"ATENÇÃO, GATILHO, CONTEÚDO SEXUAL ABUSIVO E FRASES PRECONCEITUOSAS".
- Que porra vocês estão fazendo aqui?!
As palavras saem da minha boca como em um rosnado. Eu que pouco falo palavrão, falei vários em apenas alguns minutos. Minutos que sucederam a chegada deles.
- Vim pegar o que é meu, filhinho.
- Você não tem caralho nenhum aqui. A porra dessa escola é minha! Minha, entendeu!
- Está enganado. A casa me pertence.
Meu irmão se mantinha calado, impassível. Algo nele estava diferente, mas minha fúria não me permitia notar o que. Ele sempre agiu como um maluco. Sempre causando problemas onde passava. Colocava fogo nos gatos da vizinha, batia nos colegas de classe, ameaçava a minha mãe e a mim de morte. Batia na coitada, por fim, logo que ela morreu, sumiu no mundo. Havia ficado revoltado porque o velho havia deixado o casarão para mim. O casarão e metade da sua fortuna. A outra metade ficou para ele, que
Eu diria, que tecnicamente todos os psicopatas são sociopatas. No geral, são frios e calculistas. O que os define como sociopatas ou psicopatas são os níveis de crueldade com o qual cada um age. Fui considerado um psicopata durante muito tempo.Psicopatas possuem baixa atividade cerebral nas áreas relacionadas às emoções. Por esse motivo, são incapazes de sentir emoções fortes e não respondem a estímulos que causariam medo, nojo, felicidade ou choque a outras pessoas. No meu caso, é diferente. Eu não sou assim. Meu pai é. A prova disso é que ele não reconheceu Maria Luiza Marchesi. Eu sim.Para se camuflarem, psicopatas fingem emoções e são perfeitos atores, pois fazem isso a vida inteira, mas meu pai deixou de fazer isso faz muito tempo. Ele não precisa mais. Por serem extremamente observadores, costumam desenvolver inteligência acima da média, além de serem pessoas charmosas e sedutoras. Foi assim que ele conquistou a minha mãe.
Minha vida não foi nada fácil, isso é um fato. Concordo que a do meu irmão foi tão difícil quanto. Talvez até mais, pois minha mãe cuidava muito mais de mim. Ainda assim, o comportamento que ele teve não é justificável, não para mim. Mas o que me esperava era simplesmente demais para mim.Eu estava me arrumando para me deitar, quando fui surpreendido por uma batida na porta. Autorizei a entrada, achando que fosse Malu. Não era.- Oi.- O que você quer?- Conversar.- Não temos nada pra falar.- Está enganado e não vou sair daqui até que me ouça.- Se não tem outro jeito...diga de uma vez.Ele ficou em silêncio e trancou a porta. Se aproximou contando os passos e se apoiou na parede em frente a minha cama, com os braços cruzados. Se fosse outra pessoa eu diria para se sentar, mas queria que ele fosse logo embora.- Eu esperei até tão tarde para que o nosso...pai...- Ele é seu pai, não meu.
Sequestradas.Malu e Camilla haviam sido sequestradas e a culpa era minha.Como pude ser tão idiota? Acreditei na historinha triste do meu irmão de que havia mudado por amor e de que queria vingança. Imbecil.Pesquei o celular no bolso e disquei o número da única pessoa que poderia me ajudar nesse momento.- Alô? Senhor Santori?- Olá, Gabriel Barreira? Posso ajudar em alguma coisa?- Sim. Malu e Camilla foram sequestradas.- Não, não...você está enganado.- Encontrei o celular dela...tinha uma mensagem que...- Calma rapaz. Acha mesmo que a agente Maria Luiza seria tola o suficiente para cair nessa? Ela nos avisou, estamos na retaguarda dela.- Menos mal. Obrigado.Desliguei o telefone mais calmo, mas não estava tranquilo. Eu não podia esperar. Eu tinha que ir atrás de Malu.Como se pressentisse a minha irá, meu telefone tocou e era a única pessoa que eu não queria ouvir.<
No dia seguinte ainda não havíamos levado Breno para o hospital. Eu achava imprudência, mas ele e as garotas concordavam que ele seria um alvo fácil. Sim. Os três acreditavam que Breno seria morto caso ficasse em uma cama de hospital. O problema veio, com o passar dos dias, que ao invés de melhorar, ele apenas piorava. O ferimento a bala infeccionou e meu irmão estava com cada vez mais febre.Mais uma vez, Camilla foi trocar o curativo. Meu irmão estava inconsciente. A febre o tinha derrubado. Quando ela retirou a gaze, havia muito pus e a ferida estava avermelhada em volta e com um cheiro muito forte.- Precisamos de antibióticos...- Precisamos é levá-lo-lo para um hospital!- Vão matá-lo! Você não entende que ele mudou de lado, e não é apenas o pai de vocês que o quer morto?- Ele vai morrer se ficar aqui...- Aqui ele ainda tem
As câmaras de monitoramento nos ajudaram. Ao menos para saber que eles já estavam chegando. Tivemos que sair naquele momento. Três viagens em menos de dois dias, acabariam matando Breno. Mas não tínhamos opção. Minha irmã o preparou para mais uma viagem. Dessa vez bem mais longa. Nós voltaríamos para a nossa antiga casa, não a de Belford Roxo, e sim a do Complexo do Alemão. O morro era o único lugar no qual estaríamos protegidos. Claro que ninguém poderia saber que Camilla e eu éramos policiais.Chegamos no nosso antigo endereço no meio da noite. Breno estava ainda pior. Mas se tudo desse certo, não seria necessário que ele viajasse mais. Ao menos não até se recuperar.Abri a porta e um forte cheiro de mofo invadiu as minhas narinas. Haviam mais de dez anos que eu não entrava nessa casa. Porém, nunca tive coragem de vender. Ainda tinha esperanças de que houvesse alguma pista que solucionasse a morte da minha mãe.Os móveis estavam cobertos co
Atenção GATILHO de violência física.Algumas semanas se passaram sem nenhum acontecimento, todos estavam.tranquilos e achando que tudo estava bem. Eu não. Como policial eu sabia que havia algo de errado. Malu também percebeu. Estava tudo muito calmo. Nem mesmo o Dr. Santori deu notícias. Eu sabia que ele tinha formas de nos localizar. E mesmo que não tivesse, era só fazer eliminatórias. Eu procuraria em cada lugar que os meus procurados já houvessem passado e essa casa não era excessão.Breno se recuperava a cada dia e eu fui falar com todos. Precisávamos ir embora. Sair do país não era uma opção. Precisávamos descobrir o que estava acontecendo, senão passaríamos o resto da vida fugindo. Não éramos os fugitivos. Os bandidos eram eles e não nós.Abri a porta do quarto de Breno, ele estava sentado na cama e conversava com Malu e Gabo.- Oi.- Oi. Preciso falar com vocês.- Malu, acho que seu faro, assim como o
Os tiros acertavam a mobília e as garrafas na estante. Todos nos jogamos no chão no mesmo instante. Malu gritava ordens a todos.- Fiquem atrás das colunas e abaixados!Ela se arrastou até a mesa onde estavam as armas. Jogou uma para cada um e então se arrastou novamente até chegar a janela. Ficou em pé atrás da coluna e olhou pela fresta.- São eles! Tenho certeza! Precisamos sair daqui...- Como vamos fazer isto Malu?- Não sei Gabo. Mas não temos chances contra eles. São muitos.Me arrastei até ela e vi com meus próprios olhos. Haviam mais de dez carros. Não eram da polícia. Eles não ousariam. Não no Morro do Alemão. Então uma ideia pipocou na minha cabeça.- Tenho uma ideia Malu. Consegue me dar cobertura?- Gabo, sem querer ser...- Eu sei o quê você vai dizer. E o meu equilíbrio não vai atrapalhar. Eu vou pela janela de trás.- Mas ela dá para a ribanceira.<
Atenção! Capítulo com gatilho de violência física.*****************************************Mal entramos na casa em Niterói e Malu cruzou os braços a minha frente.- Agora estamos em segurança, e vocês dois me devem uma explicação.Disse apontando o dedo para nós.Puxei Malu comigo até a sala e me sentei no sofá de veludo marrom. Ela se sentou ao meu lado. Cinthia e o namorado também vieram.Malu me observava com o olhar impassível.Eu comecei sem rodeios.Eu costumava visitar a Floresta da Tijuca. Dirigia até lá toda semana praticamente. Lá eu me sentia bem. Gostava de ficar sozinho para pensar. Eu ficava muito sozinho nesse tempo. Mas a floresta era um refúgio.Em uma das vezes que estava lá, pensei ouvir gritos, mas não dei muita importância, mas ainda assim continuei me embrenhado no meio da mata, não ouvia mais os gritos. Caminhei e caminhei. Então eu v