Álvaro lançou um olhar frio pelo salão privado, se detendo por fim na posição de Marilda. Ao redor dela, alguns homens já haviam bebido até perderem a compostura, com expressões nitidamente indecentes nos rostos. Com os lábios finos ligeiramente cerrados, Álvaro fez um gesto com o queixo em direção a Marilda: — O que aconteceu aqui? Marilda fungou o nariz antes de responder: — Esta noite tivemos um encontro acadêmico organizado pela faculdade. Depois da confraternização no hotel, nos trouxeram para cá para beber. Eu queria ir para casa, mas não me deixaram, e eu também não quis ofendê-los. Por isso te liguei. Desculpa se te incomodei. Álvaro não negou. De fato, ela o havia incomodado. Ele assentiu de leve, o rosto bonito tinha uma expressão intimidadora. Dando alguns passos até a mesa, ele estendeu a perna e chutou a canela do homem sentado ao lado. — Quem diabos me chutou...? Ah! Presidente Álvaro! Um palavrão ficou preso na garganta do homem e desapareceu assim qu
— Desculpe, Srta. Marilda. A razão pela qual aceitei vir a este encontro hoje foi apenas para agradar à minha mãe. Eu não tenho planos de namorar no momento. Além disso, você não é o meu tipo. Não quero me contentar com algo que não desejo. Se eu aceitasse você agora, seria uma falta de respeito com você. É melhor deixarmos tudo claro antes que qualquer um de nós não se envolva demais. Srta. Marilda, você é uma pessoa excelente, tenho certeza de que encontrará alguém melhor. Diante do verdadeiro amor, compatibilidade ou não, não importa. Marilda ergueu os olhos para ele, já vermelhos de tanto chorar. — Então, que tipo você gosta? O presidente do Grupo Interestelar gosta de garotas gentis, cultas e generosas. Não é isso o que todos dizem por aí? Álvaro respondeu calmamente: — Ser gentil, culta e generosa são apenas palavras. Em outras palavras, foi só um padrão que falei da boca para fora. Srta. Marilda, gostar é gostar, não gostar é não gostar. Se eu gostar de alguém, mesmo que
André encarou as costas de Marilda por um momento e, por fim, levantou o celular, tirando uma foto daquela figura encantadora. Ele baixou os olhos para a tela do celular, os lábios se curvaram levemente, e um sorriso sutil surgiu em seu olhar. O carro de aplicativo de Marilda chegou exatamente naquele momento. André observou ela entrar no carro e partir antes de lentamente desviar o olhar. Álvaro chegou em casa dirigindo seu carro preto, enquanto Rodrigo e Bianca haviam acabado de jantar. — Pai, mãe, cheguei. Depois de trocar os sapatos, Álvaro se aproximou e se sentou no sofá, massageando as têmporas com expressão cansada. Bianca lhe entregou um copo d'água: — Está muito cansado? Álvaro pegou o copo, tomou um gole e respondeu com indiferença: — Nem tanto. O mais cansativo foi acompanhar a Dalila em um passeio pelas lojas. Bianca perguntou: — E como foi o encontro de hoje? A moça é bonita? — É bonita, sim. — Respondeu Álvaro, mantendo o tom calmo. — Mas não fa
Ao olhar o histórico de mensagens entre as duas, Bianca teve uma vaga sensação de que aquela situação certamente tinha algo a ver com Álvaro. Quem saberia se Patrícia não estava tentando aproximar a filha dela de Álvaro. Dalila, Bianca já tinha visto antes. A moça era muito bonita e tinha muita classe. Se Dalila se tornasse sua nora, Bianca ficaria naturalmente satisfeita com isso. Só faltava saber a opinião de Álvaro. Depois de combinarem um horário para se encontrarem, a conversa entre as duas terminou. Bianca chegou a pensar em contar para Sabrina, mas, depois de refletir, decidiu que ainda era cedo demais para falar sobre o assunto. Seria melhor esperar que Álvaro e Dalila realmente ficassem juntos para, só então, contar a ela. O clima entre Sabrina e Emerson estava estranho naquele dia. Desde o ocorrido com o bebê pela manhã, Sabrina parecia completamente desinteressada em tudo. Falava e agia de forma apática, como se estivesse deprimida. Emerson também percebeu qu
Na manhã seguinte, foi Sabrina quem acordou antes de Emerson. Ela se levantou, lavou o rosto e desceu para comprar o café da manhã. Quando voltou para o apartamento, Emerson tinha acabado de acordar. — Comprei o café da manhã. Lave o rosto e venha comer logo. Depois, vamos ao trabalho. Emerson a encarou por alguns instantes, com os lábios finos cerrados, e assentiu com a cabeça. Entre eles, parecia que nada havia mudado e, ao mesmo tempo, tudo estava diferente. Como precisava acompanhar Janaína ao hospital naquela manhã, Sabrina decidiu ir dirigindo sozinha até o bar. Na garagem, ela olhou para o Porsche rosa e se lembrou da corrida com Fabiano naquele dia. Então, optou pelo Maserati branco. Ao sair da garagem, o carro prateado de Emerson a seguiu de perto. Os dois chegaram ao trabalho um atrás do outro. Normalmente, Sabrina estacionava o carro no estacionamento atrás do Restaurante Encontro, mas daquela vez ela entrou diretamente no subsolo do Bar da Adoração. Emerso
Sabrina achou que ela tinha razão: — Você está certa. Vou conversar com ele hoje à noite. Talvez, depois de pensar com calma, a gente não tenha mais tantas divergências. Janaína sorriu gentilmente: — Isso mesmo. Coloque as coisas para fora, não guarde para si. Vai que o Emerson nem pensa assim? Sabrina assentiu com a cabeça e, girando o volante, entrou no estacionamento do hospital. Elas chegaram ao Hospital Esperança. De mãos dadas, entraram no prédio e subiram diretamente de elevador para o setor de obstetrícia. Depois de fazer a ficha, Sabrina se sentou em um banco ao lado de Janaína. — Sabi, estou tão nervosa. Janaína segurou o braço de Sabrina e a olhou com uma expressão fragilizada. Sabrina afagou os cabelos dela: — Não fique nervosa, vai dar tudo certo. Janaína assentiu novamente. Chamaram o nome dela em seguida. Janaína soltou a mão de Sabrina e entrou no consultório médico. Após uma breve conversa, o médico entregou um pedido de exames. Primeiro, seri
Sabrina puxou o pulso bruscamente, deu um passo à frente e parou diante dele, o olhando com surpresa: — Por que você também veio ao hospital? Você nem me avisou quando saiu de manhã. Emerson lançou um olhar frio para Fabiano e, segurando o pulso de Sabrina, a levou para longe. Ao entrarem novamente no elevador, Emerson ficou ao lado de Sabrina, com o rosto gelado como uma estátua e sem dizer uma palavra. Sabrina sentiu que o clima entre os dois parecia ainda mais frio. Ela virou a cabeça para olhar Emerson e, quando estava prestes a dizer algo, o elevador se abriu. Emerson segurou o pulso dela com firmeza e a levou diretamente para o terraço do hospital: — Sabrina, você pode me explicar por que estava no hospital com o Fabiano? Se você queria visitar ele, poderia simplesmente ter me contado. Eu não teria te impedido. Sei que você ainda tem sentimentos por ele e que esquecê-lo completamente é difícil. Desta vez, ele sofreu um acidente grave, e é natural que você quisesse vi
— Se você não acredita, pode perguntar às pessoas ali que estavam assistindo. Eu nunca disse que ainda pensava no Fabiano. Todo o desprezo que demonstrei por ele depois do casamento foi genuíno. Eu nunca quis fingir nada na sua frente. Emerson, se você tem tanta desconfiança de mim, por que resolveu se casar comigo? Vamos nos acalmar um pouco. — Depois de falar, Sabrina se virou e deixou o terraço sem hesitar. No momento em que se afastou, as lágrimas rolaram incontrolavelmente. Ela estava realmente muito triste. Nunca havia se sentido tão mal como naquele momento. Seu coração parecia ser perfurado por agulhas, como se a dor fosse tão intensa que ela mal conseguisse respirar. Emerson permaneceu no mesmo lugar, imóvel por um longo tempo. Ele baixou os olhos e observou a palma de sua mão enquanto o vento frio do terraço soprava entre seus dedos. Era como se houvesse um buraco em seu coração, permitindo que o vento gelado atravessasse e o envolvesse em um frio penetrante e ins