Acordo no meio da noite com o corpo tremendo, sinto minhas roupas grudadas em mim e encharcadas de suor. Um pesadelo.Digo a mim mesma.Foi apenas um pesadelo. Mas mesmo que continue a repetir as mesmas palavras de novo e de novo, elas não me convencem, meu corpo continua tremendo, e tudo ainda parece errado, como estar deitada na cama de Sofia, na cama que não deveria ser minha, e o fato de que ela não está mais aqui, Sofia não está aqui, tudo isso parece errado e confuso. Escuto Claire se remexer na cama ao lado e corro até o banheiro, antes que ela me veja no estado em que estou, quando fecho a porta a primeira coisa que eu faço é ligar a torneira. Ok, o que está acontecendo comigo? Por que eu sonho e vejo Sofia em todos os lugares? Ela não está aqui, eu nunca a vi de verdade, por que essa garota parece ser um quebra cabeça tão grande para mim quando não sei nem quem ela de fato é? Por que quero tanto encontra-l
O palácio era lindo, com luzes brilhantes, com bancos de ouro, as estrelas no chão e as crianças no teto. Tudo nele era belo, como se os anjos tivessem o feito, parecia uma igreja, algum lugar santo, seja como fosse, era de fato, um palácio. Aonde Louise foi comigo, aonde sua família, todos aqueles presentes no jantar viviam, em White Rose, que era como Green Lake, mas menor, e mais belo. Mas ainda sim... nele havia tantos segredos, quem eles eram, o que faziam e mais importante de tudo, o que aquelas pessoas escondiam? Cuidado,a palavra dentro da torta sussurrando em meu ouvido,cuidado com a cidade de mentira. E mesmo assim, eu acreditei naquele lugar, acreditei em Louise e naquela cidade que agora, não passava de nada. Ou melhor, não passava de um galpão. Cuidado,a palavra sussurrava, cuidado. Mas aos poucos senti aquela palavra ser substituída por outra, ficando cada vez mais forte em minha cabeça: Louca.
Louise estava desaparecida, assim como todos que vi em White Rose, talvez os desaparecidos estivessem brincando comigo, mas isso não fazia sentido, o jantar, dizer que é uma cidade vizinha... por que eles fariam isso comigo?Não teria como tirar as casinhas dali, não teria como tirar a igreja dali. Eu precisava aceitar o fato de que tudo aquilo não existiu, que sempre foi coisa da minha cabeça. Ou talvez... ou talvez fosse um sinal, como Edith disse, talvez eles quisessem falar algo. Eu estava cansada daquilo e os olhares dos outros sobre mim deixavam tudo pior, por isso eu saio do galpão sem dizer uma só palavra.Estava cansada daquilo.— Emma...Não fico surpresa que Claire tenha me seguido para fora, ela está curiosa, está decidindo se eu sou completamente maluca ou se só tive algum surto. Se eu estava apenas tendo algum tipo de alucinação.&mda
Em um piscar de olhos a garota sumiu.Algo que eu queria absurdamente a momentos atrás. Queria perguntar mais coisa, queria perguntar aonde estava Sofia, quem seria a próxima vítima, o que eu tinha que fazer. Por que raios ela me diz o que tenho que fazer e não como?Seria tão mais fácil se ela simplesmente me dissesse: Ela está lá, vai lá pegar ela e todos os seus problemas serão resolvidos. Por algum motivo as aparições nunca dizem o que tem que dizer e ficam dando enigmas inúteis. Maldita alucinação, maldita garotinha imaginária. Mas mais do que tudo preciso descobrir o que aquilo era, Edith estava certa.... um aviso.— Emma...?Claire observava de pé do outro lado, está é claro preocupada comigo, querendo saber o que havia acontecido.— Você está bem? Você saiu assim de repente... 
Estava escuro demais para ver direito qualquer coisa, mas continuei mesmo assim, continuei andando enquanto arrastava algo pesado. Estava arrastando uma pessoa. Não era assim que meu plano havia sido montado, mas desde que conseguisse era isso que importava. E assim continuei, todos já estavam dormindo, ninguém poderia ver caso o contrário tudo estaria a perder, mas mesmo se alguém acordasse estava tudo bem, tinha algo para lidar com essa situação. Então arrastei a garota pesada até a biblioteca e ali puxei um livro pesado e grosso até se abrir a porta. O local tinha um cheiro ruim, cheirava a sangue, arrastei a garota ali e depois coloquei na máquina.Estava tudo pronto.— O que vai acontecer quando a máquina terminar? — Perguntei a pessoa que estava atrás de mim.— Você não precisa se preocupar com o depois — Ele me disse — O que importa é o agora.Balancei as mãos com rapidez, estava feliz, eu havia feito, eu consegui. Iria deixar meus senhores orgulhosos.
Os pesadelos me procuravam e me arrastavam até a mais profunda escuridão dos meus pensamentos, dormir ficava cada vez mais impossível, toda vez que dormia eu era obrigada a ver todas as coisas que eu tentava não ver, obrigada a pensar em tudo aquilo que eu mais evitava pensar, obrigada a encarar os medos nos quais eu não me sentia pronta para encarar.Ao invés de enfrentar aquilo, ao invés de dar de cara com meus medos, eu corria para um refúgio, deixando de dormir, passando as noites em claro na biblioteca. Aquele dia era mais um desses, estava prestes a deixar o quarto quando um livro escondido debaixo do meu travesseiro me chamou, aquele que eu havia encontrado jogado perto dos cacos durante a noite quando ouvi aquele barulho vindo da biblioteca, eu até mesmo havia o esquecido, mas naquela noite, ele me chamou, como quem quisesse ser lido, e eu como uma tola, o escutei.Isadora Nogueira dos Santos, a
Eu estou à espera de Channel, parada em frente ao canteiro de rosas.Não fiquei nada feliz ao ouvir que precisava falar com ela e fazer com que concordasse com o nosso plano, eu e ela não nos damos nada bem e eu quero o máximo de distância possível entre nós duas. Claire entendeu errado nosso relacionamento, porque eu sou tudo menos próxima daquela garota esquisita. Quanto mais ela se aproxima mais sinto vontade de sair correndo, corram digo para os meus pés, mas eles não me obedecem, então fico parada vendo-a chegar mais e mais perto, ela não olha para mim, olha para o chão, como se nem percebesse minha presença.Seu rosto está inchado, como se tivesse batido em alguma coisa.— O que você quer? — Ela pergunta sem olhar para meus olhos me enchendo ainda mais de fúria.— Preciso da sua ajuda.Ela n&atild
Minha vida passada havia sido miserável, e eu sabia muito bem disso, a certeza era tão absoluta como a de que o céu era azul, a certeza era tão absoluta como a de que eu iria morrer. Minhas pesquisas feitas com Lian apontavam na mesma direção, todos que eram os próximos pareciam estar sempre exaustos, cheios de olheiras profundas, sem conseguir dormir, tendo visões esquisitas, e todos eles estavam há tempo demais na cidade, como se fossem um pedaço de queijo passando da sua validade. E eu estava exatamente assim, dormir era um luxo, todas as noites eu sonhava com minha prima, pobre como eu, uma vida horrível, eu me lembrava de ter sido sequestrada com ela, além de ter sido forçada a matar um homem para protege-la, o que vinha depois já era um borrão que eu não conseguia enxergar, talvez meus pais tenham conseguido pagar um resgate para nós duas, talvez eu tenha fugido de lá, talvez eu tenha passado a vida com aqueles homens, mas não importa muito o caminho que t