Atenção! Capítulo com gatilho de violência física.
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Mal entramos na casa em Niterói e Malu cruzou os braços a minha frente.
- Agora estamos em segurança, e vocês dois me devem uma explicação.
Disse apontando o dedo para nós.
Puxei Malu comigo até a sala e me sentei no sofá de veludo marrom. Ela se sentou ao meu lado. Cinthia e o namorado também vieram.
Malu me observava com o olhar impassível.
Eu comecei sem rodeios.
Eu costumava visitar a Floresta da Tijuca. Dirigia até lá toda semana praticamente. Lá eu me sentia bem. Gostava de ficar sozinho para pensar. Eu ficava muito sozinho nesse tempo. Mas a floresta era um refúgio.
Em uma das vezes que estava lá, pensei ouvir gritos, mas não dei muita importância, mas ainda assim continuei me embrenhado no meio da mata, não ouvia mais os gritos. Caminhei e caminhei. Então eu v
Eu estava cansada. Cansada de tantas mentiras. Mas não conseguia ficar magoada com Gabo, ainda que soubesse, que por ser policial teria que prender os dois. Eles tiraram vidas, apesar de serem bandidos ainda eram seres humanos. Mas eu não conseguia me imaginar levando os dois para a cadeia. E se tem alguém que fez tudo errado, esse alguém não fui eu. Foi uma única pessoa. Dr. Santori. Este homem em quem eu confiei nos últimos dez anos, se mostrou indigno de confiança. Já Gabo, que era a última pessoa que eu imaginava confiar novamente, vem se mostrando cada dia mais digno. E eu o amava mais por isso.Uma batida na porta me tira dos meus devaneios. Sem esperar autorização, Luigi entra.- Podemos conversar?- Acho que tudo já foi dito.- Não, não foi.- Eu não culpo vocês. Só...me sinto enganada. Vocês podiam ter confiado em mim.- Em você sim, mas e o Gael?- Você viveu no mesmo prédio que ele por bastante tempo.-
Abri os olhos lentamente. Ainda sentia muita dor. Não conseguia raciocinar direito, mas sabia que ainda não tinham se passado vinte minutos. A dor me dizia isso. Camilla estava sobre mim. Eu podia ver seu rosto próximo do meu. Como ela se soltara?- Malu? Ainda dói?- Muito...Minha voz não passou de um sussurro.Não demorou muito e a dor foi fenecendo até parar completamente.Um segundo se passou até que eu desse conta de que eu não estava mais amarrada a maca.Me levantei e vi Demétrio ao meu lado.- Você está bem?- Você é um traidor. Eu confiei em você!- Calma Malu, Demétrio nos salvou. Olhe.Ela apontou para o chão, onde o Dr. Santori estava deitado. No peito dele havia um tiro.- Temos que ir.- Você tem razão Demétrio.Me levantei e quando chegamos próximo a porta, ouvi novamente aquela voz.
Escolher os alunos foi uma tarefa fácil, difícil foi convencer Camilla de que ela também precisava participar das audições.- Eu não tenho mais quinze anos Malu! Não vou e pronto!- Você sabe muito bem que ainda estamos em investigação. E para todos os efeitos ainda estamos a paisana.- Ah merda! Tá bom! Mas se você me selecionar pra essa peça eu juro que te mato! Eu sou péssima dançarina!- Tá bom Camilla.Me dei por satisfeita por ela participar das audições. Não escolhemos ela, obviamente. Além de não ser realmente boa nisso, ela não queria. Então escolhemos os verdadeiros alunos. Mas contamos com uma cena dela, fingindo indignação por não ter sido a protagonista.Os ensaios estavam a todo vapor, o figurino estava quase pronto. A apresentação seria no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em duas semanas.Eu estava guardando minhas coisas e terminando de organizar a sala de aula quando
Não sei como consegui ser tão estúpida. Eu realmente acreditei que tinha a situação sob controle. Breno e eu estávamos no pátio quando Gael chegou.- Camilla, minha filha?Meu sangue ferveu ao ver aquele homem asqueroso me chamar de filha. Mas eu precisava manter a calma. Ele era a chave para encontrar o homem que estava tirando a paz do meu namorado. Sim. Breno e eu estávamos namorando. E eu faria qualquer coisa para vê-lo bem.- Sim...papai?A palavra saiu pesada na minha boca, rançosa. Este homem não era meu pai. Nunca foi.- Preciso que venha comigo. Tenho uma coisa para te mostrar.Breno se levantou.- Ela não vai a lugar nenhum.- Eu não te perguntei nada garoto.A fala dele era cheia de raiva. Me pronunciei.- Tá tudo bem...eu...vou.Dei a Breno um olhar sugestivo que não o convenceu. Ele demorou
*Atenção, capítulo com gatilho de estupro/pedofiliaGael me arrastou até a ponta do penhasco. Aproveitei a deixa.- Como você pode? Eu sou sua filha!- Eu sei querida. Mas eu não tive escolha. Isso é algo maior. Maior que nós dois!- Não importa! Malu é minha irmã e ele vai matá-la. Vai matar a todos nós.- Ah não querida, ele não vai. Ao menos não ainda.- O que quer dizer?- Eu não deveria te contar.- Já começou. Agora vai me deixar curiosa?- Só vou dizer uma coisa. Ele quer vingança.- Do que? O que nós fizemos para ele?- Você nada. Mas Breno e Gabriel...bom Gabriel só pelo fato de não ser filho dele. Breno pela traição. Mas acredite, o que ele odeia mais não é o que traiu. Ele odeia tanto aquele Gabriel Barreira...- Queria saber a razão de tanto ódio...- Ele diz que o moleque não é filho dele.- Ainda assim deu o próprio nome para ele?- Tá aí uma pergunta que eu
A porta se abriu com tudo e vários homens entraram ali. Eram homens da PF. Eu tinha certeza. Conhecia vários deles. Restava saber se estavam do nosso lado ou contra nós. Não demorei para descobrir.Demétrio surgiu pela porta, vasculhando o lugar com o olhar e então me viu. Ele correu até mim.- Malu, vamos rápido. Não temos muito tempo.- Como nos encontrou?Ele sorriu e seu olhar encontrou o de Breno. Então eu compreendi o sorriso presunçoso de meu cunhado durante o percurso para cá. Ele havia dado um jeito de avisar.Me levantei do chão, onde estava sentada e junto com os outros andei rápido até a porta. Haviam muitos homens da PF. Dois homens estavam algemados. Gael e um outro.- Onde está o outro? - perguntei já temendo a resposta.- Fugiu. Com tantos homens e o desgraçado fugiu. Ele não deve estar longe. Estão procurando por ele.Caminhamos até o carro, todos na frente e Gabo atrás de mim. Então eu ouvi. Aquela voz era incon
Ouvi o barulho do tiro poucos segundos antes de sentir minha barriga queimar, e logo depois meu estômago. Então eu soube. Ele havia me acertado. No mesmo instante ele caiu inerte no chão. Morto. Dois mortos na verdade. Um ser humano incrível, que sacrificou sua vida por nós, e um monstro que sempre fez questão de não ser pai. Sempre fez questão de odiar, de manipular. Quase destruiu Breno, quase transformou meu irmão em um monstro igual a ele. Tudo estava acabado. Inclusive para mim. Sentia a vida se esvaindo do meu corpo junto com o sangue.Malu correu até mim e se ajoelhou ao meu lado. Minha noiva. Eu a havia pedido em casamento, mas nós nunca iríamos nos casar. Doía saber que ia deixá-la. Que mais uma vez a faria sofrer. Eu a amava. Com todas as minhas forças. Precisava dizer isso a ela uma última vez.- Gabo...- Malu...eu...- Não. Não se esforce. Fique calado.Então minhas forças se foram e eu comecei a perder a consciê
Se passaram três dias e Gabo ainda não acordara. Minhas esperanças estavam se esvaindo. Eu o via cada vez mais pálido, apesar das transfusões de sangue. Meu amor estava morrendo. Estava desistindo.- Acorde amor, você precisa acordar. Precisa conhecer seu filho. - falei colocando a mão dele sobre a minha barriga.- Filho?Era a voz dele? Olhei de volta para o rosto do meu noivo, e meu Deus, ele estava com os olhos abertos. Ele estava acordado.- Você...você acordou?- Eu estive dormindo?- Você estava em coma. Todos achamos que ia morrer.- Então foi tudo um sonho?- O que?- Eu estava...com a minha mãe.- É provável.- Ela dizia coisas estranhas...mas espera...você disse filho?- Eu disse.- Você está...eu vou ser...ah meu Deus eu vou ser pai!- Fique quieto, você não pode se esforçar.- Malu, a vida toda eu achei que não pudesse ter filhos.- E eu sempre te disse que você era um homem completo.- Ah Malu, como eu