Emerson manobrava habilmente o volante enquanto dirigia o carro pela rodovia. Sabrina estava reclinada no banco do passageiro, entediada, mexendo no celular. De vez em quando, soltava um comentário ou outro para Emerson. O Carro do Vento, de cor prateada, entrou no estacionamento do Restaurante Encontro. Sabrina guardou o celular e desceu do carro junto com Emerson. — Vá logo, à noite voltaremos juntos para casa depois do trabalho. — Emerson acariciou levemente a cabeça dela com uma voz suave. Sabrina assentiu, atravessou a faixa de pedestres e entrou no bar, enquanto ele a observava. Só depois de vê-la desaparecer pela entrada foi que Emerson se virou e entrou no restaurante. A atmosfera no Bar da Adoração estava um tanto estranha naquele dia. Assim que Sabrina entrou, vários funcionários desviaram o olhar, hesitantes, como se quisessem dizer algo, mas recuassem. Franzindo levemente as sobrancelhas, ela se sentou no balcão e perguntou para Agatha: — O que está acontece
O rosto de Mirella ficou instantaneamente pálido como papel. Ela arregalou os olhos para Sabrina, com os lábios tremendo, tentando dizer algo para se justificar, mas sem saber por onde começar. — Já que você acha o Fabiano tão bom, a partir de agora pode seguir ele. Não precisa mais vir trabalhar aqui. Isso aqui não é abrigo. E não use minha tolerância com você para desafiar os meus limites. As mãos de Mirella tremiam de medo. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Quando ela levantou a cabeça para olhar Sabrina, as lágrimas brilhavam em seus olhos: — Chefe, eu errei, eu realmente errei. Não deveria ter contado sua agenda para o Fabiano. Ele me deu uma quantia em dinheiro para que eu relatasse seus compromissos diários. Ele me disse que queria te proteger em segredo, então foi por isso... Foi por isso que eu fiz isso. Eu juro que não tive má intenção. Chefe, acredite em mim, por favor, não... Não me demita, está bem? Sabrina olhou para ela sem qualquer expressão: — Mirell
— Com a situação atual do Bar da Adoração, alguém aqui ainda tem alguma insatisfação? Os outros funcionários abaixaram a cabeça. Um deles, mais corajoso, respondeu baixinho: — Não temos nenhuma insatisfação, chefe. Na verdade, a maioria dos funcionários do bar eram muito dedicados. Desde o começo, trabalhavam com Sabrina e já eram considerados veteranos. Mesmo durante a recente reforma, após o bar ter sido vandalizado, ninguém cogitou pedir demissão. — O único problema desse trabalho é que o horário noturno é muito longo. Por isso, o salário de vocês é mais do que o dobro do que se paga no mercado. Essa é minha forma de compensar vocês. Afinal, virar noites é muito prejudicial à saúde. No segundo semestre, vou implementar uma escala de turnos de acordo com a situação do bar. Assim, vocês terão mais tempo para sair, se divertir ou namorar. Durante o período de trabalho em turnos, o salário continuará o mesmo. Podem ficar tranquilos. — Chefe, você é boa demais! — Exclamou n
— É mesmo? — Emerson soltou um riso frio. Ele lançou um olhar para Simão, que imediatamente entendeu o recado e colocou na mesa, diante dele, os documentos da investigação que já estavam prontos. — Dâmaso, se eu te perdoar desta vez, como você vai pagar suas dívidas de jogo no próximo mês? Vai procurar o Fabiano de novo, não é? O olhar de Dâmaso tremeu de nervosismo: — Eu... Chefe, eu... — Saia. — Disse Emerson, com uma expressão impassível. — Meu restaurante não precisa de gente como você. Hoje, você vazou informações sobre a localização do dono. E da próxima vez? Vai revelar as receitas dos nossos doces? Dâmaso abaixou a cabeça, sem coragem de dizer uma palavra. Porque, na verdade, ele realmente tinha pensado nisso. Mas, as receitas dos doces do Restaurante Encontro estavam, basicamente, todas sob o controle de Emerson. Para conseguir essas receitas, seria necessário passar por ele. Então, ele não conseguiu realizar o plano. A única alternativa foi procurar Fabian
Dalila deu a ele um sorriso desamparado: — Pode sentar. Na verdade, já devíamos ter imaginado isso. No dia em que você me levou para casa, a expressão da minha mãe ficou bem estranha. Acho que foi a partir daquele dia que ela começou a entrar em contato com sua mãe e, juntas, planejaram esse encontro. — Provavelmente. — Álvaro suspirou, sem jeito. — Nunca pensei que a pessoa com quem eu teria um encontro às cegas seria você. Você vai ao cinema ou fazer compras hoje? Dalila respondeu: — Hoje, estou de bom humor, então não vou. — E você? Tem algum plano para depois? Álvaro respondeu: — Meu maior plano para hoje foi justamente esse encontro. Minha mãe ligou para a empresa e cancelou todas as minhas reuniões, insistindo para que eu viesse aqui hoje à tarde. Olhando para a gravata dele, que coincidentemente era do mesmo tom do seu vestido, Dalila teve ainda mais certeza de que a pessoa com quem ela estava se encontrando era Álvaro. Seus sentimentos eram um tanto contraditó
Álvaro segurava o volante com as mãos ligeiramente tensas. Ele virou a cabeça, lançando um olhar resignado para ela: — Dalila, isso foi só um encontro arranjado para agradar nossas famílias. Esse tipo de coisa não deve ser levado a sério. Além disso... Você merece alguém melhor. Nós dois não combinamos. Dalila ergueu os cantos dos lábios em um leve sorriso: — Tudo bem, entendi. Então, explique isso você mesmo para sua mãe. A expressão de Álvaro permaneceu inalterada: — Tudo bem. Dalila abriu rapidamente a porta do carro, desceu sem olhar para trás e entrou diretamente no Grupo Carmo Imóveis. O carro preto logo se afastou, enquanto Álvaro ajustava o nó da gravata com seus longos dedos. Por algum motivo, o olhar de Dalila antes de sair havia o deixado desconfortável. No elevador exclusivo da presidência, o sorriso de Dalila gradualmente se desfez. Ela encarava seu reflexo na parede espelhada do elevador, e seus olhos exibiam uma tristeza profunda. Ela havia dado vária
O projeto seria concluído no próximo mês, e, naquele dia, os parceiros de negócios marcaram um encontro com Dalila, dizendo que gostariam de acertar alguns detalhes.Desde que assumiu o controle do Grupo Carmo Imóveis, Dalila aprendeu uma coisa: os grandes projetos de parceria eram quase sempre fechados à mesa, acompanhados de uma boa dose de vinho.Aquele projeto, por exemplo, foi conquistado por ela e um grupo de diretores depois de consumirem duas garrafas inteiras de vinho tinto.Dessa vez, havia cinco empresas envolvidas na parceria, totalizando seis com o Grupo Carmo Imóveis.Mas todas orbitavam ao redor do Grupo Carmo Imóveis, afinal, no setor imobiliário, a posição de liderança da empresa era inquestionável.— Presidente Dalila, não esperávamos que chegasse tão cedo. Pedimos desculpas, o atraso foi nosso. Os parceiros de negócios haviam sido cuidadosamente escolhidos por Dalila, todos com uma reputação confiável.Ela se levantou, com um sorriso no rosto, e os cumprimentou:—
Dedé tinha sentidos extremamente apurados. Ele percebeu que havia algo errado com Dalila. — Dalila, no encontro às cegas hoje, aconteceu algo que te deixou chateada? Você nunca agiu assim antes. Dalila levantou a cabeça, com uma expressão um tanto fria: — Não, Dedé. Não tire conclusões sobre coisas que você não sabe. Está tarde, volte para casa. Dedé deu um passo à frente, parando bem na frente dela: — Dalila, por quê? Eu não entendo. Se você pode sair com eles, por que não pode tentar comigo? Não acho que sou pior do que eles em nada. Os olhos de Dalila encontraram os dele, frios e distantes, e sua voz soou impessoal e desinteressada: — Dedé, você está ultrapassando os limites. Eu me lembro de já ter te rejeitado antes, na época da escola. Eu disse que não gosto de você. Por que você é tão teimoso? Eu não gosto de homens mais jovens do que eu, então nós não somos compatíveis. Sempre me faltou uma sensação de segurança desde criança, e tudo o que eu quero é encontrar al