Em um piscar de olhos a garota sumiu.
Algo que eu queria absurdamente a momentos atrás. Queria perguntar mais coisa, queria perguntar aonde estava Sofia, quem seria a próxima vítima, o que eu tinha que fazer. Por que raios ela me diz o que tenho que fazer e não como? Seria tão mais fácil se ela simplesmente me dissesse: Ela está lá, vai lá pegar ela e todos os seus problemas serão resolvidos. Por algum motivo as aparições nunca dizem o que tem que dizer e ficam dando enigmas inúteis. Maldita alucinação, maldita garotinha imaginária. Mas mais do que tudo preciso descobrir o que aquilo era, Edith estava certa.... um aviso.
— Emma...?
Claire observava de pé do outro lado, está é claro preocupada comigo, querendo saber o que havia acontecido.
— Você está bem? Você saiu assim de repente... 
Estava escuro demais para ver direito qualquer coisa, mas continuei mesmo assim, continuei andando enquanto arrastava algo pesado. Estava arrastando uma pessoa. Não era assim que meu plano havia sido montado, mas desde que conseguisse era isso que importava. E assim continuei, todos já estavam dormindo, ninguém poderia ver caso o contrário tudo estaria a perder, mas mesmo se alguém acordasse estava tudo bem, tinha algo para lidar com essa situação. Então arrastei a garota pesada até a biblioteca e ali puxei um livro pesado e grosso até se abrir a porta. O local tinha um cheiro ruim, cheirava a sangue, arrastei a garota ali e depois coloquei na máquina.Estava tudo pronto.— O que vai acontecer quando a máquina terminar? — Perguntei a pessoa que estava atrás de mim.— Você não precisa se preocupar com o depois — Ele me disse — O que importa é o agora.Balancei as mãos com rapidez, estava feliz, eu havia feito, eu consegui. Iria deixar meus senhores orgulhosos.
Os pesadelos me procuravam e me arrastavam até a mais profunda escuridão dos meus pensamentos, dormir ficava cada vez mais impossível, toda vez que dormia eu era obrigada a ver todas as coisas que eu tentava não ver, obrigada a pensar em tudo aquilo que eu mais evitava pensar, obrigada a encarar os medos nos quais eu não me sentia pronta para encarar.Ao invés de enfrentar aquilo, ao invés de dar de cara com meus medos, eu corria para um refúgio, deixando de dormir, passando as noites em claro na biblioteca. Aquele dia era mais um desses, estava prestes a deixar o quarto quando um livro escondido debaixo do meu travesseiro me chamou, aquele que eu havia encontrado jogado perto dos cacos durante a noite quando ouvi aquele barulho vindo da biblioteca, eu até mesmo havia o esquecido, mas naquela noite, ele me chamou, como quem quisesse ser lido, e eu como uma tola, o escutei.Isadora Nogueira dos Santos, a
Eu estou à espera de Channel, parada em frente ao canteiro de rosas.Não fiquei nada feliz ao ouvir que precisava falar com ela e fazer com que concordasse com o nosso plano, eu e ela não nos damos nada bem e eu quero o máximo de distância possível entre nós duas. Claire entendeu errado nosso relacionamento, porque eu sou tudo menos próxima daquela garota esquisita. Quanto mais ela se aproxima mais sinto vontade de sair correndo, corram digo para os meus pés, mas eles não me obedecem, então fico parada vendo-a chegar mais e mais perto, ela não olha para mim, olha para o chão, como se nem percebesse minha presença.Seu rosto está inchado, como se tivesse batido em alguma coisa.— O que você quer? — Ela pergunta sem olhar para meus olhos me enchendo ainda mais de fúria.— Preciso da sua ajuda.Ela n&atild
Minha vida passada havia sido miserável, e eu sabia muito bem disso, a certeza era tão absoluta como a de que o céu era azul, a certeza era tão absoluta como a de que eu iria morrer. Minhas pesquisas feitas com Lian apontavam na mesma direção, todos que eram os próximos pareciam estar sempre exaustos, cheios de olheiras profundas, sem conseguir dormir, tendo visões esquisitas, e todos eles estavam há tempo demais na cidade, como se fossem um pedaço de queijo passando da sua validade. E eu estava exatamente assim, dormir era um luxo, todas as noites eu sonhava com minha prima, pobre como eu, uma vida horrível, eu me lembrava de ter sido sequestrada com ela, além de ter sido forçada a matar um homem para protege-la, o que vinha depois já era um borrão que eu não conseguia enxergar, talvez meus pais tenham conseguido pagar um resgate para nós duas, talvez eu tenha fugido de lá, talvez eu tenha passado a vida com aqueles homens, mas não importa muito o caminho que t
10 dias para o Natal.— Como?Foi a única coisa que conseguiu sair da minha boca ao ouvir as palavras de Channel.Matei uma pessoa.Eu ainda achava que não havia escutado direitoMatei uma pessoa.Mentira.Matei uma pessoa.Não podia... não podia ser verdade.— Matei e é isso, esse foi meu crime e estou pagando por ele.Mentira. Mentira. Mentira.Meus olhos se enchem de água.— Quem...?— Não é da sua conta — Ela diz friamente desviando o olhar.Me disse que matou, mas não irá me dizer quem. Maldita garotinha de cabelos brancos, sinto minhas mãos tremerem enquanto pergunto:— Por que me contou isso?— Porque você não está entendendo, sua idiota — Ela diz ferozment
O dia da minha morte está próximo, e por mais pronta que eu pensei que estivesse não estou, pensei que não me importaria quando chegasse a hora, mas aqui estou eu, roendo as unhas pensando na possibilidade do dia em que vão me levar, o medo me atinge como um soco no estômago, aquele medo inesperado. Achei que teria feito tudo que precisava, deixando os arquivos com Lian, escrevendo o diário, mas agora não me sinto nada pronta, sinto como se ainda houvesse uma parte do quebra-cabeça que não resolvi, algo grande, e que não posso ir embora enquanto não o descubro. Guardo o resto das anotações no galpão, talvez seja inútil continuar a investigar quando meu tempo já é tão curto, mas sei que esse ciclo precisa ser quebrado, Green Lake precisa morrer, os segredos uma hora terão de ser revelados, e mesmo que o ciclo não acabe comigo, terá de ser com outra pessoa. Continuo a organizar minhas anotações, as escondendo no esconderijo do galpão dia após dia, meus pensamentos
Para um bem maior Ela estava perdida, estava completamente sozinha, largada, abandonada, rejeitada, ninguém a queria, ninguém lançava mais do que dois olhares a ela, era quase invisível, e quando alguém a notava tudo que se havia nos olhares era desprezo, medo. "Que criança esquisita" As vozes perseguiam a todo lugar que ia, ela estava sobrevivendo apenas de restos jogados ao chão, de roubos pequenos, mas não tinha mais forças para roubar e ninguém mais jogava restos para ela, as lixeiras estavam em escassez. Não havia mais nada para a pobre Channel. Se sentou perto de um pedaço de papelão roubado, tentando não pensar na barriga roncando, tentando não pensar sobre o frio ou a exaustão que percorria seu corpo, ela estava faminta, estava com frio e mais do que tudo estava cansada. Quando fechou os olhos tudo que pensou era que o mundo havia sido cruel com ela e que morreria como um fantasma. Morreria como se nunca tivesse exist
Para um bem maiorEla acordou.Ela não sabia como tinha acordado, achou que estaria morta a essa altura, tinha certeza que não sobreviveria, mas mesmo assim ela abriu os olhos e se viu em um lugar diferente, em uma outra rua, em um outro local. Sentiu um cheiro bom, cheiro de carne ela pensou enquanto ouviu seu estômago comendo seu corpo, ele brigava com ela, sabia que se não se alimentasse ela iria morrer em poucas horas. Deixou o cheiro da carne a guiar, sonhou com uma peça enorme de uma carne sangrenta e quente, sonhou com aquilo que ela sabia que não teria.Imaginou que se quando morresse iria para o céu, imaginou se lá ela teria um banquete, um banquete que ela nunca teria, imaginou o gosto da comida quando ela fosse para o céu. Imaginou que quando morresse sua vida de dor e sofrimento acabaria, que ela nunca mais sentiria fome, que ela nunca mais sentiria frio, mas continu