Prólogo

"Nem palavras duras e olhares severos devem afugentar quem ama; as rosas têm espinhos e, no entanto, colhem-se."

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William Shakespeare.

Embate, batida, conflito, impacto ou choque de dois corpos. E todos os outros sinónimos atribuídos para designar só um único fenómeno, um único ato.

 Nós dois. A nossa colisão.

O ar se esvazia aos poucos de meu corpo aos poucos, pelo simples facto da minha consciência vagar sobre a ala da minha mente onde ambos estamos guardados, onde aina existimos.

O lugar proibido dentro de mim que jurei que nunca mais seria visitado por mim e apenas permanecer deplorável até ser consumido pelo abismo vazio que é o esquecimento.

Mas lá está você carregando junto todos os nossos momentos que se eternizaram dentro de mim e atravessam minha pele que um dia teve cada extensão explorada por você, que um dia sentiu o calor de seu corpo capaz de incendiar meu coração o concebendo as chamas.

Seus sussurros pecaminosos deslizavam gentilmente sobre mim, e faziam o mesmo coração em chamas sofrer varias batidas aceleradas castigando as paredes torácicas que o abrigam. E até hoje posso afirmar que a batida mais forte que se fez sentir foi no dia em que você me partiu e despedaçou o mesmo coração em pedaços.

O impacto catastrófico de nossos corpos letais e vazios ao se fundirem trouxeram a origem a mais bela e perfeita coisa que alguma vez tivemos. Só que tem um detalhe com que nós dois nunca contamos, para que aquilo desse certo nos precisávamos de algo.

Controle

Mas isso era totalmente impossível de ocorrer no nosso mundo devasso e caótico. Volto a ressaltar. Impossível. Nossos corpos juntos nunca exerceram controle.

Eles não o tinham e isso era assustador, mas com você o perigo sempre foi assim sempre teve um efeito contrario. O perigo se tornava simplesmente tentador e fascinante.

E como era bom dançar sobre o perigo com você.

Tanto que nos levou cordialmente a cavar nossa ruina, bem lentamente sob a impulsividade que nos dominou e quando menos eu esperava a nossa mais incerta e perfeita colisão se mostrou o que realmente era, algo muito longe e distante do perfeito. Simplesmente por um motivo.

Porque escolhemos nos destruir.       

E pergunto para você.

Alguma vez você viu tudo que viveu passar como um filme rápido na sua mente, tudo em seu redor ficou lento e distante? Esse é um típico sintoma que você tem quando está entre a vida e a morte.

Agora, nesse exato momento a minha vida parece um fio, um fio que a qualquer altura pode ser cortado por esse assassino.

Tudo depende dele e do momento que tiver a salaz coragem para puxar o gatilho mirando minha testa. Seus olhos escuros estão bem fixos em mim, seu alvo tão desejado. Prestes a disparar a qualquer momento.

Sinto que minha vida já não me pertence, que meu corpo não é mais meu e sim dele. Tudo está a sua mercê e só de pensar que algum dia cheguei a amar e confiar tanto nesse monstro, uma dor enorme me preenche e me parte por dentro.

Ele era especial para mim umas das pessoas que mais amei e passou pela minha vida marcando ela.

Quanto tempo demorou até tudo se tornar um repudio caótico?

Confiei nele com a minha própria vida e bom parece que é isso mesmo que vai custar, confiar em quem não se deve. A vida.

Dias? Semanas? Meses? Ou simples pares de segundos foram suficientes para tudo mudar.

Se não fosse aquela maldita cidade e o maldito dia que botei os pés nela nada disso teria acontecido, não teria conhecido ele...não sofreria tanto como sofri. Nunca imaginei que alguém pudesse partir meu coração da pior forma.

Nunca teria me quebrado assim e talvez não estaria prestes a morrer agora. Finalmente parece que ele ganha a coragem que lhe faltava e puxa o gatilho sem piedade dando início ao meu fim.

Mas antes tudo vem a minha cabeça novamente como um filme rápido.

O filme que conta a história de como você Dylan Parker acabou comigo e me destruiu aos poucos, mas eu não deixei fácil para você certo? Eu cai, mas puxei você junto para o abismo que construímos.

Eu também retribui o favor.

Me lembro tão bem como tudo começou. Como você se tornou distante de mim, como se nunca estivéssemos destinados.

Como se nunca tivéssemos colidido.

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