— É mesmo? — Emerson soltou um riso frio. Ele lançou um olhar para Simão, que imediatamente entendeu o recado e colocou na mesa, diante dele, os documentos da investigação que já estavam prontos. — Dâmaso, se eu te perdoar desta vez, como você vai pagar suas dívidas de jogo no próximo mês? Vai procurar o Fabiano de novo, não é? O olhar de Dâmaso tremeu de nervosismo: — Eu... Chefe, eu... — Saia. — Disse Emerson, com uma expressão impassível. — Meu restaurante não precisa de gente como você. Hoje, você vazou informações sobre a localização do dono. E da próxima vez? Vai revelar as receitas dos nossos doces? Dâmaso abaixou a cabeça, sem coragem de dizer uma palavra. Porque, na verdade, ele realmente tinha pensado nisso. Mas, as receitas dos doces do Restaurante Encontro estavam, basicamente, todas sob o controle de Emerson. Para conseguir essas receitas, seria necessário passar por ele. Então, ele não conseguiu realizar o plano. A única alternativa foi procurar Fabian
Dalila deu a ele um sorriso desamparado: — Pode sentar. Na verdade, já devíamos ter imaginado isso. No dia em que você me levou para casa, a expressão da minha mãe ficou bem estranha. Acho que foi a partir daquele dia que ela começou a entrar em contato com sua mãe e, juntas, planejaram esse encontro. — Provavelmente. — Álvaro suspirou, sem jeito. — Nunca pensei que a pessoa com quem eu teria um encontro às cegas seria você. Você vai ao cinema ou fazer compras hoje? Dalila respondeu: — Hoje, estou de bom humor, então não vou. — E você? Tem algum plano para depois? Álvaro respondeu: — Meu maior plano para hoje foi justamente esse encontro. Minha mãe ligou para a empresa e cancelou todas as minhas reuniões, insistindo para que eu viesse aqui hoje à tarde. Olhando para a gravata dele, que coincidentemente era do mesmo tom do seu vestido, Dalila teve ainda mais certeza de que a pessoa com quem ela estava se encontrando era Álvaro. Seus sentimentos eram um tanto contraditó
Álvaro segurava o volante com as mãos ligeiramente tensas. Ele virou a cabeça, lançando um olhar resignado para ela: — Dalila, isso foi só um encontro arranjado para agradar nossas famílias. Esse tipo de coisa não deve ser levado a sério. Além disso... Você merece alguém melhor. Nós dois não combinamos. Dalila ergueu os cantos dos lábios em um leve sorriso: — Tudo bem, entendi. Então, explique isso você mesmo para sua mãe. A expressão de Álvaro permaneceu inalterada: — Tudo bem. Dalila abriu rapidamente a porta do carro, desceu sem olhar para trás e entrou diretamente no Grupo Carmo Imóveis. O carro preto logo se afastou, enquanto Álvaro ajustava o nó da gravata com seus longos dedos. Por algum motivo, o olhar de Dalila antes de sair havia o deixado desconfortável. No elevador exclusivo da presidência, o sorriso de Dalila gradualmente se desfez. Ela encarava seu reflexo na parede espelhada do elevador, e seus olhos exibiam uma tristeza profunda. Ela havia dado vária
O projeto seria concluído no próximo mês, e, naquele dia, os parceiros de negócios marcaram um encontro com Dalila, dizendo que gostariam de acertar alguns detalhes.Desde que assumiu o controle do Grupo Carmo Imóveis, Dalila aprendeu uma coisa: os grandes projetos de parceria eram quase sempre fechados à mesa, acompanhados de uma boa dose de vinho.Aquele projeto, por exemplo, foi conquistado por ela e um grupo de diretores depois de consumirem duas garrafas inteiras de vinho tinto.Dessa vez, havia cinco empresas envolvidas na parceria, totalizando seis com o Grupo Carmo Imóveis.Mas todas orbitavam ao redor do Grupo Carmo Imóveis, afinal, no setor imobiliário, a posição de liderança da empresa era inquestionável.— Presidente Dalila, não esperávamos que chegasse tão cedo. Pedimos desculpas, o atraso foi nosso. Os parceiros de negócios haviam sido cuidadosamente escolhidos por Dalila, todos com uma reputação confiável.Ela se levantou, com um sorriso no rosto, e os cumprimentou:—
Dedé tinha sentidos extremamente apurados. Ele percebeu que havia algo errado com Dalila. — Dalila, no encontro às cegas hoje, aconteceu algo que te deixou chateada? Você nunca agiu assim antes. Dalila levantou a cabeça, com uma expressão um tanto fria: — Não, Dedé. Não tire conclusões sobre coisas que você não sabe. Está tarde, volte para casa. Dedé deu um passo à frente, parando bem na frente dela: — Dalila, por quê? Eu não entendo. Se você pode sair com eles, por que não pode tentar comigo? Não acho que sou pior do que eles em nada. Os olhos de Dalila encontraram os dele, frios e distantes, e sua voz soou impessoal e desinteressada: — Dedé, você está ultrapassando os limites. Eu me lembro de já ter te rejeitado antes, na época da escola. Eu disse que não gosto de você. Por que você é tão teimoso? Eu não gosto de homens mais jovens do que eu, então nós não somos compatíveis. Sempre me faltou uma sensação de segurança desde criança, e tudo o que eu quero é encontrar al
Dalila disse: — Se não fosse você me levar de volta para a família Carmo, eu teria assumido uma empresa tão grande? Quando eu estava sob enorme pressão, por que você não dizia essas coisas? Quando eu estava na mesa de negociações, bebendo com aquelas pessoas e fechando negócios, onde você estava? Não estava ocupada vivendo um romance com seu marido? Certo, você diz que, se eu não me casar, como vou ficar quando envelhecer? — Dalila fez uma pausa e continuou. — Você se casou, mas e nos anos logo após me dar à luz? Que tipo de vida você levava? A tia Virgínia também se casou e teve Emerson, mas e depois?! Agora ela está morta e nem pode descansar em paz! Se o casamento é assim, então eu prefiro nunca me casar! Dalila soltou uma risada sarcástica e continuou: — Mãe, você deveria se sentir grata por ter conhecido o papai primeiro. Também deveria se sentir grata porque ele nunca amou a tia Virgínia, e ainda mais grata porque o vovô nunca permitiu que você entrasse na família como uma
Na manhã seguinte, Dalila, ainda com ressaca, abriu os olhos e, ao ver o sol entrando pela janela, as memórias da noite passada invadiram sua mente. Na verdade, ela não estava bêbada. No máximo, um pouco atordoada. Mas tudo o que disse era algo que já havia pensado muito e que vinha guardando no fundo do coração há muito tempo. Deus sabia o quanto ela se sentia culpada todas as vezes que ficava frente a frente com Emerson naqueles anos. Sempre que o via, parecia carregar o peso de ser uma pecadora que havia roubado tudo o que originalmente pertencia a ele. Ela queria muito compensá-lo, mas, todas as vezes, Emerson olhava para ela com um sorriso leve e dizia gentilmente: "Irmã, você não precisa fazer isso." Porém, quanto melhor ele era com ela, mais culpada ela se sentia. Enquanto escovava os dentes e lavava o rosto, Dalila se olhou no espelho e viu sua bochecha inchada e vermelha. Suspirou resignada. Depois de muito tempo sem se maquiar, ela tirou os cosméticos do a
[Faltam apenas dois dias para eu e o Fabiano irmos ao cartório.]Sabrina digitou essa frase com cuidado no bloco de notas do celular, depois colocou o aparelho virado para baixo na mesa e continuou a limpar o quarto, sorrindo. A casa era um presente dos pais de Fabiano para eles como lar de casados, onde Fabiano morava sozinho. Como ele estava ocupado e não tinha tempo para limpar, Sabrina passou esses dias ajudando por lá.As famílias de ambos eram muito próximas, e, após dois anos sendo unidos pelos pais, finalmente estavam prestes a se casar. Todos pensavam que ela estava sendo forçada a ficar com Fabiano, mas só alguns sabiam que ela secretamente o amava há anos. Quando ele concordou em namorá-la diante de ambos os pais, ela ficou tão feliz que não conseguiu dormir aquela noite.Sabrina estava no escritório, com um doce sorriso nos lábios enquanto limpava a mesa, imaginando a vida feliz que teriam ali. Porém, ao se virar, acidentalmente esbarrou em um vaso de gardênia na mesa.O