Caleb beija meus lábios e eu não consigo deixar de sorrir com isso. Estamos estacionados no subsolo da Jones filial e ele fez questão de me trazer hoje. Alegou que ainda queria compensar o tempo que passamos separados, mas sabia que não era só isso. Ele pensava que eu não via a troca de carros constante, as rotas alternativas a cada dia para ir para o trabalho. Ele estava com medo e faria tudo que pudesse para evitar que qualquer um deles nos pegassem desprevenidos. — Te busco as 18h, pequena. — Ele beijou meus lábios novamente e sorriu. — Vamos jantar na minha mãe hoje. Assenti e abri a porta, mas ele pegou meu braço antes que eu pudesse descer e me puxou para o seu colo. Uma risada alta escapou de meus lábios e apoiei os braços ao redor do seu pescoço. Ele enfiou o rosto na curva do meu pescoço e respirou fundo, inalando meu perfume adocicado e arrepiou minha pele. Seus braços me apertaram fortes e senti o martelar do seu peito frenético. — Eu te amo tanto. — ele sussurro
Conseguia ver o peso de toda essa situação de merda pesar os ombros dela. Duda sofria em silêncio e se esforçava ao máximo para esconder isso de mim. Não queria me sobrecarregar. Mal sabia ela que eu via toda a sua dor, todas as vezes que olhava em seus olhos. Queria poder arrancar tudo isso de dentro dela, mas era impossível. Ela desmoronou sob os braços do pai, chorou como uma criança de 5 anos e em nenhum momento o senhor Eduardo questionou os motivos das lagrimas incessante dela, mas pela forma que ele me olhava, eu sabia que o interrogatório viria para mim, na primeira oportunidade que ele tivesse. Apenas assenti com a cabeça, dizendo em silencio que iria responder a cada uma de suas perguntas. Mas hoje não. — É por conta da Melissa, não é? — minha mãe sussurrou e nem havia percebido quão perto ela estava de mim, até ouvir sua voz baixa. A encarei, me questionando se ela sabia de alguma coisa. Talvez o Albert tivesse lhe contado. Mas ele não faria isso sem me questiona
Estava tudo passando câmera lenta, num enorme torpor. Os policias falavam com o Caleb, que respondia com os máximos detalhes todas as perguntas. Entraram na nossa casa. Arrombaram nossa porta. Será que esperavam encontrar a gente aqui dentro? E se tivéssemos em casa, o que eles fariam? Meu corpo inteiro tremia, mesmo estando enrolado no cobertor que ele me deu. Não tremia de frio. Era medo. Puro e cristalino. As lagrimas queimavam minha pele, fazendo seu caminho até meus lábios, o gosto salgado tocava minha língua e decidi focar nessa sensação. Não podia me afogar novamente nesse medo. Não conseguiria sair desse buraco, se me deixasse entrar nele. — Mon Amour? — senti sua mão em meu rosto, me chamando de volta para ele. — Fala comigo. — sua voz era uma agonizante suplica, enrolada no medo. — Volta pra mim, meu amor. Foquei a visão no homem ajoelhado na minha frente, meus olhos piscavam rapidamente, tentando dissipar as lagrimas acumuladas ali. Lagrimas que forç
— Inferno! — Taquei o segundo copo de uísque vazio na parede. — Porra! Meu corpo inteiro queimava de raiva e ódio. Eu me odiava! Não consegui proteger a única pessoa que era minha obrigação fazer. O olhar dele em pânico ainda estava vivido em minha mente, o corpo tremendo pelo ataque que tudo aquilo lhe causou. As lagrimas que jorravam pelo seu rosto. Sentia meu peito se apertar e os olhos queimarem pelas lagrimas que eu me esforçava para manter presas. Me escorei no bar, a cabeça pensa e o corpo inteiro tremendo. As lagrimas conseguiram quebrar a barreira e desciam tórridas e sem cessar pelo meu corpo. Meu coração doía tanto que era melhor não ouvi-lo bater. As batidas descompassadas zumbiam em meu ouvido, me fazendo chorar descontroladamente e como uma criança apavorada. O medo me percorria as entranhas, me sugando cada gota de vida e de alegria que demorei anos para sentir novamente. A cor em minha vida tinha ido embora. Apoiei as costas no bar, deixando meu corpo
Acabei dormindo a tarde toda. A dor de cabeça da ressaca estava insuportável e sabia que não conseguiria fazer nada, senão dormisse. Mas antes disso, mandei uma mensagem para a Andy pedindo para preparar a passagem da Eduarda. Minha mãe havia contado o que tinha acontecido para ela, antes de adentrar no meu escritório. Mesmo ela não concordando com tudo aquilo, fez o que eu havia pedido. Afinal, sou o seu chefe. “A passagem foi comprada para daqui dois dias. Mandei as informações para o e-mail dela com você em cópia.” Ela avisou, antes que eu pegasse no sono. Quando acordei já passava das 16hrs e agradeci pela enxaqueca ter dado uma trégua. Me arrastei para fora da cama e fui comer alguma coisa, fiz um lanche rápido e uma vitamina e subi novamente para o quarto, a fim de trabalhar um pouco até Andy voltar. Estava pensando em ir para a casa da minha mãe, ou para um hotel, até que ela fosse para Chicago. Sem mim. Senti a dor aguda apertar meu peito novamente. Sempre prome
Faziam 24h que eu não tinha notícias dele. Tudo bem que eu também não procurei saber. Estava com raiva demais para isso e não conseguiria falar com ele sem desmoronar de novo. Mesmo mal, sentindo que meu coração havia sido arrancado do meu peito, eu me forcei a ir trabalhar. Precisava cumprir com as minhas responsabilidades, mesmo que a vontade fosse de sumir e nunca mais voltar. Não poderia deixar meus clientes na mão dessa forma. Tinha que separar o lado pessoal, do profissional. Afinal, são nessas horas que as pessoas avaliam se você é mesmo capaz, ou se só conseguiu o cargo porque dormia com o chefe. O dia havia passado a lentos passos de tartaruga, meus olhos ficaram pregados nos ponteiros do relógio, como se fosse possível acelerar o tempo só com o olhar. Ainda eram 15hrs e para mim pareceu que passou semanas. Tirei os óculos e os coloquei na mesa, massageando as têmporas que não paravam de latejar. Meu pai insistira para que eu ficasse em casa, que trabalhasse d
— Calma senhorita Eduarda, sou eu. — Albert sussurrou contra o meu ouvido. E tive a certeza que naquele momento minha alma saiu do corpo, de tanto medo que eu estava sentindo. Meu corpo era pura gelatina. Desconfiava que nem conseguia andar direito. Albert tirou a mão da minha boca e com muita dificuldade, eu sussurrei. — Tem dois homens, para... — Respirei fundo, tentando me lembrar de como se falava. — Parados ao lado do meu carro. Me esforcei para terminar de formar aquela frase. Albert esticou o pescoço para frente e avaliou o local. Suas feições eram inexpressíveis, ele era um muro e não dava para ter a mínima ideia do que se passava em sua mente. — São os mesmos caras que perseguiram o senhor Caleb, hoje. — ele falou, como se fosse algo rotineiro. Parecia que estava dando bom dia, ao soltar aquela informação. — Como as-assim? — gaguejei de volta para ele. — Cadê o Caleb? Pensei ter visto uma breve expressão de tristeza em seu rosto, mas com a mesma rapidez qu
Duda dormia ao meu lado, depois de ter retirado a bala do meu braço e suturado a ferida — muito bem, diga-se de passagem, — ela se negou a me deixar sozinho. Albert estava no andar debaixo, de tocaia, fazendo a guarda e as vezes subia aqui para ver se estávamos bem. Com uma pistola no coldre e uma automática no ombro. — Só por precaução. — ele disse na primeira vez que veio até o quarto, dando de ombros. Ele havia me explicado porque estava sem arma quando foi me pegar na casa da Andy. De alguma forma, ela havia sido furtada de dentro do seu carro, já que nem sempre ele saía com a arma na cintura. Meio que já tínhamos uma desconfiança de quem havia pego. O pessoal do meu pai. Enquanto a Duda suturava meu braço, ele foi fazer algumas pesquisas, depois deu ter falado do Henrico e ele descobriu que era o mesmo traficante que havia ido ao meu apartamento a alguns anos atrás. Faziam anos que eu não tinha noticias dele e agora sabia bem o motivo. Ele estava trabalhando junto co