Se soubesse o quão enganada eu estava…Às vezes pensamos que temos todo o controle da vida em nossas mãos, até nos depararmos com a verdade. Não podemos controlar nada, por mais que tentamos.— Isso é… Isso… — Bruce balbuciou, atordoado.Não esperava ouvir muito mais, talvez só umas risadas, dizendo o quão boba eu era por não conseguir me casar com homem nenhum, só porque dentro de mim havia a certeza de que eu já tinha me casado, e meu marido era o único homem que eu amava daquela forma intensa. Era isso, eu ainda amava Travis, o amava muito. Minhas promessas ainda tamborilavam dentro da minha cabeça, todas as vezes em que eu pensava nele, ou quando ouvia falar sobre casamento, ou quando ouvia jazz, ou até mesmo quando eu apenas respirava.— Não podia me casar com nenhum deles. Eu já sou casada, me casei com quem eu amo verdadeiramente. Eu pertenço a alguém, sou unida em matrimônio sim, e esse alguém é o Travis. Nunca vou mudar isso. É idiota, é bobo, pode parecer uma brincadeira,
A garoa agora não era tão densa, apenas um pequeno resquício da chuva forte que desabou. Meus pés descalços tocavam a grama encharcada e a barra do vestido se arrastava, ficando igualmente molhada e suja. Fechei os olhos e inspirei o ar fresco como não fazia há muitos anos. Ao ter novamente a visão do parque, voltei a caminhar tranquila, evitando ao máximo pensar em todas as coisas que me afastaram daquela cidade. Não tinha mais para onde eu ir, apesar de odiar a possibilidade de estar em Vancocker, não tinha um lugar sequer no mundo que me traria a paz e as lembranças que eu precisava, exceto estar nos braços de Travis. Mas isso me doía, me dilacerava em níveis absurdos. Estar com ele agora ia me fazer quebrar, eu ia desmoronar e ia querer que o tempo congelasse para sempre. Não soube dizer se o que molhava meu rosto eram pingos de chuva ou lágrimas caindo. Já havia me acostumado tanto com os dois. Ao chegar na árvore onde eu e Travis conversamos de verdade pela primei
— Eu não acho que existam chances. — Não? Então não sabe como está enganada… Se ela não estivesse casada, com um filho, com um bom marido, pode acreditar, eu ia lutar por nós até o meu último fôlego de vida. Mas ela está feliz, com uma vida perfeita, e eu não posso destruir isso. Então eu te pergunto, o que você destruiria se lutasse por quem ama? Você ia arruinar alguém, Terena? Porque eu acho que os únicos arruinados serão vocês dois se não darem um jeito de ficarem juntos. O Travis te ama de um jeito que até eu me surpreendo. Não é possível que continuem sendo dois idiotas, negando um ao outro. Nesse momento eu já não tinha mais o que dizer, não tinha palavras boas o suficiente para debater, e nesse momento também, Travis se aproximou de nós, com passos rápidos e uma cara nada boa. — Você só pode estar brincando — resmungou, não irritado, mas decepcionado. Lancer se levantou e me lançou uma piscadela, antes de sair e dar um tapinha nas costas do irmão. Travis logo se ajoelhou
Demoramos quarenta minutos talvez, ou uma hora, não sei ao certo. Tudo o que fizemos foi nos enfiar no meu carro sujando os bancos com nossas roupas molhadas cheias de grama e durante o percurso até minha casa, apenas senti os dedos de Travis acariciando minha perna quando não estava com a mão no volante. Vez ou outra ele me olhou e sorriu. Vez ou outra eu vi seus olhos brilharem, ao mesmo tempo que parecia com medo, e eu sabia qual era o temor. Existia em nós dois.Para agilizar o nosso pouco tempo juntos, fiz ele usar o banheiro do meu quarto para tomar um banho e tirar todo resquício de terra do corpo, e fui para o banheiro social, sendo rápida em deixar meus cabelos limpos e cheirosos. Quando voltei ao meu quarto, a visão de Travis só com a toalha preta enrolada na cintura foi minha perdição.Porra, como eu o amava!Como era lindo, como me fazia o desejar apenas por sorrir, apenas por levar seus olhos cinzentos até mim e me avaliar, às vezes de modo ingênuo, mas muitas vezes
De uma vez, tocou minha boceta com os lábios quentes e a beijou delicadamente, com certo cuidado, para em seguida, morder devagar um dos lábios, o esticando e soltando, me fazendo gemer baixinho. Segurei os lençóis da cama entre meus dedos e apertei os olhos ainda mais, desejando o prosseguir daquilo. E como se lesse todos os meus pensamentos, a língua quente deslizou para dentro de mim, sendo acompanhada por um dedo que ajudava a abrir passagem, simulando o que seu pau faria em mim logo, logo.— Vou foder você assim — se afastou milímetros para dizer, deixando o ar quente de sua respiração aquecer ainda mais a pele que já ardia em desejo. Em um ritmo moderado colocou e tirou o dedo algumas vezes, passou a ponta da língua no clitóris e o circulou, o sugando no final —, e depois vai ser bem assim. — O ritmo aumentou e passou a ser selvagem, grotesco e veloz. Como eu gostava.Gemi um pouco mais alto, me retorcendo na cama, apertando os lençóis e mordendo o lábio para que os vizinhos n
→3 meses depois.Molho branco ou molho vermelho, essa era a nossa maior dúvida.Ficamos encarregados de fazer o almoço de domingo, mas a disputa passou a ser se o macarrão seria com tomates e manjericão, ou com queijos e molho especial da senhora Turner. Por mim, qualquer um dos dois parecia bem aceitável.— Prefiro com tomates frescos, umas folhinhas de manjericão e presunto picado para dar um toque — Lancer opinou buscando nas prateleiras a cerveja que seu pai gostava.— Por mim pode ser também. E de sobremesa fazemos uma salada de frutas, para amenizar o peso da massa.Ele balançou a cabeça em concordância, colocando no carrinho um fardo da bebida alcoólica de gosto mais amargo que o normal. Só o pai deles para beber aquilo.Seguimos caminho lado a lado, buscando por mais coisas que estavam rabiscadas na pequena lista que a senhora Turner fez, e falando nela, era exatamente por ela que eu estava em Vancocker por três finais de semana seguidos. No primeiro, ela me ligou perguntan
— Não é pra menos que tenha conseguido isso. Não tem filhos, e além disso, com o dinheiro que cai na sua conta todo mês, até eu teria comprado uma boa casa no Centro.Ela não se abalou com as palavras, mais uma vez. Depois de mudar o peso de uma perna para a outra, ela movimentou a cabeça e franziu o cenho como se não tivesse entendido minhas palavras.Ia se fazer de burra? De ingênua? De mulher pura e santa?— Eu não uso mais o dinheiro que você mandava. Achei que soubesse disso visto que ele cai em uma poupança no seu nome e eu sequer tenho acesso a ela. Já faz muitos anos que cortei o cartão e não monitoro. Não é algo que me pertence.— Minha nossa! — Levei as mãos ao peito, fazendo drama e falsa surpresa. — Você quer que eu acredite que deixou de ser um monstro? O que aconteceu? Você se converteu? Virou moça puritana? Ou melhor… achou um cara que enfim te fodesse direito? Oh, meu Deus! Conseguiu parar só com um homem?E pela primeira vez em toda minha vida eu vi Ramona deixar os
Lancer me ofereceu mais um copo de suco de maracujá. Fiz uma cara feia, mas não neguei.Nós não dissemos nada, chegamos sem as sacolas e ele alegou que não tinha nada do que queríamos e ia pedir uma pizza, não foi tão convincente mas seus pais aceitaram. Então eu subi para o quarto de Travis, e por pouco não chorei, não por Ramona, mas por sentir falta dele, por não tê-lo comigo. Eu sabia que isso ia me devastar.— Está mais calma? — Puxou um puff e se sentou de frente pra mim, cruzando os dedos das mãos e apoiando o antebraço nos joelhos.— Eu nem sei como me permiti perder a postura com aquela mulher — falei mais pra mim mesma.— É comum reagir mal diante alguém que te causou muita dor. Quando eu tive que encarar meus pais depois de me sentir abandonado, não foi fácil. Mas não vou comparar, não sei o que ela te fez.E ia continuar sem saber. Bastava ter Bruce em cima de mim me cuidando. Não precisava mais disso, apesar de não poder afirmar com certeza se ficaria em pé no meio d