Sequestradas.
Malu e Camilla haviam sido sequestradas e a culpa era minha.
Como pude ser tão idiota? Acreditei na historinha triste do meu irmão de que havia mudado por amor e de que queria vingança. Imbecil.
Pesquei o celular no bolso e disquei o número da única pessoa que poderia me ajudar nesse momento.
- Alô? Senhor Santori?
- Olá, Gabriel Barreira? Posso ajudar em alguma coisa?
- Sim. Malu e Camilla foram sequestradas.
- Não, não...você está enganado.
- Encontrei o celular dela...tinha uma mensagem que...
- Calma rapaz. Acha mesmo que a agente Maria Luiza seria tola o suficiente para cair nessa? Ela nos avisou, estamos na retaguarda dela.
- Menos mal. Obrigado.
Desliguei o telefone mais calmo, mas não estava tranquilo. Eu não podia esperar. Eu tinha que ir atrás de Malu.
Como se pressentisse a minha irá, meu telefone tocou e era a única pessoa que eu não queria ouvir.
<No dia seguinte ainda não havíamos levado Breno para o hospital. Eu achava imprudência, mas ele e as garotas concordavam que ele seria um alvo fácil. Sim. Os três acreditavam que Breno seria morto caso ficasse em uma cama de hospital. O problema veio, com o passar dos dias, que ao invés de melhorar, ele apenas piorava. O ferimento a bala infeccionou e meu irmão estava com cada vez mais febre.Mais uma vez, Camilla foi trocar o curativo. Meu irmão estava inconsciente. A febre o tinha derrubado. Quando ela retirou a gaze, havia muito pus e a ferida estava avermelhada em volta e com um cheiro muito forte.- Precisamos de antibióticos...- Precisamos é levá-lo-lo para um hospital!- Vão matá-lo! Você não entende que ele mudou de lado, e não é apenas o pai de vocês que o quer morto?- Ele vai morrer se ficar aqui...- Aqui ele ainda tem
As câmaras de monitoramento nos ajudaram. Ao menos para saber que eles já estavam chegando. Tivemos que sair naquele momento. Três viagens em menos de dois dias, acabariam matando Breno. Mas não tínhamos opção. Minha irmã o preparou para mais uma viagem. Dessa vez bem mais longa. Nós voltaríamos para a nossa antiga casa, não a de Belford Roxo, e sim a do Complexo do Alemão. O morro era o único lugar no qual estaríamos protegidos. Claro que ninguém poderia saber que Camilla e eu éramos policiais.Chegamos no nosso antigo endereço no meio da noite. Breno estava ainda pior. Mas se tudo desse certo, não seria necessário que ele viajasse mais. Ao menos não até se recuperar.Abri a porta e um forte cheiro de mofo invadiu as minhas narinas. Haviam mais de dez anos que eu não entrava nessa casa. Porém, nunca tive coragem de vender. Ainda tinha esperanças de que houvesse alguma pista que solucionasse a morte da minha mãe.Os móveis estavam cobertos co
Atenção GATILHO de violência física.Algumas semanas se passaram sem nenhum acontecimento, todos estavam.tranquilos e achando que tudo estava bem. Eu não. Como policial eu sabia que havia algo de errado. Malu também percebeu. Estava tudo muito calmo. Nem mesmo o Dr. Santori deu notícias. Eu sabia que ele tinha formas de nos localizar. E mesmo que não tivesse, era só fazer eliminatórias. Eu procuraria em cada lugar que os meus procurados já houvessem passado e essa casa não era excessão.Breno se recuperava a cada dia e eu fui falar com todos. Precisávamos ir embora. Sair do país não era uma opção. Precisávamos descobrir o que estava acontecendo, senão passaríamos o resto da vida fugindo. Não éramos os fugitivos. Os bandidos eram eles e não nós.Abri a porta do quarto de Breno, ele estava sentado na cama e conversava com Malu e Gabo.- Oi.- Oi. Preciso falar com vocês.- Malu, acho que seu faro, assim como o
Os tiros acertavam a mobília e as garrafas na estante. Todos nos jogamos no chão no mesmo instante. Malu gritava ordens a todos.- Fiquem atrás das colunas e abaixados!Ela se arrastou até a mesa onde estavam as armas. Jogou uma para cada um e então se arrastou novamente até chegar a janela. Ficou em pé atrás da coluna e olhou pela fresta.- São eles! Tenho certeza! Precisamos sair daqui...- Como vamos fazer isto Malu?- Não sei Gabo. Mas não temos chances contra eles. São muitos.Me arrastei até ela e vi com meus próprios olhos. Haviam mais de dez carros. Não eram da polícia. Eles não ousariam. Não no Morro do Alemão. Então uma ideia pipocou na minha cabeça.- Tenho uma ideia Malu. Consegue me dar cobertura?- Gabo, sem querer ser...- Eu sei o quê você vai dizer. E o meu equilíbrio não vai atrapalhar. Eu vou pela janela de trás.- Mas ela dá para a ribanceira.<
Atenção! Capítulo com gatilho de violência física.*****************************************Mal entramos na casa em Niterói e Malu cruzou os braços a minha frente.- Agora estamos em segurança, e vocês dois me devem uma explicação.Disse apontando o dedo para nós.Puxei Malu comigo até a sala e me sentei no sofá de veludo marrom. Ela se sentou ao meu lado. Cinthia e o namorado também vieram.Malu me observava com o olhar impassível.Eu comecei sem rodeios.Eu costumava visitar a Floresta da Tijuca. Dirigia até lá toda semana praticamente. Lá eu me sentia bem. Gostava de ficar sozinho para pensar. Eu ficava muito sozinho nesse tempo. Mas a floresta era um refúgio.Em uma das vezes que estava lá, pensei ouvir gritos, mas não dei muita importância, mas ainda assim continuei me embrenhado no meio da mata, não ouvia mais os gritos. Caminhei e caminhei. Então eu v
Eu estava cansada. Cansada de tantas mentiras. Mas não conseguia ficar magoada com Gabo, ainda que soubesse, que por ser policial teria que prender os dois. Eles tiraram vidas, apesar de serem bandidos ainda eram seres humanos. Mas eu não conseguia me imaginar levando os dois para a cadeia. E se tem alguém que fez tudo errado, esse alguém não fui eu. Foi uma única pessoa. Dr. Santori. Este homem em quem eu confiei nos últimos dez anos, se mostrou indigno de confiança. Já Gabo, que era a última pessoa que eu imaginava confiar novamente, vem se mostrando cada dia mais digno. E eu o amava mais por isso.Uma batida na porta me tira dos meus devaneios. Sem esperar autorização, Luigi entra.- Podemos conversar?- Acho que tudo já foi dito.- Não, não foi.- Eu não culpo vocês. Só...me sinto enganada. Vocês podiam ter confiado em mim.- Em você sim, mas e o Gael?- Você viveu no mesmo prédio que ele por bastante tempo.-
Abri os olhos lentamente. Ainda sentia muita dor. Não conseguia raciocinar direito, mas sabia que ainda não tinham se passado vinte minutos. A dor me dizia isso. Camilla estava sobre mim. Eu podia ver seu rosto próximo do meu. Como ela se soltara?- Malu? Ainda dói?- Muito...Minha voz não passou de um sussurro.Não demorou muito e a dor foi fenecendo até parar completamente.Um segundo se passou até que eu desse conta de que eu não estava mais amarrada a maca.Me levantei e vi Demétrio ao meu lado.- Você está bem?- Você é um traidor. Eu confiei em você!- Calma Malu, Demétrio nos salvou. Olhe.Ela apontou para o chão, onde o Dr. Santori estava deitado. No peito dele havia um tiro.- Temos que ir.- Você tem razão Demétrio.Me levantei e quando chegamos próximo a porta, ouvi novamente aquela voz.
Escolher os alunos foi uma tarefa fácil, difícil foi convencer Camilla de que ela também precisava participar das audições.- Eu não tenho mais quinze anos Malu! Não vou e pronto!- Você sabe muito bem que ainda estamos em investigação. E para todos os efeitos ainda estamos a paisana.- Ah merda! Tá bom! Mas se você me selecionar pra essa peça eu juro que te mato! Eu sou péssima dançarina!- Tá bom Camilla.Me dei por satisfeita por ela participar das audições. Não escolhemos ela, obviamente. Além de não ser realmente boa nisso, ela não queria. Então escolhemos os verdadeiros alunos. Mas contamos com uma cena dela, fingindo indignação por não ter sido a protagonista.Os ensaios estavam a todo vapor, o figurino estava quase pronto. A apresentação seria no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em duas semanas.Eu estava guardando minhas coisas e terminando de organizar a sala de aula quando