No momento em que pensava em chamar o garçom para pedir outro café, uma voz familiar soou ao seu lado: — Senhor, por favor, me solte. Acho que este encontro de hoje foi completamente insatisfatório. Que papel você está querendo interpretar? — Tudo bem, você é uma presidente, mas e daí? A fortuna da família Carmo não vai acabar nas mãos do seu irmão mesmo? Você acha que é algum tipo de artigo raro agora? Pois vou te dizer: uma mulher, depois dos trinta anos, por melhores que sejam suas condições, ninguém mais a quer. Olhe para você mesma, que tipo de coisa acha que é? Está realmente se achando algo especial? Pare com essa pose de recatada! Antes mesmo de terminar a frase, a mulher à sua frente pegou uma xícara de café e atirou nele com toda força. O homem, pego completamente de surpresa, se levantou bruscamente da cadeira e, furioso, levantou a mão para desferir um tapa nela. A mulher, incapaz de desviar a tempo, fechou os olhos, tomada pelo medo. Ela já esperava pelo impacto
Álvaro franziu levemente as sobrancelhas, seu olhar estava fixo em Marilda. Ele era sempre contido, sabia exatamente como se portar. Entendia que ela era apenas uma parceira em um encontro arranjado e, por isso, não perguntou sobre sua relação com Dalila. Ainda assim, manteve uma postura cortês e educada. As sobrancelhas franzidas de Álvaro gradualmente se suavizaram, e ele respondeu com um tom calmo: — Tudo bem. Você veio de carro? Precisa que eu a leve para casa? Marilda balançou a cabeça: — Não precisa. Sr. Álvaro, se não se importar, podemos trocar WhatsApp? Álvaro pegou o celular, abriu o QR Code e o colocou diante dela: — Claro. Dalila estava ao lado dele, observando toda a interação entre Álvaro e sua parceira de encontro. Ficava claro que eram educados um com o outro, mas não havia intimidade. Marilda escaneou o QR Code de Álvaro e enviou uma mensagem. Ele abriu rapidamente, e salvou o nome dela nos contatos. O sorriso no rosto de Marilda se alargou. Ain
Os cafés haviam acabado de chegar, e Álvaro observou o garçom colocá-los sobre a mesa. Ele encostou as costas da mão na lateral da xícara para testar a temperatura e a empurrou na direção de Dalila, falando em um tom indiferente: — Tenha cuidado, está quente. Dalila se endireitou na cadeira e lançou a ele um olhar cheio de significado: — Álvaro, como é que eu nunca percebi que você é tão atencioso? Não é de se admirar que aquela garota de agora há pouco olhava para você como se fosse desabrochar. Um homem assim, quem não gosta? Vai ver é desta vez que sua tentativa de encontro às cegas dá certo. Álvaro balançou a cabeça: — Não vai dar certo. Ela não é o meu tipo. Dalila comentou: — Outro dia você me disse que gostava de mulheres gentis. Ela não é exatamente o modelo perfeito disso? Álvaro respondeu: — Eu gosto de uma gentileza natural, não algo fabricado para agradar o meu gosto em um encontro às cegas. O nome dela é Marilda. Ela vem de uma família que, geração após g
Assim que Dalila terminou de falar, Álvaro, que havia acabado de tomar um gole de café, não conseguiu evitar e se engasgou. Ele colocou a xícara de lado, pegou algumas folhas de papel e cobriu os lábios enquanto tossia sem parar, quase sem conseguir respirar. Dalila, preocupada, se levantou rapidamente e foi até ele. Colocou uma das mãos em suas costas e deu leves batidas: — Você é engraçado, hein? Se não quiser, é só dizer! Para que ficar tão agitado? Eu só estava brincando. Pronto, pronto, não se irrite. Álvaro finalmente parou de tossir e se endireitou. Seu rosto pálido estava tingido de um vermelho um tanto constrangedor: — Esse tipo de brincadeira não tem graça. Não faça isso de novo. Nós nunca poderíamos ficar juntos. Seu irmão e minha irmã já estão casados. Dalila revirou os olhos e respondeu: — Se a gente ficasse junto, não seria ótimo? Seria um laço ainda mais forte entre as famílias! Mas relaxa, eu estava só brincando. Você é mesmo péssimo para aceitar uma piada
— Por que tem que ser tão triste assim? Eu achei que era uma comédia romântica. Esse roteirista é muito cruel. Por que não deixou eles ficarem juntos? Mesmo que a mulher virasse um vegetal, pelo menos o homem ainda teria alguma esperança. Álvaro, no entanto, não concordou: — Essa esperança é pior do que nenhuma. Alimentar uma esperança incerta é mais doloroso do que a própria desesperança. Pelo menos assim eles podem deixar uma bela história. Dalila deu um empurrão no ombro dele. — O que você tá dizendo? Que coisa desagradável! Álvaro curvou levemente os lábios, mas não discutiu com ela. No final do filme, o homem nunca se casou. Ele usou seu dinheiro para construir várias escolas, e todas elas receberam o nome da mulher. Quando saíram do cinema, os olhos de Dalila estavam inchados como pêssegos. Segurando o lenço de seda que Álvaro lhe deu, ela tirou um espelhinho da bolsa, olhou para os olhos vermelhos e inchados e reclamou, insatisfeita: — Que horror, por que eu ch
O garçom se virou e olhou para ele com uma atitude gentil: — Mais alguma coisa, senhor? Álvaro deu leves toques com a ponta dos dedos na mesa: — Um menu de casal, por favor. Dalila torceu a boca com desdém. Assim que o garçom se afastou, ela lançou um olhar indignado para Álvaro: — Quem é casal com você? Que audácia sua, se achar assim. Álvaro respondeu com naturalidade: — Não foi você quem sugeriu o menu de casal? Se eu não pedisse, você ia perder a pose. Dalila retrucou com sarcasmo: — Então, obrigada, Presidente Álvaro, por me dar essa "moral". Álvaro ergueu os olhos e olhou para ela com tranquilidade: — De nada, Presidente Dalila. Dalila quase não conseguiu evitar revirar os olhos. Dentro dela, uma voz gritava: "Eu sou uma dama, não posso fazer algo tão inapropriado." O bife chegou rápido. Ambos pediram com molho de pimenta preta. O único problema foi que Dalila estava usando um vestido branco e, enquanto comia, o molho espirrou no tecido. O vestido
Por fim, Álvaro entregou o cartão diretamente à vendedora: — Vou levar tudo. Quando saíram da loja de roupas, os dois estavam carregando uma pilha de sacolas. O andar de baixo da loja era dedicado à moda masculina. Álvaro originalmente planejava ir embora, mas foi puxado por Dalila para o departamento de roupas masculinas. — Álvaro, você comprou tantas coisas para mim hoje. Em retribuição, que tal eu te dar algo também? Álvaro suspirou, sem saber o que dizer: — Eu não preciso. As roupas dele eram entregues mensalmente por estilistas, e ele sequer conseguia usar todas. Dalila insistiu: — Faz do meu jeito, vai. Ela havia acabado de trocar de roupa por um novo vestido branco na loja, bem diferente do anterior. A barra do vestido era decorada com flores bordadas em relevo, e o modelo de alças destacava sua pele clara e translúcida, fazendo ela parecer radiante. O ar-condicionado do shopping estava no máximo, e um arrepio passou nos braços de Dalila. Enquanto ela esc
Dalila fez um biquinho e retrucou: — Isso é um absurdo. Por que buscar a imperfeição quando se pode ser perfeito? Não é uma coisa boa tentar ser perfeito sempre que for possível? Álvaro, não me diga que você é como aquele cara que passou anos gostando de alguém sem coragem de se declarar. O olhar de Álvaro ficou ligeiramente sério: — Você acha que há algo que eu não teria coragem de fazer? Dalila deu de ombros e disse: — É verdade, você realmente não tem esse problema. Tá bom, foi coisa da minha cabeça. O carro preto parou na entrada da Mansão dos Carmo. Dalila desceu do banco do passageiro, abriu a porta de trás e pegou as roupas que Álvaro havia comprado para ela. — Vamos, Presidente Álvaro. Se essa encenação de hoje der certo, depois eu te pago um jantar. Vou considerar que te devo um favor. Álvaro deu um leve sorriso: — Combinado. Patrícia tinha acabado de voltar de uma sessão de beleza e, naquele momento, estava sentada no sofá mexendo no celular. Ela havia