estreitou os olhos ligeiramente: — Sabi, o que você está escondendo de mim? Você sabe por que o seu irmão não atende minhas ligações, não sabe? Eu só insisti para ele ir a um encontro arranjado! Por que ele é tão teimoso? Ele até ficou bravo comigo! E a Dalila é uma moça tão boa! O que ele tem para reclamar dela? Sabrina apertou o diário que estava segurando contra o peito, se aproximou e deu um tapinha no ombro da mãe: — Pronto, pronto, não fica brava. É o meu irmão que é teimoso. Olha, vamos fazer o seguinte:
— Mãe, o problema da Dalila brigar com eles é deles. Não deixa o Emerson se envolver nisso. Alguns dias atrás, o pai do Emerson disse coisas muito pesadas, e naquele dia ele quase teve outra crise. Por que sempre que surge algum problema eles lembram do Emerson? O que isso tem a ver com ele? Além disso, a mãe do Emerson já faleceu há tantos anos, e eles ainda precisam trazê-la à tona nas brigas? Isso não é uma forma de desrespeitar os mortos? O que passou, passou. Não precisamos mencionar mais isso, mas também não podem usar laços de sangue como desculpa para pressionar alguém o tempo todo. Quando o pai do Emerson o expulsou da família Carmo, ele também não levou em conta os laços de sangue, não foi?Sabrina, sempre que pensava nos últimos dez anos da vida de Emerson, sentia um aperto no coração. Ele havia vivido cada dia como se fosse um fardo, carregando a dor de perder a mãe e sendo forçado a assistir aquela família de três pessoas felizes e unidas.Diziam que o maior nível de amor
— Onde está sua senhora? — Kayra estreitou levemente os olhos, falando de propósito em voz alta. A empregada, sem querer ficar para trás, respondeu à altura, enquanto as duas trocavam palavras em um duelo de vozes na porta da Mansão dos Amorim: — Nossa senhora saiu, não está em casa. Sra. Kayra, se a senhora precisa de algo, volte outro dia. Hoje realmente não é conveniente. Além disso, com toda aquela confusão entre a Srta. Sabrina e seu filho, por que ainda quer falar com nossa senhora? A expressão de Kayra endureceu, e seu olhar para a empregada transparecia profundo desagrado. — Preste atenção no seu tom ao falar comigo! Você é apenas uma empregada da família Amorim. O que acha que é? Alguma pessoa nobre e extraordinária? Que engraçado. Se continuar sendo insolente, vou rasgar sua boca! A empregada a encarou com firmeza: — Então venha! Quero ver como você vai rasgar minha boca! Seu filho já é um abusador, e você quer abusar das pessoas também, não é? Estou dizendo, noss
— Meu filho sempre age com discernimento. Ele faz o que quer fazer, se ele quer defender a irmã dele, ele vai defendê-la. Eu nunca vou impedi-lo. Você acha que eu ainda sou a mesma de antes, ingênua, que perdoava você com algumas palavras de boas intenções? Se você pensa assim, então está me subestimando muito. Kayra, hoje eu estou te informando oficialmente: a nossa relação está cortada de vez. Quando você drogou o Rodrigo, tentando fazer ele dormir com outra mulher, deveria ter previsto que um dia isso iria acontecer. Kayra olhou para Bianca com uma expressão de choque. Então ela sabia de tudo! Mas por que escondeu isso dela? Kayra não conseguia entender. Ela apertou os punhos ao lado do corpo, com os olhos vermelhos, fitando ela com lágrimas que ameaçavam cair: — Bianca, por que você pensa isso de mim? Tudo o que você disse são suposições suas. Que provas você tem? Nós éramos tão próximas antes. Eu sempre cedia a você, não importava o que fosse, e você... — Chega! — Bian