Os cafés haviam acabado de chegar, e Álvaro observou o garçom colocá-los sobre a mesa. Ele encostou as costas da mão na lateral da xícara para testar a temperatura e a empurrou na direção de Dalila, falando em um tom indiferente: — Tenha cuidado, está quente. Dalila se endireitou na cadeira e lançou a ele um olhar cheio de significado: — Álvaro, como é que eu nunca percebi que você é tão atencioso? Não é de se admirar que aquela garota de agora há pouco olhava para você como se fosse desabrochar. Um homem assim, quem não gosta? Vai ver é desta vez que sua tentativa de encontro às cegas dá certo. Álvaro balançou a cabeça: — Não vai dar certo. Ela não é o meu tipo. Dalila comentou: — Outro dia você me disse que gostava de mulheres gentis. Ela não é exatamente o modelo perfeito disso? Álvaro respondeu: — Eu gosto de uma gentileza natural, não algo fabricado para agradar o meu gosto em um encontro às cegas. O nome dela é Marilda. Ela vem de uma família que, geração após g
Assim que Dalila terminou de falar, Álvaro, que havia acabado de tomar um gole de café, não conseguiu evitar e se engasgou. Ele colocou a xícara de lado, pegou algumas folhas de papel e cobriu os lábios enquanto tossia sem parar, quase sem conseguir respirar. Dalila, preocupada, se levantou rapidamente e foi até ele. Colocou uma das mãos em suas costas e deu leves batidas: — Você é engraçado, hein? Se não quiser, é só dizer! Para que ficar tão agitado? Eu só estava brincando. Pronto, pronto, não se irrite. Álvaro finalmente parou de tossir e se endireitou. Seu rosto pálido estava tingido de um vermelho um tanto constrangedor: — Esse tipo de brincadeira não tem graça. Não faça isso de novo. Nós nunca poderíamos ficar juntos. Seu irmão e minha irmã já estão casados. Dalila revirou os olhos e respondeu: — Se a gente ficasse junto, não seria ótimo? Seria um laço ainda mais forte entre as famílias! Mas relaxa, eu estava só brincando. Você é mesmo péssimo para aceitar uma piada
— Por que tem que ser tão triste assim? Eu achei que era uma comédia romântica. Esse roteirista é muito cruel. Por que não deixou eles ficarem juntos? Mesmo que a mulher virasse um vegetal, pelo menos o homem ainda teria alguma esperança. Álvaro, no entanto, não concordou: — Essa esperança é pior do que nenhuma. Alimentar uma esperança incerta é mais doloroso do que a própria desesperança. Pelo menos assim eles podem deixar uma bela história. Dalila deu um empurrão no ombro dele. — O que você tá dizendo? Que coisa desagradável! Álvaro curvou levemente os lábios, mas não discutiu com ela. No final do filme, o homem nunca se casou. Ele usou seu dinheiro para construir várias escolas, e todas elas receberam o nome da mulher. Quando saíram do cinema, os olhos de Dalila estavam inchados como pêssegos. Segurando o lenço de seda que Álvaro lhe deu, ela tirou um espelhinho da bolsa, olhou para os olhos vermelhos e inchados e reclamou, insatisfeita: — Que horror, por que eu ch
O garçom se virou e olhou para ele com uma atitude gentil: — Mais alguma coisa, senhor? Álvaro deu leves toques com a ponta dos dedos na mesa: — Um menu de casal, por favor. Dalila torceu a boca com desdém. Assim que o garçom se afastou, ela lançou um olhar indignado para Álvaro: — Quem é casal com você? Que audácia sua, se achar assim. Álvaro respondeu com naturalidade: — Não foi você quem sugeriu o menu de casal? Se eu não pedisse, você ia perder a pose. Dalila retrucou com sarcasmo: — Então, obrigada, Presidente Álvaro, por me dar essa "moral". Álvaro ergueu os olhos e olhou para ela com tranquilidade: — De nada, Presidente Dalila. Dalila quase não conseguiu evitar revirar os olhos. Dentro dela, uma voz gritava: "Eu sou uma dama, não posso fazer algo tão inapropriado." O bife chegou rápido. Ambos pediram com molho de pimenta preta. O único problema foi que Dalila estava usando um vestido branco e, enquanto comia, o molho espirrou no tecido. O vestido
Por fim, Álvaro entregou o cartão diretamente à vendedora: — Vou levar tudo. Quando saíram da loja de roupas, os dois estavam carregando uma pilha de sacolas. O andar de baixo da loja era dedicado à moda masculina. Álvaro originalmente planejava ir embora, mas foi puxado por Dalila para o departamento de roupas masculinas. — Álvaro, você comprou tantas coisas para mim hoje. Em retribuição, que tal eu te dar algo também? Álvaro suspirou, sem saber o que dizer: — Eu não preciso. As roupas dele eram entregues mensalmente por estilistas, e ele sequer conseguia usar todas. Dalila insistiu: — Faz do meu jeito, vai. Ela havia acabado de trocar de roupa por um novo vestido branco na loja, bem diferente do anterior. A barra do vestido era decorada com flores bordadas em relevo, e o modelo de alças destacava sua pele clara e translúcida, fazendo ela parecer radiante. O ar-condicionado do shopping estava no máximo, e um arrepio passou nos braços de Dalila. Enquanto ela esc
Dalila fez um biquinho e retrucou: — Isso é um absurdo. Por que buscar a imperfeição quando se pode ser perfeito? Não é uma coisa boa tentar ser perfeito sempre que for possível? Álvaro, não me diga que você é como aquele cara que passou anos gostando de alguém sem coragem de se declarar. O olhar de Álvaro ficou ligeiramente sério: — Você acha que há algo que eu não teria coragem de fazer? Dalila deu de ombros e disse: — É verdade, você realmente não tem esse problema. Tá bom, foi coisa da minha cabeça. O carro preto parou na entrada da Mansão dos Carmo. Dalila desceu do banco do passageiro, abriu a porta de trás e pegou as roupas que Álvaro havia comprado para ela. — Vamos, Presidente Álvaro. Se essa encenação de hoje der certo, depois eu te pago um jantar. Vou considerar que te devo um favor. Álvaro deu um leve sorriso: — Combinado. Patrícia tinha acabado de voltar de uma sessão de beleza e, naquele momento, estava sentada no sofá mexendo no celular. Ela havia
— Somos todos conhecidos, ajudar em momentos difíceis é o certo a fazer. Olha só, que educação! Patrícia começava a achar Álvaro cada vez mais agradável aos olhos. Ela o convidou a entrar: — Entre e se sente. A propósito, Dalila foi a um encontro às cegas. Por que você também estava lá? Álvaro, um pouco constrangido, apertou os lábios: — Eu também fui a um encontro às cegas. Minha mãe anda me pressionando para casar. As sobrancelhas de Patrícia se arquearam levemente, e um brilho significativo passou por seus olhos:— Ah, entendi. Se sente, por favor. Álvaro se acomodou no sofá, e uma empregada serviu um café, o colocando à sua frente. Ele pegou a xícara e tomou um pequeno gole, mantendo a expressão tranquila em seu rosto elegante, enquanto sua aura parecia mais acessível. Aquele que, no ambiente de trabalho, era frio como gelo, estava surpreendentemente dócil. Dalila lançou a ela um olhar de desprezo, pensando para si mesma que ele realmente sabia como fingir. Patrí
Osvaldo disse: — Está bem, faça como achar melhor. Mas se lembre: você precisa sempre consultar a opinião da Dalila antes de qualquer coisa. Se ela não concordar, não a force, entendeu? Questões relacionadas aos filhos devem ser decididas por eles mesmos. Patrícia acenou com a cabeça de forma desinteressada: — Entendi, entendi. Ela soltou o braço de Osvaldo, pegou o celular e subiu as escadas, planejando descobrir o WhatsApp de Bianca para marcar um café e conversar com ela. Do lado de fora da Mansão dos Carmo Álvaro olhava para Dalila com os olhos semicerrados: — Você não disse que resolvia sozinha? Dalila, você me chamou aqui à toa. Não foi para eu ajudar a explicar nada, mas para me envolver nessa situação, certo? Os olhos de Álvaro se estreitaram ainda mais, e sua expressão carregava uma evidente insatisfação enquanto encarava Dalila. Dalila hesitou por um momento. Ela não esperava que Álvaro percebesse suas intenções tão facilmente. As mãos dela, pendendo ao la