DANIEL ALENCAR
Acordei no domingo lendo as manchetes criativas estampadas nos sites do G****e...
As matérias falavam sobre como a festa havia sido grandiosa e sobre como tudo foi realizado com absoluto requinte. Haviam muitos elogios a mim e a toda a cerimônia em si, mas o assunto principal em todos os sites era "A Noiva de Cristal".
Boa parte dos artigos foi destinado apenas a descrever como era linda e como estava fabulosamente vestida a futura consorte do império Medeiros Alencar. Os comentários sobre como fazíamos um belo casal e sobre como Maria Clara reluzia em seu vestido de brilhantes repetiam-se em diferentes formas de elogios.
Falavam como eu parecia perdidamente apaixonado e que minha noiva era uma verdadeira princesa, algumas notas estupidas mencionavam coisas sobre o evento ser pomposo demais ou acharam a noiva extravagante. Ainda assim, de um modo geral, todos na imprensa pareciam ter adorado aquela garota, sabíamos que seria de
DANIEL ALENCAR Segui com o "pão e circo" durante toda a noite, minha pequena debutante social estava muito mais tranquila e até pareceu se divertir em alguns momentos. Depois das primeiras horas começou a se soltar, sorria enquanto conversava com os convidados, agradecia os elogios e dizia que se sentia honrada com a presença de todos. Pude constatar novamente que o talento estava mesmo ali. Foi só no fim da festa que meu sangue subiu e quis enfiar a mão na boca daquela menina para fazê-la parar de falar. Já estávamos nos despedindo de algumas pessoas importantes enquanto íamos rumo a saída dos fundos quando senti aquela mão segurar o meu braço e só pelo perfume enjoativo que tomou conta da atmosfera ao redor, soube de quem se tratava... Sophia tinha vinte e sete anos, era alta, cabelos castanhos abaixo dos ombros e os olhos verdes como os de um felino selvagem, era filha de Ernesto Monteiro, um dos sócios mais antigos e de cu sujo da diretori
DANIEL ALENCAR Antes que pudéssemos continuar a debater sobre a diferença entre nossos universos, as criadas trouxeram o jantar. Clara observou o movimento das empregadas e agradeceu quando terminaram que servir as bandejas, mas depois que saíram voltou a ironizar: _ Achei que serviriam nossos pratos também. _ sussurrou irônica. _ Às vezes elas o fazem, depende da ocasião. _ continuei já perdendo a paciência. _ É a respeito dessa sua falta de costumes que gostaria de conversar, senhorita. Daqui pra frente ser servida e tocar sininhos será sua rotina. Entenda que o quanto antes se habituar com as mudanças em seu estilo de vida mais rápido irá aprender a se comportar como a noiva que está sendo paga para ser. Permaneci encarando enquanto ela processava minhas palavras. Mesmo que tivesse uma expressão delicada no rosto, pude sentir a ironia no pequeno sorriso que surgiu em seus lábios quando começou a falar: _ Lembrarei disso senhor Alencar. Será
DANIEL ALENCAR Na segunda feira o dia foi tranquilo, as horas correram preenchidas por telefonemas repletos de felicitações, presentes subindo da recepção e visitas inesperadas dos sócios mais chegados. Passava das 20h e estava em um Happy Hour com investidores quando recebi a ligação informado que Clara não estava em casa, a copeira foi chamá-la para o jantar, mas a moça não estava no quarto e ao procurem pela casa não a encontraram em lugar nenhum. Imediatamente tentei ligar para a garota, cheguei a pensar que poderia ter desistido depois de nossa última conversa, mas o telefone chamou até a ligação cair e um vazio gelado começou a crescer em meu peito. Por sorte não demorei para receber o retorno do chefe da segurança avisando que um dos motoristas havia levado minha noiva para a faculdade. Uma estranha onda de alívio percorreu meu corpo e percebi que estava completamente tenso com seu breve desaparecimento. Jamais me perdoaria se algo de ruim aco
CLARA ASSUNÇÃO Achei que depois de encarar a m*****a festa de noivado as coisas ficariam tranquilas, mas pelo visto seria na base da superação diária mesmo... Quando acordei no domingo, imediatamente liguei para contar a minha madrinha sobre a novidade, caso ainda não tivesse visto em algum lugar. Tia Go brigou comigo e disse que foi uma grande falta de consideração ficar noiva sem nem ao menos lhe avisar. Menti dizendo que tive medo de que ela não concordasse com a minha decisão ou que me achasse precipitada. Ouvi em silêncio o sermão doloroso, mas merecido, sobre como ela se importava comigo e que não tinha nenhuma intenção de se intrometer em minha vida. E que ficou muito chateada por alguém que ela considerava como filha ter lhe escondido algo tão importante como se ela não significasse nada em sua vida. Argumentei algumas vezes e minha madrinha ouviu minhas desculpas esfarrapadas sem muito entusiasmado, por fim, me desejou felicidades e disse que precisaria de u
CLARA ASSUNÇÃO A terça foi dividida entre fotos para as redes sociais, consulta médica seguida por uma série de exames clínicos e pela burocracia para conseguir tirar um passaporte. Logicamente, durante todo esse rolê haviam três brutamontes me acompanhando por todo lado. Os homens pareciam policiais e me sentia um desconfortável com a cara de "poucos amigos" que faziam para as pessoas a volta. No meio da tarde finalmente Camila me desbloqueou e na mensagem que recebi dizia apenas "explica logo essa merda cachorra". Nunca fiquei tão feliz por ser xingada quanto naquele momento. Produzi o melhor textão resumindo a desculpa que inventei para não ter contado nada antes e avisei que passaria na república depois da aula para conversarmos melhor. E assim o fiz. Mas primeiro precisei passar pelo constrangimento de ser acompanhada até minha sala por um segurança vestido no melhor estilo homens de preto e para piorar, o cara ficou todo o tempo parado ao lado d
CLARA ASSUNÇÃO A quarta feira estava mesmo repleta de compromissos e me arrependi por não ter ido pra casa mais cedo como meu contratante havia sugerido. As oito já estava devidamente arrumada tomando café com dona Norma e o dia correu com a sequência de visitas de professores e ensaios para uma pequena entrevista que daria no dia seguinte. No fim da tarde estava exausta, queria tirar um cochilo antes de me arrumar para a faculdade, mas tive que fazer uma vídeo conferência com o pessoal das redes sociais e ajudar em algumas legendas onde falariam coisas sobre mim. Tomei um banho quase gelado para despertar o cansaço e comecei os preparativos para sair para a aula. Coloquei a lingerie e fui para a penteadeira secar os cabelos úmidos. Estava de escova e secador em punho quando vi a tela do celular iluminar-se a minha frente. Larguei os instrumentos de beleza para conferir o que havia de novo, já que poderia ser todo poderoso e não queria dar motivos para contin
CLARA ASSUNÇÃO Entramos na sala e jantar de mãosdadas, o Barão sentou-se na ponta da grande mesa de vidro e nos acomodamos um de frentepara o outro na mesa posta com todo o requinte. Observei enquanto o senhor de cara feia começou a servir a salada em seu prato, Daniel corria os olhos entre mim e seu pai com uma expressão ilegível, após derramar duas colheres de ervilhas no prato, o senhor Carlos Augusto Medeiros Alencar voltou a dirigir-se a mim: _ Então trabalhava para nós, o que fazia exatamente mocinha? _ inquiriu enquanto recebia a bandeja com carnes das mãos de seu filho. _ Nas últimas semanas fui promovida a assistente de uma das gerências administrativas, mas trabalhei mais de um ano no setor de recursos humanos. _ O RH não tem acesso a diretoria, como foi que se conheceram? _ Foi por acaso. Nos esbarramos pelos elevadores e... seu filho pode ser muito persuasivo quando quer alguma coisa. _ admiti divertida. Daniel
CLARA ASSUNÇÃO Soberba era o adjetivo perfeito para descrever o que tinha visto da família Medeiros Alencar até o momento. Ao longo da noite, ponderei as insinuações maldosas do tal "Barão" e ficou bem claro que me achava uma oportunista. Tentei não me importar, já que todo aquele romance não passava de uma grande mentira e meu único interesse era mesmo a grana que iria ganhar enquanto o acordo durasse. Só precisava segurar a onda, não m****r ninguém tomar no cu e, provavelmente, tudo acabaria bem. Naquela noite dormi cedo e acordei animada para enfrentar o dia que correu tranquilo. Entre as aulas de inglês e história antiga, tive minha primeira aula de música no piano da biblioteca. Também brinquei de imitar pessoas na aula de teatro e achei bem divertido. Começava a gostar muito das lições que Eloisa estava passando, poderiam ser úteis para qualquer tipo de situação do cotidiano e com certeza seriam fundamentais para fingir que amava o playboyzinho.